Autora:Bruna Araújo(*)
O tema “Saúde Mental” tem ganhado mais visibilidade nos últimos
tempos e nós só temos a agradecer por isso. Mas eu me pergunto, será que mesmo
assim, as pessoas estão dando a devida importância à sua saúde mental?
Nós estamos tão acostumados a negar e reprimir as mensagens que
nossos sentimentos querem nos passar, que cuidar da saúde mental parece coisa
de outro mundo. Quantas coisas você sente e realmente vai atrás de entender? E
se vai atrás, como que você faz isso?
Vivemos num tempo em que mais importa ter do que ser. Mais
importa o seu status do que a sua essência. Ou seja, nos importamos mais em
manter a nossa máscara de “ser alguém” para o mundo, do que em compreender,
cada vez mais, quem somos.
O fato de não querer desagradar os outros já está tão enraizado
em nós, que é com facilidade que nos esquecemos e nos deixamos de lado. A
consequência disso é fazer escolhas que, muitas vezes, não condizem com a nossa
real vontade, e sim, com o que o outro vai gostar ou não.
E até onde isso é saudável? Na verdade, isso é saudável? Eu não
acho. É óbvio que em alguns momentos, nossas escolhas serão baseadas no que o
outro sente, mas não deveria ser assim sempre. O que nós sentimos deveria ser
prioridade. Pois é com nossos sentimentos e emoções que colorimos nossa própria
realidade existencial.
E como saúde mental tem a ver com isso? Oras, para mim tem tudo a
ver! Quando escolhemos algo (fazer, ser, falar, mostrar, etc.) pensando apenas
no outro, estamos ignorando tudo o que somos. E de início isso parece não fazer
muita diferença, mas a longo prazo, os resultados não são dos melhores.
Nos tornamos aquela pessoa que não sustenta a identidade própria,
não toma decisões autênticas com o seu ser e acaba sendo alguém para os outros,
e não para si. Ao meu ver como psicóloga , sempre ser alguém para o outro
e nunca para si, é uma das formas que temos de esquecer, quase que por
completo, nossa saúde mental. E eu acredito que isso pode sim levar a certos
transtornos psicológicos, e consequentemente, ao sofrimento.
Nós não temos o costume de olhar para nossa saúde mental, como
nossa saúde física, por assim dizer. Nos esquecemos que somos essa integridade
física, emocional, psicológica e espiritual. Estamos sempre muito focados no
físico, no palpável, no estético. Deixamos de lado, esquecemos todos nossos
outros componentes, que fazem parte essencial e indispensável de quem
somos.
Vejo que o tema de psicopatologias ainda é um tabu. As pessoas
ainda se sentem mal vistas e mal faladas quando se deparam com este aspecto.
Mas olha só que engraçado, ninguém tem vergonha de dizer que está com dor de
estômago ou dor de cabeça.
Devemos parar de negligenciar nossa saúde mental. Devemos parar
de ter vergonha de falar sobre isso. Devemos parar de ter vergonha de ir ao
psiquiatra ou ao psicólogo, ou qualquer profissional da área da saúde que cuide
da saúde mental.
Em certos momentos nós podemos precisar sim de ajuda para lidar
com questões nos âmbitos emocional e psicológico. É normal, faz parte. Assim
como sentimos uma dor de estômago, sentimos dores emocionais e psicológicas. E
por que essas dores não merecem atenção?
Com a Psicologia eu aprendi que, reprimir sentimentos e emoções,
é na verdade jogar todas essas coisas dentro de uma panela de pressão,
fechá-la, deixá-la no fogo alto e acreditar, ilusoriamente, que ela não vai
explodir em algum momento. Não existe “jogar fora” os sentimentos. Simplesmente
não é assim que acontece e por incrível que pareça, os sentimentos só “acabam”
ou se transformam, quando os sentimos.
Então, sinto que minha pergunta agora é outra, por que nos
impedimos tanto de sentir? Por que abafamos com todas nossas forças, nossos
sentimentos?
Acredito que o primeiro passo para mudança é acreditar que isso
não faz bem e aceitar o que sentimos, seja lá o que for. Depois disso, é
importante reconhecer que, em muitos casos, nós precisamos sim de ajuda externa
para compreender o que isso significa.
Lembre-se, sentir não é sinônimo de fraqueza. Pedir ajuda não é
sinônimo de fraqueza. Ir ao psicólogo/psiquiatra não é sinônimo de fraqueza.
Nossa saúde mental não tem que ser uma pedra inabalável. É justamente nossa
imprevisibilidade e mutação constante, que torna a vida surpreendente e linda
de se viver.
E você, o quanto tem deixado sua saúde mental de lado?
*BRUNA SILVA DE ARAÚJO - CRP - 06/1869
-Psicóloga graduada pela Universidade Anhembi Morumbi (2017);
-Atualmente estuda
a abordagem Fenomenológica Existencial;
-Realiza atendimentos clínicos na Estrada do Capuava, 4421, sala 210 – Vintage Offices / Cotia
Tel/WhatsApp:(11)966104949
Nota do Editor:
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