Autor: Mateus Machado(*)
Depois do terceiro capítulo do livro A Nova Era e a Revolução Cultural; segue um Apêndice que é uma
antologia de artigos e textos publicados em diversos jornais e revistas
tradicionais como o Jornal do Brasil,
O Globo, Jornal da Tarde, revista Época
entre outros, de 1993 até 2012. Finalizando o livro com uma entrevista feita por
Silvio Grimaldo feita em 06 de Maio de 2014.
No primeiro texto do apêndice, intitulado As Esquerdas e o Crime Organizado, o
professor Olavo relaciona os grupos revolucionários de 60 e 70 na formação do
crime organizado aqui no Brasil. Outro tema debatido é sobre as Forças Armadas
através de uma entrevista feita pelo Jornal
da Tarde com o professor de História Marco Aurélio Garcia, um dos
fundadores do PT. Segundo Garcia, o governo do PT tinha como meta transformar o
Brasil em uma "democracia popular", título
usado por todos os regimes comunistas.
Sobre as Forças Armadas Garcia respondeu que a ideia do PT
era mudar a constituição para tirar das Forças Armadas a sua função de combater
inimigos internos, deixando que as Forças Armadas ficassem exclusivamente na
incumbência de combater os inimigos externos das fronteiras nacionais. Ficando
assim impedida de combater o crime organizado, pois deixaria de ter essa
função, além de ficar isolada pela distância nas fronteiras do país.
Hoje, no governo Bolsonaro, as forças armadas estão
asfaltando as estradas, finalizando obras inacabadas das gestões passadas, o
que é muito bom. Mas não pode se resumir nisso. Ao menos parte das Forças
Armadas deveria estar combatendo a organização criminosa internacional conhecida
como Foro de SP, e dando suporte no combate também aos outros grupos criminosos
organizados.
Segundo o professor Olavo, o que muito fomentou o
banditismo no país foi a classe artística com sua "idealização da malandragem, do vício e do crime" com uma produção
cultural massiva, que lentamente preparou um ambiente de propagação do
banditismo. Essa imagem romântica do criminoso é encontrada na literatura, na
música, no teatro e nas novelas. É a realização dos ensinamentos de Herbert
Marcuse e outros que passaram a influenciar a nova esquerda, elevando o
potencial da figura do lumpemproletariado como o revolucionário por excelência.
Humanizaram o criminoso da pior espécie e pintaram o
cidadão comum, pobre, religioso, e principalmente o individuo da classe média e
alta com o que há de mais vil, desprezível e grotesco. E os efeitos disso é o
resultado do que vivemos hoje, não apenas pela alta escalada da criminalidade,
mas na impotência da população discernir o que é certo e errado dentro dos seus
próprios valores morais. A Revolução Cultural atinge o cerne da sociedade,
deixando-a doente, e com graves sequelas por gerações.
O professor Olavo cita
dois estudos de Roger Kimball, editor da New
Criterion – Tenured Radicals: How
politics Has Corrupted Our Higher Education e o segundo estudo The Long March: How The Cultural Revolution
of 1960 Changed America.
Segundo o professor esses estudos "mostram como a incansável guerra psicológica movida pelos intelectuais
ativistas contra a religião, a moral, a lógica e o bom senso produziram, na
vida americana, resultados catastróficos praticamente irreversíveis: a perda
coletiva dos padrões mais elementares de julgamento, a prematura decrepitude
intelectual dos estudantes, a disseminação endêmica das drogas e a
criminalidade desenfreada".
É gritante o desfalque intelectual, inclusive no meio
acadêmico. Não é de hoje que jornalistas e repórteres deixaram de ser
portadores de notícias e se tornaram "agentes
de transformação social", por isso manipulam a notícia descaradamente para
ter determinado resultado, mas esse é o profissional que tem consciência da sua
militância, há outro tipo de profissional; aquele que foi adestrado e faz
militância sem ter noção do que está fazendo. Para tanto, a verdade dá lugar à
propaganda.
Da mesma forma o novo Sistema de Educação que vem por meio
da agenda globalista, destrói a todo o aprendizado, padronizando a forma de
pensar, além de transformar os alunos em agentes sociais. Já não é mais função
da escola produzir e repassar conteúdo intelectual. Tudo retratado na obra de
Pascal Bernardin; Maquiavel Pedagogo.
No artigo "Perdendo a
Guerra Cultural", publicado no Diário do Comércio em fevereiro de 2008, o
professor Olavo relembra que os comunistas, há mais de setenta anos, já tinham
transformado a cultura em mero instrumento de propaganda. No mesmo texto o
prof. Olavo nos fala sobre o cientista político Raymundo Faoro e seu plano de
colocar o Lula na Academia Brasileira de Letras.
No programa gramsciano controlar a mídia e a educação é
controlar o vocabulário, a linguagem, usando as palavras segundo as ordens do
Partido, pervertendo os sentidos, é o exercício da novilíngua e do duplipensar,
excluindo palavras e modificando o sentido quando necessários, ou colocando a
linguagem, os termos e conceitos sempre de forma dúbia, relativizada, em
contraste.
E é justamente com esse tipo de manipulação da linguagem
que somos facilmente enganados, pautados pela mídia. Para um povo que é avesso
ao hábito de leitura, como o povo brasileiro, esse programa cai como uma luva;
pega toda uma sociedade de surpresa e desmonta ela inteira; colocando as
palavras na boca de cada indivíduo e ditando o que é certo e errado através do
politicamente correto.
E por isso que, em se tratando de Guerra Cultural, o MEC é
tão caro para o governo, não apenas porque é a instituição que mais recebe
dinheiro do governo, depois das Forças Armadas, mas como ferramenta ideológica,
e nós o perdemos. A saída de Abraham Weintraub do Ministério da Educação foi
uma das grandes derrotas do governo Bolsonaro, do conservadorismo e da guerra
cultural.
Nessa parte do livro o professor Olavo traça todo o cenário
político dentro do processo gramsciano e hoje, em retrospectiva por pelo menos
30 anos, sabemos como tudo aconteceu e os seus motivos, além dos erros
cometidos pelos militares e pela sociedade como um todo.
O professor, cirúrgico em sua análise, comenta no artigo A Clareza do Processo: "a direita incapaz de perceber sua
impotência, a esquerda negando sua onipotência manifesta e fazendo-se de vítima
de adversários inexistentes para prevenir o nascimento de adversários futuros".
Ainda hoje essa tática da esquerda é praticada e,
parece-me, com um vigor potencializado, renovado. No artigo A Gestapo Terceirizada, publicado no
Jornal do Brasil em julho de 2006, o professor fala sobre a "perseguição policial sem polícia"; o
assassinato de reputação, agressões psicológicas, o assédio promovido pelo
judiciário, as ameaças, a lista é extensa. E o professor Olavo cita vários
exemplos, entre eles, o caso do Boris Casoy que foi demitido da TV Record por
pressões políticas; O professor Francisco Pessanha Neves de um colégio da UFRJ,
que apanhou dos alunos por querer ensinar filosofia grega, além de outros
personagens que foram perseguidos.
Podemos atualizar essa lista com a perseguição dos
conservadores, apoiadores do governo Bolsonaro. Temos a demissão do Luís
Ernesto Lacombe da TV Band por defender o conservadorismo durante a
apresentação do programa Aqui na Band.
O ex-Ministro da Educação Abraham Weintraub que, além de sofrer ameaças de
morte por ativistas da esquerda, sofreu perseguição política e precisou sair às
pressas do país para não ser preso. A Ativista Sara Winter e o Jornalista
Oswaldo Eustáquio, também conservadores e apoiadores do governo, acusados e
presos ilegalmente. Entre tantos outros conservadores, jornalistas, youtubers,
deputados e demais apoiadores do governo Bolsonaro, perseguidos e vítimas da
CPMI das Fake News. Além do professor Olavo que recentemente foi banido da
Paypal.
O próprio professor Olavo já é vítima de perseguição e de
um implacável assassinato de reputação desde a década de 90, antes do extinto
Orkut, até os dias atuais não apenas aqui no Brasil, mas internacionalmente.
Com todo tipo de matéria mentirosa, espúria para atingir não só a pessoa do
professor, mas também a sua família e seus alunos.
O professor esclarece que o domínio total da cultura por
uma única corrente política, já é um mal em si. Dentro do processo gramscista o "intelectual" é qualquer indivíduo, por mais medíocre que seja o seu nível de
instrução, desde que possa agir na propaganda ideológica. O rebaixamento do
nível intelectual, a elasticidade semântica, dada ao próprio termo, resultou na
elevação de: publicitários, strip-teaser, sambistas e roqueiros, ao estatuto de
verdadeiros "intelectuais".
E como vencer essa Guerra Cultural? Partindo do mesmo
princípio de Gramsci, ou seja, ocupando espaços em todas as áreas e esferas da
sociedade. No entanto, não basta apenas ocupar espaços, quantidade apenas não
basta, mais do que nunca é necessário qualidade intelectual. Para entrar na
luta é necessário o mínimo de conhecimento sobre Guerra Cultural. Um dos pontos
em que o professor Olavo mais toca é sobre a formação de um grupo de
intelectuais que possam redefinir os rumos do país.
Não basta ficar por dentro de tudo o que acontece no
cenário político do dia a dia, os direitistas, ou melhor, os conservadores, ou
os que se dizem conservadores, porque os liberais não se interessam pela luta
cultural, precisam estudar; ler bons livros sobre temas pertinentes, ir além,
tomar para si o hábito da leitura de boas obras, de bons autores, dos clássicos
da literatura. Isso é ocupar o espaço das mentes, isso é ocupar o imaginário.
Isso é fundamental antes de qualquer política corriqueira, antes mesmo de uma
ciência política, pois só saberemos falar sobre ciência política com essa
bagagem de leitura.
Se nós não nos instruirmos, se não instruirmos os nossos
filhos, o Brasil cairá novamente em estado de letargia, de sonambulismo por
mais cinqüenta anos.
A sentença do escritor e poeta Hugo Von Hofmannsthal,
citado pelo professor Olavo, prova isso:
"Nada está na realidade
política de um país se não estiver primeiro na sua literatura".
O professor Olavo completa "pela simples razão de que a imaginação vem antes da ação". Daí a
sua importância. Enquanto a nossa literatura enaltecer malandros e criminosos,
a nossa política e suas instituições continuaram defendendo e soltando presos
de suas celas. E não apenas os escritores, mas os roteiristas, os dramaturgos,
e claro, os jornalistas, todos defensores das "vítimas da sociedade".
Mas agora vivemos um momento oportuno. O professor Olavo
responde, em sua entrevista, de 2014, para Silvio Grimaldo, que a esquerda não
tem mais intelectuais de factu; a
classe intelectual, de pensadores da esquerda, está em decomposição, e não
havendo intelectuais não há guerra cultural, pois a esquerda não tem mais, como
escreveu o professor: "condições de criar
esses valores". E isso é um fenômeno internacional.
A única bandeira própria que a esquerda tem é a bandeira do
lumpemproletariado; os bandidos, os viciados, os traficantes. Os grupos
militantes que vemos hoje; o gayzismo, o feminismo, ideologia de gênero, o
ambientalismo radical entre outros, fazem parte de uma agenda internacional,
globalista. Agenda essa que a esquerda brasileira se utiliza.
Segundo o professor Olavo: "A Nova Era foi apenas uma etapa de um vasto movimento de
desocidentalização e de descristianização da cultura, abrindo-a para culturas
orientais, que são valorizadas não em si mesmas, mas naquilo que tem de
elemento corrosivo (...). A Nova Era é um dos componentes do mercúrio, uma
força dissolvente".
E ele continua dizendo: "O mundo moderno não é nada mais que autodestruição do cristianismo e,
portanto, ele é vulnerável a qualquer influência espiritual externa. E a única
força anticristã organizada no oriente é o islã".
O elemento da Revolução cultural que está em processo no
Brasil com vigor é a revolução sexual e é principalmente nisso que a esquerda brasileira
se agarra. E se o conservadorismo não deter essa revolução, o Brasil terá a
liberação do aborto, das pautas LGBT, da pedofilia, liberação das drogas, e com
isso a criminalização e dissolução da família tradicional.
Tudo isso vem provar o quanto essa obra A Nova Era e a Revolução Cultural é
leitura obrigatória e permanece atual mesmo depois de quase 30 anos.
*MATEUS MELO MACHADO
-Poeta, escritor e crítico literário;
-Vencedor de Prêmios Literários, entre eles Ocho Venado (México), e um dos finalistas do Mapa Cultural Paulista (edição 2002);
-Autor dos livros: “Origami de Metal” – Poemas – 2005 (Editora Pontes);
A Mulher Vestida de Sol” – Poemas – 2007 (Editora Íbis Líbris);
“Pandora” – Romance em parceria com Nadia Greco – 2009 (Editora Íbis Líbris);
“As Hienas de Rimbaud” – Romance -2018 (Editora Desconcertos),“
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