Autora: Maria de Lourdes Moraes Lira(*)
Antes de iniciarmos o tema, vale trazer aqui o
significado do Carnaval:
Entre as várias definições sobre o significado do
Carnaval entendi que a abaixo transcrita traduz bem o que gostaria de expor:
"Carnaval ou entrudo são os três dias de festas que
precedem a quarta feira de cinzas. É uma palavra que tem origem no latim "carna vale" e que significa dizer "adeus à carne".
O carnaval chegou ao Brasil através das festas que
ocorriam na Europa, principalmente na Itália e na França, no século XVII."
(Fonte de pesquisa : https://www.significados.com.br/carnaval/)
Pois bem, podemos dizer que o carnaval, ou festa da
carne como o próprio nome já remete, é a comemoração de tudo que elegemos como
prazer. Portanto, as festas, o uso de drogas, a promiscuidade, a
violência, a sensualidade e a sexualidade sem limites, em geral, fazem parte de
grande parte das comemorações carnavalescas.
Com tais afirmativas, questiona-se: o espírita pode
festejar o carnaval?
Sim, sem dúvida que pode! Entretanto, deve
lembrar-se que sua conduta nessa festa não deve ser acompanhada de atitudes
exageradas consigo mesmo e tampouco com seu próximo para que não atraia para si
forças negativas que poderão trazer-lhe desequilíbrios espirituais, visto que o
culto à carne é o despertar das paixões e das sensações e o seu uso desenfreado
e irresponsável pode trazer um futuro de dores e sofrimentos como colheita
Expostos a tais situações que quase sempre são
exageradas, atraem espíritos de ordem inferiores que se comprazem com tais
atitudes na medida em que estarão em sintonia uns com os outros, ou seja os
encarnados e os desencarnados ao trocarem energias, ora alimentadas com tais
atos e que, portanto, pode-se considerar como sendo seu elo de ligação,
promovendo-lhes prazer e deleite. Observa-se aqui que os referidos prazeres são
inerentes às vontades materiais e essas, principalmente nessas ocasiões, são
colocadas acima da moralidade.
Nesse sentido, podemos lembrar aqui uma das famosas
cartas de Paulo , apóstolo que divulgou as mensagens do Cristo. Referida
carta, que é a primeira aos Coríntios (habitantes de
Corinto, na Grécia), no capítulo 6, versículo 12, apresenta a seguinte
mensagem:
"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém; todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam."
Nessa frase simples, Paulo apresenta o "livre
arbítrio" (tudo me é lícito), que é um dos princípios básicos da
Doutrina Espírita. Perceba que a Doutrina nada proíbe, mas sim,
educa, no sentido de mostrar a verdade, e ensinar o caminho para obtê-la (mas
nem tudo me convém).
Observemos também que tal lição quer demonstrar as
limitações da Lei divina, do convívio com o próximo, onde essa liberdade é
cerceada pela questão da conveniência e da oportunidade.
Sobre esse tema, o espírito Emmanuel, através do
médium Chico Xavier, psicografou a seguinte mensagem em julho de 1939,
publicada pela Revista Internacional de Espiritismo, em janeiro de 2001:
"CARNAVAL
Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso,
que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura
generalizada que adormece as consciências nas festas carnavalescas.
É lamentável que, na época atual, quando os
conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave
maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os
objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as
sociedades que se pavoneiam com o título de civilização.
Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas,
geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os
sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso
espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas
indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais
esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados
fazem desaparecer.
Há nesses momentos de indisciplina sentimental o
largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência
não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de
esquecimento do dever.
Enquanto há miseráveis que estendem as mãos
súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para
que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas
por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres
sociais e divinos.
Ação altamente meritória seria a de empregar todas
as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos
necessitados de um pão e de um carinho.
Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os
leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras. Por
que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com
os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha
abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem?
Que os nossos irmãos espíritas compreendam
semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco,
dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os
costumes para o bem de todas as almas.
É incontestável que a sociedade pode, com o seu
livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas,
enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza,
ela só poderá fornecer com isso um eloquente atestado de sua miséria moral.
Por Emmanuel - Psicografia de Chico Xavier "
Pelo exposto, conclui-se que como espíritas devemos
entender as consequências do mal uso do livre-arbítrio e da infalibilidade da
lei de causa e efeito. Portanto ao estudarmos a Doutrina Espírita passamos a
ter conhecimento de que todos os atos de excessos sejam no carnaval
ou em qualquer dia de nossas vidas serão cobrados à medida em que forem
cometidos e que o melhor para nossa vida futura é evitar contrair mais débitos
diante da lei de Deus.
Portanto, ao festejar o Carnaval deve levar em
consideração que o fato de estar presente nas brincadeiras não o obriga a agir
como a grande maioria, não precisa deixar-se influenciar e nem conectar-se com
as práticas de ações menos dignas. Redobre os cuidados nas ações e nos
pensamentos.
Por fim, lembre-se que é livre para realizar as
suas vontades, mas, não esqueça que deve ser responsável por tudo que fizer!
Bom Carnaval a todos !
Bibliografia:
- Mensagem sobre o carnaval (Chico Xavier pelo
espírito Emmanuel);
*MARIA DE
LOURDES MORAES LIRA
-Advogada e Consultora;
-Especialista nas Áreas Trabalhista e Previdenciária - OAB/SP nº 130.175 e
-Espírita e estudante da Doutrina
Nota do Editor:
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