Tudo o que fazemos gera uma consequência que altera coisas no ambiente ao nosso redor. Se as alterações são positivas porque beneficiam a nós ou aos outros, continuamos nos comportando da forma que a gerou, mas se somos punidos ou as consequências não são exatamente as que esperávamos quando agimos, passamos a nos comportar de outra forma. Portanto, podemos dizer que consequências positivas e a possibilidade de evitar algo ruim mantém ou aumentam a frequência de um comportamento, enquanto que comportamentos que geram punição ou consequências negativas tendem a diminuir de frequência.
Para a Psicologia Comportamental, os sentimentos e as emoções estão sujeitos a essas mesmas leis. Vivemos em um ambiente que prega a felicidade e o equilíbrio emocional a todo custo, assim, sentimentos como raiva e tristeza são punidos, então, passamos a reprimi-los e a demonstrar só alegria, confiança e força, mesmo quando não é isso o que estamos sentindo de fato.
Podemos receber coisas boas por parecermos sempre alegres, como elogios e aprovação das pessoas, mas isso não é suficiente para fazer sentimentos desconfortáveis desaparecerem. Eles ficam dentro da gente e, conforme o tempo passa e não os expressamos, eles vão aumentando de intensidade. Então, passamos a descontar nossa tristeza e raiva nas coisas e nas pessoas ao nosso redor, o que pode nos trazer problemas e só aumentar a tristeza e a raiva, mas também fazer com que voltemos a tentar reprimir tudo de novo. Assim, basta um tempo nessa situação, para uma pessoa que até então era tida como calma e equilibrada cair em depressão ou ter uma explosão de raiva e se envolver em uma briga de trânsito, por exemplo.
Mas tão prejudicial quanto reprimir os sentimentos é sair por aí dizendo ou expressando em ações tudo o que sentimos, na hora que sentimos. Uma espécie de meio termo entre esses dois extremos é o que chamamos de autocontrole: a capacidade de uma pessoa de identificar suas emoções e administra-las de forma que possa dizer o que sente e resolver a situação que causou o sentimento sem ter de reprimi-lo nem ser punido ou gerar mais problemas por ter explodido ou agido de forma inadequada.
Tentar fazer isso é importante, pois dá a oportunidade de entendermos que, diferente do que aprendemos a pensar, não é sentir as coisas ou expressar os sentimentos que causa problemas e sim a forma como fazemos isso. Se passamos a falar o que sentimos de forma tal que deixamos de ser punidos e gerar problemas e passamos a ser bem sucedidos na resolução das situações, isso fará com que aumentemos a frequência do comportamento de expressar nossos sentimentos de forma adequada e diminuamos a frequência do comportamento de reprimir sentimentos ou expressá-lo de forma problemática.
Mas o autocontrole não serve apenas para melhorar a forma de expressarmos nossos sentimentos, ele nos ajuda, também, a mudar hábitos e alcançar metas a longo prazo. Em ambos os casos, o autocontrole é fundamental porque temos de resistir a fazer algo que traria uma recompensa imediata em nome de obter sucesso ou algo que queremos mais a diante. Para parar de fumar, por exemplo, é preciso resistir à vontade, renunciar à sensação de prazer que o cigarro traz e aguentar o desconforto da abstinência, para aos poucos ir diminuindo o numero de cigarros fumados a cada dia, até que por fim vem a recompensa de conseguir parar por completo.
Quanto mais difícil ou mais longe está o alcance de uma meta, mais complicado é ter autocontrole. Isso porque existe em nosso cérebro algo chamado sistema de recompensa, que precisa ser frequentemente ativado para trazer aquela sensação de motivação, tão necessária para nos fazer seguir em frente. O sistema de recompensa não gosta de esperar, é por isso que comemos doce no meio da dieta ou fumamos apesar de estarmos tentando parar.
Ter autocontrole é assumirmos conosco mesmo o compromisso de agir diferente em relação ao que queremos mudar, é aprendermos a nos recompensarmos quando conseguimos fazer diferente e nos acolher quando fracassamos, mas sem deixarmos de entender por que deu errado para podermos consertar em uma próxima vez. Saber controlarmo-nos é aprendermos a adiar uma vontade, pensar duas vezes antes de agir, respirar fundo. É respeito próprio e reconhecimento dos nossos limites. É saber onde queremos chegar. Saber dizer não a nós mesmos agora para poder dizer sim depois.
Por RENATA PEREIRA
-Psicóloga formada pela Universidade Prebsteriana Mackenzie;
-Especialista em Terapia Comportamental Cognitiva pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP;e
Por RENATA PEREIRA
-Psicóloga formada pela Universidade Prebsteriana Mackenzie;
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