domingo, 3 de novembro de 2019

Por que não damos a devida importância à nossa saúde mental?





Autora:Bruna Araújo(*)

O tema “Saúde Mental” tem ganhado mais visibilidade nos últimos tempos e nós só temos a agradecer por isso. Mas eu me pergunto, será que mesmo assim, as pessoas estão dando a devida importância à sua saúde mental? 
Nós estamos tão acostumados a negar e reprimir as mensagens que nossos sentimentos querem nos passar, que cuidar da saúde mental parece coisa de outro mundo. Quantas coisas você sente e realmente vai atrás de entender? E se vai atrás, como que você faz isso? 
Vivemos num tempo em que mais importa ter do que ser. Mais importa o seu status do que a sua essência. Ou seja, nos importamos mais em manter a nossa máscara de “ser alguém” para o mundo, do que em compreender, cada vez mais, quem somos. 
O fato de não querer desagradar os outros já está tão enraizado em nós, que é com facilidade que nos esquecemos e nos deixamos de lado. A consequência disso é fazer escolhas que, muitas vezes, não condizem com a nossa real vontade, e sim, com o que o outro vai gostar ou não. 
E até onde isso é saudável? Na verdade, isso é saudável? Eu não acho. É óbvio que em alguns momentos, nossas escolhas serão baseadas no que o outro sente, mas não deveria ser assim sempre. O que nós sentimos deveria ser prioridade. Pois é com nossos sentimentos e emoções que colorimos nossa própria realidade existencial. 
E como saúde mental tem a ver com isso? Oras, para mim tem tudo a ver! Quando escolhemos algo (fazer, ser, falar, mostrar, etc.) pensando apenas no outro, estamos ignorando tudo o que somos. E de início isso parece não fazer muita diferença, mas a longo prazo, os resultados não são dos melhores. 
Nos tornamos aquela pessoa que não sustenta a identidade própria, não toma decisões autênticas com o seu ser e acaba sendo alguém para os outros, e não para si. Ao meu ver como psicóloga , sempre ser alguém para o outro e nunca para si, é uma das formas que temos de esquecer, quase que por completo, nossa saúde mental. E eu acredito que isso pode sim levar a certos transtornos psicológicos, e consequentemente, ao sofrimento. 
Nós não temos o costume de olhar para nossa saúde mental, como nossa saúde física, por assim dizer. Nos esquecemos que somos essa integridade física, emocional, psicológica e espiritual. Estamos sempre muito focados no físico, no palpável, no estético. Deixamos de lado, esquecemos todos nossos outros componentes, que fazem parte essencial e indispensável de quem somos. 
Vejo que o tema de psicopatologias ainda é um tabu. As pessoas ainda se sentem mal vistas e mal faladas quando se deparam com este aspecto. Mas olha só que engraçado, ninguém tem vergonha de dizer que está com dor de estômago ou dor de cabeça.
Devemos parar de negligenciar nossa saúde mental. Devemos parar de ter vergonha de falar sobre isso. Devemos parar de ter vergonha de ir ao psiquiatra ou ao psicólogo, ou qualquer profissional da área da saúde que cuide da saúde mental. 
Em certos momentos nós podemos precisar sim de ajuda para lidar com questões nos âmbitos emocional e psicológico. É normal, faz parte. Assim como sentimos uma dor de estômago, sentimos dores emocionais e psicológicas. E por que essas dores não merecem atenção? 
Com a Psicologia eu aprendi que, reprimir sentimentos e emoções, é na verdade jogar todas essas coisas dentro de uma panela de pressão, fechá-la, deixá-la no fogo alto e acreditar, ilusoriamente, que ela não vai explodir em algum momento. Não existe “jogar fora” os sentimentos. Simplesmente não é assim que acontece e por incrível que pareça, os sentimentos só “acabam” ou se transformam, quando os sentimos. 
Então, sinto que minha pergunta agora é outra, por que nos impedimos tanto de sentir? Por que abafamos com todas nossas forças, nossos sentimentos? 
Acredito que o primeiro passo para mudança é acreditar que isso não faz bem e aceitar o que sentimos, seja lá o que for. Depois disso, é importante reconhecer que, em muitos casos, nós precisamos sim de ajuda externa para compreender o que isso significa. 
Lembre-se, sentir não é sinônimo de fraqueza. Pedir ajuda não é sinônimo de fraqueza. Ir ao psicólogo/psiquiatra não é sinônimo de fraqueza. Nossa saúde mental não tem que ser uma pedra inabalável. É justamente nossa imprevisibilidade e mutação constante, que torna a vida surpreendente e linda de se viver.  
E você, o quanto tem deixado sua saúde mental de lado?

*BRUNA SILVA DE ARAÚJO - CRP - 06/1869


-Psicóloga graduada pela Universidade Anhembi Morumbi (2017);
-Atualmente estuda
a abordagem Fenomenológica Existencial;  
-Realiza atendimentos clínicos na Estrada do Capuava, 4421, sala 210 – Vintage Offices / Cotia 
Tel/WhatsApp:(11)966104949

Nota do Editor:

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