sábado, 21 de novembro de 2020

Hibridismo


Autora: Adriana Soeiro(*)

Após os últimos acontecimentos mundiais, fica difícil imaginar que tudo votará a ser como era antes. Ruim? Acho que não. Pelo menos não para a Educação, por vezes tão resistente às mudanças, os participantes do ambiente escolar lutam para permanecerem em suas zonas de conforto.

Os educadores, principalmente aqueles da Educação básica, vivem compulsoriamente a "Pedagogia do home office", exercendo diversos  papéis simultaneamente: professores , designers instrucionais, youtubers, além dos habituais, mediadores, psicólogos, entre outros. Do dia pra noite, fomos obrigados a nos reinventar e esse é o lado bom. A princípio, uma movimentação desordenada, partimos das ferramentas que tínhamos a mão, atividades xerocadas de sempre, indicação de exercícios da apostila e livro, mas logo percebemos que isso não seria suficiente, uma vez que o isolamento social se intensificava. Logo, passamos a utilizar o whatsApp, telefone Skype, Zoom como facilitadores da comunicação e, posteriormente,  nossa casa passou a ser um valoroso estúdio de gravação. Sem grandes produções, muito menos direção de arte, bastava uma mesa, um notebook ou celular e nossa vontade de fazer o melhor. Foi suficiente? Não posso mensurar esse resultado no momento, mas acredito sim.

Professores, devido à alta carga de trabalho, tendem a se acomodar e replicar de forma pouco elaborada o conteúdo do livro ou material apostilado, no entanto toda essa situação nos obrigou a buscar por estratégias e novos dispositivos para que a aula pudesse acontecer. Os ambientes de aprendizagem foram ampliados e contaram com a participação de outros atores, principalmente a família. Agora, os participantes interagem pelas diversas plataformas virtuais de aprendizagem, gravam vídeos, áudios, produzem material digital, além das atividades escritas.

Quanto aos estudantes, aqueles com postura pouco participativa durante as aulas presenciais foram levados ao desconforto pelas aulas remotas, já que muitas veze foram chamados  abrirem as câmeras e microfones. Problemas? Muitos! Principalmente para aqueles que imaginaram ter estavam em período de férias antecipadas. As tradicionais provas escritas foram substituídas por produções, projetos, atividades baseadas na resolução de problemas, apresentações. Deu tudo certo? Claro que não! Mas a certeza que fica é que essa parceria no processo de aprendizagem vai longe, pois essa "coautoria" mostrou-se importante para o sucesso educacional: pais e alunos auxiliando os professores com as novas tecnologias, docentes compartilhando o saber acadêmico e ajudando os estudantes a perceberem a aplicabilidade do saber.  Todos responsáveis pelo crescimento de seu próprio aprendizado. A  propriedade intelectual da aula é mérito do professor? Muita pretensão acreditar nisso! Principalmente em tempos tecnológicos onde os “saberes” são compartilhados e reinventados. Somos todos autores dessa nova história pedagógica.

Nesse cenário de mudanças e eventuais desgastes, passamos por diversas fases e a atual nos leva à reflexão: Como retornaremos às aulas presenciais? Não somos mais os mesmos: professores, docentes, famílias e escola. Estamos reestruturando os ambientes educacionais para a volta e, certamente, as metodologias ativas estarão presentes, por isso os processos de replanejamento é essencial para a análise e orientação das novas ações.  As avaliações priorizadas serão a diagnóstica e formativa, além disso, há  fortes indícios de que vamos aderir  ao ensino híbrido, uma vez que este  oportuniza a ampliação da sala de aula para outros espaços de aprendizagem.   As salas de aula virtuais são nossas aliadas, bem como os dispositivos diversos dispositivos tecnológicos e a velha inquietação de que a Educação a Distância acabaria com a escola e aula, mostrou agora que foi justamente por meio dela que os processos educacionais puderam continuar.

Sobre as metodologias ativas, trata-se de uma forma de promover o aprendizado sob orientação ou tutoria de um professor, a partir de um problema habilmente colocado. Aprendizagem baseada em projeto é uma abordagem pedagógica de caráter dinâmico, que enfatiza a ação do estudante frente ao conhecimento e tem foco no desenvolvimento de competências e habilidades. Assenta-se sobre a aprendizagem colaborativa e a interdisciplinaridade. Ou seja, constitui uma metodologia de ensino na qual um tema é escolhido para exploração, e, a partir deste, diversos outros são elencados e estudados no sentido de explorar a temática sob uma ou várias óticas disciplinares.

E se você pensa que isso é novo, engana-se!  No Brasil a metodologia de projetos foi proposta inicialmente por John Dewey e chegou ao Brasil nas traduções de Anísio Teixeira na década de 1930, no início do movimento denominado Escola Nova. Num momento em que se busca direcionar o foco para o aluno, as ideias de Dewey continuam atuais, pois consideram aspectos como necessidades e experiências vivenciadas, num contexto de valorização da motivação para aprender e da efetividade do aprender na prática: aplicabilidade da teoria.

A educação híbrida ou blended learning, segundo diversos estudos, permite que as aulas sejam mais interativas, flexíveis e dinâmicas, uma vez que o estudante participa ativamente, numa convergência de múltiplos métodos, pois o alunos tem a liberdade de escolher os recursos tecnológicos, além de participar de uma rede colaborativa de aprendizagem, em que há integração de conteúdos on line.Uma das características do blended learning  é que o docente e seus respectivos alunos poderão utilizar as ferramentas tecnológicas que tiverem disponíveis, portanto, não é necessário que esteja, obrigatoriamente,  vinculado a uma plataforma virtual de aprendizagem, como o AVA Moodle, Classroom por exemplo.  

Existem diversas ferramentas digitais que ajudam o professor a organizar esse espaço de formação, e também participar, utilizando vários dispositivos: tablet, smartphones, computadores;  diversos recursos on line, como grupos de discussão GoConqr; exercícios on line, encontrados em sites ou em  aplicativos como o Quizlet; postagem e acesso a vídeos no Youtube; aplicativos de conversação como Italk e Duolingo;  além dos softwares educacionais e das redes sociais, que podem funcionar como uma sala de aula assíncrona. Portanto, a eficácia da aprendizagem híbrida depende muito da sua implementação específica e do problema específico que se destina a resolver.

Não sejamos hipócritas, sabemos que a Educação está longe de ser "igual para todos". Muitos alunos da rede pública ficaram sem o acesso às aulas remotas por questões tecnológica, mas  também por falta de suporte familiar, então é certo que há um déficit educacional para estudantes do mundo inteiro. O desafio agora é diagnosticar, planejar e implantar estratégias para a retomada às aulas HÍBRIDAS. Bem- vindos ao mundo real!

"Os tempos são líquidos porque, assim como a água, tudo muda muito rapidamente.  Na sociedade contemporânea, nada é feito para durar".   Zygmunt Bauman

REFERÊNCIA:

Tese de doutorado: Pino, Adriana Soeiro. "Educação a distância: propostas pedagógicas e tendências dos cursos de graduação. / Adriana Soeiro Pino. 2017.

* ADRIANA SOEIRO PINO



 







Graduação em Pedagogia - Faculdades Integradas de Guarulhos (1991);
-Mestrado em Educação pela Universidade Nove de Julho (2012);  e 
-Doutorado em Educação pela Universidade Nove de Julho (2017). 
-Atualmente é professora de ensino superior da Faculdade FATEC- Unidade Tatuapé -SP , Gestora de EaD  e Diretora do Externato José Bonifácio -SP  ;
-Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação a Distância, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação a Distância, tecnologias, linguagens, aprendizagem na era digital, educação em rede e inglês . 

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Biden, o Coringa e a Amazônia

 

Autor: Álvaro Santos(*)

Na história da humanidade grandes líderes deixaram legados inestimáveis para seus povos. Há milhares de anos temos notícias de faraós, reis, presidentes, sábios, críticos, filósofos, médicos, soldados, enfim toda sorte de humanos que promoveram evoluções aos seus tempos e  gravaram seus nomes na eternidade da história humana.

 Faraós

Há mais de três mil anos temos notícias desses governantes. Alguns retratados como sanguinários, outros como sábios e beneméritos. O mais conhecido pela nossa geração era o faraó menino Tutancâmon (1341 a.C – 1323 a. C); sugere-se pela quantidade de presentes oriundos de toda parte do mundo encontrado em sua tumba, que ele mantinha um bom relacionamento com outros povos.

 Amenhotep III (1391 a. C – 1353 A. C); governou por 40 anos e segundo cartas enviadas aos reinos da Amia (Síria) Babilônia e outros governos, governou mais com a DIPLOMACIA que com a força.

Grandes líderes da história

Alexandre o Grande (356 a.C – 323 a.C), uniu o Ocidente ao Oriente,  difundindo o helenismo; reza a história que era um líder de extrema inteligência, estrategista  e nunca perdeu uma batalha. Carlos Magno (768 – 814), valorizou o ensino, promovendo obras para sua  difusão em todo o Império. Realizou reforma na educação que preparou a humanidade para séculos à frente; Napoleão  Bonaparte ( 1769 – 1821), além de suas conquistas territoriais sua reforma legal (o código napoleônico)teve grande influência na legislação de vários países . Passaremos rápido por:

Rossevelt (1882 – 1945); Churchill (1874 – 1965);  Mahatma Gandhi ( 1869 – 1948), Martin Luther King  (1929 – 1968); Getúlio Vargas (1882 – 1954); Margareth Thatcher (1925 – 2013),(A dama de ferro); Steve Jobs( 1955 – 2011); Bill Gates 1955 e assim por diante.

Características de um líder

Visão, personalidade,  pensamentos estratégicos, habilidade de comunicação, resolução, capacidade de unir as pessoas, DISCIPLINA, enfim ; uma Gama de adjetivos.

Biden

Joe Biden Jr (1942) irá ser empossado como o 47° presidente dos Estados Unidos da América (EUA), senador desde os 30 anos, vice presidente 2009 - 2017   na chapa democrata Barack Obama, terá a oportunidade de fincar seu nome na  historia da humanidade. Resta-nos saber qual será seu legado em um país dividido, atormentado por idéias e ideais impostos  por um modelo personalista de seu antecessor; alto risco racial, sociedade em polvorosa com ações incorretas de seus policiais, PANDEMIA com milhares de MORTES, demanda com a expansão chinesa, e a agenda ambiental comprometida por retóricas.

 

Coringa

Coringa é um personagem fictício criado por Jerry Robinson, Bill Finger e Bob Kane, um super vilão atormentado, psicótico e alienado quanto a perdas de VIDAS humanas. Apareceu na década de quarenta e até hoje é tema de filmes que retratam a eterna luta entre o bem e o mal.

 

Conclusão

Vivemos no Brasil um choque ideológico sem precedentes em nossa história. Temos um presidente "ISENTO" de todas as características apontadas acima sobre os grandes líderes da história da humanidade. Assim como Luís Inácio Lula da Silva, teve tudo alinhado para nos alçar ao crescimento e nos jogou no limbo da corrupção; nosso atual presidente teve apoio popular, apoio dos empresários, momento propício para expansão de negócios, mas; a falta de uma ou todas as características de um grande líder, é incapaz de fazer valer suas ideias e ideais.    Não entende e compreende o sentido de unir as pessoas em prol de um objetivo maior, busca de forma insana pautar suas ideias impondo componentes desastrosos  desnecessários ao embate. Acabou de levar uma reprimenda popular nas eleições municipais, mas acredito que não seja capaz de entender o panorama.

Amazônia

Perdão, mas a Amazônia não tem 5% de nossa população e essa guerra insana sob seu domínio são apenas retóricas e sem dinâmica e raciocínio lógico, veremos nosso presidente atrair os olhos, não sobre a Amazônia, mas sobre nosso agronegócio vencedor . Infelizmente falta a sabedoria e a visão estratégica ao nosso líder MOR.


FONTES

https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Fara%C3%B3

https://www.sohistoria.com.br/biografias/alexandre/

https://www.sbcoaching.com.br/blog/lideres-existiram/

https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2020-09/bolsonaro-lamenta-declaracoes-de-biden-sobre-amazonia

 

*ÁLVARO SANTOS



-Microempresário na área de prestação de serviços;
-Autodidata formado pela Faculdade da Vida


Nota do Editor:

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quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Mediação e Escuta


 Autora:Águida Barbosa(*)

"Ser gentil é mais importante do que ser certo. Muitas vezes, o que as pessoas precisam não é uma mente brilhante que fala, mas sim, um coração especial que ouve."

Lubavitcher Rebe


Mediação é uma comunicação ética entre pessoas vinculadas pelo conflito, tendo como ferramenta a linguagem ternária, qual seja, aquela que não admite julgamento, pois não cabe ao mediador dizer o que é certo ou errado, nem sugerir soluções.

Portanto, a mediação, cujo campo mais propício de aplicação é o conflito familiar, e também aquele oriundo das relações continuadas, a exemplo daquelas decorrentes de vizinhança, não pode ser confundida com conciliação, cujo objeto é, exclusivamente, a celebração de acordo, visando à solução do conflito.

A mediação fundamenta-se em conhecimento de natureza interdisciplinar, dando suporte para uma nova abordagem jurídica dos conflitos, fora do âmbito do litígio. 

Para ser mediador é fundamental que desenvolva a capacidade de escuta, visando ao acolhimento da angústia dos mediandos, que chegam em estado de sofrimento, fragilizados pela desesperança. Porém, para compreender esta atividade é preciso estabelecer a diferença entre ouvir e escutar. 

Ouvir é a função do órgão da audição, capaz de captar sons diversos, simultaneamente, discriminando-os, selecionando-os, seja pela intensidade, seja pela fonte de emissão, enfim, ouvir é uma atividade de orientação espacial e independe da vontade do sujeito.

Escutar pressupõe uma atitude consciente – escuta ativa - pois depende de uma decisão que envolve, em uníssono, pensamento, sentimento e vontade. A psicanalista Françoise Dolto tem uma privilegiada definição para esta atitude humana: A escuta é tudo. Inclusive do silêncio.

A escuta ativa é a essência da mediação, tratando-se de uma atitude de acolhimento na qual o mediador entrega-se aos mediandos, estabelecendo um vínculo de reciprocidade, orientado pela confiança e pela empatia. 

A mediadora francesa Jacqueline Mourret[1] explica a misteriosa, mágica e inefável escuta ativa pela imagem do conto Os violinos do Rei, de Jean Divo: 

"...Luthier de Crémone ia procurar nas florestas as árvores próprias para a construção do violino do rei. Quando encontrava esta raridade ele batia no tronco escolhido, fechando os olhos, e escutava o som produzido, sentindo sua potência e sua clareza. Ele escutava vibrar as cordas dos violinos que ainda não existiam. Com todo o seu ser, numa noção de futuro, ele escutava o som do violino com a nota perfeita, digna da alma do instrumento...". 

A escuta do mediador não decorre de um conhecimento intelectual, embora pressuponha fundamentação teórica capaz de dar parâmetros a esta entrega a uma experiência afetiva.

Portanto, a escuta ativa, na mediação, tem por objeto a afinação dos sentimentos daquelas pessoas que escolheram buscar uma comunicação ética, fundada no respeito à individualidade e ao sentimento do outro. 

Mourret destaca que a cada sessão de mediação – média de cinco – o mediador defronta-se com um novo desafio, afinal, precisa estar munido de coragem para investir na transformação do conflito dos mediandos, numa atitude altruísta. 

A autora em comento descreve que a escuta ativa do mediador visa captar mensagens ditas e não ditas, gestos, entonação da voz, repetições, atos falhos, expressão corporal, olhares, emoções, enfim, trata-se de acolhimento da angústia dos mediandos, que estão ali em decorrência de um sofrimento que os afasta um do outro.

A escuta ativa do mediador, especialmente formado para este mister, contém a magia pedagógica, tendo em vista que os mediandos aprendem a escutar um ao outro, resignificando a comunicação, o que leva ao reconhecimento do sofrimento do outro. 

O mediador é capaz de avaliar se a comunicação ética está emergindo quando os mediandos deslocam-se do tempo passado e são capazes de projetar o futuro. Há um evidente desapego daquilo que é conhecido por ambos – o conflito – desenvolvendo a coragem de se lançar no futuro desconhecido, porém, com a esperança de que não será marcado por uma relação conflituosa. 

Este fenômeno costuma ocorrer na terceira sessão de mediação, pois os mediandos recuperam a coragem e a criatividade. 

A atividade da mediação visa à construção de pontes onde só havia muros. Mediação é a arte capaz de transformar o presente conflituoso em um futuro esperançoso. 

A prática da mediação expressa-se pela escuta ativa do mediador, materializando-se em uma nova relação de afeto, amadurecida durante o rito de passagem promovido pelos envolvidos. 

REFERÊNCIAS

[1] MOURRET, Jacquelie. La médiation familiale. Une culture de paix. Atelier de la Licorne, France 1.996, pág. 47/68

*ÁGUIDA ARRUDA BARBOSA













-Advogada especializada em Direito de Família;
-Mediadora familiar interdisciplinar;
- Doutora e Mestre pela FDUSP(1972)

Nota do Editor:

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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

A Dependência dos Smartphones e o seu Impacto nas Relações de Consumo


 Autora: Jessica Avance(*)

Durante a última década foi possível perceber um evidente crescimento na utilização da tecnologia para diversas áreas da vida cotidiana da sociedade moderna. O uso dos smartphones se tornou tão essencial e comum, quanto ter uma geladeira, forno, ou micro-ondas em casa.

Na última semana, me deparei com a dificuldade de estar sem o telefone, e percebi o quanto estamos conectados e somos dependentes do referido dispositivo. 

Não nos damos conta de que registramos inúmeros momentos importantes na galeria de fotos, armazenamos documentos fundamentais do nosso trabalho nas conversas de WhatsApp, bem como na memória do telefone, e ao nos encontrarmos privados da utilização do smartphone, nossas vidas parecem sair do lugar. 

Recentemente, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou publicações para orientar pais e responsáveis sobre como conciliar a rotina das crianças e jovens adolescentes, com a utilização saudável de smartphones, computadores e tablets. A preocupação da entidade é com a dependência digital, que acomete inúmeras pessoas nessa faixa etária, trazendo prejuízos causados pelo consumo exagerado de mídias, especialmente durante a atual crise do COVID-19.

Pessoalmente, acredito que tal preocupação também deveria abranger os adultos que estão constantemente inseridos nas redes sociais. É muito comum ver momentos em que, os amigos e familiares, reunidos em uma roda, param de se falar, pegam seus celulares e passam alguns minutos olhando para a tela. 

O uso do Instagram como ferramenta de trabalho se tornou muito mais popular do que a utilização de qualquer outra rede social, de forma que hoje, se um negócio não tem instagram com boas fotos e vídeos do produto, ou serviço, não é considerado 100% confiável. 

Não é novidade também que esses dispositivos móveis se fazem necessários no dia a dia das pessoas para fazer coisas simples como consultar o calendário ou coisas mais complexas como uma vídeo-chamada para resolver problemas referentes ao trabalho. Essa necessidade e aumento da utilização do celular pode colaborar para um uso desadaptativo ou uma relação de dependência com este equipamento. 

É verdade que, nos dias atuais dependemos do celular para muitas coisas, e isso é confirmado pelos benefícios e os aspectos positivos do seu uso. O smartphone é uma ferramenta muito importante para a manutenção das relações sociais, a comunicação e a adaptação das exigências da contemporaneidade. Estudos em diversas áreas mostram muitos benefícios do uso de celulares como auxiliar na abordagem da dependência química, diabetes, asma, transtornos alimentares e transtornos de ansiedade; para o acompanhamento para a perda de peso; reeducação alimentar e o incentivo à prática de exercícios físicos.

Em contrapartida, o uso excessivo do dispositivo, pode trazer vários prejuízos para os usuários como: distúrbios do sono; sintomas ansiosos; sintomas depressivos; dificuldade de concentração; dificuldades na faculdade e no trabalho; dores em várias partes do corpo como pescoço, punho, costas e problema visuais; diminuição de atividades físicas, que pode ser entendida como sedentarismo; problemas financeiros; uso perigoso (enquanto dirige ou atravessa a rua); uso proibido (em áreas nas quais esse comportamento não é permitido, como em bancos por exemplo); comportamentos agressivos por meio do aparelho móvel (cyberbullying); e dependência de smartphone. 

Essa relação de dependência, consequente do uso excessivo do aparelho, pode ser chamada de Nomofobia, ou medo inexplicável de estar afastado do celular. A Nomofobia ainda pode ser definida como: ansiedade, desconforto ou mesmo à irritabilidade manifestados em um indivíduo quando o mesmo se encontra longe de seu aparelho celular.

Foi com base nessa dependência tão grande dos aparelhos celulares, que as grandes marcas vêm inovando cada vez mais seu sistema, e, em contrapartida, utilizando estratégias para que os consumidores fiquem cada vez mais dependentes de suas tecnologias.

Como um exemplo, a Apple. O novo Iphone 12, que será lançado essa semana (dia 20 de novembro de 2020), no Brasil, é um smartphone que vem como componente, somente o cabo carregador. Os acessórios que antes faziam parte do pacote da compra, como fone de ouvido e tomada, não estão incluídos. Essa estratégia faz com que os consumidores tenham que despender uma quantia extra, caso queiram adquirir os referido acessórios.

Não é possível dizer que a prática da Apple é ilegal, mas podemos argumentar que é onerosa e injusta com os leais compradores da marca. Muitos, inclusive, ao adquirir o produto, não esperavam pela surpresa de não acompanhar o celular, a própria tomada usada para carregar o aparelho.

Certo é que, mesmo com referida prática no mercado da tecnologia, a sociedade está tão refém das grandes marcas de smartphones que, mesmo se revoltando com a nova configuração de vendas, em breve, comprar um celular que só vem com o cabo, será considerado absolutamente normal.

*JESSICA FERNANDES AVANCE














- Formada em Direito pelo PUC MINAS;

- Pós-Graduada pela Escola Superior da OAB/MG – em  Advocacia Civil;

- Experiência nas questões afetas à Vara Cível; especialmente na área de Direito do consumidor;

-  Sócia proprietária do Escritório Avance Advocacia;

(31) 99983-8551;


Nota do Editor:


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terça-feira, 17 de novembro de 2020

Homicídio Qualificado


 Autor: Raphael Werneck (*)


Como a nossa língua portuguesa é pródiga. Uma mesma palavra conforme seu uso pode ter um significado positivo e outro negativo.
Que palavra é essa podem vocês me perguntar e eu lhes respondo:  a palavra QUALIFICADO.

Senão Vejamos:

Qualificado em seu significado positivo quer dizer "Aquele que tem a qualidade necessária para." Assim quando dizemos que alguém é qualificado queremos dizer que ele é uma pessoa importante, competente ou bem colocada.

Já na  área do direito penal quando dizemos que um crime é Qualificado queremos dizer que ele é uma modalidade criminosa punível com pena mais grave, em razão de circunstâncias específicas. Estamos, portanto, nesse caso, utilizando a palavra Qualificado em seu sentido negativo.

Há um mês e pouco atrás lhes trouxe um artigo mostrando as diferenças entre um homicídio doloso e culposo (https://oblogdowerneck.blogspot.com/2020/10/diferencas-entre-homicidio-doloso-e.html) e hoje, continuando a escrever sobre o assunto, vou  lhes passar em  breves palavras  quando o homicídio  é considerado Qualificado.

O homicídio é qualificado de acordo com o § 2º do nosso Código Penal quando cometido:

a)mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
b)por motivo fútil;
c) com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
d)à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
e)para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
f)contra a mulher por razões da condição de sexo feminino;
g)  contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal,(forças armadas e segurança pública) integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição.
 
Como podemos ver o homicídio qualificado é também um crime doloso vez que seu agente age com intenção de matar e para chegar a este se utiliza de qualificadoras que o tornam um crime mais grave.

Alguns Penalistas dizem que o homicídio qualificado é um crime hediondo. Concordo com eles e em breve estarei em outro artigo lhes mostrando o porquê dessa concordância. Até o próximo artigo!!
#FiquemcomDeus

*RAPHAEL SAMPAIO WERNECK


 










-Advogado graduado pela Faculdade de Direito da USP(1973);
- Consultor tributário;
- Atualmente Analista Editorial e
-Administrador do O Blog do Werneck


Nota do Editor:

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segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Economia, Crise e Sistema Financeiro


 

Autor: João Luiz Corbett(*)

Em nossa história nunca deixamos de viver ou conviver com crises econômicas e financeiras. Quem viveu os últimos 30 anos do ano do século passado (!!!), experimentou a convivência com taxas de inflação estratosféricas. Para os de boa memória chegamos a 80% no mês. Comprar e vender exigia estratégia. Prazos e meio de pagamento definiam se o bem ou a mercadoria teriam condições de serem repostos. 

Como os pagamentos eram efetuados em cheque e os prazos de compensação dos mesmos variavam de quatro a 20 dias, dependendo da origem da emissão e local do depósito. Com isto, a estimativa de inflação futura por parte dos produtores e comerciantes era item de cálculo de custo. Ou seja, a inflação agregou um dado incomensurável, a inflação inercial. 

Em termos de componentes do índice de inflação a percepção dos agentes econômicos na segurança e prazo de recebimento dos recursos tem peso considerável. 

Uma das grandes mudanças veio com a atuação do Banco Central e todo sistema bancário brasileiro. Redução drástica nos prazos de compensação, na burocracia e maior divulgação e apoio na utilização do cartão de crédito. Isto aparentemente parece algo simples e corriqueiro, no entanto estamos falando de uma época em que a utilização de computadores ainda engatinhava no Brasil e nem todas as agências bancárias dispunham de um. 

A dimensão territorial do Brasil e o volume de transações financeiras fez com que o sistema bancário não parasse de investir em tecnologia. Da continuidade na redução do prazo de compensação de cheques, aumento dos agentes operadores de cartão de crédito, absorção da tecnologia dos caixas eletrônicos e cartão de débito, bancos totalmente digitais, podem dizer que hoje temos um dos mais rápidos e eficientes sistemas. 

Isto tudo para ressaltar que a economia como um todo depende diretamente dos agentes que a compõe. Quando do lockdown no início da pandemia do corona vírus, um trabalho efetuado pelo sistema bancário, que muitos nem perceberam, evitou uma solução de continuidade,. Quando foi determinado o fechamento dos estabelecimentos, alguém apresentou qualquer solução para os pagamentos e recebimentos que deveriam ser realizados durante este período? 

Alguém tem como avaliar com o fechamento forçado das agências bancárias, as filas que se formariam nos caixas eletrônicos? E o distanciamento social? Como pagar suas contas? E as empresas como receberiam? Como ficaria o vencimento? Haveria juros? É inimaginável um sistema produtivo funcionar sem transações financeiras. Esta situação realmente geraria o caos. 

Muitos irão dizer “... e o computador?”, “... os bancos digitais? ...e os celulares?”. Temos que pensar em termos de Brasil. Assim, nem todas as pequenas e médias empresas, empreendedores de todos os matizes, autônomos e pessoas físicas têm ou dispõem de um sistema seguro que lhes possibilite a utilização nas transações financeiras. Da mesma forma, os bancos tinham sérias restrições quanto a baixar o APP no celular e quanto a valores transacionais. 

Considerando que a utilização do aparelho celular é muito maior que o uso de computadores, este com a segurança garantida pelo banco, juntaram as duas tecnologias e ampliaram seu escopo. De forma silenciosa e com uma propaganda concisa, os bancos liberaram a utilização do APP, sem ter que ir a uma agência bancária para validamento, assim como aumentaram os valores das operações de pagamento, transferências, DOC e TED. Muitos com certeza não notaram a abrangência desta estratégia. 

As empresas de gás, energia elétrica e outras prestadoras de serviço criaram APP’s que permitem visualizar a conta a vencer ou vencida, copiar o código de barras, e colar diretamente na área de pagamento de contas do aplicativo do banco. Isto exige parceria e tecnologia desenvolvida em muito pouco tempo. 

Ainda estamos caminhando em termos de utilização do celular como instrumento de pagamento. Porem mais uma vez percorremos rapidamente o caminho das respostas às pressões da crise. Agora vamos aguardar o início dos pagamentos pelo PIX, o que irá agilizar ainda mais esse sistema. 

(*)JOÃO LUIZ CORBETT

-Economista com carreira construída em empresas dos segmentos de açúcar, álcool, biocombustíveis, frigorífico, exportação, energia elétrica e serviços, com plantas em diversas regiões do país;
-Atuação em planejamento estratégico empresarial, reorganização de empresas, aprimoramento de competências, elaboração de planos de negócios com definição de estratégias, estrutura societária e empresarial, com desenvolvimento e recuperação de negócios.
-Atuação em empresas de grande e médio porte nas áreas de planejamento estratégico, orçamento, planejamento e gestão financeira, tesouraria, controladoria, fiscal e tributária. 

Nota do Editor:

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domingo, 15 de novembro de 2020

Terapia na Pandemia


 Autor: Elias Hermenegildo(*)


2020 entrará para a história como um ano tragicamente surreal, atípico em que saindo da normalidade dos dois meses do primeiro trimestre entramos em março. E como todos dizem que no Brasil o ano só começa depois do carnaval dessa vez realmente o ano começou depois do carnaval. O ano da pandemia, o ano da corona vírus, o ano do covid-19, o ano do confinamento, o ano do afastamento social, da quarentena, o ano das máscaras, o ano do álcool em gel. Um ano em que o virtual tomou o lugar do presencial. 

A psicologia como a ciência da saúde mental, que tem na psicoterapia na escuta clinica no setting terapêutico sua ferramenta mor, nesse momento aparece a figura do profissional o psicólogo que irá fazer a escuta clinica desse período de incertezas é surreal, inusitado e inesperado. O confinamento ou a quarentena nos empurrou para dentro de casa sem aviso prévio e fomos a obrigados a vivenciar uma realidade de fortes emoções. 

O trabalho silencioso porem eficaz do psicólogo ao ouvir palavras não ditas e entender situações não explicadas. Muita gente sufocada, adoecida por palavras mal ditas, mal ouvidas e mal interpretadas. Disparando um gatilho de emoções, uma montanha de emoções que se tornam impossíveis de serem gerenciadas. Como lidar com perdas, incertezas, medos, violências domesticas, relacionamentos abusivos, surtos, ansiedades e outras demandas. 

A terapia na pandemia também se tornou um referencial para todos os profissionais inclusive para os psicólogos. A terapia a distância veio a ser uma ferramenta até então pouco usual, tornou-se carro chefe da psicoterapia com os atendimentos on line, esse acolhimento muito embora virtual vem se aprimorando cada vez mais a sua eficácia com a ferramentas com as plataformas virtuais. 

Nesse momento histórico que o planeta terra está passando, a psicologia com ciência e profissão está sendo a ancora do acolhimento para um equilíbrio da saúde mental assim como a medicina cuida da intervenção do corpo atingido pelo vírus covid-19 a psicologia acolhe o doente, seus parentes e amigos dando o suporte psicoemocional para atravessar essa momento que infelizmente ainda não tem hora para acabar. Só essa incerteza já é um gatilho para um vendaval, um sem número de emoções. A psicologia e seus profissionais terão muito serviço a prestar, durante e todo esse ano pandêmico que atingiu a todos sem nenhuma exceção e que logicamente continuará. 

Durante desse quadro que estamos vivenciando só temos uma certeza. Não seremos, mas os mesmos. Não é questão de ser melhor ou pior, não é isso. o certo é que a terapia não só na pandemia, mas também depois irá ou está nos ressignificando tanto que seremos diferentes muito diferente. E Que saia um mundo mais tolerante, mais acolhedor, mais inclusivo e que os humanos sejam mais solidários e mais humanizados. 

(*)ELIAS HERMENEGILDO

-Psicólogo, Professor, Mestre em teologia, Capelão e Juiz de Paz;
-Formado em Liderança Avançada Pelo Instituto Haggai;
-Palestrante na área de liderança, família, psicologia da religião e educação inclusiva.



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