Autora: Danielle Souza(*)
Em tempos de pandemia, todos estão se perguntando como irá ficar o ensino escolar. Será que os meus filhos conseguirão aprender através do ensino remoto ou presencial nessa pandemia? As unidades escolares estão prontas para recebê-los? Devo ou não apoiar o retorno das aulas? Será que meu filho e os profissionais poderão se contaminar?
Essas dúvidas têm sido motivo de debates nas redes e em diferentes grupos no facebook, whattsapp, instagram, twitter, dentre outros. Debates estes realizados por diferentes responsáveis e profissionais de educação. Na realidade todos nós estamos inseguros em relação ao que está ocorrendo no mundo inteiro. Não é um simples problema cotidiano pra ser resolvido, ou uma dúvida comum. Pois se caso fosse já teríamos as respostas e teríamos encontrado a solução.
Ao depararmos com o art. 5° da CF de 1988, percebemos que o direito à vida é um direito inviolável. Se caso corremos riscos nos expondo e expondo os nossos filhos temos que refletir e analisar melhor a situação atual com maior atenção.
O aprender e o desenvolvimento ocorre durante toda uma vida, mas se adoecemos e adquirimos problemas na saúde ou sequelas. O problema será ainda maior!
A escola é um ambiente propício ao contágio, principalmente em escolas públicas, pois as turmas em sua grande maioria estão atingindo acima de 30 alunos, as estruturas físicas das unidades escolares estão sucateadas. Onde possuem salas pequenas e mal ventiladas, tive muitos relatos sobre essa temática.
Antes da pandemia, a falta de materiais de higiene, materiais alimentícios e também pedagógicos sempre foi na educação pública motivo de ações judiciais e denúncias no MP para fazer valer os direitos de nossas crianças e Jovens. Será que em tempos de pandemia os gestores políticos de Municípios e Estados conseguirão fornecer o que é essencial para todas as unidades escolares do País inteiro, com todos os suprimentos necessários?
De acordo com a Fiocruz , a volta às aulas pode representar um perigo a mais para 9,3 milhões de brasileiros que são idosos ou adultos com problemas crônicos de saúde e que pertencem ao grupo de risco. Essa pesquisa foi calculada a partir da pesquisa nacional de saúde (PNS 2013), realizada pelo instituto brasileiro de geografia e estatística (IBGE) em parceria com o laboratório de informações em Saúde(LIS) da Fiocruz.
Para se obter um mínimo de controle nas unidades escolares, teríamos que reduzir o quantitativo de alunos por sala, organizar o distanciamento dentro das salas, fornecer máscaras e álcool para alunos e funcionários, EPIs para os funcionários, melhorar a ventilação dentro das salas de aula, potencializar os serviços de higienização de ambientes, medição de temperatura na entrada, controle dos banheiros e refeitórios, o intercalar aulas presenciais e a distância seria uma boa alternativa, bem como a divisão das classes, testagem constante dos profissionais de educação, a utilização de marcadores que indiquem o risco de contaminação em áreas usualmente utilizadas por todos, dentre outros. De acordo com a Fiocruz:
"O momento de reabertura das escolas deve ser orientado por análises epidemiológicas que indiquem redução contínua de novos casos de Covid-19 e redução da transmissão comunitária da doença. Ao mesmo tempo em que fazemos estas afirmações, ressaltamos as condições atípicas em que tem se dado a flexibilização do isolamento social, bem como a precariedade do monitoramento da situação epidemiológica da Covid-19 em alguns territórios. O fortalecimento desse monitoramento será fundamental, sobretudo, para antecipar possíveis surtos da doença."
Como o próprio manual diz, se faz necessário um controle contínuo para que não venha haver possíveis surtos da doença. E ainda mais, tem que ter a parceria escola e saúde de forma contínua para se ter um maior controle de biossegurança institucional.
Então, para apoiar ou não o retorno das aulas, analise o contexto na qual você, sua comunidade e escola estão inseridos, acompanhe os informes escolares, se caso as regras claras de segurança não forem respeitadas, ou faltem materiais indispensáveis ao combate e proteção da doença venha faltar simplesmente se informe, converse com a escola e denuncie caso haja negligência por parte do governo municipal, Estadual ou Federal. Só através de diálogo entre ambos, poderemos passar esse momento difícil para todos nós.
Bibliografia
* DANIELLE DE SOUZA BATISTA
-Graduação em Pedagogia - Universidade Castelo Branco (2012) ;
-Especialista em Educação Especial Inclusiva - Universidade Cândido Mendes (2017);
-Graduada em Neuropsicopedagogia - Faculdade São Braz (2018);
-Pelas suas próprias palavras: "Tenho mais de 8 anos de experiência na área da educação, sendo quase em sua totalidade na educação pública, tenho unido às minhas pesquisas ao cotidiano escolar, possibilitando o aprimoramento de minhas práticas no processo ensino-aprendizagem"
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