sábado, 3 de junho de 2017

Escola, Ética e Cidadania


Estamos vivendo momentos muito difíceis. Basta passarmos alguns minutos diante da TV, ou nas mídias digitais e suas redes sociais para percebermos a turbulência de fatos de todas as ordens que nos deixam estupefatos. Surpreende-mo-nos, cotidianamente, diante de condutas, valores, decisões políticas, intolerâncias, conflitos e maneira de pensar e de agir das pessoas. Eventos que pulverizam o caráter e minam a convivência pacífica e tranquila de indivíduos em quaisquer segmentos sociais. 

Neste contexto, questiona-se o papel da escola nos processos de formação de seus atores, currículos e objetivos, em fim, o papel e contributo deste espaço sistemático de educação para construção social. Costuma-se ouvir de professores que educado o aluno deve vir de casa, que na escola é espaço de aprende a ler, escrever, contar, ou seja, as disciplinas estabelecidas que contemplam as áreas de conhecimento.

A escola não é segmento isolado e impermeável às mudanças de seu entorno. Ela reproduz o contexto social, gestando objetivos de formação visando à esperada transformação para emancipação humana e seus espaços de convivência. Ao professores cabem duas posturas: ou reproduzem o que a sociedade inevitavelmente impõe pelas demandas do ter, ou transgridem e transformam os momentos de formação numa construção sólida do ser. A lei maior brasileira em seu Título VIII, Da Ordem Social, Capítulo III, Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, Da Educação, em seu artigo 205, preconiza que ‘A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.’ Apresenta assim seu objetivo primeiro – preparar para o exercício da cidadania.

O que significa ser cidadão hoje? Que meios dispõe a escola, diante do contexto social, para contemplar este objetivo? Pode-se afirmar que ser cidadão hoje significa estar atento aos grandes problemas do mundo e aos pequenos problemas do quotidiano, contribuindo para resolução desses problemas, principalmente, dos problemas cotidianos locais. Assim definido, cabe a reflexão: que recursos materiais e humanos possui a escola para estarem atentos aos problemas do mundo? Como viabilizar a contribuição para resolução de problemas locais se a escola nem sai às ruas em seu entorno para compreender o que é a cidade? Basta lermos as estatísticas para constatarmos índices alarmantes relativos à educação no Brasil. Tanto se fala na bordagem de se ensinar a pensar criticamente, ou a formar cidadãos críticos. Os docentes interpretam abordagem como levar o aluno a ter a visão de mundo do professor, forma velada e imperceptível do autoritarismo docente. Isto não é ensinar a pensar. Ensinar o raciocínio crítico é ensinar a formular seus próprios juízos sobre os fatos locais ou globais, levar o aluno a raciocinar historicamente e cientificamente, pesquisando evidências, permitindo ao aluno estabelecer livremente suas referências. Assim, refletir, cotidianamente, diante dos eventos que ocorrem no entorno escolar e do mundo, abordando direitos humanos, políticos, sociais e culturais são fundamentais, pois contemplam nossa formação como pessoa humana e definem o que de melhor podemos obter do espaço público. 

A escola necessita ir à cidade, trazer para o seu interior para pertinente reflexão os portadores textuais que propiciem entender como funcionam as relações sociais, suas mediações e a hierarquia de poder que a mantém estratificada e seus porquês. A pólis, a qualidade do espaço público, é primordial para o aprendizado dos direitos e obrigações do cidadão. As obrigações são o respeito e a boa educação que devemos exercer para com os nossos semelhantes, sobretudo para com os mais frágeis que dependem, certamente, de compreensão e tolerância daqueles cujas oportunidades fluíram de maneira natural sem desvios injustos. 

Podemos avaliar quando um povo tem qualidade cidadã, principalmente, pela forma como a sociedade cuida de seu vulneráveis e frágeis. A sociedade cidadã é aquela que trata os desfavorecidos com dignidade e respeito. 

Há uma tênue fronteira quando pensamos no que se deve fazer quanto às ações e cuidados aos frágeis e vulneráveis. Neste sentido pode-se observar que uma sociedade com qualidade em cidadania é aquela que se auto-organiza, aquela que não institucionaliza seus cidadãos para que vivam com dignidade, pois o respeito e o cuidado aos mais frágeis e vulneráveis deve ser demanda autônoma do indivíduo, da sociedade civil que respeita seu semelhante próximo. 

É pertinente um questionamento: Quem são os vulneráveis sociais? Uma sociedade que institucionaliza esses cidadãos não é uma sociedade ideal, pois privilegia de forma generalista segmentos sociais, inviabilizando formas de convivência que conscientizem demandas e obrigações dos indivíduos. A sociedade ideal é aquela na qual os mais idosos, pois perdem habilidades para sobrevivência autônoma, vivenciam limitações assim como os mais vulneráveis em saúde que devem ser considerados como os únicos cidadãos a serem privilegiados. Privilégios de raça, gênero, religião, status profissional, ou quaisquer outras atitudes que sectarizam cidadãos, é ingerência de supremacias sociais. 
Como conquistar este padrão de sociedade sem se percorrer os caminhos da ética social? Isto posto é pertinente a reflexão sobre a ética. Mas, abordar ética sem a concomitante reflexão sobre a moral não faz sentido, nem é eficaz, ainda mais que, no âmbito filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade. Os termos possuem origem etimológica distinta: “ética” vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”; “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”. Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teoricamente. 

Papel preponderante tem a escola quanto ao ensino e aprendizagem da ética. É neste espaço propício que professores, alunos, funcionários e comunidade podem conquistar resultados positivos no processo educacional, melhorando o ambiente de trabalho, as mediações e interações nas conquistas do aprendizado que viabilizem o conhecimento e a sabedoria. Mais que abordagens teóricas e acadêmicas quanto à ética e à moral o agir no espaço escolar fundamentado em princípios éticos e morais trará resultados positivos, pois o exemplo concreto, palpável sedimenta valores e orienta formas cidadãs de convivência. As crianças e jovens aprendem mais com exemplos do que com palavras. O professor que age de forma ética com alunos passa aos mesmos um importante modelo de comportamento ético. 

O que pode exemplificar a ética no cotidiano escolar? O simples fato de se esclarecer e cumprir com transparência e clareza os métodos de ensino e avaliações; saber ouvir e respeitar as opiniões dos alunos, propiciando reflexões quando esta se apresenta de forma equivocada; buscar incessantemente a qualidade no processo de ensino; demonstrar comprometimento e cumprir prazos, entregando com zelo e responsabilidades toda a documentação e registros dos atos escolares; não agir com parcialidade; não expor erros ou deficiências de alunos coletivamente – falhas coletivas, mediações coletivas, falhas particulares, mediações individuais; primar pela justiça nos atos avaliativos (todo percalço na aprendizagem merece mediação docente para correção de rumos) pois, apontar a deficiência do aluno sem a devida oportunidade de superação, não é ético, tendo em vista o direito subjetivo à educação; ser educado, respeitar os outros; ter ética profissional, evitando proferir críticas negativas de colegas e superiores, buscando sempre os meios legais para correção de distorções no sistema; estar coadunado com a Proposta Pedagógica da escola, visto que esta deve ter sido constructo coletivo e democrático; ser proativo e demonstrar volição quanto à inclusão. 

A ética dos educandos tem seus alicerces na família e esta nem sempre é condizente com o que se exige em espaço social que desenvolve subsídios de natureza normativa próprios do ensino, que pressupõem sanções para balizarem os contextos da convivência. É competência da escola vivenciar a ética para que este processo otimize a convivência escolar e ecoe nas relações sociais intra e extra-muros escolares. Com os educandos devem ser evidenciadas atitudes como: o respeito ao trabalho dos que trabalham na escola; o direito ao aprendizado de todos, evitando os distúrbios de disciplina que oneram o aprender; portar-se de forma honesta nos processos avaliativos; não expressar intolerância de quaisquer natureza, praticar; buscar ter um comportamento que crie um ambiente positivo e agradável na escola; não estabelecer grupos que, motivados por estereótipos e preconceitos, pratiquem bullyng; respeitar regras e normas de funcionamento da escola, buscando participar de segmentos escolares como grêmios e similares para que vivencie formas democráticas para o estabelecimento e transformação de normas e contratos afeitos à ética de convivência. 

Toda a equipe de gestão desempenha papel fundamental na construção de um espaço ético educacional, primando pelo respeito no trato de todos no espaço escolar.

Um projeto coletivo interdisciplinar e transdisciplinar que vise à leitura crítica e contextualizadora de textos que, no processo de desenvolvimento da história da humanidade, que preconizaram a busca condutas éticas de convivência, é excelente ponto de partida para as reflexões sobre ética, moral e cidadania. Dos 10 Mandamentos, passando pelos Direitos Universais do Homem, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Direitos e Deveres de todos que fazem parte do espaço educativo, merecem ser objetos de leitura e ampla socialização na comunidade escolar. Após os estudos e suas atividades significativas, é de estrema eficácia a produção de textos que expressem a ética e normas de convivência da comunidade escolar. 

POR STELA MARIS LEITE CARRINHO DE ARAÚJO






















- Mestre em Educação- UNISAL SP;
-Licenciada em Português e Inglês -UNISAL Lorena; 
-Pedagoga; 
-Supervisor de Ensino da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo;
-Aposentada;
-Coordenadora do NEST – Núcleo de Estágio da FATEA; 
-PROFESSORA DE: 
  -Prática de Ensino de Português;
  - Didática , Leitura e Produção de textos;
  - Políticas Públicas da Educação Básica; e
  - Literatura Infanto Juvenil;
- Leciona nos cursos de:
    - Design;
   - Biologia;
   - Pedagogia e 
   - Letras;
- Membro do CEP- Comitê de Ética e Pesquisa;
- Coordenadora do Grupo de Estudos Santa Teresa D'Ávila;e
- Membro do ISPIC- Instituto Superior de Pesquisa- PIBID-CAPES

Nota do Editor:
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sexta-feira, 2 de junho de 2017

Desinformação Seletiva



"A linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se torne respeitável, bem como imprimir ao vento uma aparência de solidez" (George Orwell)

No turbilhão do mundo político em que o país se encontra hoje, acentuam-se as chamadas “guerras de narrativas”.

O oportunismo “fortuito” de se contar uma história, ora omitindo fatos necessários para entendimento do assunto, ora criando versões fantasiosas do ocorrido escancara o exacerbado mau-caratismo de uma gente de estirpe maliciosa. Assim, réus envolvidos até o pescoço com embaraços criminosos tentam fazer perpetuar uma narrativa mentirosa.

A narrativa vencedora é aquela que “cola”, que será repetida por muitas vezes por um grande número de pessoas. Se tornando uma espécie de mantra. 

Como por exemplo, o depoimento do ex-presidente Lula da Silva, que a mídia fez questão de tentar transforma-la em um “embate político”, quando sabíamos muito bem que o réu estava sendo ouvido por um juiz, e que este deve seguir e aplicar estritamente as leis baseado em fatos, provas e testemunhos. Nessa ocasião, o réu não só se vitimizou esbravejando-se de estar sendo perseguido pela força tarefa da Lava-Jato, como culpou a própria falecida mulher pelo crime. Após seu testemunho, foi recebido pelo seus com festa, como competidor vitorioso do “embate”. Seu depoimento, tornou-se o assunto da semana nos meios de comunicação, mas todas contradições que disse na ocasião foram escancaradas nas redes sociais. Sua narrativa desastrosa de “perseguido político”, não colou! 

Dias depois, as peças do tabuleiro político, se movem novamente. Edson Fachin, ministro do STF, homologa em tempo recorde o acordo de delação premiada de Joesley Batista com o MP, um dos donos do grupo JBS, dando a ele total anistia pelos crimes praticados e permitindo que se mude para o exterior com a família. O novo fato encobre toda polêmica sobre o depoimento de Lula, e personagens até então “esquecidos” entram em evidência novamente. Temer acusado de receber propina da JBS através do dep. Rocha Loures, flagrado em vídeo recebendo uma mala de dinheiro no valor de R$ 500.000,00 em uma ação controlada da PF. O STF libera áudio com a gravação do encontro secreto de Joesley e Temer fora da agenda oficial, ocasião em que o empresário relata a compra do silêncio de Cunha. Aécio Neves aparece em gravações pedindo ao empresário R$ 2.000.000,00 para pagamento de sua defesa. A PF, flagra Frederico Pacheco, primo de Aécio recebendo uma mala com R$ 500.000,00.

O instrumento da delação premiada, que outrora era desacreditado pela narrativa de Lula e seus apoiadores, dizendo que era um conluio do MP com investigados para persegui-lo, agora passa ser a prova de que existiu “golpe” para derrubar Dilma e que “eleições diretas” deveriam ser convocadas imediatamente. A narrativa muda conforme novos fatos em prol dos interesses de quem está contando a estória vem à tona. Não passa de desinformação seletiva, pois a narrativa omite que Lula e Dilma também apareceram nas deleções de Joesley como reais proprietários de contas da JBS na suíça com saldo de US$ 150 milhões operadas pelo ex-ministro da fazenda Guido Mantega. E que foram os que mais receberam dinheiro de propina, como mostram os gráficos abaixo com os valores recebidos por políticos e partidos, conforme delação do empresário:





* Valores não foram deflacionados 
**Doações para Dilma e Lula somavam U$ 150 mi em 2014, mas delator não soube precisar quanto foi pago para cada um.

Fonte: Estadão

Temos o dever moral no papel de cidadão de combater as narrativas falaciosas, expor os fatos de maneira honesta, livre de amarras ideológicas e correntes políticas partidárias. Pois, se nada fizermos, a “narrativa” vencedora será a que querem que você acredite. 

E para reflexão, finalizo com uma frase do filósofo Edmund Burke: 

“Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco”.

POR FÁBIO RIBEIRO


















-Especialista em Engenharia de Software e
-Um dos líderes do Movimento Loucos pela Pátria e do Movimento Brasil Conservador.
Twitter: @Fabioacr

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quinta-feira, 1 de junho de 2017

Constelação Familiar e Direito de Família



A constelação familiar sistêmica é uma técnica criada por Bert Hellinger (psicoterapeura alemão), que ocorre de forma fenomenológica, ou seja, através dos fenômenos da consciência, sem elucubrações racionais. 

Ocorre da seguinte forma: um terapeuta conduz a sessão, ele é denominado Constelação. Os pacientes, por sua vez, denominados Constelados, são representados por outras pessoas que não os conheçam e que sejam alheios à situação por eles vivenciada. Os representantes serão chamados para ficar em um espaço de uma sala vazia, geralmente rodeado de pessoas. O local será denominado campo da Constelação. 

Os representantes serão escolhidos energeticamente pelo inconsciente do constelado e irão deixar que todos os sentimentos ocultos, transpassados ali no momento (vontade de chorar, cantar, ficar inerte, desabafar, etc.), venham à tona. O representado agirá e se movimentará em sintonia com aquilo que estiver sentindo e gostaria de transmitir (esses sentimentos, de “alguma forma”, são repassados fenomenologicamente dos representantes aos representados – sem nenhum contato ou interferência um com relação ao outro). Em primeiro lugar não serão ditas palavras nenhumas, apenas serão transmitidos sentimentos, após, as palavras poderão vir à tona, de acordo com que estiverem sentido.

O que de fato ocorre é que os representantes irão restringir o conhecimento ao fenômeno da experiência de consciência, colocando o mundo real em stand-by. A preocupação está em deixar fluir o conhecimento do mundo na forma em que se realiza de verdade e não na visão do mundo que o indivíduo tem (subjetividades). 

Muitas verdades podem ser reveladas na constelação familiar, como, motivo real do impasse entre duas pessoas, adoção, rejeição, ódio, trapaça. Quando a sessão acaba, a energia ali liberada continua se manifestando. A partir daí, pode-se identificar onde estava o problema e resolvê-lo. 

Com a utilização desse método, as pessoas que delem participam e que poderiam, iriam levar ou levaram algum conflito até o Judiciário, acabam se conciliando. 

No cenário de direito de família tal prática já tem sido utilizada, em casos de violência doméstica, guarda de filhos, divórcios litigiosos, inventário, adoção e abandono.

Em 12 de maio de 2016, o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, por meio da Coordenadoria da Infância e da Juventude, celebrou assinatura de Convênio entre o Poder Judiciário e os especialistas Dra. Olga Simone Almeida de Paulo Lima, do Instituto de Atendimento Psicológico (IAP), e Dr. Amilton Plácido da Rosa, que irão atender as pessoas encaminhadas para atendimento em Constelação Familiar. A metodologia está sendo usada de forma inovadora nos casos de abusos de crianças e adolescentes, além de propor tratamento para os supostos agressores.

Pelo menos 11 estados (Goiás, São Paulo, Rondônia, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas e Amapá) e o Distrito Federal já utilizam a dinâmica da "Constelação Familiar" para ajudar a solucionar conflitos na Justiça brasileira. A medida está em conformidade com a Resolução CNJ n. 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que estimula práticas que proporcionam tratamento adequado dos conflitos de interesse do Poder Judiciário[1].

Em Goiás, o Projeto Mediação Familiar, do 3º Centro Judiciário de Soluções de Conflitos e Cidadania da comarca de Goiânia, rendeu para o Tribunal de Justiça de Goiás o primeiro lugar no V Prêmio Conciliar é Legal, promovido pelo CNJ. De acordo com o juiz Paulo César Alves das Neves, idealizador do projeto, o índice de solução de conflitos com auxílio da técnica é de aproximadamente 94% das demandas.

A intenção da utilização da técnica é buscar esclarecer para as partes o que há por trás do conflito que gerou o processo judicial.

O método da constelação familiar sistêmica corrobora com os rumores do novo direito, um direito que busca a desmitificação de litígios e revela a resolução dos conflitos de formas alternativas, céleres e sem as profundas cicatrizes que um longo processo judicial deixa. 

Referências bibliográficas:

CIONGOLI, Frederico. Advocacia e constelação familiar. In: Curso a Prática da Advocacia em Direito de Família e Sucessões, ofertado pela AASP em parceria com o IBDFAM. 2016;

NOVA, Carolina Vila. Constelação Familiar Sistêmica: a Terapia que mudou a minha vida! In: http://www.contioutra.com/constelacao-familiar-sistemica-a-terapia-que-mudou-a-minha-vida/. Acesso em 24 out. 2017;

GAMA. Mônica Ribeiro de Andrade. Uma nova forma de advocacia que combina parcialidade e colaboração. Em que medida isto é possível? In: <HTTP://pro-consenso.com.br/ibpc/?p=1510). Acesso em 15/03/2016;


[1] http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/83766-constelacao-familiar-ajuda-humanizar-praticas-de-conciliacao-no-judiciario-2.

POR DANIELA COSTA QUEIROZ MEDEIROS








- Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa;
-  Especialista em Direito e Processo Contemporâneo pela Faculdade de Telêmaco Borba;
Advogada OAB/PR 60.401
Telefone para contato:(42) 9917.2697
E-Mail: danielacostaqueiroz@hotmail.com

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quarta-feira, 31 de maio de 2017

A Responsabilidade no Transporte Coletivo é Sempre do Transportador?





Antes de qualquer coisa, é impossível negar que o transporte coletivo é essencial ao cidadão, usuário e consumidor, percebe-se a sua essencialidade principalmente em tempos de crise no transporte urbano como em tempos de movimentos de greve geral vivenciados na atualidade nas capitais brasileiras, pois sem o transporte coletivo as cidades literalmente param.

Além disso, o transporte coletivo é um direito social e constitucionalmente previsto que deve ser prestado com dignidade cabendo ao Poder Público organizá-lo e prestá-lo diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, considerado este serviço de interesse público local.

Atualmente, há uma série de empresas privadas concessionárias e permissionárias do serviço de transporte coletivo com responsabilidade pela prestação dos serviços aos usuários, assim, por exemplo, quem toma um ônibus ou qualquer outro meio de transporte coletivo celebra implicitamente um contrato de transporte por adesão com a empresa transportadora aderindo ao seu regulamento (suas normas de conduta), essa por sua vez assume a obrigação de conduzir o usuário, são e salvo ao seu destino.

Igualmente, qualquer dano causado aos usuários e suas bagagens no percurso são de responsabilidade do transportador tal cláusula de incolumidade e de responsabilidade objetiva estão previstos no artigo 734 do código civil, bem como no artigo 14 do código de defesa do consumidor que prevê a responsabilidade objetiva do prestador pelos defeitos relativos à prestação de serviço.

Por outro lado, mesmo que a regra seja a responsabilidade objetiva do transportador nem sempre ele será responsável pelos danos causados, pois caberá ao consumidor usuário provar o nexo de causalidade entre a conduta lesiva e os danos sofridos para configuração da responsabilidade objetiva só ficando isento da obrigação de indenizar quando o transportador provar causas que excluam sua responsabilidade como força maior ou culpa exclusiva da vítima, respondendo ainda que, de forma proporcional, no caso de culpa concorrente quando o prejuízo sofrido for atribuído à pessoa transportada por transgressão de normas e instruções regulamentares do transportador, nos termos do artigo 738, parágrafo único do código civil.

Finalmente, conclui-se que é de responsabilidade do transportador o dever de incolumidade de seus usuários devendo indenizar a estes por eventuais danos causados, porém tal responsabilidade apesar de ser a regra geral não é absoluta, pois depende da prova do nexo de causalidade entre a conduta lesiva e os danos sofridos, bem como pode ser desobrigado ou diminuída a sua responsabilidade se provado pelo transportador causas que excluam ou atenuem sua responsabilidade, tais como força maior, culpa exclusiva da vítima ou culpa concorrente.

POR FELIPE OLIVEIRA DE JESUS











Advogado inscrito na OAB/SP sob nº 330.434;

-Atua principalmente nas áreas do Direito do Consumidor, Cível e Trabalhista e

- É escritor de artigos para sites e blogs jurídicos. 
CONTATOS: 
TEL.: (11) 3104-6485 - CELULAR/WHATSAPP: (11) 98729-1969 
SITE: www.felipejesu1.wix.com/jesus-advogado

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terça-feira, 30 de maio de 2017

O Ato Ilícito do Outro é Corrupção, Já O Meu...



Na década de 70, com a propaganda do cigarro Vila Rica estrelada pelo tricampeão da Seleção Brasileira de Futebol Gérson, estabeleceu-se uma nova regra que ficou conhecida posteriormente como a Lei de Gérson devido à frase proferida pelo protagonista do comercial: “O importante é levar vantagem em tudo, certo?”. De lá para cá, o jeitinho brasileiro foi conquistando fama e adeptos. Essa parecia ser a forma mais adequada para solucionar os problemas que se apresentavam no nosso cotidiano. Ao passar por uma autoestrada, por exemplo, em alta velocidade e ser parado pelo policial rodoviário que adverte sobre a infração e comunica a multa é comum que o indivíduo reaja: “Mas não dá pra gente dar um jeitinho?”. 

O jeitinho brasileiro, com o tempo, foi maquiado com uma falsa ingenuidade que poderia justificar atos como estacionar no shopping em uma vaga de deficiente já que existem tantas e, possivelmente, não serão preenchidas, ou ainda aceitar o desconto atrelado à omissão da nota fiscal oferecido pelo comerciante, afinal de contas já pagamos tantos impostos! Parte da rotina, esses e tantos outros atos jamais poderiam ser considerados ilícitos pelos cidadãos que acaloradamente indignam-se com corruptos e corruptores revelados pelas investigações da Operação Lava Jato. 

Por meio das mais diversas manifestações, a população revela sua indignação com os políticos brasileiros envolvidos em uma corrupção sistêmica e bilionária. Bradam palavras de ordem, promovem greves e passeatas, vociferam pelas redes sociais. Em algum momento essa convulsão social precisará dar espaço à reflexão que nos conduzirá a uma mudança de comportamento. Afinal de contas, de que adianta toda essa mobilização se não for para mudar essas atitudes que culturalmente são aceitas como inofensivas, mas que, no final das contas, serve de berço para todo esse sistema corrupto? 

Mario Sergio Cortella defende uma versão mais otimista do jeitinho brasileiro quando este designa uma flexibilidade do indivíduo que se adapta às situações adversas da vida e desafia: “Quer terminar com a corrupção? Não corrompa!”, certo de que, ao quebrarmos esse paradigma que se estabelece como se fosse algo inerente à condição do ser humano, poderemos evoluir enquanto sociedade. Fazer o que é certo nem sempre é fácil, mas com certeza é mais reconfortante.

Há um ditado que diz: “A ocasião faz o ladrão”. Discordo dessa máxima, pois, na minha opinião, o ladrão faz a ocasião, haja vista que a ausência do senso ético e moral faz com que esse ser busque meios para atingir seus objetivos de prosperidade sem se importar com a legalidade de seus atos. Nesse caso, o fim justifica os meios já que enriquecer a qualquer custo torna-se o propósito de vida dessa pessoa. Já a honestidade é algo que independe do ambiente ou da oportunidade porque está intrínseca ao caráter do ser humano, ou seja, é um fator interno que determina as ações corretas do sujeito que assim o faz como consequência de sua consciência ética. 

É certo que a corrupção pode ser uma opção, entretanto jamais será uma obrigação. Seguir por esse caminho é uma escolha que encerra a ética pessoal do cidadão. Estar inserido em um ambiente corrupto não corrompe o indivíduo possuidor de ética e de caráter suficientes para identificar o ilícito, julgá-lo de acordo com seus valores morais e afastar-se daquilo priorizando o compromisso que tem consigo mesmo independentemente da existência das instituições que regulam, vigiam e punem transgressões. Esse sujeito age guiado por uma consciência ética interior que o ajuda a discernir o certo do errado e não porque há uma possibilidade de ser pego no ato ilícito.

POR CHRISTIANE PEREIRA




















-Formada em Artes Plásticas, Pedagogia e Magistério com especialização em Educação Infantil;
-Arte Educadora e Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental; e
-Atuou como Orientadora Pedagógica e Educacional
Twitter: @Chris_PPereira

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segunda-feira, 29 de maio de 2017

Amor demais


─ Para Katia Duarte ─

Você se lembra? Eu bem que lhe avisei naquele final de tarde, quando a opção que você jogou entre as quatro paredes do quarto, foi a de amarrar na pele a dor da separação ou chorar pela futura angústia da solidão.

Você se lembra? Eu bem que lhe avisei que o nosso amor, esfarelado naquele final de tarde tal qual o pão nosso de cada manhã, iria voltar faminto dos tresloucados momentos de todos os nossos ontens.

Iria voltar, tenebrosa fera faminta, e iria devorar, um a um, os pedaços do que fomos nós.

Devoraria nossa cama, nossos lençóis, nossos travesseiros, para depois escancarar os guarda-roupas e devorar as suas calcinhas, suas saias e seus vestidos. E minhas camisas, minhas calças, meus ternos com todas suas velhas e descoradas gravatas. Nossos sapatos e nossas meias.

Depois, em sua fome desmedida pelo tempo em que estivemos juntos, comeria os meus e os seus livros; o seu diário de capa grená. e todos os álbuns de vinil. Ah!... E tem mais: devoraria os porta-retratos repousados em cima da mesinha de centro. E avançaria sobre todos os quadros pendurados nas paredes, e os tapetes e as cortinas da sala.

Eu bem que lhe avisei que o nosso amor esfarelado naquele final de tarde tal qual o nosso pão de cada dia, iria voltar com uma fome desmedida. Iria avançar cozinha a dentro e iria devorar as panelas, os pratos, os garfos, as facas e as colheres. Comeria todo o estoque da dispensa e o conteúdo da geladeira.

Eu bem que lhe avisei. Você se lembra? Eu bem que lhe avisei ─ e insisto neste ponto! ─ eu bem que lhe avisei naquele final de tarde, quando a opção que você jogou entre todas as paredes da nossa casa, foi amarrar na pele a dor da separação ou chorar pela futura angústia da solidão. Eu alertei que o nosso amor destroçado em cacos iria voltar com as entranhas famintas de todos os momentos das tantas noites mal dormidas pelos desesperados desejos de cada um de nós.

Fera ferida, nosso antigo amor iria voltar e, junto com todas as flores do jardim, iria devorar um a um, os pedaços do que um dia fomos nós. E também a nossa paz, a nossa alegria, a nossa dor, as nossas lágrimas, para no final devorar a nossa morte.

Eu bem que lhe avisei. Você se lembra?

POR LUÍS LAGO











- Acriano, por criação ─ Paulistano, por adoção ─ Cearense, por paixão;
- Cronista, por obsessão ─ Artista plástico e fotógrafo, por distração ─ Psicólogo, por formação e
-Autor de "O Beco" (poesias) e de "São tênues as névoas da vida" (romance EM estilo de "realismo fantástico")

Nota do Editor:

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domingo, 28 de maio de 2017

Brasil, o País Mais Depressivo da América Latina




Segundo dados recentes de fevereiro desse ano da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com mais alto índice de depressão da América Latina.

Infelizmente, nosso Brasil tem a maior taxa de pessoas com depressão na América Latina e média que supera os índices mundiais. 

Dados publicados em fevereiro desse ano pela OMS, apontam que 322 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão, 18% a mais do que há dez anos. O número representa 4,4% da população mundial. Sendo que metade dos 322 milhões de vítimas da doença vivem na Ásia.

No caso do nosso país, a OMS estima que 5,8% da população nacional seja afetada pela doença que faz parte dos transtornos de humor, sendo um transtorno mental.

No caso global, as mulheres são as principais afetadas, com 5,1% delas com depressão. Entre os homens, a taxa é de 3,6%.

De acordo com a OMS, a depressão é a doença que mais contribui com a incapacidade no mundo, em cerca de 7,5%. Ela é também a principal causa de mortes por suicídio, com cerca de 800 mil casos por ano.

Além da depressão, a entidade adverte que, 264 milhões de pessoas sofrem com transtornos de ansiedade, pelo mundo, uma média de 3,6%. O número representa uma alta de 15% em comparação ao ano de 2005. Outra vez, o Brasil lidera na América Latina, com 9,3% da população com algum tipo de transtorno de ansiedade. A taxa, porém, é três vezes superior à média mundial. Os índices brasileiros também superam de uma forma substancial as taxas identificadas nos demais países da região. 

No total, a OMS ainda estima que, a cada ano, as consequências dos transtornos mentais gerem uma perda econômica de US$ 1 trilhão para o mundo.

Diante desse exposto e dessa situação atual em relação a essa infeliz notícia, gostaria de lembrar aqui os sintomas dos episódios depressivos, para que fiquemos atentos e lutemos contra esse mal. Lembrando que, nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão: leve, moderado ou grave, o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga importante, mesmo após um esforço mínimo. Também se observam em geral problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da autoestima e da autoconfiança e frequentemente ideias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves. 

O humor depressivo varia pouco de dia para dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos “somáticos”, por exemplo perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce, várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora importante, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido. O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave.

Vale ressaltar que num episódio depressivo leve geralmente estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados anteriormente. O paciente usualmente sofre com a presença destes sintomas, mas provavelmente será capaz de desempenhar a maior parte das atividades. 

Já num episódio depressivo moderado geralmente estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados anteriormente e o paciente aparentemente tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades de rotina.

No episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos vários dos sintomas são marcantes e angustiantes, tipicamente a perda da autoestima e ideias de desvalia ou culpa. As ideias e os atos suicidas são comuns e observa-se em geral uma série de sintomas “somáticos”. E, no episódio depressivo grave com sintomas psicóticos ocorre como no episódio depressivo correspondente à descrição de um episódio depressivo grave, mas acompanhado de alucinações, ideias delirantes, de uma lentidão psicomotora ou de estupor de uma gravidade tal que todas as atividades sociais normais se tornam impossíveis; pode existir o risco de morrer por suicídio, de desidratação ou de desnutrição. As alucinações e os delírios podem não corresponder ao caráter dominante do distúrbio afetivo.

Então, você que está sentindo e consegue identificar esses sintomas, ou lembra que tem alguém próximo a você se sentindo com o humor deprimido ou que se encaixe com algum desses quadros de sintomas, por favor, aqui vai um apelo, faça uma avaliação psiquiátrica ou psicológica o quanto antes, pois você ou o seu próximo que se sente assim, poderá estar correndo sério riscos.

Vamos cuidar da nossa saúde mental e emocional?

REFERÊNCIA ELETRÔNICA


POR MARCELA ALCANTARA HENRIQUE DA ROCHA- CRP SP 06/118780










-Bacharel em Psicologia - Unicastelo - Universidade Camilo Castelo Branco SP;
-Atuação em Psicologia Clínica - atendimento psicoterápico individual para adolescentes, adultos e idosos. Orientação Vocacional;
-Formação Complementar em Projeto de Extensão: "Plantão Psicológico" - Centro de Formação de Psicólogos - Unicastelo (2014);
-Publicações em Brazilian Journal of Health - artigo: "Depressão Ocupacional: Impacto na Saúde Mental do Colaborador" (2015) (Fabio Pinheiro Santos, Marcela Alcantara Henrique da Rocha) - disponível on-line no endereço eletrônico http://inseer.ibict.br/bjh/index.php/bjh
Telefone: (11) 98370-7839 (whatsapp)
E-mail: marcelarochapsi@gmail.com
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