Em um momento em que o Brasil passa por tempos difíceis na política e na economia, somos surpreendidos com um show de beleza, música e cores. A natureza e a origem da formação cultural da sociedade brasileira desenharam um verdadeiro espetáculo, para dar as boas-vindas aos primeiros jogos olímpicos da América do Sul. O Rio de Janeiro, nunca ficou tão belo, iluminado e exposto, como nesta cerimônia. Num momento, levantaram-se as cortinas para o início do maior espetáculo esportivo do mundo, e tudo isso, perfeitamente equilibrado em tempo, som e cores, que vestiram uma nação de esperança e de orgulho. Com a crise, o próprio Fernando Meirelles recebeu a missão de produzir uma cerimonia de abertura com pouca ostentação e muita originalidade, e creio que conseguiu. O Maracanã repassou a historia da origem carioca, sem esquecer a cultura das favelas, que se erguem bem atrás das emblemáticas praias turísticas da cidade.
Ouvimos o Hino Nacional na voz de Paulinho da Viola, que deu certa leveza no clima de ansiedade, devido aos vários problemas apresentados no Rio e na Vila Olímpica. Um alívio pra muita gente.
Teve tela gigantesca, posicionada no chão do Maracanã, que mostrou o surgimento da vida e do país: reservas indígenas, imigrantes portugueses, africanos, japoneses, sírios, (se esqueceram dos italianos, alemães e dos espanhóis). É a diversidade brasileira ao longo do tempo.
Mas o tema central dessa maravilhosa abertura foi sem sombra de duvida, emitir a mensagem ecológica da preservação do meio ambiente, mostrar elementos da mãe-terra, combater a poluição em geral e a importância do desenvolvimento do país da Amazônia -a maior floresta do mundo-. Rio 2016 deu um grito de socorro para conscientizar sobre os problemas da contaminação e do aquecimento global, e as consequências trágicas que podem surgir em cada país do mundo. A grande cartada foi a “Campanha” lançada nessas olimpíadas, onde cada atleta olímpico plantará uma árvore numa espécie de Bosque Olímpico.
Sendo algo inédito num evento como este, seria uma ótima iniciativa, se não fossem pelas estatísticas de desmatamentos somente no Rio de janeiro, referentes às obras da olimpíada.
Agora, acordando o senso critico e despertando do sonho de que tudo é maravilhoso, vamos aos fatos: Rio não cumpriu promessa de reflorestamento desde 2009; Infelizmente a recuperação de 2.500 hectares, com o plantio de cerca de 5 milhões de árvores desde outubro de 2009 não aconteceu.
O Ministro do Ambiente anunciou, em 2012, que 34 milhões de mudas deveriam ser plantadas até a Olimpíada, porem isso não aconteceu e o programa foi "reformulado" e só 15% da meta foi cumprida, ou seja apenas dois milhões de mudas foram plantadas, nos últimos 7 anos para a recuperação de matas ciliares dos rios Guandu e Macacu, segundo balanço oficial divulgado pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Os dois rios abastecem cerca de 11 milhões de pessoas na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro.
Só para se ter ideia, o governador Pezão já havia anunciado em 2015, um novo programa de reflorestamento das margens do Guandu e do Paraíba do Sul. O plano previa investimentos de R$ 53 milhões em ações que também deverão beneficiar cerca de 13 mil pequenos produtores rurais, principalmente no norte e noroeste fluminense, que são os mais afetados pela estiagem. Devido a crise hídrica, começar a resolver questões como o saneamento dos rios e o reflorestamento da bacia, que está devastada, deveria ser prioridade tanto do governo do Estado, como das instituições, porém, não foi o que aconteceu no decorrer dos anos. Sendo que em 2007, a prefeitura do Rio já havia se comprometido em reflorestar áreas degradadas do Maciço da Pedra Branca, na zona oeste, para os Jogos Pan-americanos, mas não plantou uma semente sequer.
Citando ainda outro fracasso no cumprimento de programas ambientais de reflorestamento no Rio é o que envolve a Petrobrás, quando em 2006, a empresa foi obrigada a compensar danos ao meio ambiente, causados pela obra de construção do Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), projeto bilionário da Petrobrás em Itaboraí, na região metropolitana. Outro fato curioso é que, segundo a nota emitida pela secretaria do Ambiente, a mesma alega que a meta constava no dossiê de candidatura do Rio como sede da Olimpíada e que “àquela altura, não havia uma referência confiável da pegada de carbono dos Jogos”. “No atual cenário, o Estado do Rio é responsável pela compensação de 1,6 milhão de toneladas de carbono dos Jogos, correspondentes às emissões da construção de instalações esportivas e obras de infraestrutura”, acrescenta a nota. Ironicamente, a chama olímpica, que agora ilumina o Maracanã, numa pira bem menor que a de outras olimpíadas, representando o sol, faz alusão à biodiversidade, sendo uma pira bem menor do que as de olimpíadas anteriores, para não emitir altos índices de carbono.
Não vou negar que a cerimonia de abertura foi boa e bem diferente daquela abertura da Copa 2014; confesso que deu orgulho em saber que o Brasil ganhou respeito diante da mídia internacional e isso é um ponto positivo, diante tantas adversidades; mas isso não é tão importante como outros problemas que o brasileiro enfrenta no cotidiano; jamais devemos esquecer quem somos, nem o que estamos passando. Mascarar a situação não é a melhor solução. Além disso, o fantasma do desemprego, a violência, as mazelas com a saúde, educação, saneamento, e desmatamento continuam assolando nosso país. O povo brasileiro tem que enxergar seu potencial, deixar de vez a ideia de se orgulhar da malandragem e começar a trabalhar por um Brasil melhor; que possamos dar exemplos para o mundo, não só numa abertura de Olimpíada, como também na educação, na saúde, no meio-ambiente, em segurança e poder se orgulhar em lutar pela melhoria dessa nação.
Por .ADRIANA RAMIREZ MEIRA
-Paraense, filha de venezuelano e mãe brasileira;
-Graduada em Letras-Português/Espanhol e Literatura;
-Pós-graduada em Cultura Afro-Brasileira;
-Tradutora Juramentada e Intérprete Comercial pela Meritíssima Junta Comercial do Pará (JUCEPA);e
-Autora de 2 livros:
-“A Influência Africana na Formação Cultural do Pará: Análise das Principais Manifestações Folclóricas Paraenses” e
-“La Femme - O Feminino Em Sade”.;
- Concluiu em 2015 Mestrado Profissional de Enseñanza de Español como Lengua Extranjera e está cursando Mestrado em Educação
-Autora de 2 livros:
-“A Influência Africana na Formação Cultural do Pará: Análise das Principais Manifestações Folclóricas Paraenses” e
-“La Femme - O Feminino Em Sade”.;
- Concluiu em 2015 Mestrado Profissional de Enseñanza de Español como Lengua Extranjera e está cursando Mestrado em Educação