Autora: Monica Ventura(*)
Em todos os tempos, os conceitos de força e poder estiveram presentes nos governos dos Povos e Nações. O poder, do latim vulgar potere que é também sinônimo de potência e força, sempre esteve nas mãos dos mais violentos e impetuosos que não se acanham de fazer uso da força bruta para manterem seu status quo ou o estado das coisas, ou o cenário, sua situação de poder.
Essa situação de força e poder conjugados, geraram guerras e revoltas exteriores porque os apaniguados do poder, viviam inseguros, aguardando a traição dos bajuladores e fracos de caráter que os rodeavam, como também viviam a insegurança ante a audácia d’aqueloutros que lhes ambicionavam o status de poder. Eram todos eles, vítimas de suas próprias nefastas urdiduras.
No desincumbir-se dos ministérios humanos, as obras da arbitrária dominação totalitária exibem seus corifeus que engendram as apressadas construções do desequilíbrio, gerando aventureiros desalmados que visam suas imediatistas ambições a prejuízo do indivíduo e da sociedade.
Esses caudilhos, triunfadores de um dia, repletos de gozos e valores perecíveis, intoxicam-se nos vapores dos vícios e das perversões de seus falsos poderes, vilipendiando assim, os direitos humanos decantados em toda parte, quando deveriam defendê-los. Ao contrário, desrespeitam as leis que eles mesmos elaboraram ou às quais se comprometeram a defender e a cumprir, em flagrante desrespeito às Instituições que se comprometeram a proteger, mas, por descrédito de si próprios não mais conseguem fazê-lo.
Por esta forma, a ordem é substituída pela anarquia e, quando falta a autoridade capaz de manter o equilíbrio da estrutura política, econômica e social de um povo, a confusão ou desordem gerada pela situação, não permite que as transformações sociais sejam assimiladas a contento, sendo logo substituídas pelas ideologias, pelos modismos, pelos enganos e engodos, pelas falácias e mentiras que, quando insistentemente repetidas tornam-se verdades que se multiplicam em velocidade ciclópica apesar da efemeridade.
A segurança é o estado, a qualidade ou a condição de ser seguro. A segurança é também a condição daquele ou daquilo em que se pode confiar. Sendo a segurança a certeza e a convicção, o que é que no contexto da atualidade gera a insegurança que fomenta as crises que desnorteiam, que perturbam e que embaraçam vidas e situações a ponto de fazer perder-se o rumo de uma Nação e de seus concidadãos?
Observe-se o inter-relacionamento das criaturas que está permeado pelos fenômenos próprios do desequilíbrio de cada indivíduo, desse modo, há o suceder de variadas crises tanto nos núcleos menores quais o familiar, como nos maiores, qual o núcleo social, no profissional, no cultural, no religioso, no seio das Instituições, enfim, têm-se por exemplo, as crises de autoridade, as crises de honra e honorabilidade, as crises de desrespeito e decoro, crises de compostura e decência, crises de probidade e honestidade, crises de valores ético-morais.
Em todos os casos, depara-se com a desumanização da criatura, tornando-a insensível, algumas vezes, impiedosa, seja pela exacerbação das suas emoções ou pelo amolentamento emocional que a deixa apática e indiferente. São casos nos quais se vê que a defesa da vida dos animais, tem maior apelo do que a defesa da vida de um semelhante. Recentemente, determinado País, resolveu transformar o crime de suicídio num direito com apoio num programa de governo financiado pelo dinheiro público e aplicado pela burocracia estatal. Em outro País, a Corte suprema decidiu que não é crime o aborto até o nono mês da gestação quando o ser gerado for portador da Síndrome de Down.
As crises geradas na insegurança advêm do mal que se inicia quando se decidem por tratar as pessoas como coisas ou simples objetos, tal o pensamento do escritor inglês, Sir Terence David John Pratchett, nascido aos 28 dias de abril de 1948 e falecido aos 12 dias de março de 2015. Destarte, as crises respondem pela desconfiança das pessoas, umas em relação às outras. Também pela agressividade, pela belicosidade, pelo desrespeito e atrevimento, este, muitas vezes, embasado na volúpia do prazer de poder e da violência que são conduzidos pelas ambições desmedidas.
Sendo o Dever a regra de bem proceder, quando não se procede com lisura, franqueza, boa-fé, sinceridade e honradez, quando se nega a outrem o direito que lhe é devido, esse direito será tomado no conluio da força com o ódio, pois, o ser humano encontra-se enfermo e a sociedade que lhe é o corpo grupal, encontra-se desestruturada em total padecimento. São os estertores de uma época.
A corrupção que se presencia em todas as áreas sob os olhares negligentes e omissos daqueles que deveriam zelar pelos bens públicos e administrá-los em favor da sociedade, pois que, para tal encontram-se em postos de comando, remunerados pelos contribuintes para esta finalidade, resulta na chamada, crise de autoridade.
Os efeitos dessa crise de autoridade são os bolsões de miséria moral e econômica, caldo de cultura para todo tipo de perversidade e violência, tais, o assalto à mão armada, os homicídios, a apropriação indébita de bens alheios, a conspurcação da propriedade privada, tudo isso são os ingredientes dessa rebelião criminosa que traz a insegurança geral, afinal, os maus exemplos que procedem de cima, favorecem toda desonestidade, seja ela discreta e íntima, embora, nada há oculto que não venha a ser descoberto, ou, seja a desonestidade escandalosa e pública pelos membros esfacelados, imbuídos da "autoridade" no organismo social enfermo. Tão doentes estão estes indivíduos que chegam ao despudor de justificar os crimes cometidos pela rebelião criminosa, porque sabem que são os espelhos, imagens de si mesmos. Ao mesmo tempo, como se o escândalo não causasse nenhuma perplexidade, chegam a clamar, conjurar e trabalhar em prol da impunidade.
À parte de todas essas crises, há aqueloutras advindas da insegurança individual que respondem pelas insatisfações, pela instabilidade emocional, pelos medos, pelas variações de humor, pelo abandono e solidão. Vive-se o tempo da tecnologia desafiadora e insensível, pois que o acesso aos aparelhos eletrônicos e aos dispositivos eletrônicos portáteis, os gadgets, bem como o avanço da robótica, vêm tomando o controle das situações, enquanto reduzem os indivíduos a meros observadores das respostas e imposições digitadas quando apertam ligando ou desligando controles, submetendo-se sem emoção e sem a participação pessoal nos dados coletados, subjugando-se aos resultados preestabelecidos por outrem de quem nada se sabe, mas, que impõe sua vontade aos usuários de tais "facilidades".
Já é tempo de conscientizar-se que a criatura humana precisa ser educada para conviver consigo mesma, com seus limites e ansiedades, com a sua solidão, com o sentido ético de sua existência e sua realidade intrínseca. Com essa educação que transcende a realidade física, ela será capaz de administrar suas dores, emoções e sentimentos compartilhando-os serenamente, distribuindo conquistas, cedendo espaços, sempre que for convidada a exercer a participação em outras vidas, ou sempre que pessoas outras, venham envolver-se na sua área emocional.
A educação que para além dos conhecimentos e aptidões prima pelo processo de desenvolvimento das capacidades intelectuais, físicas e morais das criaturas, visando a sua melhor integração individual e social, assim como a educação religiosa que deve primar por despertar os valores espirituais, encontram-se também em crise de educadores e crise de pastores, que, de certo modo, não têm sido capazes de exercer seu ministério com serenidade, sem separatismos, sem discórdia na grei, sem ideologias impositivas de suas crenças e ideias dogmáticas organizadas como instrumento de luta política e desejos pessoais. O ideal aos educadores e religiosos seria a fraternidade pura e o respeito ao outro, sem disputas da primazia e sem estrelismos.
As crises internas das criaturas jamais poderão ser resolvidas pelos valores externos, aliás, estes, não poucas vezes, desencadeiam aquelas. O que o ser humano é, com o seu cabedal emocional e idealístico, portador de realizações íntimas, que o capacitam a compreender-se e à compreensão das pessoas e do mundo a sua volta, dão-lhe estrutura para os desafios e embates que farão parte do seu modus vivendi e operandi, num processo incessante de crescimento em busca da plenitude.
Há mais de vinte séculos o natalício do Enviado Divino e todas as Verdades a esse grande feito relacionadas, revestem-se de perpetuidade e a emoção que sentem em seu interior todas as pessoas que se deixaram envolver pelo Espírito do Cristo, contagia até mesmo aqueles que O ignoram.
A redenção humana tem sido considerada ao longo do tempo uma inquietação aos homens, sabedores, ainda que inconformados, da sua transitoriedade e impermanência no mundo. O dogma, ponto fundamental que permeia essa questão da redenção, é o fato de Jesus, o Filho de Deus, ter permitido que Seu sangue fosse derramado no madeiro infame da crucificação como epílogo de Sua Missão, libertando assim, conforme apregoam algumas doutrinas religiosas, os pecados do mundo.
Numa reflexão mais cuidadosa, analisando-se os fatos da Vida do Cristo, Seus feitos, Suas palavras, Seus ensinos, Seus gestos e atitudes, pode-se compreender que Sua Vida de doação foi toda no sentido de consagrá-la à emancipação espiritual da Humanidade, pois, todo aquele que crê que o Cristo Vive e vive em cada criatura, sente-O de modo real em virtude do poder de transformação que a Vinda do Mensageiro Celeste está exercendo em cada ser.
É dezembro! O duodécimo e último mês dos calendários Juliano, relativo à reforma cronológica de Júlio Cesar, Imperador romano de Augusto de 63 a.C a 14 d.C., e, Gregoriano, calendário reformado pelo Papa Gregório XIII (1502-1585). Todavia, este dezembro de 2022 está diferente. Naturalmente, nessa época do ano, as famílias estariam se programando para reunirem os entes amados em celebração e troca de mimos, abraços afetuosos e saudosos, ainda mais, após o isolamento que maltratou os corações mais afetuosos nos períodos anteriores, 2020 e 2021.
Dezembro de 2022 apresentou-se envolto como numa nuvem cumulonimbus, formada na atmosfera carregada de ódios que ultrajam liberdades e disseminam as insensatezes de quem, pelas atitudes, parece nunca ter-se pautado pelos valores do Amor em ação, como o Cristo exemplificou.
Naturalmente, aqui ou alhures, como a toda ação corresponde uma reação em sentido contrário e de mesma intensidade, os ultrajados em suas liberdades, feridos de morte em seus brios, respondem a essas feridas com o inconformismo, com as insatisfações geradas no presente de grego recebido, conforme a expressão popular, assim como o conhecido Cavalo de Tróia da antiga cidade da Ásia Menor, presente este, que prejudica a quem o recebe.
O destemido Apóstolo das Gentes, Paulo de Tarso, proclamou: "Onde há o Espírito do Cristo, aí há liberdade!" – Como a relembrar que o Mestre Divino jamais constrangeu qualquer pessoa a crer ou a proceder de um ou de outro modo, pois, tocava o íntimo do indivíduo para despertar os sentimentos nobres que ali dormitavam latentes.
No Ministério do Cristo não havia tempo a perder porque a redenção das almas se fazia premente através da educação, que agitava os poderes anímicos, guiando as criaturas à conquista da benevolência para com todos, à compreensão pela indulgência para com as faltas alheias e ao perdão aos inimigos; além de despertar para o que é justo e para o que é verdadeiro, para o bem e para o belo, para o senso moral do dever antes mesmo que a insana busca de direitos dos quais, muitos se creem mais merecedores em detrimento dos outros.
Naquele tempo imorredouro as multidões seguiam o Cristo, ouviam-nO e acolhiam Sua voz que arrebatava os corações. Nada obstante, a lógica do Cristo, Suas palavras e ensinos carregados de Verdade, perturbassem os fariseus, os homens astutos, gananciosos, que desejavam embaraçá-lO em equívocos, dúbios e venais.
Mas, o Cristo seguia Seu Ministério Redentor das criaturas, curando e libertando os enfermos do corpo e da alma e os infelizes pecadores. Nunca mais a Terra experimentou presença igual. Quiçá, não voltará a tê-la. O Ministério do Messias, é de todos os tempos e jamais será esquecido!
Bibliografia:
Livro: LINCOLN, Abraham, 1809-1865 – Visão Política e Social – Doris Kearns Goodwin - Tradução Waldéa Barcellos. – Copyright 2005 - Editora Record Ltda. – 2ª Edição/2013 – 321 páginas.
Livro: DE BIZÂNCIO PARA O MUNDO – A Saga de Um Império Milenar – Colin Wells – Título original: Sailing From Byzantium: How a Lost Empire Shaped The World - Tradução Pedro Jorgensen. – Copyright 2006 - Editora Bertrand Brasil Ltda. – Edição/2011 – 320 páginas.
Livro: THE SECRET HISTORY – Autor: PROCOPIUS – Cronista oficial do Império Bizantino, retrata o 'grande legislador' Justiniano como um rei desenfreado da corrupção e da tirania, a Imperatriz Teodora como uma feiticeira e prostituta, e o brilhante general Belisarius como o ingênuo dócil de sua intrigante esposa Antonina. A História Secreta é uma obra na qual se retrata a sagrada Bizâncio como um inferno de assassinato e desgoverno. - Histórias Picantes sobre Justiniano e Teodora– Tradução G. A. Williamson - Editora Penguim Classics – Edição/2007 – 174 páginas.
Livro: HOMO DEUS – Uma Breve História do Amanhã, – Yuval Noah Harari – Copyright 2015 - Tradução Paul Geiger. – Editora Schwarcz S.A. – Companhia das Letras. – 2ª Edição/2013 – 321 páginas.
Livros: Da Série Evangélica – Autora: Amélia Rodrigues por Divaldo Franco. – Editora LEAL.
Livros: Da Série Psicológica – Autora: Joanna de Ângelis por Divaldo Franco. Ed. LEAL.
* MÔNICA MARIA VENTURA SANTIAGO
- Advogada graduada pela FADIVALE/GV (1996);
- Latu Sensu em Linguística e Letras Neolatinas pela UFRJ (1992);
-Degree in English by Edwards Language School – London - Accredited by the British Council, a member of English UK and a Centre for Cambridge Examinations (2000);.
-Especialidades: Direito de Família e Sucessões, Direito Internacional Público e Direito Administrativo; e
-Escreve artigos sobre Direito; Política; Sociologia; Cidadania; Educação e Psicologia.
Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.