sábado, 17 de junho de 2023

A triste realidade de nossa educação



Autora: Jacqueline Caixeta(*) 

O meu olhar sobre educação tem brilho nos olhos, encanta e seduz meus devaneios de sonhadora, mexe e acorda em mim uma ousadia e uma utopia incrível. A bem da verdade, acho que sou uma apaixonada pela educação, mas, contudo, todavia, me nego a ter um olhar romântico que me cega de enxergar o que anda acontecendo por aí.

Desde que grandes investidores descobriram a mina de ouro que é ter uma escola e negociar um produto chamado educação, o interesse em "ver o capital" girando a mil por hora, fez com que a essência da  educação se reduzisse à um produto a ser negociado e vendido, desfilando no mercado financeiro como se fosse um objeto qualquer.

Bem, os "grandes" estão engolindo os pequenos. Os investidores estão comprando as escolas, mudando não apenas sua roupagem, mas uma identidade que foi construída em décadas de trabalho árduo por seus fundadores. A tão falada "nova direção", sabe exatamente a direção que deve tomar: triplicar os lucros! Pois isso é um negócio!

A ideia de capital financeiro tem se encaixado como uma luva no ramo da educação pelo simples fato de que o "produto" a ser comercializado, é de grande valor. Sim, de grande valor. Educar foi, é e sempre será de grande valor.

A questão é: que tipo de "produto/educação",  está sendo comercializado? Quais, de fato, serão as prioridades nessa comercialização toda? Alguém , além do investidor, sai ganhando?

Se prestarmos atenção e percebermos que o "produto" que querem entregar no final, é a educação de crianças e adolescentes, fica bem perigoso acreditar que a visão capitalista será suficiente para bons resultados. Se pararmos para pensar que uma escola com décadas de história, que já se fidelizou na educação por sua trajetória, será massacrada pelo novo olhar em que o lucro interessa mais do que a essência, vamos nos deparar com um caos instalado a carimbado pelos novos tempos.

Educar não pode ser um produto como outro qualquer. Educação exige muito mais do que planilhas, governança corporativa, administração de última geração, inteligência artificial do porteiro ao diretor. Educar diz de gente, e gente diz de sentimento, de relações e interpessoais, de coletivo, de espaço de fala, presença corporal, poesia nas articulações, brilho nos olhos, emoções em diálogo com situações, conflitos, encontros e desencontros, tudo isso junto e misturado de maneira dialética, criativa e reflexiva. Isso é educar!

É perigoso demais querer reduzir a educação a um produto a ser vendido para se ter lucro. É perigoso demais fechar os olhos para o que os grandes investidores pretendem fazer com a educação no Brasil. Querem reproduzir um mercado que não cabe em nossa realidade, pretendem tirar de circulação a ideia de que educação seja possibilidade de transformação, de liberdade. Educação sem intenção libertadora, não é educação.

O que querem de fato? Apenas multiplicar suas riquezas? Aumentar seus patrimônios? Não pode ser só isso. A intenção é clara, quem ainda não viu? Fiquemos atentos!

Com afeto,

*JACQUELINE CAIXETA












-Especialista em Educação

 Autora do capítulo do livro Educação Semeadora: "A Escola é a mesma, o aluno não! "- Editora Conhecimento.

Nota do Editor:

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7 comentários:

  1. Psora!😁🇧🇷 teimo em dizer há décadas que a educação no Brasil virou um tema político, e onde ha política não haverão soluções.
    Agora, ao ver seu olhar triste apontando a mercantilização da educação, tornando-a pueril vejo o desafio monstruoso para tirar o Brasil deste buraco negro através da educação.

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    1. Sim, cada vez mais difícil lidar com tanta incompetência na gestão pública quando o tema é educação.

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  2. Fato !e pergunta que não quer calar o que fazer?

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    1. Lutar bravamente contra tudo isso! Escrevendo, falando, se posicionando e exigindo do poder público políticas que dizem de uma educação mais acessível a todos. Brigando por qualidade no ensino público e mais respeito com a educação.

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  3. Realmente tornou-se politizada a educação, triste ver a mediocridade desses políticos, visam somente os próprios interesses, não da população.

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  4. Jack, abordou um tema que eu vivenciei, tudo é marketing, e ficamos a mercê destas instituições. O meu conforto é saber que ainda existe, pessoas apaixonadas pela profissão e escolas que verdadeiramente se dedicam ao ensino. Pois compartilhamos com escolas o que temos de mais preciosos, os nossos filhos.

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    1. Exatamente. São crianças e adolescentes que estão recebendo essa educação. Pessoas valiosas que merecem respeito e qualidade.

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