Autor: Lúcio Panza(*)
Provavelmente, todo e qualquer professor brasileiro hoje já se deparou com conflitos em sua sala de aula decorrentes do uso de aparelhos celulares por parte de seus alunos. É bom lembrar que foram criadas diversas Leis (4734/2008 e 16.567/2017) tanto a nível federal como estadual e municipal, que vedam o uso, além de proibir também jogos eletrônicos e tocadores de MP3.
É bem verdade que a escola do século XXI não acompanhou as mudanças do mundo tecnológico, que anda a passos largos. Nossas escolas, em sua grande maioria mantém ainda a mesma configuração do século passado, com carteiras enfileiradas o que não fomenta a interação e dinamismo no qual a geração atual necessita e com o velho quadro de giz, hoje substituído pela lousa, mas em efeito, nada muito diferente um do outro. Internet e notebooks são realidades muito distantes dos alunos e eles precisam desses aportes, pois fazem parte de suas rotinas e vida social. Sendo assim, a escola se torna chata, enfadonha e sem atrativo. Ouso dizer que o celular é a grande vedete de toda essa discussão em torno da tecnologia, e de como vamos inseri-la dentro das escolas para o progresso do ensino e aprendizagem.
Vivemos em um tempo no qual grande parte da informação que recebemos vem pelo imagético. E isso vem mudando o modo como os jovens se expressam, se comunicam e percebem o mundo. Há uma aceitação geral em relação ao uso das imagens na sociedade contemporânea. Um exemplo disso seriam os emojis dos aplicativos, que foram inseridos naturalmente na comunicação escrita por meio de softwares de mensagens.
Partindo desse pressuposto, penso que devemos procurar estratégias que consigam aliar o uso dos celulares ao processo educativo tornando este uma ferramenta para prática escolar, pois é impossível retroceder os avanços e o progresso. Foi assim, que desenvolvi uma atividade de confecção de um mural de fotojornalismo. A proposta de trabalho visa fotografar ações negativas no ambiente do seu percurso de casa até a escola e escrever uma breve legenda com a solução para o referido problema.
A avaliação da práxis fora a seguinte: Os alunos ainda não estão familiarizados com propostas pedagógicas desse tipo, como envio de materiais fotográficos por e-mail ou via Messenger do Facebook do professor. Por isso, foi muito importante esse despertar, no que tange a inserção dos aparelhos eletrônicos no universo escolar.
Os alunos se sentiram um pouco inseguros com a realização da atividade como um todo, pois além das fotografias (não me importei com qualidade nesse momento e sim com a temática correta para elaboração do registro fotográfico) eles deveriam ser jornalistas investigativos ao elencar o problema registrado e propor uma solução de forma simples.
Por fim, a atividade é contínua, na medida que o mural é colaborativo, ele não é estanque, as crianças continuarão a trazer fotografias e legendá-las.
Por mim, fica o debate. A mudança de consciência é uma construção. Um caminho possível. E de longo prazo. Guerra que tem que ser vencida.
*LÚCIO LAMOGLIA PANZA
-Pós-graduado em Ensino de Ciências e Biologia pela UFRJ e Biociências e Saúde pela FIOCRUZ;
-Atua como professor regente no magistério público estadual e municipal da cidade do Rio de Janeiro;
-Possui experiência em mediação de exposições científicas em espaços formais e não-formais. Elabora projetos de jogos didáticos com foco no aspecto lúdico como instrumento de aprendizagem;
-Participa de atividades de extensão cultural com projetos pedagógicos desenvolvidos nas Unidades escolares.
Contatos: professorpanza@gmail.com
Site: http://luciopanzasilva.wixsite.com/escritor
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