domingo, 18 de junho de 2023

Uso da Comparação


 Autora: Juliana Fuzinohora (*)


Comparação é uma figura de linguagem usada para relacionar dois ou mais elementos em seus aspectos semelhantes. Este é o conceito dado a comparação.

Mas será que tendemos a analisar apenas os semelhantes?

Tendemos a analisar muito mais as diferenças do que as semelhanças, isto porque na nossa sociedade atual buscamos comparações não evolutivas.

Lembra quando nossos pais, tios, familiares tentavam nos incentivar fazendo comparações com os melhores alunos da sala, com um primo que se destacava em algum esporte etc? Pois bem, aprendemos desde muito cedo a usar a comparação de modo errado, focando na falta e não na subjetividade de cada um.

Quando usamos métricas altas em relação aos outros tendemos a diminuir as nossas, o que nos distancia da realidade e nos deixa cada vez mais inseguros. Sentimos raiva, frustração, inveja, culpa e tristeza, o que por sua vez gera uma baixa autocompaixão.

Em um ciclo repetitivo e ruminativo, que não nos incentiva e sim nos paralisa em busca de mudanças e inspirações.

Na terapia Cognitiva Comportamental chamamos isso de MANUTENÇÃO DA DESTRUIÇÃO DA AUTO ESTIMA.

A habilidade de se comparar a alguém ou alguma coisa tem o objetivo de nos inspirar, nos mostrar caminhos que outra pessoa trilhou como incentivo para trilharmos o nosso, sempre respeitando a própria história e dificuldades.

Vivemos em uma sociedade de fácil edição das nossas dificuldades e pedras no caminho, tendemos a apenas "publicar" e "demonstrar" os ganhos e facilidades. O que nos remete mais ainda a dificuldade de entendermos os caminhos que os outros trilharam para chegar onde chegaram.

Por que será que nos espantamos quando alguém que admiramos se abre e conta todas as dificuldades que teve em seu caminho. Nesse momento tendemos a ter compaixão pela história do outro e nos confortarmos com as nossas dificuldades, mas ela logo passa, porque o outro que admiramos está apenas demostrando facilidades e ganhos. E voltamos a nos sentirmos inferiores.

Muitas pessoas falam sobre não se comparar para não se frustrar, evitar a comparação, mas será essa a saída? Não, claro que não, temos que aprender a usá-la.

O ser humano tende a aprender com repetição ou através da modelagem dos próximos. Por isso a comparação é tão importante e escrevo sobre esse tema. Precisamos aprender a usar essa habilidade de modo construtivo.

Em primeiro lugar entender que cada passo na vida de alguém- o que nos inclui também- é devido a um esforço em direção a algo.

Em segundo temos que valorizar esse esforço e mesmo que não tenhamos chegado onde queríamos, saímos do lugar que estávamos e tentamos.

Em terceiro, ter de forma mais clara a meta de vida de cada um, partindo do pressuposto que essa pessoa saiba onde está e onde quer chegar.

Na terapia cognitivo comportamental (TCC) usamos uma técnica que se chama METAMODELAGEM, e que é usada para analisar pessoas que admiramos a trajetória e estudo dessa trajetória a fundo.

Deste modo, estudamos bibliografia, analisamos minuciosamente ganhos e perdas, passos e tropeços dos outros. Sempre com foco na realidade e subjetividade de cada um. Em seguida trazemos isso para nossas vidas com objetivo de valorizar esforços e validar tentativas e erros de todos.

Precisamos aprender a usar a comparação de maneira correta, isso não significa não olhar as diferenças, inclui elas também, mas não podemos esquecer de usar a comparação das semelhanças. Com foco nas habilidades e inabilidades de cada individuo.

Para saber se sua comparação foi saudável e evolutiva, analise se ela te trouxe inspiração ou paralização.

Encontre sua métrica, treine para ser flexível e acredite no seu esforço.

Respeite e valorize a sua história.

* JULIANA ALENCAR FUZINOHARA














-Psicóloga formada pela Universidade Paulista (2013);
-Palestrante sobre Terapia Cognitiva Comportamental; 
-Psicóloga ambulatorial no Hospital São Paulo (NEUROSONO/UNIFESP);
-Trabalha com TCC para tratamentos em distúrbios de sono e com Terapia Cognitivo Comportamental;
-Atende adultos e idosos em consultório em São Paulo; e
-Realiza atendimentos online
-Contato (11) 94769-9898

Nota do Editor:

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