“Quando perdemos a capacidade de nos indignarmos com as atrocidades praticadas contra outros, perdemos também o direito de nos considerarmos seres humanos civilizados.” Vladimir Herzog
A violência toma conta do mundo. A violência toma conta da escola. O termo deriva do latim violentia (que deriva de vis, força, vigor); aplicação de força, vigor, contra qualquer coisa. “Há violência quando, numa situação de interação, um ou vários atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou várias pessoas, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais” (Yves Michaud, 1989, p.13). Ela pode manifestar-se no preconceito de classe, de etnia, de gênero, vitimização coletiva e individual, conflitos coletivos, sociais e familiares. Existe a violência física, a violência verbal, a violência psicológica, a violência sexual, a violência financeira, perseguição, tortura, discriminação, negligência e abandono, o bullying, trabalho infantil, tráfico de crianças e adolescentes, etc. Assistimos todos os dias genocídios, extermínios, limpezas étnicas, manifestações violentas de homofobia e contra negros, enxovalhamento de religiões e cultos.
Prometeu-se que o desenvolvimento da técnica e da ciência nos garantiria liberdade e segurança. Hoje estamos rodeados da incerteza e da insegurança na modernidade radical. Buscaram-se explicações religiosas, familiares, classes sociais, no individuo, no corpo. Hoje buscamos as academias e investimos sobre o corpo pessoal e estético, os cursos de artes marciais, construímos mais prisões, multiplicam as tribos, a busca de bens, investimos consumistas.
A escola está inserida neste contexto como lugar da reprodução das desigualdades sociais, de gênero e raça, da produção de pobreza e da exclusão. Não podemos esquecer que pais, alunos, professores e profissionais são pessoas concretas que lutam por um futuro melhor. Não são, portanto, pessoas passivas. Há inúmeros fatores que explicam a violência na escola – fatores externos e internos, punições e regras, localização, estado de equipamentos, qualidade de serviços oferecidos, etc. Entre as várias situações, encontramos a manutenção das depredações, furtos ou roubos do patrimônio da escola, o aumento das agressões físicas entre os alunos, agressões de alunos contra professores. A violência do preconceito e da discriminação é um tipo de violência central vivida pelos professores que se queixam do salário e da falta de reconhecimento social e pelos alunos que se queixam por ser discriminados pelos professores – não apenas racial, mas também física. A violência doméstica acaba modelando o aluno e seu relacionamento com professor-escola. O professor desiste de ensinar e o aluno desiste de aprender. A escola vai-se perdendo no seu papel de preparação para este mundo.
O fenômeno “violência” é dividido em várias categorias entrelaçadas e complexas, isto é, quanto ao espaço de ocorrência (violência urbana/rural; violência no espaço público/doméstico); quanto às vítimas (contra mulheres; crianças; negros; homossexuais; imigrantes etc.); quanto ao tipo de agressão (violência física ou psicológica). Portanto, como problema social, é assunto escolar que é de formar cidadãos capazes de conviver pacificamente e respeitar os procedimentos legais para resolver conflitos. São necessárias ações multidisciplinares de órgãos federais, estaduais, municipais, moradia, trabalho, saúde, educação, meio ambiente, cultura, salário, professores, alunos, famílias, equipe pedagógica, direção, para diagnosticar as várias dimensões da violência, reconhecendo sua realidade e buscar superar o distanciamento entre teoria e ação.
“Para a sua consolidação, a Educação em Direitos Humanos precisa da cooperação de uma ampla variedade de sujeitos e instituições que atuem na proposição de ações que a sustentam. Para isso, todos os atores do ambiente educacional devem fazer parte do processo de implementação da Educação em Direitos Humanos. Isso significa que todas as pessoas, independente do seu sexo, origem nacional, étnico-racial, de suas condições econômicas, sociais ou culturais, de suas escolhas de credo; orientação sexual, identidade de gênero, faixa etária, pessoas com deficiência, altas habilidades/superdotação, transtornos globais e do desenvolvimento, têm a possibilidade de usufruir de uma educação não discriminatória e democrática.” (Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, Ministério da Educação).
-Formado em Ciências Sociais e Teologia;
-Pós graduação em Metodologia do Ensino de História;
-Escritor, Palestrante e Professor de História na Rede Pública Estadual
Twitter: @filosonando
-Pós graduação em Metodologia do Ensino de História;
-Escritor, Palestrante e Professor de História na Rede Pública Estadual
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Nota do Editor:
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Esse assunto é bastante relevante e merece um olhar mais atento das instituições e autoridades, pois a violência vem crescendo a cada dia nas escolas e isso reflete na sociedade como um todo.
ResponderExcluirEsse assunto é bastante relevante e merece um olhar mais atento das instituições e autoridades, pois a violência vem crescendo dentro das escolas ano, pós ano e isso reflete na sociedade como um todo.
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