Vivenciar as experiências políticas e o DIREITO ELEITORAL em grandes centros populacionais, ou nas pequenas comunidades do interior de cada estado brasileiro, traduzem fórmulas, estratégias e soluções políticas e eleitorais totalmente distintas entre si.
A grande questão eleitoral que se renova a cada quatro anos, principalmente nas pequenas comunidades populacionais brasileiras, é a descoberta do que significa, de fato, FAZER POLÍTICA, e como exercer, de fato, a legitimidade dos chamados Direitos Políticos do cidadão comum, ou seja: do eleitor brasileiro?
O eleitor desses pequenos centros "não aprendeu" a amadurecer a sua liberdade eleitoral no sentido de escolher um candidato porque tem a convicção de que o mesmo será um representante de suas crenças, opiniões e necessidades sociais, mas, ainda, mantém seu voto atrelado àquele candidato com maior probabilidade de ser eleito pela maioria.
Esse "eleitor amedrontado
por perdas", das mais variadas ordens, acredita que "perderá seu voto",
caso a sua escolha seja por um candidato que não tenha sido eleito pela "maioria" dos votos das urnas.
Mas, o que vemos de forma reiterada, a cada eleição, é que nem sempre essa fórmula matemática de conceder e garantir à maioria o direito de eleger um candidato, se traduz em escolhas justas ou que, de fato, atendam às necessidades sociais e pessoais da maioria da população.
Ou
seja, candidato eleito pela maioria de votos, nem sempre atenderá os anseios e
necessidades da maioria da população daquele colégio eleitoral que o elegeu.
Especialmente, nas pequenas comunidades sociais brasileiras.
O que vivenciei pessoalmente, ao longo de vários anos de atuação nos bastidores eleitorais de uma pequena comunidade brasileira do Vale do Paraíba, foi que os "eleitores dessas pequenas comunidades brasileiras" ainda se intimidam pela chamada “maioria”, e ainda consideram que "perderam o seu voto" pelo fato de não votarem em candidato que não tenha sido eleito.
Como
se eleger um candidato fosse mais importante do que reconhecer nele a postura,
o caráter, o atendimento dos projetos sociais, educacionais e de saúde, que
representem as suas crenças e necessidades naquela comunidade.
Assim,
de forma ainda lamentável, esse eleitor vota em quem tem “aparente chance de
se eleger”, mesmo que ele não represente nenhuma das qualidades que
deveriam ser imprescindíveis em um ser humano – fosse ele político ou não,
candidato ou não!
Esse eleitor - historicamente
fragilizado - se prende, ainda, em "amarras invisíveis", que se traduzem
em alguma aparente rejeição social, ou em mera falta inclusão social e
política, na medida que esse eleitor justifica seu voto em outro candidato
qualquer, sob o fundamento de que esse ou aquele candidato "não pediu" o
voto dele/eleitor.
Ou seja, passa a ser mais importante "pedir" o voto do que a análise pessoal desse eleitor se aquele candidato poderia mesmo representar seus ideais sociais e políticos, ou não.
Historicamente, não somos ensinados e defender ideais, a exercer direitos políticos, sociais e pessoais, a despeito do que disser a "maioria".
Quem disse, ou quem poderia garantir, de forma absoluta, que a "maioria não erra" e nem tampouco, que "não comete injustiças"?!?!?
E mais questionamentos ainda se impõem: quem garante que o candidato que "pediu" seu voto irá, de fato, honrar com o compromisso assumido para se tornar merecedor de seu voto e, assim, eleito pela maioria??
"Fazer
política" passa a ser um conceito eleitoral subjetivo e dissociado da
realidade, na maioria das vezes, porque “fazer política” não é garantia
de exercitar a cidadania de forma legítima e integral, e nem tampouco garante
que os exemplos que o eleitor busca solidificar com o voto de confiança que
dedica a um candidato serão devolvidos ao eleitor por intermédio de medidas e
ações que façam a diferença na vida social do eleitor.
"Fazer
política" deveria ser garantia de atitudes de caráter, de legitimidade de
direitos e deveres, de busca na solução de conflitos, e apenas das promessas
possíveis de serem cumpridas e executadas.
Temos
que aprender a não esperar um "pedido de voto" para termos o direito de
exigir minimamente o reconhecimento e a dignidade social que deveria ser o foco
do candidato eleito.
"Fazer
política" deveria ser prática social cotidiana e regular, não apenas
vivenciadas a cada quatro anos, para somente depois, se tornar direcionamento
de projetos sociais e de quem terá capacidade para monitorar e gerenciar a
execução desses projetos.
Não
pode entender, o "candidato de última hora", que "fazer política" seja convencer eleitores de promessas vazias, quando deveria, sim,
conhecer amplamente as questões sociais, educacionais, e de saúde de sua
comunidade, "fazer amigos" em sua comunidade, buscando entender as
necessidade e anseios desses "amigos e moradores" locais, para só então,
terem condição de entender o que significa verdadeiramente "fazer política" em uma comunidade social.
Assim, inevitável a pergunta que me
faço há anos: O QUE SIGNIFICA FAZER POLÍTICA??
Me atrevo a responder que saber "fazer política” nunca será ganhar uma eleição pelo poder do
convencimento e pelas mãos da maioria de seus eleitores.
Nem
tampouco será o fato de alguém possuir suficiente habilidade de "pedir o
voto" de prováveis eleitores indecisos.
Mas,
de fato e de verdade, acredito que sabe "fazer política" quem possui a
habilidade e a sensibilidade de mãos e mentes capazes de resolver os problemas vivenciados
e atender as necessidades da maioria dos moradores daquele núcleo social, tendo
eles todos votado em você, ou não!
"FAZER POLÍTICA" É ABRIR MÃO DO EGO EM PROL DO OUTRO!
*ROSANA CARVALHO DE ANDRADE
-Advogada graduada em Direito pela Universidade de São Paulo/USP (1983);
-Advogada com 40 anos de experiência na profissão; Consultora em Propriedade Intelectual (Marcas, Patentes, Desenhos Industriais, Direitos Autorais, Licenciamento, Concorrência Desleal e Parasitária), Franquia, Defesa Concorrencial, Direito Aduaneiro, Direito Ambiental e Direito Eleitoral;
-Consultora da ABRAL e membro da Comissão de Propriedade Intelectual da OAB/SP Subseção Guarujá; e
-Professora e Palestrante convidada em várias Universidades e Eventos relativos ao tema da Propriedade Intelectual.
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