Palavras-Chave:
Filosofia – Consciência – Verdade - Razão;
Direito – Liberdade – Dever - Justiça.
"A Verdade Divina penetra-me e transforma-me"
"A Verdade Divina inunda-me a Consciência"
"Penso e ajo com correção".
Joanna de Ângelis / Divaldo P. Franco.
A Consciência é considerada, filosoficamente, o atributo altamente desenvolvido na espécie humana e que se define, basicamente por um contraste, qual seja, o homem em relação ao mundo, e, posteriormente, o homem em relação aos denominados "estados interiores, subjetivos". Esse atributo é o que permite à criatura tomar distância em relação ao seu derredor criando-se assim, a possibilidade de níveis mais altos de integração. O conhecimento desse atributo dá-lhe a faculdade de estabelecer julgamentos morais dos atos realizados seja por uma consciência nobre e reta ou por uma consciência atormentada, torturada pela culpa, pelo remorso.
O
desconhecimento em relação à Consciência, ao seu atributo íntimo de Ser
Consciente, vem, desde eras antigas, gerando dor e sofrimento por causa da
ignorância do senso do dever moral, da falta de razão para discernir e,
consequentemente, fazer melhores escolhas. Também por conta do imediatismo
materialista que somente permite às criaturas, uma visão acanhada de si mesmo e
do mundo à sua volta e, o mais grave, o cultivo de anti-virtudes ou vícios,
desregramentos habituais do mal proceder, quais, egoísmo, orgulho sempre
coroado de orgulho ferido, vaidades, ganâncias, invejas e outros tais.
Terá sido por inconsciência que o Povo de Gérasa ou Gergesa - cidade localizada a leste do Mar da Galiléia e do Rio Jordão, terra de gentios decantada nos relatos históricos de escritores como o naturalista romano, Caio Plínio Segundo ou o historiador Tito Flávio Josefo – dispensou, friamente, a grande e única oportunidade de suas vidas?
A oportunidade surgida quando a Verdade em forma do Profeta Nazareno, veio ter com eles para proclamar e difundir as primícias do Reino de Deus para as gentes sofridas, ávidas de esclarecimento e libertação daquele povo, subjugado aos grilhões que os atrelavam à ignorância e superstições.
Aquele povo não O compreendeu e desdenhou o Amor de seu Mestre porque eram comerciantes de porcos e preferiram os suínos a Ele - o Amigo incondicional que rudemente ignoraram. Poderá haver maior sofrimento do que este que decorre do amor desdenhado?
Afinal, a
Verdade não libertara aquele irmão obsidiado por forças perversas denominadas "Legião"? Onde a fraternidade, a solidariedade, o acolhimento ao ex-obsidiado
que deveria tornar a integrar-se à comunidade?
Não constituiu um grande feito a libertação de um sofredor que mereceu a cura ainda que "Legião" – porque eram muitos os espíritos obsessores – assustassem a vara de porcos que se precipitaram no penhasco? Retribuíram com a ingratidão os benefícios que o Rabi lhes oferecia porque se detiveram nos "prejuízos" que O acusavam de ter-lhes causado com aquela libertação.
Do alto dos penhascos os gerasenos avistavam o outro lado do mar e a pequena embarcação na qual, Jesus e Seus discípulos retornaram a Cafarnaum, expulsos, maltratados, envoltos na triste melodia dos ventos e, silenciosos, nem ousavam comentar tamanha ingratidão.
Depois do ocorrido, o povo retornou aos quefazeres, às suas ocupações habituais, enquanto os homens locais, na faina dos negócios, lamentavam preocupados, os danos comerciais pela perda das melhores manadas de porcos.
O doente, agora recuperado, reflexionando a própria existência, vertia lágrimas abundantes pois, recordava-se que vagara desvairado por estradas e no seio da multidão que o ignorava ao tempo em que o temia. Percorrera pastos nas cercanias rurais disputando o alimento com os animais e fora abrigar-se nas catacumbas vazias, subjugado por forças estranhas, hediondas, nefastas que o dominavam. Trazia no corpo dorido as marcas das feridas abertas, o gosto amargo de fel e sangue na boca e o imenso cansaço que o possuía.
Mas, naquele dia tudo fora diferente! Recordava-se de um envolvimento de paz quando os olhos translúcidos e serenos d’Aquele meigo Rabi, aproximando-se, o banharam de imensa harmonia. Súbito, sentiu-se curado, renovado. Não sabia o que dizer, apenas balbuciou...
- "Senhor!...
Que devo fazer agora? Desejo seguir-Te pelo resto de meus dias."
Porém, o Senhor da Vida, da Verdade e da Libertação, simplesmente redarguiu:
- "Retorna à tua casa, aos
teus familiares e conta quão grandes coisas fez o Senhor por ti".
O homem
extasiado, retrucou:
- "Mas, Senhor, eu não tenho
ninguém. Os meus me odeiam pelo muito que eu lhes fiz sofrer. Deixa-me seguir
contigo? Foste o único a apiedar-se de mim."
E o doce Rabi, profundo conhecedor do mais íntimo das criaturas humanas, como sempre, ensinou:
- "Ainda não! Vai primeiro
anunciar o que recebeste, para que todos saibam o que pode fazer o Filho do
Homem."
O liberto, explodindo de felicidade, saiu a correr e a gritar em liberdade! Estava livre e sorria.
Todavia, aqueloutros que o escutaram sem acreditar, continuavam temendo e detestando aquele antigo endemoniado. Ninguém quis recebê-lo. Tratavam-no com desconsideração e, sem respeito, o expulsavam das cercanias. Mas, ele seguiu anunciando por toda parte a promessa do Filho de Deus.
Os gerasenos que expulsaram Jesus e seus discípulos, sem ao menos deixar o Mestre falar-lhes, não conseguiam atinar quem seria e o que desejava o Rabi. O que Ele poderia oferecer-lhes. Ao contrário, tomaram-se de ódio pelo homem que recebeu a cura e, revoltados, alimentaram no ímo d’alma, um despeito surdo que explodiria em cólera e inveja. Diziam:
- "Ele te curou, vale mais
para ti do que para nós. Certamente tu vales mais para Ele do que nós outros.
Vai-te para o lado d’Ele e deixa-nos a nós e as nossas terras."
Iniciou-se, então, o apedrejamento daquele que expulsavam inconscientemente.
O recém-curado
sentindo que aquele ódio popular atraía a rota de um furacão desgovernado,
exclamou a plenos pulmões num estranho ríctus facial:
- "Maldita sejas, Gérasa, que
expulsas os filhos e desprezas os Enviados!"
Sim! A Verdade liberta. A Verdade acalma e pacifica a alma quando a consciência se permite penetrar pela sua força e a criatura segue, serenamente, amparada pelo conhecimento da Verdade.
O mundo está
repleto de conceitos frágeis, de preconceitos ofensivos, de pensamentos sem
lógica nem razão, de filosofias esdrúxulas, de comportamentos extravagantes, de
excentricidades, de vocabulário chulo e tudo isso é acolhido como "verdades".
Existem também as "verdades" de cada um, estranhas e incoerentes, afeitas às lutas de facções, de ideologias, de classes, de crenças e descrenças que desejam apenas, dominar.
Contudo, a Verdade
Consciente, a que liberta, paira acima de tudo e de todos, das paixões e das
ilusões. A Verdade aguarda o tempo certo de presentear àqueles que aspiram
concepções elevadas da vida, quando se entregam à razão, ao conhecimento, ao
mergulho no seu vir a ser.
Os modernos
gerasenos assim como os de outrora, ainda não se deram conta de que a Verdade
paira acima e além das paixões humanas e dos seus interesses imediatistas,
pois, tudo aquilo que aprisiona, aflige e apaixona doentiamente a criatura, não
constitui expressão da Verdade, porque são apenas grilhões que colocam a ferros
o ser humano, levando-o ao paroxismo num estado mórbido de alucinações.
Como há dois
mil anos passados, nos dias da atualidade, a sanidade pede licença para dar
passagem ao bom senso, ao crivo da razão no exame de todas as coisas, e nestes
quesitos, não debater com os "donos da verdade" do mundo é medida de urgência
porque eles não estão dispostos a dialogar, mas, a vencer-te por palavras
vazias de realidade que, afinal, não querem compreender.
Os "donos da
verdade" não querem ajuda e muito menos ajudar ao próximo, querem isso sim, "vencer" quaisquer situações dominando outrem. Não pensam na coletividade senão
em si próprios com seu orgulho e egoísmo, sem se darem conta de que essas duas chagas
que cultivam com ardor os consomem.
Os "donos das
verdades" transitórias do mundo, combatem ferozmente, tornando-se críticos
severos das opiniões e escolhas alheias, ao mesmo tempo em que se tornam vigias
agressivos em relação a todos os que não compartilham de suas ideias.
O dever de
todo Ser Consciente é desincumbir-se dos compromissos assumidos perante a Vida
com correção, ânimo forte, firmeza e coerência de atitudes, domínio de si
próprio e não dos outros.
A exemplo do
homem curado pelo Cristo de Deus na Gérasa de outros tempos, é importante
perceber que aquilo que os outros pensam sobre ti ou o que falam de ti, de tuas
ações, não deve te preocupar, a não ser que o mal de que te acusam tenha
lastros na verdade.
Cada qual é
livre para pensar e agir, entretanto, é da Lei Divina – " a cada um
conforme suas obras" – "o que semeias, colherás".
Bibliografia:
Livro: HISTÓRIA DOS HEBREUS – Obra Completa – De Abraão a
Queda de Jerusalém. Autor: Flavio Josefo.
Editora CPAD –
1.568 páginas - 24ª Impressão/Outubro/2013;
Livro: A BÍBLIA SAGRADA – Tradução dos originais grego, hebraico e aramaico mediante a versão dos Monges Beneditinos de Maredsous/Bélgica. - Editora Ave Maria – 9ª Edição/2016 – 2.224 páginas;
Livros: Da Série Evangélica – Autora: Amélia Rodrigues por
Divaldo Franco. – Editora LEAL e
Livros: Da Série Psicológica – Autora: Joanna de Ângelis
por Divaldo Franco. Ed. LEAL.
* MÔNICA MARIA VENTURA SANTIAGO
- Advogada graduada pela FADIVALE/GV (1996);
- Latu Sensu em Linguística e Letras Neolatinas pela UFRJ (1992);
-Degree in English by Edwards Language School – London - Accredited by the British Council, a member of English UK and a Centre for Cambridge Examinations (2000);.
-Especialidades: Direito de Família e Sucessões, Direito Internacional Público e Direito Administrativo; e
-Escreve artigos sobre Direito; Política; Sociologia e Cidadania.
Nota do Editor:
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