sábado, 17 de março de 2018

Uma juventude esquisita


“Festa estranha com gente esquisita”. Essa frase ficou martelando em minha cabeça por uns três dias. Jovens, de em média 18 anos, se reuniram em minha casa para comemorar a maioridade de minha sobrinha. A atração principal do evento era a cerimônia do Oscar e a maioria deles tinham palpites sobre os possíveis agraciados com a estatueta. Até aí, nada aparentemente estranho. Porém, era tudo muito esquisito. 

Ninguém podia fazer piada machista, racista ou homofóbica. Os ânimos sempre se acirravam quando o assunto era a situação política do nosso país. Falavam abertamente e sem receios sobre as idas ao psiquiatra e sobre os transtornos psíquicos da atualidade. Cabelos ao vento, sem alisante; cada um com seu estilo, roupas simples. Tinha hetero, gay e lésbica. Eles não falavam sobre suas perspectivas em relação ao trabalho, ao estudo...essas coisas da vida. O que realmente me fez achar aqueles jovens esquisitos? 

Tentar entender o que se passa com a nossa juventude é o mínimo que os educadores deste tempo podem fazer. Não basta fórmulas e olhares preconceituosos contra algo que é parte do nosso presente e futuro, quiçá do nosso passado. Eu não poderia passar mais dias pensando que são esquisitos, seria uma simplificação e uma acomodação que não cabe à quem se lançou ao desafio de educar. Também não pretendo analisar uma geração, precisaria de um distanciamento no tempo que talvez não terei, tampouco quero ser arrogante e achar que os jovens da minha geração eram melhores do que os jovens de hoje. Desculpe meninos, mas eu realmente os julguei como esquisitos.

De certo, que a falta de perspectivas em relação ao que fazer com a própria vida foi o que mais me chocou. Porém compreendo que este tema é a aflição desta geração que vivencia a maior crise econômica do país, que não tem emprego e ao mesmo tempo precisa se virar para sobreviver. Mais de 46% dos jovens entre 18 e 24 anos, apenas trabalham, muitos porque tiveram que abandonar a escola para garantir seu sustento e de sua família. Associada a crise econômica temos o sucateamento das escolas, um tanto enfadonhas para a juventude símbolo da evolução tecnológica, que encontra tudo que consideram importante na internet. 

Também essa geração é a primeira que vive de forma tão intensa o novo conceito de família. Durante a festa, eles me perguntaram porque a aniversariante mora comigo? Eu disse: porque nos amamos. Sim, essa é a resposta mais justa, porém há neste contexto de novos arranjos familiares, uma questão central. As mulheres da minha geração decidiram não ficar presas a relações tóxicas e agiram com sororidade. Isso fez uma diferença enorme no conceito de família e esses jovens são os primeiros a viver esse novo formato. Então, esses meninos esquisitos são fruto de decisões que nós tomamos. Decisões acertadas, importantes e históricas, que não devemos voltar atrás. Fomos nós que ensinamos a eles ter orgulho da pele negra e do cabelo crespo! Ensinamos que as relações devem ser baseadas no amor, que todos somos iguais, que devemos respeitar as diferenças, que devemos lutar por nossos direitos; então porque agora eu os achei esquisitos? 

Lembro, que quando estavam ocupando as escolas contra a emenda constitucional que congelou os gastos públicos, eu disse que essa geração ia fazer diferente. Eu olhei com ânimo as iniciativas destes mesmos jovens indo para a rua ensinar cidadania e acreditei neles. Agora, é hora reafirmar essa crença, porque eu não posso olhar para toda uma geração e dizer que ela está perdida porque eu achei esquisita. Seria um engano e um erro não entender que essa juventude está tentando encontrar um caminho, sobreviver a crise política e econômica, reformar de verdade as escolas... Esse caminho não é fácil, é tortuoso e cheio de voltas. Minha geração, por exemplo,tomou na decisão de colocar seu rumo na mão de um partido e de um presidente, um quase semideus que nos enganou. Então confesso, todos temos fragilidades.

Para delírio da turma que estava festejando, o filme ganhador do Oscar tem uma mulher trabalhadora como protagonista, discute a tolerância às diferenças e a beleza da resistência, refletindo esse momento cheio de novas perspectivas. Novamente, me desculpem, preciso continuar aprendendo com as esquisitices de vocês. Então, podemos deixar de lado os julgamentos e preconceitos e nos juntarmos para mudar o que realmente interessa. Vamos?

POR ANA PAULA SANTANA














-Graduada em Pedagogia e Psicopedagogia pela Universidade do Estado de Minas Gerais;

- Ministra formação de professores visando implantar estratégias para o ensino de jovens e adultos;e
-Integra a Associação Mineira de Psicopedagogia e compõe o quadro de diretores do Centro Integrado de Apoio ao Trabalhador.

Nota do Editor:

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sexta-feira, 16 de março de 2018

O Voto que pode nos salvar das futuras falcatruas...


Previsto na Constituição (CFB-88 – Art. 14, Incisos e Parágrafos) tal "DIREITO", creio e tenho a certeza que esta será a mais importante eleição parlamentar do País, depois é claro das famosas "DIRETAS JÁ". 

Brincando, brincando, os chamados "brasileiros votantes", elegerão 01 Presidente, 27 Governadores, 513 Deputados Federais, inúmeros Deputados Estaduais (Proporção variável de Estado para Estado!) e pasmem 2/3 do Senado Federal – 54 Senadores.

Corrompida, degenerada, maculada, pervertida, contaminada, infectada, contagiada, infeccionada, deteriorada, manchada, suja, enodoada, apodrecida, trincada, fendida, lascada, rachada, debilitada, desvanecida, consumida, decaída e por aí afora, esta é a nossa situação política congressual.

O que mais se ouve em todas as rodas de amigos, familiares e afins são as "desculpas:- 

..."Ah!!!...Mas não fui eu que votei neste!"

...."Ah!!!!...Esse quem elegeu foi o povo de ....!"

...."Ah!!!...Mas este eu sabia que era ladrão, mas ele fez tanto por minha cidade, estado!"

...."Ah!!!...Eu não sabia que tinha Processo, ou era Corrupto!"

..."Ah!!!...Mas Fulano, é bonzinho!"

São inúmeras as situações de supostas "desculpas", sobre o que temos em nossa política (Federal, Estadual e Municipal) e são também inúmeras as situações em que os atuais "políticos brasileiros", estavam/estão, envolvidos de uma forma ou de outra em fatos e imbróglios que nos levaram a deterioração. Bem como, são também, inúmeras as situações, em que "brasileiros votantes", se aliaram à famosa "LEI DE GERSON", vendendo-se e/ou trabalhando para que determinados "anjos decaídos", lhes proporcionassem através da política suja do "TOMA LÁ DÁ CÁ", benesses, favores e em muitas das vezes, o acesso ao quinhão podre da nossa República.

Numa análise simplória, transformamos, o VOTO e o advento das "DIRETAS JÁ", o nosso CONGRESSO, em um imenso PRESÍDIO (sem grades, sem horários, sem guardas e com muitos "presos"). 

Tal qual juízes de primeiríssima Instância, a cada 04 anos, mandamos um quinhão de "
“ANJOS", que se juntam em gangs ( PARTIDOS), para se locupletarem em seus propósitos espúrios. E pasmem, é ainda o nosso VOTO, que lhes dá as chamadas imunidades e foros especiais, para que não sejam imediatamente julgados e destituídos de seus cargos.

Esse novo "quinhão", tal qual "preso novo", por questões de sobrevivência política, se alia ao "quinhão" antigo, procurando é claro as "gangs", que mais lhe dizem respeito. Se locupletam!

Fazendo parte do que chamamos de "PODER LEGISLATIVO", tais "gangs", no afã de nunca serem surpreendidos pela Justiça, criam as Leis, Normas, Estatutos e as famosas Brechas para que nunca sejam investigados, julgados, condenados e presos. O poder de "fazer as Leis", lhes foi dado pelo VOTO. E qual político, qual Partido estaria disposto a criar instrumentos, que facilitariam o julgamento simplório da primeiríssima Instância, o Povo? Nenhum!

De vez em quando, ou quase sempre, são flagrados na execução, ou na pós execução de seus objetivos malignos. As tais Leis criadas, as tais Brechas entram sempre em ação! A desculpa do Político, é sempre a mesma...:

"FOI ELEITO DEMOCRATICAMENTE PELO POVO E SUAS FALCATRUAS FINANCEIRAS, FORAM REGISTRADAS, OFICIALMENTE, NA JUSTIÇA ELEITORAL!" Se julgam acima de tudo e de todos e acima da Lei. Mais lamentações, mais desculpas! Infindáveis Recursos perante a Justiça Brasileira, tornam os "DECAÍDOS”, em Réus Inimputáveis.

Este ano de eleições quase que gerais, será sem dúvida a derradeira chance de nos firmamos, como Povo unido, elegendo, na minha modesta opinião, somente NOVOS! Chega de mesmices parlamentares, chega de corruptos profissionais, amparados por Leis e brechas que eles mesmo criaram.

Será que dará certo? Sinceramente, não sei. 

Creio e acho ( e me desculpem os achismos e sonhos), que o melhor recado que podemos enviar à tudo de ruim que aí está em nossa Política, será a NÃO REELEIÇÃO, de nenhum postulante antigo. E creio também que a parte antiga, que ainda restará (somente no Senado Federal), entenderá e sentirá os efeitos de nossa atitude de RENOVAÇÃO CONGRESSUAL. 

Mas fica também um aviso aos NOVOS! Ou agem com a lisura que lhes é exigida pelo cargo, ou certamente, daqui a quatro anos, limparemos de novo! 

Acertaremos ao eleger NOVOS? Não sei. Mas se não tentarmos sair desta roda interminável, deste ciclo vicioso que criamos, nunca saberemos sobre o efeito.

O voto é a nossa arma. 

O voto é a chance que temos de dizer às “gangs” e aos “gangsteres”, que esta situação chegou ao fim. Vamos limpar nosso PRESÍDIO!

POR GUARDIÃO VERDE











A justificativa de seu anonimato é feita assim por ele:"Apenas um cidadão simples, com cinquenta e tantos anos de idade, revoltado com as bandalheiras, desmandos e roubalheiras patrocinadas pelo governo brasileiro. Não filiado a nenhum partido político e sem pretensões de concorrer a qualquer cargo público, diga-se cargo político, mas que sofre e revolta-se ,como tantos outros brasileiros, quando observa e sente na pele, o que tanto outros sentem.

É vedado o anonimato. Sim, mas no entanto, o próprio governo se vale deste “mecanismo”, para apurar delitos. Então...Viva todos os cidadãos anônimos que vivem indignados, mas que não podem, até por questões profissionais ou força de conjunto normas que regem suas vidas, declararem abertamente suas Indignações e Anseios!"


Nota do Editor:


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quinta-feira, 15 de março de 2018

Avanços no Direito de Família Brasileiro





Uma jovem mulher chega ao escritório do advogado, para uma consulta, muito deprimida, o que a impedia de expor suas ideias com alguma clareza e poder dizer o que pretendia daquele profissional. 

Com a ajuda do advogado conseguiu relatar que descobriu o adultério do marido, mostrando as provas de que dispunha, consistentes em e-mails, áudio, textos e fotos de WhatsApp, além de material colhido em redes sociais, fora um vasto rol de testemunhas.

Já mais calma, a jovem mulher afirma que seu propósito era requerer o divórcio litigioso, para atribuir a culpa ao marido, em decorrência do descumprimento do dever de fidelidade. 

No entanto, ficou decepcionada ao ser informada de que o pretendido divórcio seria possível em decorrência de sua vontade, mas não por culpa do marido. Há o reconhecimento de que ela tem a proteção jurídica decorrente do princípio da dignidade da pessoa humana, o que lhe dá o direito de escolha de não se manter casada com alguém que feriu a afetividade conjugal. 

Desde 13 de julho de 2010 a Emenda Constitucional 66 consagrou o novo divórcio, que não depende mais do pré-requisito temporal, pois extintos os prazos antes previstos, reduzindo a intervenção do Estado nas relações privadas de afeto, afastando o sistema de culpa para a dissolução do vínculo conjugal. 

Esta conquista representa uma importante revolução no Direito de Família pátrio. Porém, o relato acima, do sofrimento de uma mulher, demonstra que há um hiato entre os usos e costumes e a lei, afinal, no Brasil, é forte a cultura do litígio nas relações familiares. Ainda não é do conhecimento comum esta forma simplificada de se divorciar, que depende de uma difusão por meio da educação para o exercício da cidadania. 

Num movimento paralelo, que se desenvolve há três décadas, vem sendo implantado um novo modelo que se propõe a dar acolhimento ao sofrimento humano, não mais para ser julgado pelo juiz, para dizer quem é o culpado – para que o outro se sinta inocente - mas para promover uma comunicação que visa a um projeto de futuro, conscientizando os cônjuges principalmente da responsabilidade parental. 

Trata-se de Mediação Familiar Interdisciplinar[1], acolhida pelo Código de Processo Civil que está completando dois anos de vigência, visto que tenha vindo à luz em 18 de março de 2016. 

As varas de família organizaram um sistema complementar para dar aos sujeitos a oportunidade de tratar o conflito, em sessões protegidas pelo sigilo, sob responsabilidade de mediadores especialmente formados para atuar com este método que leva os protagonistas a tomar a vida nas próprias mãos. A mediação tem o poder pedagógico de ensinar o caminho da responsabilidade por suas escolhas, sem confiar seus destinos ao julgamento de um juiz. 

As relações de afeto necessitam de uma compreensão decorrente de uma formação especializada de juízes, advogados, membros do Ministério Público, assim como o corpo técnico formado por psicólogos e assistentes-sociais das varas. Estes profissionais buscam especialização em estudos fundamentados em conhecimento interdisciplinar. 

A mudança de paradigma que rege o contemporâneo Direito de Família, no Brasil, ampliou a prestação jurisdicional, criando um espaço especializado para acolhimento do sentimento, com o reconhecimento do afeto como princípio jurídico. 

Caminhamos para um sistema de complementariedade que visa ao acolhimento do sofrimento humano decorrente da ruptura das relações de afeto, capaz de transformar o conflito, por meio de um método de comunicação. 

A juíza francesa Danièle Ganancia[2] definiu a mediação em 1.999 : “Bem mais que uma técnica, a mediação é uma filosofia, um procedimento ético: ela traz às partes o diálogo e a restituição do poder de decisão, como ponto de partida de todas as soluções duráveis, porque ela atinge a alma do conflito, para tratá-lo. A mediação é um instrumento privilegiado de pacificação” .

REFERÊNCIA 

[1]  BARBOSA, Águida Arruda. Mediação Familiar Interdisciplinar. Editora Atlas, 2015. 

[2] GANANCIA, Danièle. Direito de Família e Mediação. Uma parceria necessária. Revista da AASP nº. 62.

POR ÁGUIDA ARRUDA BARBOSA






 -Graduada pela USP (Turma de 1972);
-Doutora e Mestre pela USP;
-Professora. Advogada especializada em Direito de Família; e
-Mediadora Familiar Interdisciplinar.

Nota do Editor:

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quarta-feira, 14 de março de 2018

O prazo de reflexão e o direito ao arrependimento



O Código de Defesa do Consumidor prevê em seu artigo 49 que:

" O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio."

Ou seja apenas quando a compra for realizada fora da loja física é possível exercer o direito do arrependimento. 

Logo em seguida o parágrafo único estipula uma regra que será necessária a restituição de valores pagos durante o prazo chamado de " Reflexão", com o cunho de proteger o consumidor, inclusive prevendo a devolução com correção monetária! 

O prazo de reflexão se inicia na data da assinatura do contrato, ou do aceite da proposta ou orçamento.

Primeiramente, a compra do produto ou a contratação do serviço deverá ter ocorrido fora do estabelecimento comercial, sendo que as contratações deverão ter sido feitas especialmente por telefone ou a domicílio. 

Contudo, por analogia, há o entendimento pacificado de que esse direito também se estende às compras realizadas de forma virtual. 

Sendo assim, consumidor deverá manifestar seu arrependimento no prazo máximo de 7 (sete) dias a contar da assinatura do contrato ou do recebimento do produto ou serviço.

O ideal é enviar uma notificação ( e-mail ou carta) detalhando o produto ou serviço já adquirido, sem se preocupar em se justificar , basta apenas requerer a devolução do montante já desembolsado.

POR MARIA RAFAELA GALHARDI





















-Bacharel em Direito pela Fundação Armando Alvares Penteado-FAAP (Dezembro/2012);
Graduanda do Curso de Especialização em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica; e
– Sócia no escritório BFGV ADVOGADOS ASSOCIADOS; e
- Áreas de Atuação: 
  -Direito Civil, Direito Imobiliário e Direito Trabalhista.

Nota do Editor:

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terça-feira, 13 de março de 2018

Há Excesso de Recursos ou Recursos em Excesso?




Afirmação constantemente propalada pela imprensa falada e escrita é a de que no sistema processual brasileiro há um excesso de recursos, o que constituiria a principal causa da lentidão da Justiça.

A frase é indiferentemente usada para referir-se aos processos cíveis ou criminais. Limito-me, aqui, a tratar exclusivamente dos de natureza civil, área em que atuo, embora me pareça que a situação não seja muito diferente na área criminal. Tentarei, na medida do possível, não falar em "juridiquês", visto que esse Blog se destina ao público em geral e não somente aos operadores do direito.

Recursos existem para garantir o direito fundamental de todo cidadão à ampla defesa, princípio insculpido como cláusula pétrea na nossa Constituição Federal (art. 5º, LV). A razão de sua existência, como parece óbvio, é que os magistrados, por mais cultos e conhecedores do Direito que sejam, estão sujeitos a erros ou enganos, como seres humanos que são.

Ocorre que há certa disfunção no sistema causada, de um lado, pelo abuso de sua utilização por advogados, procuradores de entes públicos ou estatais e defensores em geral, muitas vezes com nítido intuito de protelar o andamento dos processos e, por outro lado, pela atitude de membros do Poder Judiciário que, na ânsia de diminuir o acervo de ações a seu cargo, tomam decisões açodadas e, muitas vezes, indeferem pedidos ou recursos absolutamente procedentes, sob os mais variados pretextos que vão desde o fato de uma guia de custas estar com a autenticação ilegível, até a falta de comprovação da existência de um feriado municipal ou estadual, em que prazos não correm.

No primeiro caso o problema tem sido resolvido por um maior rigor na aplicação de penalidades às partes nas hipóteses de recursos manifestamente incabíveis, improcedentes ou protelatórios. Isso tem dissuadido principalmente os advogados (nem tanto os procuradores de entes públicos que alegam agir por dever de ofício) de recorrer mesmo sem fundamento sólido para tanto.

No segundo caso, porém, o problema vem se agravando, por vários motivos, entre os quais se destacam: (a) a chamada "jurisprudência defensiva" ([1]) e (b) a cada vez mais frequente utilização, nos Tribunais Superiores (STJ e STF), de decisões monocráticas, isto é, aquelas tomadas isoladamente pelo Magistrado Relator do processo, em causas que deveriam ser levadas a julgamento colegiado nas Turmas ou nos Plenários.

Essas decisões, por óbvio, são todas recorríveis, seja através de recursos previstos no Código de Processo Civil, seja por recursos previstos nos Regimentos Internos dos Tribunais, seja até, em alguns casos, pela via de Mandado de Segurança. Daí porque, ao tentarem "livrar-se" de um recurso, os julgadores acabam por provocar a interposição de outro recurso pela parte, visando alterar o indeferimento do primeiro recurso e, com isso, obter seu julgamento pelo mérito (no caso da "jurisprudência defensiva") ou pelo colegiado (no caso das decisões monocráticas).

Parece evidente que melhor e mais rápido seria se os recursos fossem logo julgados pelo seu mérito ou submetidos ao órgão colegiado, num ou noutro caso, com o que o Poder Judiciário estaria exercendo seu papel essencial que é o de resolver o litígio.


Talvez o exemplo mais emblemático dessa verdadeira perversão processual, seja o dos chamados "Embargos de Declaração" (EDcl). Trata-se de recurso dirigido ao próprio Juiz ou Desembargadores que julgaram a causa, solicitando a eliminação de eventuais pontos obscuros, contraditórios ou omissos de suas próprias decisões ou a correção de erros materiais nelas contidos (por exemplo, no caso em que a decisão condena o réu a pagar 1 milhão de reais, quando o que estava sendo cobrado eram apenas 100 mil reais).
Porém, salvo no caso de erro material, a absoluta maioria das decisões (ouso afirmar que em mais de 99% dos casos) proferidas em "EDcl" limitam-se a afirmar a inexistência de contradição, obscuridade ou omissão na decisão recorrida, sem qualquer outra consideração.

E, pior, como afirmou há pouco tempo o Desembargador aposentado, Dr. José Ricardo Nalini, ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo no "Jornal da Cultura" da TV Cultura de São Paulo, esse recurso seria considerado "ofensivo" aos juízes, porque os alcunharia de omissos, contraditórios ou dados a redações obscuras.

Trata-se, portanto, de um recurso praticamente inútil. Porém - paradoxalmente - se a parte prejudicada, por exemplo, por uma  omissão não ingressa com os "EDcl" contra a decisão proferida, a instância superior, por ocasião do julgamento do recurso a ela dirigida, se negará a reexaminar a questão omitida sob o argumento de que o assunto deveria ter sido, previamente, submetido novamente ao juiz que proferiu a decisão, através dos referidos Embargos de Declaração.

E casos há, nos Tribunais Superiores, em que as partes se veem obrigadas a ingressar com Embargos de Declaração de decisão proferida em Embargos de Declaração, para superar as "decisões defensivas".

Exemplo típico dessa profusão de recursos que os advogados, por vezes, são obrigados a interpor para superar óbices da "jurisprudência defensiva" é o julgamento proferido pela 4ª Turma do STJ, que conheceu e deu provimento a recurso de Agravo de Instrumento, após a interposição de quatro Embargos de Declaração sucessivos (EDcl nos EDcl nos EDcl nos EDcl no AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 540.217- SP Proc. 2003/0136387-6 - Acórdão disponível em https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=817546&num_registro=200301363876&data=20090309&formato=PDF). E cabe aqui, salientar o desassombro do advogado, que não se intimidou com a possibilidade de ser apenado com multa processual!

Enfim, trata-se de questão bastante complexa para tratar nesse exíguo espaço, mas, a meu ver, a causa do problema não está na existência de um excesso de recursos na legislação, mas na existência de recursos em excesso, causados, muitas vezes pelo próprio comportamento do Poder Judiciário, venia concessa.

REFERÊNCIA 

[1] "A jurisprudência defensiva consiste, grosso modo, em um conjunto de entendimentos — na maioria das vezes sem qualquer amparo legal — destinados a obstaculizar o exame do mérito dos recursos, principalmente de direito estrito (no processo civil, Recursos Extraordinário e Especial) em virtude da rigidez excessiva em relação aos requisitos de admissibilidade recursal." (cf. Zulmar Duarte de Oliveira Junior, Andre Vasconcelos Roque, Fernando da Fonseca Gajardoni e Luiz Dellore - CONJUR, 6/9/2013, https://www.conjur.com.br/2013-set-06/jurisprudencia-defensiva-ainda-pulsa-codigo-processo-civil#author

POR BATUIRA ROGERIO MENEGHESSO LINO













-Advogado em São Paulo;
-Graduado em 1972 pela USP;
-Atuando na área de consultivo e contencioso cível;
-É sócio do escritório Lino, Beraldi, Belluzzo e Caminati. 

Nota do Editor:
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segunda-feira, 12 de março de 2018

Para minha filha...



O artigo que se segue, não é uma carta qualquer, só devem prosseguir a essa leitura pessoas sensíveis e de bom coração. O leitor perceberá que a carta é uma metáfora, ...uma mãe idosa escrevendo para sua filha e descrendo o quanto tem sido difícil envelhecer. 

Mas a velhice, tem um algo a mais quando vivida com amor, cuidado e zelo por quem se ama tendo sempre a possibilidade de ser reinventada! 

Envelhecer? ...caminho inevitável de todos nós quando não morremos jovens, mas...a questão não se trata apenas do envelhecer, porém o como envelhecer. 

A carta tem nuances e sutilezas, que apenas um leitor sensível ao amor mãe e filha, bem como filha e mãe, será capaz de entender.

Ficarei contente se os escritos que se seguem fossem lido apenas por pessoas de alma amadas!  💞💓🌷💞

Minha filha, 

O tempo passou tão rápido, mas tão rápido que tenho muita dificuldade em aceitar que hoje em dia, você é uma mulher de quase 40 anos. 
Você, foi um dos maiores desejos meus, por isso foi tão planejada. Foi tanto amor e é tanto amor que tenho por você, que até hoje, mesmo com meus 76 anos, tenho uma dificuldade enorme em aceitar sua ajuda e é um verdadeiro horror de repente ver os papéis se invertendo, você me tratando como se eu fosse sua filha! 

É verdade, você me diz quantas madrugadas eu fiquei com você nas suas crises de garganta, você não se alimentava direito e por fim sempre ia parar no hospital tomando soro...não foi uma ou duas vezes; mas hoje, não aceito de forma alguma você perder suas noites comigo levando-me para emergência seja do hospital da Bahia ou da Fundação Baiana de Cardiologia porque tive uma crise hipertensiva e preciso de cuidados. 

Não, minha filha, eu não aceito, você dizendo que não posso pegar ônibus porque já tenho 76 anos e é perigoso andar de ônibus! Eu não aceito também todo esse cuidado e zelo que tem por mim porque ainda estou lúcida! Minha cabeça está boa!

Você diz, que fico em casa o tempo todo assistindo o Pai Eterno na Rede Vida e que estou igual a sua avó; mas, como não se parecer com ela??? Ela era minha mãe! 

Ok, sua avó teve uma vida de dondoca! Seu avô nunca deixou faltar-lhe nada em casa! Eu não tive essa vida! Trabalhei os 3 turnos e talvez pra mim seja muito difícil admitir que sinto essa falta imensa do trabalho. 

Trabalhei, assim como você, desde de muito nova, mas ao contrário de você que é psicanalista e pensa o tempo inteiro nas formas de envelhecer...eu não me preparei para minha velhice, fui professora universitária a vida inteira. E quando me aposentei do trabalho, meio que sem perceber e sem me dar conta, acabei por me aposentar da vida também! 

Sim, acho que me aposentei da vida sem ao menos me dar conta disso, tanto que você insiste para que tenha WhatsApp, mas não tenho e nem quero ter! Redes sociais???? Twitter, Instagram, Facebook??? Nem pensar!!! Eu não tenho nem e-mail porque ...não quero me preocupar!

Erick Erickson em sua teoria nos afirmou que a velhice é a fase de contemplação! ...estou nessa fase! Mas não sei ao certo se quero estar! Porque no fundo no fundo gostava da minha vida frenética, agitada, dar aulas nos 3 turnos na Universidade, amava cuidar de você minha filha e mais ainda, você dependia de mim! Hoje em dia? Não mais! 

Sim claro, somos muito amigas! Aí de mim se eu não tivesse você! Volto a te dizer: Você foi o desejo e o ato mais planejado da minha vida...talvez por isso você seja tão intensa, filha! Porque você é fruto de muito desejo. Ao passo que intensa, metódica, e me diz o tempo todo que tem uma dificuldade imensa de lhe dar com as perdas e que também tudo na sua vida tem que ser bastante planejado! E com sua psicanálise me diz: "Mãe, o significante primordial da minha vida é planejamento! Planejamento já existia antes d'eu nascer!" 

Tem sido minha filha, muito duro e difícil para mim envelhecer, perder meu super poderes, sofrer da síndrome do ninho vazio porque...porque hoje dia você tem sua vida.

Mas a vida é assim, fico feliz, de ver que o meu produto deu certo. Soube para além de ser uma excelente profissional da minha geração, acima de tudo, fui / sou mãe e hoje em dia colho os frutos do meu jardim! Tenho ao meu lado minha filha amiga, companheira, muito mais razão e pé no chão do que eu, uma filha que me protege, zela e me guarda, sabendo viver sua própria vida , impondo seus limites e também muitas vezes quando necessário, sabendo dizer: Não! Quem ama também diz não! 

Filha, tenho muita, muita dificuldade de entender seu Lacanês ao me dizer que na verdade a Lei do Pai em um determinado momento precisa vir a se tornar a Lei do Filhos, porque são os filhos enquanto filhos que precisam dar conta do complexo de Édipo! Eu não sou psicanalista!!! Eu não sou essa mulher analisada, tal como você! Mas Ok, depois de muito escutar você me dizendo isso, só posso escutar através de suas ações. Hoje em dia você é uma mulher! 

Você é uma mulher linda tão qual um dia eu fui...ou como você me diz, ainda sou! Mas, estou envelhecendo filha...e isso tem sido difícil, meu cérebro está bom, mas o corpo? O corpo está cansado! Eu não aguento mais sair o dia todo! Se saio de manhã, de tarde estou muito cansada! Ainda dirijo, mas o trânsito me cansa, ...vc insiste em não deixar eu sair de ônibus e também não aceito que você fique pagando taxi para mim, porque ao contrário da sua avó, que dependeu a vida todo de seu avô, sempre fui uma mulher independente! E quero continuar tendo a minha vida! 

Sim filha! Somos mulheres, relação mãe - filha você me diz que é sempre complicado, você diz, eu acredito! Mas a nossa? Sempre, para além de mãe e filha, sempre fomos grandes amigas! ...hoje em dia mulheres, completamente diferentes! ...ou não? Às vezes me vejo tanto em você quando tinha sua idade! ...mas você insiste em dizer que somos diferentes! Tudo bem também! Somos diferentes mesmo! ...e é bom sermos! ...talvez por isso, nos damos tão bem! 

Ah! Já ia me esquecendo!!!! Quando você era criança, adolescente ou até mesmo há uns 10 anos atrás, você com seus 30 anos e eu ainda uma jovem -senhora forte, você dizia que amava viajar comigo, hoje em dia, preciso te dizer: Eu amo viajar com você! Me sinto toda importante porque como você sabe que tenho problemas de circulação, não consigo andar muito em longas distâncias e ficar muito tempo em pé! Preciso lhe confessar, adoro quando você compra minhas passagens áreas e como você é essa mulher viajada, antenada e plugada como você mesma se descreve, você logo ao comprar minhas passagens pede todas as condições especiais para uma idosa, inclusive a cadeira de rodas que nos aeroportos para mim são imprescindíveis pela longa distância entre o embarque e desembarque, usufruo de todas as condições da minha idade, quando estou ao seu lado! 

Te amo filha! 
Obrigada por existir em minha vida e aceitar essa mãe idosa e teimosa que você tem! Mas que ama muito ser sua mãe e te ter como minha filha!!!

Com você aprendo cada dia mais e na verdade hoje em dia venho desejando aprender mais e mais com você; até ir a boteco?!?!?!?!? Aprendi ir com você, e percebi que não é nada demais duas mulheres sentarem sozinhas em uma mesa de bar! (Risos) 

Com carinho 
Mamys!

POR CLARISSA LAGO

-Psicanalista; 
-Graduada em Psicologia pela Universidade Salvador (UNIFACS);
Graduada em Pedagogia - Licenciatura Plena e Habilitação em Educação Orientação Educacional & Vocacional pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL);
-Mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); e
-Especialista em Psicopedagogia pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL) 
-Atualmente é Aluna Especial do PPGAC (Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas/UFBA), exerce o ofício de psicanalista e supervisora clinica em psicanálise no consultório particular.
Twitter: @LagoClarissa
Facebook: Clarissa Lago Psicanalista
Celular/ WhatsApp: 71 99990-6143
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Nota do Editor:

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domingo, 11 de março de 2018

“Ixi... já foi!” Como a ejaculação precoce pode afetar na qualidade de vida



A ejaculação precoce (EP) é a disfunção sexual masculina mais frequente, ocorrendo em cerca de 20 a 30% dos homens em algum período de sua vida sendo mais frequente em jovens (Francischi, 2011; Abdo, Oliveira Jr., Moreira e Fittipaldi, 2002). Ela é definida como “a persistente ou recorrente ejaculação com estimulação sexual mínima, antes, durante ou logo após a penetração e antes que o sujeito o deseje, causando mal estar acentuado ou dificuldades interpessoais” (APA, 2000, p. 552). 

Muitos pesquisadores sugerem vários tipos de ejaculação precoce. Ela pode ser primária (ao longo da vida), o que quer dizer que ela ocorre desde o período que se iniciou a vida sexual. Ou, ela pode ser secundária, aparecendo após o inicio da vida sexual (APA, 2000). 

Tem se notado que há relação entre a satisfação sexual e a ejaculação precoce (Francischi, 2011). Os tratamentos são diversos e podem ser desde psicoterapia, terapias tópicas com uso de cremes e terapia medicamentosa, com a utilização de remédios (Francischi, 2011).

A ejaculação precoce é uma disfunção que afeta homens de todas as idades e tem efeitos tanto sobre a qualidade de vida do homem quanto de sua parceira (Francischi, 2011). 

A EP está associada muitas vezes a uma gama de “efeitos psicológicos negativos, incluindo ansiedade, depressão e angústia, quer no homem, quer na sua parceira/o. O sofrimento interpessoal resultante da EP pode afetar a qualidade de vida dos homens, a sua relação com parceiros/as, a sua autoestima e autoconfiança” (Oliveira et.al, 2013). 

Montorsi (2005) aponta que a ansiedade desempenha um importante papel na EP, tendo sido descrita pelos pacientes, diversas vezes como coexistente com EP (Oliveira et.al., 2013)

Em um estudo realizado por Oliveira e outros (2013) trouxe vários fatores de caráter psicossocial, sendo que os mais apontados foram a ansiedade e o medo, crenças baseadas em princípios religiosos, baixa autoestima e imagem corporal, histórias de abuso sexual e dificuldades de relacionamento interpessoal. 

“Na EP, além da ansiedade, a insegurança, medo de fracasso, depressão, estresse, cansaço e problemas com a parceira podem estar associados a esta disfunção sexual, interferindo no controle do processo ejaculatório” (Oliveira et.al., 2013, p. 8). 

Não é apenas na EP que surgem efeitos negativos, outras disfunções sexuais como a disfunção erétil também acarretam efeitos negativos sobre a autoimagem, perda de confiança, estresse e depressão (Galati, 2014). 

Muitas vezes, os homens que sofrem de ejaculação precoce temem falar sobre o assunto com outras pessoas. Estamos numa sociedade machista e o homem tem que ser a todo momento viril, potente, não podendo demonstrar fraquezas e tendo que estar sempre pronto. Essa exigência social faz com que o homem se exija cada vez mais e crie expectativas muito grandes. 

O mais importante é reconhecer que há uma dificuldade e procurar ajuda, além de entender que, após várias experiências sexuais negativas, frustrações e cobranças de parceiro (a) mesmo que veladas podem gerar receios sobre as próximas relações sexuais e uma diminuição acentuada do desejo sexual, acarretando na qualidade de vida do homem. 

Bibliografia 

Abdo, C. H. N.; Oliveira Jr., W. M.; Moreira, E.D.; Fittipaldi, J.A.S.(2002). Perfil sexual da população brasileira: resultados do estudo do comportamento sexual (ECOS) do brasileiro. Rev. Bras. Med., v. 59, n. 4, p. 250-257;

American Psychiatric Association (2000). DSM-IV-TR: Manual de diagnóstico e estatística das perturbações mentais, 4ed. Lisboa: Climepsi Editores;

Francischi, F. B. de (2011). Ejaculação precoce: existe terapia suficiente? São Paulo: Rev. Einstein, v.9, n.4; e 

Oliveira, F.; Dias, S.; Neves, S; Saldanha, S. (2013). Ejaculação prematura. Psicologia.pt.



POR CARINE FRANCESCHI SAITO





















-Graduada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2009;
-Especialização em Psicologia Hospitalar com pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP em 2010; 
-Estuda o tema de Sexualidade desde 2010;
-Especialização em Gestalt-Terapia pelo Instituto Sedes Sapientiae em 2015;
-Atende crianças, adolescentes e adultos em psicoterapia individual e de casais.
-Atua em consultório particular na Zona Oeste e Sul de São Paulo.
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