É comum analistas em educação definirem este período que vivemos como momento de incessante busca de novos conhecimentos e crítica às teorias existentes. O marco de início dessa postura, se pensarmos numa possível delimitação de marcos, em uma linha do tempo, é o Renascimento. Esta postura de incessante busca e negação de conceitos estabelecidos é consequência de crises em vários segmentos sociais e, principalmente, consequências das insuficiências e fragilidades da sociedade moderna e da ciência com suas teorias inflexíveis.
Devido às inatingíveis relações éticas na sociedade prognosticadas pelo arcabouço do conhecimento científico terem sido frustradas, é comum constatarmos de que estamos vivendo um novo Renascimento. Nomear este período não é de suma importância, mas é fato que a humanidade busca, e sempre buscou, a superação do paradigma científico pano de fundo da sociedade moderna que pontua, visivelmente, um determinismo para explicitar a realidade, um dualismo inquebrantável de causa e efeito, com verdades estabelecidas, prometendo o conhecimento irrefutável.
Eis que desde o início do século passado, até os dias atuais, tomamos conhecimento de expressões como: transdisciplinaridade, transversalidade, novos paradigmas da ciência, sociedade do conhecimento, era da consciência, nova era, holismo, complexidade, pautando pelas reflexões de uma nova maneira de pensar o mundo e suas implicações. Essas reflexões iluminam a insuficiência do conhecimento e os desacertos do comportamento científico da idade moderna na busca da inteligibilidade e indissolubilidade do cosmos, da natureza, do indivíduo, do outro, e suas implicações elaboradas pelo homem. O paradigma da ciência da era moderna pauta-se sobre três pontos. O determinismo newtoniano que expressa leis universais e a dualidade da causa e efeito, lei da identidade; a lógica clássica, cujo fundamento também é dualista. Exclui-se a possibilidade da terceira via. O princípio do terceiro excluído, juntamente com seu complemento, correlatos da lei da identidade. O princípio da identidade é particionar o universo em exatamente duas partes, ele cria uma dicotomia cujas partes são "mutualmente exclusivas" e "mutualmente exaustivas". O princípio da contradição é meramente uma expressão do aspecto mutualmente exclusivo dessa dicotomia, e o princípio do terceiro excluído é uma expressão desse aspecto mutualmente exaustivo. A Lei do Terceiro Excluído (em latim, principium tertii exclusi ou tertium non datur) é a terceira de três clássicas Leis do Pensamento. O tertium non datur, permite estabelecer critérios para afirmar é ou não é, sim ou não, verdadeiro ou falso. Assim, constatamos sistemas formais fechados em seus universos e que buscam validar proposições sobre os objetos desses universos. Leis que não mais respondem a contento ao que ocorre no universo.
Isto posto podemos observar alguns avanços que se apresentam alinhados ao novo paradigma de pensamento.
Em 1900, ocorre o primeiro avanço com a introdução da mecânica quântica, por Max Planck, que preconiza que um estado físico exige, para ser descrito, variáveis selecionadas a partir de uma variedade de possíveis observações. Também em 1900, Sigmund Freud, publica A Interpretação dos Sonhos, o que leva a se repensar a relação existente entre instinto e consciência. Estes estudos pontuam percepções de diferentes níveis de realidade, propiciando uma visão diversa do universo material e psicológico.
Em 1905, o matemático holandês Luitzen Brouwer, publicou um trabalho relevante, contestando a subordinação do pensamento lógico ao princípio do terceiro excluído, afirmando que ele não corresponde à nossa intuição. Pontua que há sistemas que precisam de uma lógica mais geral, mais flexível no que se refere a critérios de decisão. Esta proposta de Luitzen Brouwer denomina-se intuicionismo.
Em 1935, surge o terceiro avanço, o matemático Kurt Gödel, estudando sistemas formais da aritmética com importantes implicações filosóficas, enunciando um teorema que não pode ser demonstrado no próprio sistema. Esses sistemas só podem ser estudados num contexto mais amplo, com considerações fora do sistema.
Assim, passamos a considerar sistemas mais abertos e flexíveis de conhecimento.
Esses avanços nos impulsionam a refletirmos e experenciarmos novas propostas de construção do conhecimento e amplitude de aceitabilidade de comportamentos, fazendo análise livre sobre a relação meios-fim.
Esses paradigmas chamados de emergentes não devem ser negligenciados pelos segmentos educativos. A educação é que matiza valores e seus efeitos no comportamento dos educandos. A opção dos procedimentos educativos que desenha, por exemplo, a arquitetura curricular que tem como objetivo a transformação emancipatória do comportamento humano. Eis que se faz necessária uma pertinente reflexão: se o currículo se baseia na construção de competências e habilidades, em conhecimento, em saberes e fazeres qual seria relação estrita entre conhecimento e comportamento?
Esta questão coloca-se, pertinentemente, pois a imprensa, recentemente, abordou o caso de uma professora que assassina a filha recém-nascida, fruto de um relacionamento extraconjugal e a esconde por cinco anos em um armário externo de seu apartamento. Ou, a professora de Português e Literatura que se associa ao amante para assassinar o marido. Choca-nos constatarmos que uma pessoa com um bom nível de conhecimento comporte-se de maneira torpe e inconcebível. Por que razão todo conhecimento vivenciado não reflete em sua forma de agir? Às vezes o conhecimento é fonte para comportamentos abomináveis.
Quando analisamos o comportamento em sociedade, podemos pintar uma sociedade individualista, materialista, hedonista, consumista e até bélica. Grassa o consumismo irresponsável e inconsciente, muitas vezes, motivados pela indústria cultural de massa. Há a ganância que se alastra na corrupção tão danosa à coletividade. Tais posturas de comportamento são constantes, indistintamente em todas as classes sociais. Causa indignação aqueles que receberam educação de qualidade, nível privilegiado de conhecimento e isto não reflete em seus comportamentos.
Estas reflexões nos levam a questionar, afinal, quem é este homem e até que ponto o que sabe, o que conhece condicionam a natureza de seus atos?
Diversas pesquisas cientificas afirmam que o aparecimento dos primeiros ancestrais do homem surgiu por volta de 3,5 – 4 milhões de anos atrás. Australopithecus, os primeiros hominídeos, diferenciavam-se dos demais primatas por conta de sua postura ereta, locomoção bípede e uma arcada mais próxima da atual espécie humana. Apesar de ser considerado o primeiro ancestral humano, não existe um estudo conclusivo sobre sua escala evolutiva. Os sucessores do Australopithecus foram os Homo Habilis (2,4 milhões de anos) e o Homo Erectus, surgido há aproximadamente 1,8 milhões de anos. Seu maxilar apresentaria uma consistência maior e seus dentes seriam mais largos; tinha uma caixa craniana de maior porte e uma postura mais ereta. Segundo consta, este teria habitado regiões diversas da África e da Ásia como Java, China, Etiópia e Tanzânia. O chamado Homo sapiens, uma espécie da qual descenderia o Homo Neanderthalensis, teria vivido entre 230 e 30 mil anos atrás, produzia armas e utensílios com maior sofisticação e realizavam rituais funerários simples. Teria vivido juntamente como o Homo sapiens moderno. Este último corresponde a nossa espécie e teria surgido no planeta há cerca de 150 mil anos.
Imagina-se a dificuldade e o tempo dedicado a essa pesquisa sobre o homem e constata-se que o homem tem avançado muito no conhecimento sobre si mesmo, mas não se vislumbra grande avanço quanto ao questionamento existencial - por que sou?
Esse abismo existencial resvala numa explicação que pode sustentar a existência quando à qualidade dos seres humanos. A crença na supremacia entre os seres existentes e elementos da natureza, o destemor diante das ações não regulamentadas pelas leis humanas, geram atitudes de poder desmedido, indiferença diante do que não lhe traz prejuízos materiais. Assim, vemos seres prepotentes, avarentos, gananciosos, hedonistas, descrentes, materialistas.
Isto posto, na certeza de que estas reflexões são da ciência de educadores, espera-se que currículos devam contemplar saberes e fazeres que abordem valores universais, culturais, ecológicos, éticos e tantos outros, objetivando erradicar posturas que carcomem o comportamento plausível humano.
Lecionando nos Cursos de formação docente e bacharelado, fazendo uma leitura dos subsídios que alicerçam a formação no ensino superior, percebe-se que para entendermos a vida deve-se ter clara a essência indissociável de elementos existentes e suas interdependências – o homem, como indivíduo, o outro com suas individualidades, o ambiente e seu contexto. Esta tríade traduz-se em extrema complexidade, regida por sistemas fisiológicos, ecológicos, psicológicos, sociológicos. São sistemas complexos que abrigam o ser humano que, mesmo inconsciente quanto a isto, está predestinado às mesmas leis comportamentais vitais de todos os seres.
O homem tem instinto de sobrevivência, mas diferentemente dos outros seres é um ser de falta: objetiva alguma coisa além da sobrevivência. É um ser complexo que diversas vezes negligencia a vida, negando viver. Esse indivíduo complexo é diferente dos outros seres porque cria, buscando formas para solução de seus problemas. Este é o ponto crucial para o desenvolvimento da tríade da vida: criatividade. É a criatividade que impulsiona a construção de tecnologias que facilitam a sobrevivência. E essas tecnologias são fruto de conhecimento e comportamento.
Neste sentido, devemos refletir: Onde se encontra a abordagem do desenvolvimento da criatividade nos currículos atuais? As tecnologias existentes, frutos da coexistência do homem com o meio e com o outro permitem ao mesmo a possibilidade de transcender-se? Minimizam os obstáculos e consequente frustrações? A característica mais relevante da espécie humana é a transcendência. Esta característica permite ao indivíduo refletir sobre seu presente, superá-lo, buscar no passado causas para compreender seu presente e, principalmente, organizar-se para o futuro.
Em um texto trabalhado na aula de Leitura e Produção de Textos: Princípios Gerais, buscava-se uma resposta para o sentido da vida. O texto usado como possível respostas às reflexões dos alunos, expressava que a ciência propõe duas explicações para essa dúvida metafísica. A primeira, mais tradicional, é: o sentido (objetivo) da vida é reproduzir-se. Isso vale para todos os seres vivos. É a chamada tese do gene imortal, uma das mais populares da Biologia Evolutiva de Richard Dawkins que reinterpreta a Teoria da Evolução de Darwin. A transmissão de informação genética não é perfeita, ocorrem mutações. Cada humano nasce com 60 mutações que podem ser positivas, ou negativas, provocando síndromes e doenças, mas também podem ter mutações que tornam o indivíduo mais apto que os demais (mais forte, ou mais bonito, por exemplo) e espalhar essa mutação na sociedade. Os mais aptos permanecem e os demais desaparecem. É a chamada seleção natural. Dawkins fez uma ligeira modificação nessa teoria. Para ele, os protagonistas da seleção natural não são as espécies, nem os indivíduos: são os genes. Isto posto, seríamos apenas máquinas de sobrevivência que os genes construíram para se preservar ao longo das gerações. Ele afirma que essas máquinas de sobrevivência têm aparências diversas, exemplificando que um polvo não se parece com um rato, ambos são muito diferentes de uma árvore. Mas, em sua composição química, eles são quase iguais. É fato que cada ser vivo tem um código genético diferente, mas todos são construídos com as mesmas moléculas. E a nossa missão na Terra, afirma Dawkins, é espalhar essas moléculas. "Todos nós, desde as bactérias até os elefantes, somos máquinas de sobrevivência para o mesmo tipo de replicador: as moléculas de DNA." (Superinteressante, Ed 316, março, 2013)
Um macaco preserva seus genes nas copas das árvores; um peixe preserva os genes na água. Os genes também nos dotaram de instintos que nos levam à reprodução - é por isso que o sexo é tão prazeroso e a atração sexual tão forte. A tese do gene imortal é convincente, mas não explica tudo, como sempre ocorre na ciência. Ainda bem. Sempre gerando as perguntas que nos movem.
Possuímos um mecanismo denominado sistema de recompensa - que foi descoberto nos anos cinquenta pelos psicólogos James Olds e Peter Milner, da Universidade McGill, no Canadá. Este mecanismo é composto por grupos de neurônios situados em certas regiões, como o septo, que fica bem no centro do nosso cérebro. A ação ou pensamento de algo agradável causam a liberação de dopamina, um neurotransmissor responsável pela sensação de prazer. As áreas do cérebro são inundadas pela dopamina, inclusive as que regem o autocontrole e as emoções. Sentimos prazer e queremos essa experiência novamente, E de novo. E novamente. Este sistema de recompensa tem uma relevante influência sobre nossas ações e decisões. E nem sempre nos guia no caminho de gerar descendentes. Porque existe uma segunda explicação para o sentido da vida. Em vez de espalhar genes, o objetivo pode ser contentar o sistema de recompensa com a felicidade, simplesmente. Em um rato foram colocados eletrodos e Olds e Milner notaram que este sempre voltava a um ponto da gaiola para receber um choquinho (prazeroso) no septo. Chegou a passar 7 mil vezes por hora, sem ligar para nada mais. Nem para os próprios filhotes. Hoje a ciência sabe que outras coisas (drogas, açúcar, gordura, sexo) também têm o poder de atuar nessas áreas. Por isso elas são tão atraentes - e, em algumas pessoas, podem se tornar viciantes, pois sob a ativação do sistema de recompensa sentem felicidade.
Mas o homem é complexo e seu comportamento reflete isto. Afirma-se, também, como já mencionado, que o comportamento humano é resultado de duas pulsões dominantes: sobreviver e transcender. A ânsia de transcender-se leva o homem a questionar-se sempre. Assim, sobrevivência e transcendência pontuam a essência humana, diferenciando o homem dos demais seres, dotando-o de consciência. Neste sentido os questionamentos recorrentes ao longo da história humana que impulsionaram as ciências apresentam as indagações: de quem sou, por que sou, onde estou, para onde vou e por quê. Para sobreviver o homem padroniza suas relações com a natureza e com o outros, desenvolvendo tecnologias que permitem as intermediações necessárias para sua sobrevivência. Para transcender-se visita seu passado e vislumbra seu futuro – o devir. Assim surgiram as necessárias explicações sobre a sua existência criando mitos, expressando-se pela arte, criando apegos na religião e construindo ciências.
Isto posto, fica evidente que a construção do conhecimento de cada indivíduo é o resultado, a soma das informações advindas de sua realidade. A convivência com o outro também matiza seus procedimentos de sobrevivência e de transcendência. Somos iguais, principalmente nas diferenças. A convivência propicia a aceitação de seus pares desde que identificada por parâmetros, construídos na interação, ou seja, valores que determinam as formas de se agir diante dos acertos, aliada à necessidade da minimização dos erros, propiciando a construção e uso das intermediações e tecnologias, objetivando sobreviver e transcender. Valores, assim conceituados, relacionam os meios com os fins. Os fins constituem as demandas últimas de pessoas e comunidades. Os meios dependem dos instrumentos materiais organizados pelos sistemas e tecnologias construídas intelectualmente que colocamos para melhoria de nossas vidas. Assim como os fins, os meios também são construções culturais.
Isto posto, é plausível afirmar que nossos valores são expressões culturais. Portanto, valores mudam conforme as pressões existentes quanto aos limites da sobrevivência, assim como as buscas da transcendência.
Mas há valores que permanecem em essência: respeito pelo outro, solidariedade com o outro, cooperação com o outro. Esses valores, independente da cultura, alicerçam uma ética incontestável, pois sem ela a pessoa se desqualifica, se descaracteriza como humano.
Intriga-nos, pois vivenciamos na contemporaneidade uma humanidade esfacelada, que expressa o oposto dessa ética. E é claro, que sem essa ética, o ser humano destrói-se, a si e ao seu meio, portanto colocando em risco sua sobrevivência. A sobrevivência, em sentido lato, é pano de fundo para mobilizar o pensamento filosófico, a busca da espiritualidade por meio das religiões e a pesquisa científica, mobilizando as ciências quanto aos avanços necessários à integridade humana. Estas áreas de conhecimento expressam certezas que são absorvidas e estruturam um sistema de valores que organizam a convivência humana.
Que valores são esses? Como se organizam? É possível conciliarmos os valores universais, o relativismo das culturas e as ciências? Cabe refletirmos que o relativismo cultural que é valorizado na contemporaneidade, como tendência na abordagem científica, muitas vezes negando conceitos e valores pontuados como universais na sociedade ocidental, silencia-se, muitas vezes, diante de práticas condenáveis, pois oprimem, causam sofrimento. E tudo isso para se defender o respeito às diferenças culturais.
É viável à ciência, por meio de suas abordagens, conceitos e argumentos, preservar valores universais contemplados, por exemplo, nos Direitos Universais do Homem, sem promover o desrespeito às diversidades culturais. Reflitamos: o Bem e o Mal, o Certo e o Errado, como exemplos, não devem ser compreendidos estritamente no âmbito exclusivo de um grupo cultural. Ainda que não se concorde com a escala de valores de um grupo e sua cultura e que o mesmo possua seus conceitos específicos, não devemos fazer juízos de valor sobre eles. Esta postura alicerça a ascensão do paradigma na pós-modernidade, que pontua a fragmentação do conhecimento, a negação de explicações engessadas e inflexíveis, favorecendo a abordagem multicultural.
Um questionamento persiste: Existem valores universais? Será que inexiste a noção comum de Certo e Errado, do Bem e do Mal? Devemos aceitar, respeitar e conviver, abstendo-nos de quaisquer intervenções, com práticas que atentam quanto à vida de inocentes, por exemplo? É possível permanecermos impermeáveis diante de práticas que enterram viva uma criança por que veio ao mundo com alguma deficiência, ou por ser mulher? Como permanecermos calados diante de atrocidades cometidas como a infibulação, ou quaisquer ritos de submissão e sofrimentos? A ciência deve examinar questões morais como bem ou mal, certo ou errado, porque a ciência lida com fatos, e valores morais são fatos sobre bem-estar de criaturas conscientes, portanto, passíveis de análise por ciências tais como a psicologia ou a neurociência (Harris, 2013).
É evidente na sociedade contemporânea cultivarmos o respeito e a valorização de culturas diversas. O relativismo cultural, em termos, favoreceu o silêncio diante de práticas culturais que atentam contra os Direitos Humanos. Agindo assim, corroboramos de que não há moral humana universal e de que a ciência tenha a possibilidade de estudos construindo conceitos sobre esta moral. Há práticas humanas abomináveis e rejeitá-las e combatê-las não é um comportamento etnocêntrico, ou supremacia do imperialismo cultural. É postura humanista tão necessária à sociedade contemporânea.
Isto posto, como educadores que formamos educadores, ou que formamos pessoas para o mercado de trabalho, devemos ter como objetivo a defesa e socialização de um sistema de valores que se transversalize na construção de currículos que pontuem a busca da sobrevivência solidária, ecossistêmica e transcendente.
A docência deve motivar a construção de novos saberes e fazeres, dissolvendo a multidisciplinaridade tradicional e favorecendo as abordagens interdisciplinares e transdisciplinares, pois essas abordagens do conhecimento expressam conceitos inconclusos sobre o conhecimento e do próprio ser humano, esse ser de busca e de certezas relativas.
O homem objetiva a sobrevivência e necessita transcender. Ele possui consciência, inteligência. A filosofia ocidental concebe o homem como um corpo associado a uma mente, apenas, separando, muitas vezes, o que sentimos do que somos. Somos diferentes das outras espécies porque agimos atrelados a uma escala de valores. Temos cinco sentidos, agimos, sim, sensorialmente, mas expressamos emoções e intuímos tanto pela emoção quanto pela razão.
Observando as relações existentes no convívio contemporâneo, constatamos que a escala de valores existente privilegia o intelecto, identificado com o pensar. Valoriza-se muito mais o trabalho intelectual em detrimento do manual, com consequente busca de satisfação nas conquistas materiais. Assim, verificamos que, mesmo os atos de solidariedade resumem-se na satisfação de bens materiais. Esta forma de solidariedade é recorrente na história humana. O senhor alimentava muito bem seus escravos, pois assim produziriam mais, mas este era privado de ser livre. Infeliz, mas bem alimentado. Vemos isto, claramente, nos programas sociais existentes em nosso país. O acesso a mínimos bens materiais satisfazem, de forma passageira, às necessidades prementes, mas o problema permanece, gerando a manutenção do paternalismo, sem propiciar a autonomia, a emancipação e independência do cidadão. Ou seja, em termos, não é livre. E os conflitos sociais, assim, se consolidam, mantendo diferenças.
A teoria da complexidade e a abordagem transdisciplinar objetivam a reflexão de como e o porquê dessas diferenças existentes. É um grande desafio para os educadores na atualidade. Trabalhar com os valores e refletir sobre suas transformações na contemporaneidade, preservando a ética, o senso de cooperação e solidariedade e autonomia humanas.
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https://www.youtube.com/watch?v=VmFB9Vcac1U (acesso em 3-7-2016)
https://www.youtube.com/watch?v=uZBK0gtfsrU (acesso em 10-7-2016)
Por STELA MARIS LEITE CARRINHO ARAÚJO
-Licenciada em Português e Inglês -UNISAL
Lorena;
-Pedagoga;
-Supervisor de Ensino da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo;
-Aposentada;
-Coordenadora do NEST – Núcleo de Estágio da FATEA;
-PROFESSORA DE:
-Prática de Ensino de Português;
- Didática , Leitura e Produção de textos;
- Políticas Públicas da Educação Básica; e
- Literatura Infanto Juvenil;
- Leciona nos cursos de:
- Design;
-Biologia;
- Pedagogia e
- Letras;
- Membro do CEP- Comitê de Ética e Pesquisa;
- Coordenadora do Grupo de Estudos Santa Teresa D'Ávila;e
- Membro do ISPIC- Instituto Superior de Pesquisa- PIBID-CAPES