Ser professor é exercer o papel de condutor do pensamento reflexivo. A sala de aula pode ser um local de discussão e pesquisa, de produzir e melhorar as ideias de valor e não de reprodução fiel de conteúdos transmitidos.
Ser professor é ser um estrategista. É está preparado e disposto para adaptar e contextualizar suas ações às necessidades cognitivas do aluno. A sala de aula pode ser um local de promoção do pensamento crítico e criativo.
Ser professor é refletir sobre a sua prática buscando melhoria do processo de ensino-aprendizagem. É ser capaz de questionar suas próprias ações e compreender a importância da relação teoria-prática.
Ser professor é saber trabalhar em equipe, sabendo responder às diversidades. A sala de aula pode constituir-se num ambiente de troca de experiências, inovações e também dificuldades.
Ser professor é ser um agente de mudança. É ser um agente da inclusão. É enfrentar a insegurança, o despreparo e a desinformação para sustentar esse processo. É ser agente transformador em um espaço onde todas as formas de saberes são fundamentais para o desenvolvimento do homem.
Ser professor é estar preparado para algo grande e desafiador diariamente. É viver no agora e nas oportunidades que surgem a todo instante.
Ser professor é trabalhar com pessoas. Pessoas que são capazes de interrogar e elaborar juízos sobre uma relação interpessoal na sala de aula. É cultivar uma relação saudável e baseada em confiança e admiração com seus alunos. É ser capaz de justificar e defender sua posição.
Ser professor é estar comprometido eticamente com sua profissão, diante da complexidade e da incerteza da era contemporânea pluralista e multipartidária. É ter uma postura ética, pois o tempo todo é criticado frente a um objetivo que proponha alcançar ou um método que decida aplicar. É enfrentar sentimentos de monotonia e desilusão na prática de ensino. É ser uma ponte entre o aluno e o mundo na transmissão de saberes éticos, apesar do desprestigio social de ser mal tratado e escassamente valorizado.
Ser professor é exigir direitos e não “jeitinhos”; é não roubar a coisa pública; é não ter gosto de fumar em um local proibido; é não aceitar a relação dar para receber; é lutar para que a lei da transparência funcione. É discutir a ética da sua profissão.
Ser professor é ser um profissional que encontra uma dura realidade a sua frente: violência, desinteresse, dificuldade de controlar uma classe, de avaliar justamente, insegurança, depressão, fobias, estresse, finanças etc. Pois é preciso assegurar que as interações favoreçam a reflexão, a troca e a construção de conhecimentos a respeito da prática docente.
Ser professor é ser respeitado com um uma remuneração digna, com um amplo investimento na formação iniciada e continuada por parte do Estado, focada no processo de ensino e aprendizagem e na garantia de condições de trabalho adequadas. É ser respeitado com planos de carreira em diferentes níveis, que reconheçam tempo de serviço e formação docente.
Ser professor é ser respeitado. É ser reconhecido como tal. Pelo aluno, pois educação começa em casa e a escola é “um dos centros da vida na comunidade” onde este se encontra; que o mesmo perceba o professor “como a principal categoria de trabalhadores da sociedade do conhecimento e da economia do saber”. Pelos pais, pois estes são “responsáveis por valorizar e acompanhar a educação de seus filhos, tanto em casa quanto na escola”. Pela sociedade, pois “a educação é direito de todos e dever do Estado”. É respeitar a si mesmo. É respeitar sua própria classe de profissionais da educação.
Ser professor é ser mestre e não tio, tia ou anjo, pois a educação é o único jeito de garantir o crescimento econômico da nação e propiciar a construção de uma sociedade mais justa. É ser professor de fato e não apenas alguém ocupante de um espaço porque não se deu bem na vida.
Ser professor é exercer “uma profissão que constitui a espinha dorsal da sociedade do futuro”. Mas quanto tempo será necessário para que o Brasil atinja o nível de compreensão da importância do professor na sociedade? O professor está cansado de ser feito bobo.
Ser professor é singularmente difícil.
Por FERNANDO MARTINS
-Formado em Ciências Sociais e Teologia;
-Pós graduação em Metodologia do Ensino de História;
-Escritor, Palestrante e Professor de História na Rede Pública Estadual
Twitter: @filosonando
-Escritor, Palestrante e Professor de História na Rede Pública Estadual
Twitter: @filosonando