sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Guerra Cultural: Até quando a perderemos?


Autor: Mateus Machado(*)

Depois do terceiro capítulo do livro A Nova Era e a Revolução Cultural; segue um Apêndice que é uma antologia de artigos e textos publicados em diversos jornais e revistas tradicionais como o Jornal do Brasil, O Globo, Jornal da Tarde, revista Época entre outros, de 1993 até 2012. Finalizando o livro com uma entrevista feita por Silvio Grimaldo feita em 06 de Maio de 2014.

No primeiro texto do apêndice, intitulado As Esquerdas e o Crime Organizado, o professor Olavo relaciona os grupos revolucionários de 60 e 70 na formação do crime organizado aqui no Brasil. Outro tema debatido é sobre as Forças Armadas através de uma entrevista feita pelo Jornal da Tarde com o professor de História Marco Aurélio Garcia, um dos fundadores do PT. Segundo Garcia, o governo do PT tinha como meta transformar o Brasil em uma "democracia popular", título usado por todos os regimes comunistas.

Sobre as Forças Armadas Garcia respondeu que a ideia do PT era mudar a constituição para tirar das Forças Armadas a sua função de combater inimigos internos, deixando que as Forças Armadas ficassem exclusivamente na incumbência de combater os inimigos externos das fronteiras nacionais. Ficando assim impedida de combater o crime organizado, pois deixaria de ter essa função, além de ficar isolada pela distância nas fronteiras do país.

Hoje, no governo Bolsonaro, as forças armadas estão asfaltando as estradas, finalizando obras inacabadas das gestões passadas, o que é muito bom. Mas não pode se resumir nisso. Ao menos parte das Forças Armadas deveria estar combatendo a organização criminosa internacional conhecida como Foro de SP, e dando suporte no combate também aos outros grupos criminosos organizados.

Segundo o professor Olavo, o que muito fomentou o banditismo no país foi a classe artística com sua "idealização da malandragem, do vício e do crime" com uma produção cultural massiva, que lentamente preparou um ambiente de propagação do banditismo. Essa imagem romântica do criminoso é encontrada na literatura, na música, no teatro e nas novelas. É a realização dos ensinamentos de Herbert Marcuse e outros que passaram a influenciar a nova esquerda, elevando o potencial da figura do lumpemproletariado como o revolucionário por excelência.

Humanizaram o criminoso da pior espécie e pintaram o cidadão comum, pobre, religioso, e principalmente o individuo da classe média e alta com o que há de mais vil, desprezível e grotesco. E os efeitos disso é o resultado do que vivemos hoje, não apenas pela alta escalada da criminalidade, mas na impotência da população discernir o que é certo e errado dentro dos seus próprios valores morais. A Revolução Cultural atinge o cerne da sociedade, deixando-a doente, e com graves sequelas por gerações.

 O professor Olavo cita dois estudos de Roger Kimball, editor da New CriterionTenured Radicals: How politics Has Corrupted Our Higher Education e o segundo estudo The Long March: How The Cultural Revolution of 1960 Changed America.

Segundo o professor esses estudos "mostram como a incansável guerra psicológica movida pelos intelectuais ativistas contra a religião, a moral, a lógica e o bom senso produziram, na vida americana, resultados catastróficos praticamente irreversíveis: a perda coletiva dos padrões mais elementares de julgamento, a prematura decrepitude intelectual dos estudantes, a disseminação endêmica das drogas e a criminalidade desenfreada".

É gritante o desfalque intelectual, inclusive no meio acadêmico. Não é de hoje que jornalistas e repórteres deixaram de ser portadores de notícias e se tornaram "agentes de transformação social", por isso manipulam a notícia descaradamente para ter determinado resultado, mas esse é o profissional que tem consciência da sua militância, há outro tipo de profissional; aquele que foi adestrado e faz militância sem ter noção do que está fazendo. Para tanto, a verdade dá lugar à propaganda.

Da mesma forma o novo Sistema de Educação que vem por meio da agenda globalista, destrói a todo o aprendizado, padronizando a forma de pensar, além de transformar os alunos em agentes sociais. Já não é mais função da escola produzir e repassar conteúdo intelectual. Tudo retratado na obra de Pascal Bernardin; Maquiavel Pedagogo.

No artigo "Perdendo a Guerra Cultural", publicado no Diário do Comércio em fevereiro de 2008, o professor Olavo relembra que os comunistas, há mais de setenta anos, já tinham transformado a cultura em mero instrumento de propaganda. No mesmo texto o prof. Olavo nos fala sobre o cientista político Raymundo Faoro e seu plano de colocar o Lula na Academia Brasileira de Letras.

No programa gramsciano controlar a mídia e a educação é controlar o vocabulário, a linguagem, usando as palavras segundo as ordens do Partido, pervertendo os sentidos, é o exercício da novilíngua e do duplipensar, excluindo palavras e modificando o sentido quando necessários, ou colocando a linguagem, os termos e conceitos sempre de forma dúbia, relativizada, em contraste.

E é justamente com esse tipo de manipulação da linguagem que somos facilmente enganados, pautados pela mídia. Para um povo que é avesso ao hábito de leitura, como o povo brasileiro, esse programa cai como uma luva; pega toda uma sociedade de surpresa e desmonta ela inteira; colocando as palavras na boca de cada indivíduo e ditando o que é certo e errado através do politicamente correto.

E por isso que, em se tratando de Guerra Cultural, o MEC é tão caro para o governo, não apenas porque é a instituição que mais recebe dinheiro do governo, depois das Forças Armadas, mas como ferramenta ideológica, e nós o perdemos. A saída de Abraham Weintraub do Ministério da Educação foi uma das grandes derrotas do governo Bolsonaro, do conservadorismo e da guerra cultural.

Nessa parte do livro o professor Olavo traça todo o cenário político dentro do processo gramsciano e hoje, em retrospectiva por pelo menos 30 anos, sabemos como tudo aconteceu e os seus motivos, além dos erros cometidos pelos militares e pela sociedade como um todo.

O professor, cirúrgico em sua análise, comenta no artigo A Clareza do Processo: "a direita incapaz de perceber sua impotência, a esquerda negando sua onipotência manifesta e fazendo-se de vítima de adversários inexistentes para prevenir o nascimento de adversários futuros".

Ainda hoje essa tática da esquerda é praticada e, parece-me, com um vigor potencializado, renovado. No artigo A Gestapo Terceirizada, publicado no Jornal do Brasil em julho de 2006, o professor fala sobre a "perseguição policial sem polícia"; o assassinato de reputação, agressões psicológicas, o assédio promovido pelo judiciário, as ameaças, a lista é extensa. E o professor Olavo cita vários exemplos, entre eles, o caso do Boris Casoy que foi demitido da TV Record por pressões políticas; O professor Francisco Pessanha Neves de um colégio da UFRJ, que apanhou dos alunos por querer ensinar filosofia grega, além de outros personagens que foram perseguidos.

Podemos atualizar essa lista com a perseguição dos conservadores, apoiadores do governo Bolsonaro. Temos a demissão do Luís Ernesto Lacombe da TV Band por defender o conservadorismo durante a apresentação do programa Aqui na Band. O ex-Ministro da Educação Abraham Weintraub que, além de sofrer ameaças de morte por ativistas da esquerda, sofreu perseguição política e precisou sair às pressas do país para não ser preso. A Ativista Sara Winter e o Jornalista Oswaldo Eustáquio, também conservadores e apoiadores do governo, acusados e presos ilegalmente. Entre tantos outros conservadores, jornalistas, youtubers, deputados e demais apoiadores do governo Bolsonaro, perseguidos e vítimas da CPMI das Fake News. Além do professor Olavo que recentemente foi banido da Paypal.

O próprio professor Olavo já é vítima de perseguição e de um implacável assassinato de reputação desde a década de 90, antes do extinto Orkut, até os dias atuais não apenas aqui no Brasil, mas internacionalmente. Com todo tipo de matéria mentirosa, espúria para atingir não só a pessoa do professor, mas também a sua família e seus alunos.

O professor esclarece que o domínio total da cultura por uma única corrente política, já é um mal em si. Dentro do processo gramscista o "intelectual" é qualquer indivíduo, por mais medíocre que seja o seu nível de instrução, desde que possa agir na propaganda ideológica. O rebaixamento do nível intelectual, a elasticidade semântica, dada ao próprio termo, resultou na elevação de: publicitários, strip-teaser, sambistas e roqueiros, ao estatuto de verdadeiros "intelectuais".

E como vencer essa Guerra Cultural? Partindo do mesmo princípio de Gramsci, ou seja, ocupando espaços em todas as áreas e esferas da sociedade. No entanto, não basta apenas ocupar espaços, quantidade apenas não basta, mais do que nunca é necessário qualidade intelectual. Para entrar na luta é necessário o mínimo de conhecimento sobre Guerra Cultural. Um dos pontos em que o professor Olavo mais toca é sobre a formação de um grupo de intelectuais que possam redefinir os rumos do país.

Não basta ficar por dentro de tudo o que acontece no cenário político do dia a dia, os direitistas, ou melhor, os conservadores, ou os que se dizem conservadores, porque os liberais não se interessam pela luta cultural, precisam estudar; ler bons livros sobre temas pertinentes, ir além, tomar para si o hábito da leitura de boas obras, de bons autores, dos clássicos da literatura. Isso é ocupar o espaço das mentes, isso é ocupar o imaginário. Isso é fundamental antes de qualquer política corriqueira, antes mesmo de uma ciência política, pois só saberemos falar sobre ciência política com essa bagagem de leitura.

Se nós não nos instruirmos, se não instruirmos os nossos filhos, o Brasil cairá novamente em estado de letargia, de sonambulismo por mais cinqüenta anos.

A sentença do escritor e poeta Hugo Von Hofmannsthal, citado pelo professor Olavo, prova isso:

"Nada está na realidade política de um país se não estiver primeiro na sua literatura".

O professor Olavo completa "pela simples razão de que a imaginação vem antes da ação". Daí a sua importância. Enquanto a nossa literatura enaltecer malandros e criminosos, a nossa política e suas instituições continuaram defendendo e soltando presos de suas celas. E não apenas os escritores, mas os roteiristas, os dramaturgos, e claro, os jornalistas, todos defensores das "vítimas da sociedade".  

Mas agora vivemos um momento oportuno. O professor Olavo responde, em sua entrevista, de 2014, para Silvio Grimaldo, que a esquerda não tem mais intelectuais de factu; a classe intelectual, de pensadores da esquerda, está em decomposição, e não havendo intelectuais não há guerra cultural, pois a esquerda não tem mais, como escreveu o professor: "condições de criar esses valores". E isso é um fenômeno internacional.

A única bandeira própria que a esquerda tem é a bandeira do lumpemproletariado; os bandidos, os viciados, os traficantes. Os grupos militantes que vemos hoje; o gayzismo, o feminismo, ideologia de gênero, o ambientalismo radical entre outros, fazem parte de uma agenda internacional, globalista. Agenda essa que a esquerda brasileira se utiliza.

Segundo o professor Olavo: "A Nova Era foi apenas uma etapa de um vasto movimento de desocidentalização e de descristianização da cultura, abrindo-a para culturas orientais, que são valorizadas não em si mesmas, mas naquilo que tem de elemento corrosivo (...). A Nova Era é um dos componentes do mercúrio, uma força dissolvente".

E ele continua dizendo: "O mundo moderno não é nada mais que autodestruição do cristianismo e, portanto, ele é vulnerável a qualquer influência espiritual externa. E a única força anticristã organizada no oriente é o islã".

O elemento da Revolução cultural que está em processo no Brasil com vigor é a revolução sexual e é principalmente nisso que a esquerda brasileira se agarra. E se o conservadorismo não deter essa revolução, o Brasil terá a liberação do aborto, das pautas LGBT, da pedofilia, liberação das drogas, e com isso a criminalização e dissolução da família tradicional.

Tudo isso vem provar o quanto essa obra A Nova Era e a Revolução Cultural é leitura obrigatória e permanece atual mesmo depois de quase 30 anos.

*MATEUS MELO MACHADO



















-Poeta, escritor e crítico literário;
-Vencedor de Prêmios Literários, entre eles Ocho Venado (México), e um dos finalistas do Mapa Cultural Paulista (edição 2002);
-Autor dos livros: “Origami de Metal” – Poemas – 2005 (Editora Pontes);
A Mulher Vestida de Sol” – Poemas – 2007 (Editora Íbis Líbris);
“Pandora” – Romance em parceria com Nadia Greco – 2009 (Editora Íbis Líbris);
“As Hienas de Rimbaud” – Romance -2018 (Editora Desconcertos),“
Contatos: mateusmachadoescritor@gmail.com
Cel/whats app (11) 940560885

Nota do Editor:

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Um comentário:

  1. Excelente e completo texto sobre o q estamos vivenciando hoje, Mateus. Um passeio amplo e irrestrito sobre táticas de dominação sem pegar numa espada! Parabéns. Já compartilhando.

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