Não há como um educador abster-se de acompanhar os resultados das
avaliações externas educacionais, objetivando buscar entender o que ocorre no
contexto educacional no Brasil, em seu estado, seu município, em sua escola, em
sua sala de aula e na disciplina sob sua responsabilidade.
Interessante que, em tempos de pré-eleição, todos dão palpites e têm
soluções mirabolantes para sanar a defasagem de aprendizagem no país. Como se
mudanças em educação e resultados fossem fruto de toques de varinha de condão.
E mais, para emitirmos quaisquer opiniões sobre os resultados, há que se
conhecer, a priori, naturezas, métodos, contextos das avaliações e o mais
importante: de que mentes emanam o que desejam avaliar?
O Saeb, divulgado no final de agosto, 2018, expressa dados alarmantes da
tragédia educacional brasileira. Simplificando, quanto mais os alunos avançam
em escolaridade, mais dificuldades apresentam e em maior número. Ou seja,
desaprendem, se é que isto seja possível: desaprender.
Algumas conclusões chamam a atenção:
-Sete de cada dez alunos do 3º ano do Ensino Médio têm nível
insuficiente em Português e Matemática;
-Entre os estudantes desta etapa de ensino, menos de 4% têm conhecimento
adequado nestas disciplinas;
- A última etapa da Educação Básica, segundo o atual Ministro da
Educação, Rossieli Soares da Silva, está falido e não agrega conhecimento e
-Sete milhões de estudantes brasileiros estão com defasagem idade/série
de dois anos, conforme alerta o Unicef.
O Saeb é o sistema de avaliação aplicado pelo Governo Federal, de dois
em dois anos, objetivando a medir – grifo medir porque
não se trata de avaliação, mas verificação, pontuando um dado momento histórico
dos alunos avaliados, sem a observação necessária de uma avaliação em processo -
a aprendizagem dos alunos ao fim de cada etapa de ensino, ou seja, ao 5º e 9º
anos do Ensino Fundamental e ao 3º ano do Ensino Médio.
Há que se salientar que avaliação processa-se no cotidiano escolar,
pressupondo variáveis interferentes na aquisição de conhecimento. O sistema é
composto pelas médias de proficiências em Português e Matemática, extraídas da
Prova Brasil. Tanto a Prova Brasil, quanto o Saeb são verificações de larga
escala. São testes padronizados e questionários socioeconômicos. Questões que
avaliam leitura e resolução de problemas.
Se são esses os anos escolares objetos da verificação, esses alunos do
5º ano, que participaram em 2017, entraram no sistema em 2013, no primeiro ano
das séries iniciais da Educação Básica. Os alunos do 9º ano ingressaram na
última etapa do Ensino Fundamental, em 2009. Os alunos do 3º ano do Ensino
Médio ingressaram na Educação Básica em 2006. Esses alunos estão no sistema de
ensino há 5, 7 e 10 anos.
Pensemos: a considerável mudança política no país que ocorreu em 2003,
quando, o então Presidente Fernando Henrique Cardoso passou a faixa
presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva.
Os alunos, objetos desse Saeb, estão vivenciando dez anos de políticas
públicas educacionais implantadas neste período. Nem tenho a pretensão, aqui,
em atribuir a essas políticas o ônus do fracasso. As escolas distribuem-se sob
as políticas de responsabilidades federais, estaduais e municipais. Mas cabe ao
Ministério da Educação emanar as diretrizes que respeitem a CF, a LDBEN, o ECA
e todas legislações que orientam as políticas públicas educacionais no país.
Basta analisarmos o organograma do MEC e suas hierarquias de
competências.
Não se podem estreitar as variáveis que interferem no sucesso, ou
fracasso escolar, de um país continental como o Brasil, com tantas nuances de
desigualdade e pobreza.
Mas não podemos desprezar esse contexto e deixarmos de recorrer aos
índices do período, os responsáveis pela educação e suas políticas educacionais
implementadas. Outra questão é buscarmos elencar quem são os teóricos eleitos
como relevantes para orientações de posturas de ensino. Ou seja: Que homens e
que livros constroem a educação brasileira? Como educadora, cuja umas das
últimas atividades é a formação docente, confesso que esta seara é inóspita,
pois cansativa carente de fostes de água fresca, ou um pântano, que se
apresenta como terreno difícil de se caminhar com segurança.
Discurso e prática, sabemos nós, quando ouvimos políticos, trazem uma
distância enorme. Em 2010, a então presidente apregoava que entregaria ao país
6.000 creches; ao final do primeiro mandato, apenas 7% foram entregues. Na
campanha do segundo mandato afirmava entregar, mais humildemente, 100 creches
ao mês; não chegavam a 15 em cada mês. Em seu mandato houve um corte de 9,2
bilhões, dos quais 3,4 bilhões, mais de 1/3, eram para construção de novas
unidades. Isso para se analisar, apenas, as intensões de investimentos na
Educação Infantil, base para o ingresso dos estudantes no sistema de
ensino.
É mister lermos o discurso e analisarmos o estado em que se encontra a
educação no Brasil, ou seja atos concretos, que na prática, não corresponderam
às intenções:
"A ampliação de oportunidades também é proporcionada pelos programas educacionais, desde aqueles relacionados com a qualificação profissional, como o PRONATEC (com mais de 6 milhões de jovens), a ampliação das creches, da rede básica, do ensino em tempo integral, das vagas nos institutos federais, nas Universidades públicas, do PROUNI e do FIES, os 100 mil estudantes do Ciência sem Fronteiras. A iniciativa governamental, aprovada pelo Congresso Nacional, de destinar 75% dos royaltes do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré Sal para a educação, transforma petróleo em conhecimento (grifo meu). O governo federal se empenhará ainda mais na proteção e desenvolvimento integral da criança (grifo meu), colaborando com os municípios na ampliação do atendimento em creches, na universalização da educação infantil de 4 e 5 anos até 2016, e na ampliação da educação em tempo integral (grifo meu). Também se empenhará na Formação Plena da Juventude brasileira, visando garantir o acesso ao conhecimento científico, técnico e tecnológico, à cultura e ao esporte. Para isso será necessário um pacto nacional visando a (sic) universalização e a (sic) qualidade do ensino médio até 2016. O governo federal, em colaboração com os estados e o Distrito Federal, contribuirá para promover mudanças no currículo, na rotina e gestão das escolas, visando desenvolver o espírito de investigação, ampliar o acesso à arte e à tecnologia. Além disso, seguirá investindo na formação profissional por meio do PRONATEC, dos Institutos Federais e Escolas de Educação Tecnológicas, do PROUNI, do FIES e das Universidades Públicas Federais. (3)"
Isto posto, cabe salientar que o Saeb, Sistema de Avaliação da Educação
Básica, que é aplicado desde 1990, é realizado, periodicamente, pelo Inep, para
avaliar a qualidade da educação ofertada no país, oferecendo subsídios
para a elaboração, o monitoramento e o aprimoramento de políticas educacionais
baseadas em evidências. Em 2005, sofre uma reestruturação e compõe-se
de duas avaliações – ANRESC, mais conhecida como Prova Brasil). O que foi feito
desde 2006 quanto ao diagnóstico obtido pelas verificações – período de
vivência escolar dos alunos? Por que resultados tão pífios? Esta trágica
situação não ocorre apenas em nosso país. Os resultados do Pisa (Programme for
International Student Assessment – Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes) é uma iniciativa de verificação de desempenho em nível mundial,
ocorre desde os anos 2000, a cada três anos é comparada, aplicada de forma
amostral a estudantes matriculados a partir do 7º ano do Ensino Fundamental, na
faixa etária dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade
básica obrigatória na maioria dos países. É coordenado pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) cujas coordenações nacionais são
responsabilidade de cada país participante.
No Brasil, a coordenação é responsabilidade do Inep (Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais).
O objetivo do Pisa é produzir indicadores que contribuam para a
discussão da qualidade da educação nos países, de modo a subsidiar políticas de
melhoria da Educação Básica. A avaliação procura verificar até que ponto as
escolas de cada país estão preparando seus jovens para exercer o papel de cidadãos
na sociedade contemporânea (essa cidadania, do ponto de vista global,
alicerça-se em quais valores e ideologias?). Os dados de 2015, divulgados pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), confirmaram
uma realidade de conhecimento inequívoca de quem pesquisa avaliação em
educação.
A situação do ensino não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina
é desanimadora. Somos os últimos na fila da educação no mundo. Estamos,
reiteradamente, tendo em vista edições anteriores da avaliação, bem abaixo da
média global. O Brasil alcançou médias de 377 em Matemática, enquanto a média
dos países da OCDE foi de 497 pontos. Ou seja, nossos alunos precisam de três
anos de estudo a mais para aprender a mesma coisa. Os latino-americanos, também
apresentam performance baixa, quando comparados ao mundo desenvolvido.
Se buscarmos explicações com o viés ideológico encontramos afirmações
como estas:
"Esses dados demonstram que as políticas pedagógicas que norteiam a educação no Brasil são equivocadas. Nos últimos anos o ensino foi fortemente influenciada (sic) pela reestruturação produtiva, uma vez que as inovações tecnológicas, a nova organização do trabalho e a globalização dos mercados exigiam novos perfis profissionais. Criou-se, assim, uma educação voltada ao mercado de trabalho, entendida pela lógica do capital, visando (sic) contribuir para o projeto político pedagógico da burguesia. (1)"
"Primeiro tem que formar o agente para que a ação (de educar) seja possível. Os professores hoje não são capazes nem de discernir os conteúdos que valem a pena se transmitir e os que não valem. E hoje acham que todos os conteúdos valem a mesma coisa. Não valem. Se os próprios intelectuais insistem em nivelar essas coisas, então o conceito de educação acabou. Quem vai educar o povo é a própria elite, então temos que educá-la primeiro. Quem você tem que formar primeiro, o médico ou o doente? Adianta dar um curso de medicina para o doente? É o que está acontecendo no Brasil. Privilegiar primeiro a educação popular e depois a da elite é totalmente absurdo porque, quem vai educar o povo? É a própria elite. Não dá para fazer as duas coisas ao mesmo tempo, estes jovens já estão tendo a pior educação possível. (2)"
Além das ideologias, outras variáveis permeiam as análises, reflexões e
decisões de quem vivencia o contexto educacional. E a maior angústia reside no
coração de pais conscientes e comprometidos com o avanço escolar da criança e
adolescente. Mas há os desfavorecidos e abandonados, que se ainda estão no
sistema escolar, são passíveis de serem educados, ou melhor, preparados para
serem cidadãos numa sociedade contemporânea, como objetiva o PISA.
Vejamos: "Doutora, meu filho vai na escola todo dia, faiz as
tarefa, os livro tão compretos, é bonzinho na sala, mais e ele num consegue
aprende nada!" - fala de uma mãe, em um atendimento na Diretoria de
Ensino, reclamando da reprovação do filho.
Famílias de baixa renda, geralmente, não conseguem ler, escrever, ou
fazer as quatro operações matemáticas. O que atrapalha o desenvolvimento
cognitivo do aluno? A dificuldade em aprendizagem, muitas vezes, vai além dos
problemas da criança. O fracasso escolar é o fracasso do próprio sistema de
ensino. Quais as causas da dificuldade de aprendizado escolar? Há que se
detectar causas para tomada de decisões para se estabelecerem prioridades de
mudanças nas políticas educacionais. Um país com carências em saneamento
básico, baixa renda per capta, desemprego, drogas, desestruturação da célula
social, violência e insegurança numa sopa indigesta de desalentos contribui
para uma educação, sem sombra de dúvidas, que fracassa. Aprender requer ações
sistêmicas, qual o funcionamento de um organismo.
Isto expresso, retornamos aos homens responsáveis pelas Políticas
Públicas em educação e o que estes devem preconizar e priorizar nos órgãos
centrais para as devidas intervenções em educação.
É fato que, de cada quatro alunos que concluem o Ensino Fundamental,
três saem deste nível de ensino sem saber ler, escrever e fazer as quatro
simples operações matemáticas.
Há os que nem entram, isto pois, nem saem. Neste sentido, que livros leem
os habitantes dos gabinetes em todas as esferas de gestão que cuidam da
educação no país? Que formação têm? Que experiências têm em educação? O que
conhecem do chão da escola?
Não me constranjo em afirmar que um dos problemas do país é de gestão
nas Políticas Públicas em Educação. Qual a formação de todos responsáveis pelos
órgãos centrais dos quais emanam diretrizes curriculares e decisões de destino
e aplicação de verbas? Que formação tiveram os Ministros de Educação de 2003
até o presente ano? E de anos anteriores, pois muitos profissionais em
educação, hoje, tiveram sua formação em um sistema deficitário, salvo exceções
que, por auto formação, buscaram aprimoramento. E em escala
hierárquica, decrescente, questiono: E os Secretários de Educação de Estados e
municípios? Advogados? Engenheiros? Médicos? Economistas? Políticos de
carreira? Amigos do rei? Estamos perdendo gerações!
O Ensino Fundamental abarca um período de vida da criança, cujo
desenvolvimento biológico permite todas as possibilidades de aprendizagem. Negligenciadas
as necessárias intervenções educacionais, nesta fase, tudo que esta criança
receber, a posteriori, estará prejudicado, pois perdeu as condições cerebrais
favoráveis. Uma criança que não tem acesso aos livros de Monteiro Lobato em
idade adequada, não terá a fruição plena nesta leitura, quando for feita na
idade adulta. Estamos perdendo o melhor momento do desenvolvimento da criança,
que é dos 4 aos 14 anos.
Verdade pois, se aprendizagem não ocorre na idade adequada, estamos
limitando a inteligência dos brasileirinhos. Ao deixarmos as possíveis
conexões neuronais em letargia,
abandonando essas conexões a estímulos de atividades necessárias e adequadas
para as atividades intelectuais, estaremos gerando adultos, incapazes de
raciocinar. Howard Gardner em sua teoria das Inteligências Múltiplas (IM)
(GARDNER, 2000), psicólogo americano, da Universidade de Harvard, afirma,
analogicamente, que nosso cérebro estrutura-se com janelas, que abertas, em
determinados momentos do desenvolvimento, devem ser aproveitadas pelos
educadores, professores ou pais, para se implementar a aprendizagem que se fará
eficaz..
Minha experiência no contexto escolar, como professora de Educação
Básica em Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna – Inglês, formação de
Professores em Educação Continuada, Planejamento, Supervisão e professora do
Ensino Superior, tanto no Bacharelado, quanto na Licenciatura, permite-me
afirmar que a sonhada autonomia da escola preconizada pela LDBEN 9394/98, não
ocorre. As palavras-chave que podemos depreender da lei são autonomia e
cooperação, entre outras. O que demonstra que um aluno é autônomo? Quando nele
é desenvolvida a capacidade de busca independente de conhecimento? Pode parecer
complexo, mas é simples identificar. Quando tem acesso a informações, as quais,
hoje, estão a um clique de alguns aprendizes. E não basta o acesso à
informação, faz-se necessária a capacidade de se contextualizar essa
informação, transformando-as em conhecimento. E este é o papel do professor,
com formação adequada, e da escola. Ou seja, a autonomia intelectual que a
escola deveria garantir ao aluno não existe.
Pelos resultados do Saeb, divulgados, neste agosto de 2018, observa-se
que os alunos concluem Ensino Fundamental e Médio sem condições de fazer a
leitura de um texto simples, nem compreendem as quatro operações fundamentais,
repito, de forma que elas possam ser utilizadas na vida cotidiana. Portanto,
não estamos formando cidadãos autônomos, competência exigida pela sociedade
contemporânea. Autônomos no que tange à busca de conhecimento.
Qual o papel da escola? Por que fracassamos? Até aqui, esta reflexão
levou-nos a pontuar as políticas públicas em educação, o sistema, a formação
docente, as ideologias que norteiam as opções de formação e currículos, as tendências
pedagógicas e teorias do conhecimento.
A escola, com todas suas limitações, estruturais e de recursos materiais
e humanos, é a mediadora sistematizada da narrativa social e seus signos,
construídos pela história cultural. Isto posto, se nossos alunos não estão
aprendendo essa narrativa, traduzida pela escola, ou seja, a contextualização
das informações que circulam, algo está muito errado, pois o aluno não aprende
na escola. Pelos dados, parece que desaprende!
Reflitamos que a escola vivencia uma narrativa, uma escrita simbólica
que pressupõe mediação. A narrativa e a escrita da vida são mediadas pelos
processos de ensino. A escola contempla uma outra linguagem que deve ser
aprendida. Fazendo uma analogia com a história da escrita e suas etapas quanto
aos signos: pictográfica, iconográfica e ideográfica, nesta última, ficou
evidente a necessidade das mediações para leitura. Não saber interpretar os
esquemas de representação construídos ao longo da história, desvinculam aluno e
escola da vida, da cidadania. Como trabalhar valores, caráter, bom senso com
alunos que vão para escola advindos de contextos tão adversos? Contextos vazios
de bons exemplos, carentes de limites de convivência adequada, bombardeados de
ideologias passíveis de contentação e reflexão? Vemos uma escola que absorve,
irrefletidamente, o pensamento convergente. As universidades, quase todas, e
seus cursos de pós graduação perderam objetivos relevantes: o debate, a
produção de conhecimento original na busca de soluções para os problemas que se
apresentam na sociedade contemporânea.
Que livros leem nossos educadores? Que ideologias vivenciaram em seu
processo de formação? É estrada de mão única, sem contrapontos? São
reprodutores, ou produtores de conhecimentos? Que vivências de situações de
pesquisa tiveram que os capacitou para depreender objetivos, conteúdos, métodos
e avaliação afeitos ao seu contexto de atuação em educacional?
Em um trabalho com alunos do curso de Letras, na disciplina de Prática
de Ensino, vasculhamos quais seriam os principais teóricos que balizavam a
atuação docente na contemporaneidade. O trabalho surgiu, após reflexão do tão
citado Relatório Delors (1995): "desenvolvimento total da pessoa —
espírito e corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético,
responsabilidade pessoal, espiritualidade" (DELORS, 1998, p. 99). Na
universidade, contam-se nos dedos os professores que fazem considerações
críticas sobre um relatório de estatura mundial, o porquê de sua existência e
qual razão embasa diretrizes filosóficas nas posturas educacionais. É colocado
acriticamente e tido como norte. Nem passa pela mente da maioria dos formadores
que decisões mundiais relações de poder. Assim, difundidos no Brasil,
principalmente pelas universidades, estudos de alguns pesquisadores sobre
determinados aspectos que estariam diretamente relacionados a essas novas
qualidades a serem exploradas pela instituição escolar.
Autores estão nas referências, mas não se sabe como são abordados nos
cursos de formação de professores, de forma crítica, ou acrítica, afeitos ao
nosso contexto de educação, ou não. Assim, surgiram Fernando Hernández, Antonio
Nóvoa, Saviani (teoria crítica da educação), Perrenoud, Toro, Edgard Morin,
Howard Gardner, já citado, César Coll, Paulo Freire (Pedagogia da Libertação) e
outros. A medida que estudávamos as ideias alertava os alunos para o atual
contexto da educação brasileira e se as condições de nossas escolas, tendo em vista
as performances dos professores e que eles conviviam no estágio supervisionado,
correspondiam ao que preconizavam os pensadores.
Um aluno, apenas um, numa sala de 28 alunos, expressou: Professora,
todos esses pensam iguais, a despeito de pequenas diferenças. Por quê? E a
escola é o retrato oposto do que dizem. Sorri, fiquei feliz e tive a certeza de
que ele seria um excelente professor. Hoje faz mestrado na UFMG. E a última
mensagem dele é que ainda ocorre o pensamento convergente, com algumas raras exceções.
A busca crítica da narrativa existente, nos pensadores, nos materiais
didáticos, nas diretrizes e bases curriculares, nos parâmetros e propostas de
quaisquer sistemas, devem ser objetos constantes de reflexões críticas para um
alicerce para a formação de um professor transgressor, mas responsável, pois
seu alvo de trabalho são pessoas e por si, complexas e passíveis de
influências.
Em suma, o fracasso da aprendizagem, expresso nos dados do Saeb, é um
sintoma de uma escola muito doente. Ainda, a educação, como se encontra, é
sintoma de um país muito doente, certamente, infectado por homens e
livros.
Referências:
BEHRENS, Marilda Aparecida. O paradigma emergente e a prática pedagógica.
Petrópolis: Vozes, 2005;
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9394, 20 de
dezembro de 1996;
CATANI, Afrânio. M.; OLIVEIRA, João. F.; DOURADO, Luiz. F. Política
Educacional, mudanças no mundo do trabalho e reforma curricular dos cursos de
graduação no Brasil. Educação & Sociedade, ano XXII, no 75, Agosto/2001.
Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/es/v22n75/22n75a06.pdf> acesso em
8-7-201;
DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO da
Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. São Paulo: Cortez,
1998;
FOGAÇA, Azuete. Educação e qualificação profissional nos anos 90: o
discurso e o fato. In: OLIVEIRA, Dalila Andrade; DUARTE, Maria R. T. (Org.).
Política e trabalho na escola: administração dos sistemas públicos de educação
básica. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. p.55-68;
GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas, a teoria na prática. Porto Alegre:
2000;
SAVIANI, Demerval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara,
onze teses sobre a educação e política. São Paulo: Cortez, 1987;
(2) https://filosofonet.wordpress.com/2013/01/09/por-que-o-brasil-tem-um-dos-piores-indices-de-educacao-no-mundo/ - Acesso em
4-7-2018 e
(3)https://www.cartacapital.com.br/blogs/carta-nas-eleicoes/confirma-o-programa-de-governo-registrado-pelos-candidatos-a-presidencia-3999.html - Acesso em 3-7-2018.
POR STELA MARIS LEITE CARRINHO DE ARAÚJO
- Mestre em Educação- UNISAL SP;
-Licenciada em Português e Inglês -UNISAL Lorena;
-Pedagoga; e
Supervisora de Ensino - SEESP.
Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.
Caríssima, sou um contumaz crítico de nosso sistema educacional conduzido por políticos que não entram em sala de aula.
ResponderExcluirEm um comparativo aponto quais foram os pontos que fizeram Carlos Magno a promover um reforma na educação que preparou a humanidade para três séculos à frente 🤔
Até o fim dos anos 70 nossa educação preparava o aluno para décadas à frente. Meu pai com.2° ano apenas foi mestre de obras, onde cálculos e perspicácia são relevantes.
Veja as propagandas políticos de hoje; vendem soluções mágicas. Temos salas com 45 alunos e vender escola de tempo integral (bom) para todos(impossível) esses são os slogans que o eleitor se deixa enganar.
Na equação professor ensina + aluno se dedica e é cobrado + pais EDUCAM = EDUCAÇÃO não tem político. 🤗🤗🤗