Perda, solidão, tristeza, arrependimento, impotência, culpa, frustração, depressão, desespero...... Luto é isso mesmo?
A maneira como cada um reage à perda de uma pessoa querida depende de sua percepção de si mesmo, do seu conjunto de crenças e da sua perspectiva de futuro.
"Como continuar a vida sem ele(a)?", uma das indagações mais comuns na situação em que se é confrontado com a partida de alguém muito especial, denota a fragilidade de quem precisa continuar a reprogramar a vida agora com ausência daquela pessoa.
Os recursos de enfrentamento existem, ainda que emocionalmente haja a percepção de se estar aos pedaços.
Em alguns casos, muitos anos da vida foram compartilhados com aquele que se vai, e como continuar seguindo, cumprindo os diversos papéis que a vida exige, agora pela metade?
Pois é esse o ponto: continuar!
Continuar a frequentar os mesmos lugares; viajar; possivelmente entrar num relacionamento novo; se alegrar novamente..... É possível e necessário!
Na etimologia da palavra luto, pelo site gramática.net.br temos que: A palavra “luto” tem a sua origem no latim “LUCTUS”, ‘aflição, pesar, dor’, e de “LUGERE”, ‘sofrer, lamentar’.
Quanto ao vocábulo “luta”, este tem a sua origem no latim “LUCTA”, do primitivo “LUITA”, ‘pugna, luta, esforço, de “LUCTARE”, ‘lutar’, originalmente um termo desportivo.
Gradativamente, à medida que o tempo passa, ajuda muito imaginar que a luta pela vida continua, em que pese o fato de que perdas invariavelmente acontecem, e que nossa missão ainda não chegou ao fim. Podemos e devemos continuar “lutando”!
O luto é um processo através do qual ocorre a resignificação da vida, sem os parâmetros de antes. É quando se torna possível reescrever os caminhos a serem seguidos. Ficar no momento da perda e não reestruturar a vida não é saudável, pois implica num processo de autoflagelação emocional que traz, além dos sintomas depressivos, a dificuldade de se fortalecer e criar resiliência.
Não raros, os momentos de culpa, trazem consigo o sentimento de que algo mais poderia ter sido feito, e não o foi. É verdade: todo luto traz arrependimento. Faz parte da necessidade de reparação, de mudar o fechamento das coisas. Mas nem sempre esse pensamento é verdadeiro!
Então, qual é o tempo mais ajustado e a melhor forma para o processamento do luto?
Muito se fala das cinco fases desse processo de elaboração: negação; raiva; negociação, depressão e aceitação. Por serem fases distintas entre si, têm-se a ideia de que ocorrem sucessivamente. Contudo, há pessoas que oscilam entre essas fases de acomodação da nova realidade. Ora experimentam a angústia, ora a resignação. E o tempo certo é o tempo interno. Cada um leva consigo os filtros emocionais que o favorecem nessa adaptação. Cada pessoa, durante toda sua jornada, vive sua gama de experiências e aprendizados que registra de maneira única em seu emocional. Portanto, não há como padronizar universalmente o tempo para que a perda seja processada cognitivamente e neurologicamente (onde há a reestruturação das sinapses neurais que assimilam e acomodam os estímulos da realidade).
Mas há que se falar também dos outros lutos: o da perda de um emprego, de um relacionamento ou condição financeira. Até mesmo quando algumas famílias têm algum de seus idosos acometido por deficiências degenerativas, como o Alzheimer, por exemplo. Há que se lidar com a perda do que foi aquela pessoa um dia, e se construir uma imagem atualizada desse que deixou de ser a figura que habita a memória de todos, para se tornar outro alguém, mais frágil e indefeso.
Várias são as situações onde as perdas são impositivas, e resta ao indivíduo se manter produtivo, em que pese o fato de seu abalo emocional. Em todos os casos, lançar mão da memória afetiva funcional (estratégias de enfretamento já "arquivadas" na memória) leva ao descobrimento de formas para driblar o contexto. Se existem na linha do tempo histórias de superação e enfrentamento, o (re)fortalecimento emocional se torna mais facilitado. Por esta razão, durante toda a existência, se faz necessário o arquivamento cognitivo das histórias de sucesso, embora muitos não se preparem para vibrar com suas conquistas, reiterando apenas os insucessos e desolações.
É fato que a amígdala cerebral, responsável pela autopreservação emocional, recorre a esse arquivo de memórias de dor e sofrimento, justamente para que se possa evitar e/ou tomar cuidado com eventos estressantes. Mas à medida que são também guardadas memórias de enfrentamento e superação, quando da necessidade de referências emocionais de como agir ou reagir aos eventos, tem-se base para modelar as próximas atitudes diante da vida, ainda que a situação que ora se apresente seja inédita.
Para finalizar, temos que entender que não se pode controlar todos os eventos da vida. Acreditar que se pode ter esse controle traz frustração e sensação de fracasso ou de impotência. O que realmente controlamos na verdade, são nossas reações diante desses eventos. Cognitivamente, a maneira como o indivíduo percebe a si mesmo e à sua realidade, afeta diretamente a maneira como se sente. Distorções de pensamentos geram desestabilizações emocionais e prejudicam os comportamentos nas situações de fragilidade.
Citando os conceitos da Programação Neurolinguística: "tudo o que você precisa, já está em você!"
Então, deve-se ter em mente que, por mais difícil e dolorida que seja a experiência atual, seguramente existe em nós a capacidade de superá-la, pois o processo da cura se inicia na maneira de enxergar a realidade. É a chamada cura descendente: da consciência - esfera do pensamento, para o corpo - esfera física ou biológica.
POR RITA K.ARAGAKI DA COSTA
-Graduada pela Universidade São Marcos - SP (1990);
-Especializada em Terapia Cognitivo Comportamental;
-Hipnose Ericksoniana pela Open Dreams(2011);
-Distúrbios do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente pelo Instituto Pieron(2011);
-Especializada em Terapia Cognitivo Comportamental;
-Hipnose Ericksoniana pela Open Dreams(2011);
-Distúrbios do Desenvolvimento da Criança e do Adolescente pelo Instituto Pieron(2011);
-Master Practitioner em Programação Neurolinguística pelo Instituto Ferrarezi (2012);
-Compreendendo o Paciente Autista pelo AMA (2012);
-Compreendendo o Paciente Autista pelo AMA (2012);
-Analista Comportamental na plataforma RH Profile pelo Insituto Ferrarezi (2013);
-Hipnose e Induções Rápidas pelo Instituto Elsevar (2014);
-Hipnose Ericksoniana Avançada com Jeffrey Zeig (2014);
-Hipnose e Induções Rápidas pelo Instituto Elsevar (2014);
-Hipnose Ericksoniana Avançada com Jeffrey Zeig (2014);
-Analista Comportamental na plataforma DISC pela Sociedade Latino Americana de Coach (2016); e
-Professional Coach pela Sociedade Latino Americana de Coaching (2016).
Nota do
Editor:
Todos os
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autores.
Parabéns Dra Rita! Muito bom! Adorei
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