Com a globalização, o mundo passa a estar conectado, os vínculos são mais profundos que as barreiras e os fossos. Ela indica que todos nós estamos embarcados no mesmo navio, somos possuidores das mesmas raízes, herdeiros e artífices da mesma história e, sobretudo, forjadores ativos ou vítimas passivas de um destino comum.
Nesse contexto histórico, as diversas regiões do globo encontram-se cada vez mais conectadas através das redes de comunicação e informação fazendo com que os dados e as informações sejam transmitidas rapidamente de um lugar para outro num curto período de tempo nos dando uma nova a nova configuração do tempo.
Percebemos nesse cenário, que a quantidade e a velocidade dos dados e informações transmitidas ampliou-se exponencialmente, entretanto, não foi acompanhada pela capacidade humana de acessar, absorver, processar e transformar esses dados e informações em conhecimentos significativos ou em elementos que nos auxiliam na leitura atual do mundo em que vivemos.
A inserção da tecnologia no cotidiano da vida social aprimoraram e ampliaram as ferramentas de dominação e controle. A exclusão social se intensificou não somente por causa da carência material e econômica mas também pelo analfabetismo digital que impossibilita o indivíduo de exercer a sua cidadania através da competência em saber utilizar os aparatos tecnológicos que promovem o bem estar dos cidadãos.
Apesar dos esforços de estudos e pesquisas sobre a Interação Humano-Computador, para facilitar o acesso e o uso de ferramentais tecnológicos, temos ainda Ao mesmo tempo em que a tecnologia contribui para aproximar as diferentes culturas, aumentando as possibilidades de comunicação, ela também gera a centralização na produção do conhecimento e do capital, pois o acesso ao mundo da tecnologia e da informação ainda é restrito a uma parcela da população planetária. Há uma grande distância entre os indivíduos que dominam a tecnologia, e utilizam dela para produzir novos saberes e\ou ampliar o capital, e os que são apenas consumidores desses novos recursos e da gama de informações veiculada, sem contar os que são excluídos desse processo devido a sua carência material. O indivíduo que não consegue manusear os inúmeros e variados equipamentos e ferramentas tecnológicas, apresenta dificuldade em refletir sobre o domínio e o controle que as empresas, grupos sociais e governo exercem sobre os membros de uma sociedade através do uso dos recursos tecnológicos, impossibilitando com que sejam superadas a alienação e a passividade diante da exploração econômica.
Numa sociedade cada vez mais informatizada, a educação não pode abortar o seu papel que é desenvolver um ser autônomo, livre e crítico que utilize, de maneira consciente e de forma emancipadora, os recursos digitais. O indivíduo não pode se limitar em apenas absorver ideias, mas desenvolver a habilidade de dialogar com elas, recriando-as e atribuindo novos significados.
É nesse cenário que surge a Educomunicação como sendo a área de conhecimento que materializa o uso cidadão das tecnologias, construindo para isso metodologias apropriadas e criativas com o propósito de desenvolver práticas pedagógicas e metodológicas que promovam o uso social da tecnologia digital modificando a realidade do usuário que é um sujeito histórico.
A Educomunicação é uma área do conhecimento que surgiu com as novas tecnologias digitais tendo como propósito modificar as hierarquias de produção e distribuição do saber, uma vez em que há o reconhecimento que todas as pessoas, integradas no fluxo de informações, são em potencial produtoras de cultura de objetivo educacional. Para o educomunicador, a tecnologia não pode ser colocada como um fim mas, como meio que possibilita aprimorar o convívio humano, a produção de conhecimento, a definição e desenvolvimento de projetos colaborativos que favoreçam as mudanças sociais.
Diante dessa realidade, o educomunicador além de criar metodologias que facilitam o uso dos recursos tecnológicos, é primordial que este profissional desperte no meio social uma reflexão ética sobre como e para que esses recursos estão sendo utilizados e produzidos. Se a civilização tecnológica fosse comparada a uma galera que navega pelos mares, nos porões estão os remadores. Remam com precisão cada vez maior. A cada novo dia recebem remos novos, mais perfeitos. Acelera-se o ritmo das remadas, sabem tudo sobre a ciência do remar. A galera navega cada vez mais rápida. Mas perguntados sobre o porto de destino, respondem os remadores: “o porto não nos importa, o que importa é a velocidade com que navegamos”. Multiplicam-se os meios técnicos e científicos ao nosso dispor, que fazem com que as mudanças sejam cada vez mais rápidas, mas não temos ideia alguma para onde navegamos.
A intensa fluidez das informações e as contínuas transformações tecnológicas influenciam nas formas de produção de riqueza, nas relações sociais, nos valores materiais e morais e no processo de ensino e de aprendizagem.
A popularização da internet juntamente com a expansão da banda larga, possibilitaram a criação de metodologias de aprendizagem diferentes das tradicionais formas de ensino baseadas nas exposições dos professores. A Internet promoveu uma nova relação com o acesso a informações e dados, e com eles outras sensações, leituras e interações sendo que, o tutorial inaugurou em parte essa nova relação Outra educação, outro ritmo de aprendizagem e de motivação. A escola, que antes se situava como a única possibilidade para o educando ter acesso à informação e ao conhecimento através da ação do professor no corpo a corpo com o aluno em sala de aula, agora adquiri um novo papel no processo de formação do indivíduo norteada pelo princípio que todo aluno aprende no seu tempo e no seu ritmo.
A escola, como instituição onde se formaliza a aquisição e produção do saber pela nova geração, tem importante papel a cumprir na sociedade ensinando os educandos a se relacionar de maneira seletiva e reflexiva com o universo de informações e técnicas a que eles têm acesso no seu cotidiano. Porém, muitas instituições de ensino não sofreram, ao longo das várias transformações tecnológicas vividas nestas últimas décadas, mudanças significativas quanto à forma como as informações são trabalhadas para se transformarem em conhecimentos significativos. Enquanto a sociedade criou novas formas, ou mídias para de armazenar e transmitir o saber, a instituição escolar, muitas vezes, permanece estáticas diante das transformações da realidade que a tecnologia está provocando nos ambientes que se encontram fora dos seus domínios espaciais.
Nesse novo contexto histórico onde a tecnologia assume o papel de protagonista, a educação básica tem o compromisso de não estar simplesmente voltada para a aquisição e reprodução da informação, mas, formar novas gerações para o mundo do conhecimento. A informação só possuirá importância na escola, se for usada para desenvolver habilidades e competências e possibilitar o acesso e a produção do conhecimento. Diante desta realidade, percebemos que o processo de ensino-aprendizagem exige transformações no qual ensinar é mais do que informar, é construir conhecimentos significados e aprender é muito mais que adquirir dados ou conceitos, é desenvolver as habilidades e competências necessárias para estar inserido no mundo tecnológico.Assim, diante da necessidade de entender, dominar e fazer bom uso dessas novas ferramentas digitais, é fundamental que o professor se torne um educomunicador, ou seja, que tenha a competência para inserir e gerir na sua prática pedagógica o uso dos diversos recursos digitais fazendo com que, o processo de ensino e aprendizagem tenha um novo significado e contribua com a formação de alunos capazes de exercerem a a cidadania.
Por ALFERO MENDES NETO
- 46 anos / Brasileiro / Casado
- 24 anos atuando no Magistério como Professor de Geografia e Filosofia e
- Instrutor de Tecnologia Educacional;
www.alferomendes.com.br
alfero@uol.com.br
- 46 anos / Brasileiro / Casado
- 24 anos atuando no Magistério como Professor de Geografia e Filosofia e
- Instrutor de Tecnologia Educacional;
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