O meu olhar sobre educação tem
brilho nos olhos, encanta e seduz meus devaneios de sonhadora, mexe e acorda em
mim uma ousadia e uma utopia incrível. A bem da verdade, acho que sou uma
apaixonada pela educação, mas, contudo, todavia, me nego a ter um olhar
romântico que me cega de enxergar o que anda acontecendo por aí.
Desde que grandes investidores descobriram a mina de ouro que é ter uma escola e negociar um produto chamado educação, o interesse em "ver o capital" girando a mil por hora, fez com que a essência da educação se reduzisse à um produto a ser negociado e vendido, desfilando no mercado financeiro como se fosse um objeto qualquer.
Bem, os "grandes" estão engolindo
os pequenos. Os investidores estão comprando as escolas, mudando não apenas sua
roupagem, mas uma identidade que foi construída em décadas de trabalho árduo
por seus fundadores. A tão falada "nova direção", sabe exatamente a direção que
deve tomar: triplicar os lucros! Pois isso é um negócio!
A ideia de capital financeiro tem se encaixado como uma luva no ramo da educação pelo simples fato de que o "produto" a ser comercializado, é de grande valor. Sim, de grande valor. Educar foi, é e sempre será de grande valor.
A questão é: que tipo de "produto/educação", está sendo comercializado? Quais, de fato, serão as prioridades nessa comercialização toda? Alguém , além do investidor, sai ganhando?
Se prestarmos atenção e percebermos que o "produto" que querem entregar no final, é a educação de crianças e adolescentes, fica bem perigoso acreditar que a visão capitalista será suficiente para bons resultados. Se pararmos para pensar que uma escola com décadas de história, que já se fidelizou na educação por sua trajetória, será massacrada pelo novo olhar em que o lucro interessa mais do que a essência, vamos nos deparar com um caos instalado a carimbado pelos novos tempos.
Educar não pode ser um produto como outro qualquer. Educação exige muito mais do que planilhas, governança corporativa, administração de última geração, inteligência artificial do porteiro ao diretor. Educar diz de gente, e gente diz de sentimento, de relações e interpessoais, de coletivo, de espaço de fala, presença corporal, poesia nas articulações, brilho nos olhos, emoções em diálogo com situações, conflitos, encontros e desencontros, tudo isso junto e misturado de maneira dialética, criativa e reflexiva. Isso é educar!
É perigoso demais querer reduzir
a educação a um produto a ser vendido para se ter lucro. É perigoso demais
fechar os olhos para o que os grandes investidores pretendem fazer com a
educação no Brasil. Querem reproduzir um mercado que não cabe em nossa
realidade, pretendem tirar de circulação a ideia de que educação seja possibilidade
de transformação, de liberdade. Educação sem intenção libertadora, não é
educação.
O que querem de fato? Apenas
multiplicar suas riquezas? Aumentar seus patrimônios? Não pode ser só isso. A
intenção é clara, quem ainda não viu? Fiquemos atentos!
Com afeto,
*JACQUELINE CAIXETA
-Especialista em Educação