Ao julgar a densidade do estudo de valores da educação sempre pergunto a mim mesmo sobre a referência de que resulta a tal faculdade assimilativa [a educação]. Acha-se essa, afinal, inserida numa lídima devoção à intelectualidade – isto é, ao “gênio diletante” encampado pelo venerável Immanuel Kant na crítica que ele fez à virtude antropológica do juízo – ou, em vez disso, em uma experiência pura e simplesmente baseada na equiparação de professores a alunos, aí incluída a gradativa abdicação da autoridade magistral, conforme propõe Paulo Freire?
Infelizmente, é comum que as discussões inspiradas por objetos desta magnitude tendam ao infinito e, destarte, descambem para contradições. Não obstante os fundados maus agouros, as discussões são sempre producentes.
(...) é, pois, essa a razão de eu ter oferecido a analogia entre os supracitados corifeus do âmbito pedagógico. De um lado, o de Kant, apresenta-se um valor reputado por princípio de instrução metafísica, que é o da excelência da liberdade humana no sentido da consecução da autonomia; de outro, o de Freire, lê-se a argumentação de que as tradições pedagógicas representam forças compulsivas e alienadoras que, por suas próprias potencialidades, instrumentalizam todos aqueles que delas aproveitam.
Cada qual dos pedagogos tem as suas razões. O francês, primeiramente, por atribuir à educação o conteúdo informativo da vetusta práxis grega (ou seja, a transcendentalidade da autorreferência humana); o brasileiro, a seu turno, por reconhecer tanto a obviedade da capitalização da educação como a instrumentalização daqueles que são educados. Todavia, tais fatos sociais não incutem na realidade as impressões esmiuçadas pelo pensador. Ao contrário, [esses mesmos fatos sociais (acima)] concorrem para sublimar os homens componentes do núcleo social local, de modo que o convívio estabeleça a renovação do Mercado vernáculo. Quando o mercado prospera, o País triunfa.
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