quarta-feira, 6 de maio de 2015

Seleção de Artigos Políticos

Hoje 4ª feira, continuando a alternatividade  é dia de Seleção de  Artigos Políticos!!


Para sua apreciação estes são os artigos selecionados:


Os desajustados

Janio de Freitas
janio de freitas

Artigo postado na Folha de São Paulo
05/05/2015 02h00


A Caixa inova: para a concessão de empréstimo destinado à compra de imóvel usado, o pretendente a conseguir a casa própria tem que entrar com 50% do preço pedido, e não mais 20%. É o primeiro ato notável de Miriam Belchior, petista de raiz, que saiu dos salões do Planalto para a presidência da Caixa. Justificativa da sua inovação: a medida objetiva estimular a compra de imóveis novos, logo, a construção.

Pode-se dizer que é um pretexto. Também se pode dizer que é inverdade. Ou dizer simplesmente: é mentira.

A medida faz parte do arrocho que os desarrochados do governo, com Dilma, chamam de ajuste fiscal. Mais um ato para desajustar a vida dos que começavam a tê-la um pouco menos injusta.

A publicidade vulgarizou o conhecimento de que a venda de imóveis novos é incentivada por melhores condições de pagamento, nem preço influi muito. Reduzir o número dos que comprariam imóvel usado, impondo-lhes uma exigência difícil, para o que interessa aqui é medida antissocial. Parte da política de jogar nos carentes o custo do "ajuste".

Nesse sentido, até que não é mau o título da nova campanha publicitária do governo Dilma: "Ajustar para avançar". A regra publicitária das frases curtas vetou o complemento um pouco extenso: "avançar em cima dos direitos antigos e conquistas recentes do povaréu".

O desemprego está na porta, os preços e outras manifestações da inflação crescente são óbvios para todos, direitos trabalhistas são atacados pelo governo –ainda vale a pena mentir? Isso só tem aumentado a desmoralização do governo e nada fez contra a descrença em Dilma.

Efeitos que Lula teve a oportunidade de perceber no evento de 1º de Maio da CUT. Com o baixo resultado da defesa que fez de Dilma e da conclamação para "dar a mão a ela que está em dificuldade", Lula sentiu que precisava mudar de rumo e de tom, para empolgar. Adotou a velha linha de "ir para a briga" se desafiado, de concorrer em 2018 se provocado, e por aí. Afinal, empolgou.

Dura é a vida dos petistas, dos quais cobram, Lula inclusive, o apoio ao que os usurpa e oprime, porque desta vez vem em nome do PT. Embora por comando do neoliberal Joaquim Levy –o que deveria ser mentira, mas é a verdade do governo.

LEVINHAS

Fernando Henrique no "Globo": "É preciso que a Justiça não se detenha antes que tudo seja posto às claras".

Mas só dos anos 2000 ou pode entrar naqueles silenciados 90?

Na Folha, do repórter Flávio Ferreira: "Delatores da Lava Jato não contam todo o prometido".

E o Ministério Público não quer saber, ou teria exigido e investigado, em vez de preferir o arquivamento conveniente a Aécio Neves.

De Joaquim Levy: "Enem, Pisa e outros índices de saúde pública são bons para saber se o gasto público está produzindo as mudanças que desejamos".

O principal plano de Levy é ficar muitos anos. Mas não é preciso tempo algum para saber a consequência do corte de bilhões da Educação e da Saúde.

CAUSAS

Bem a propósito, o projeto da terceirização foi apresentado em causa própria. Então deputado, no início do governo Lula, Sandro Mabel propôs essa derrubada das garantias dos assalariados quando havia problemas na fábrica dos biscoitos Mabel, da qual se tornou dono por herança. Não faz muito, vendeu-a.

Passados mais de dez anos, o projeto foi desengavetado por Eduardo Cunha, que não fabrica biscoitos, mas tem uma voracidade insaciável.



OKAMOTO TENTA LIVRAR A CARA DO LULA COMO INTERMEDIÁRIO DO BNDES

JORGE OLIVEIRA


Postado em 05.05.2015 em http://www.diariodopoder.com.br/artigo.php?i=25437722782


Roma, Itália - O Lula pediu ao Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, que escrevesse uma carta para a Época (lembra do filme Central do Brasil, na cena em que atriz Fernanda Montenegro usa um banquinho na estação para redigir cartas para os familiares dos retirantes analfabetos? Qualquer semelhança não é mera coincidência). O propósito era reprovar a revista pela matéria que o acusava o seu chefe de intermediar empréstimos para a empreiteira Odebrecht no exterior com dinheiro do BNDES. A Hebe Camargo diria que “é uma gracinha” o conteúdo da carta do Okamoto. Na missiva evasiva, o guardião do esquema – que já foi acusado de pagar contas de Lula na presidência – não fala uma vez sequer o nome da empreiteira e nem se reporta ao grupo anticorrupção do Ministério Público de Brasília que investiga a participação do ex-presidente no desvio de US$ 4,5 bilhões em dinheiro emprestado aos ditadores africanos e latinos.

Como sempre, a carta de Paulo Okamoto não esclarece absolutamente nada sobre a matéria da Época. Apenas diz que o repórter foi apressado na conclusão da reportagem. Aliás, virou mania desse pessoal do PT tentar se comunicar com a população por cartas. Todos alunos do mestre Palocci. Nunca antes na história desse país, um grupo de politico escreveu tanto. No texto, Okamoto tenta explicar o inexplicável para livrar a cara do seu patrão. Quanto ao dinheiro recebido no exterior, veja que delícia de explicação: “O ex-presidente já fez palestras para empresas nacionais e estrangeiras dos mais diversos setores – tecnologia, financeiro, autopeças, consumo, comunicações – e de diversos países como Estados Unidos, México, Suécia, Coreia do Sul, Argentina, Espanha e Itália, entre outros. Como é de praxe as entidades promotoras se responsabilizam pelos custos de deslocamento e hospedagem. O ex-presidente faz apenas palestras, e não presta serviço de consultoria ou de qualquer outro tipo”.


Ora, se as entidades promotoras pagavam os custos de deslocamento e hospedagem de Lula para esses países, que diabo ele fazia quando era fotografado dentro dos aviões da Odebrecht cortando os oceanos pelo mundo afora?.

Veja outra pérola da carta de Okamoto, ditada por Lula: “O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe com frequência dezenas de convites para explicar o êxito econômico e social do seu governo e opinar sobre temas regionais e globais”. 
 

Que “êxito econômico e social do seu governo”, senhor Okamoto, quando é notório que o Brasil passa por uma das mais sérias crises econômicas e social, fruto de um administração petista fisiológica, populista, demagoga, atrapalhada e estabanada que mantém o país dentro do maior escândalo de corrupção da sua história com empresas como a Petrobrás derretida por diretores e políticos ladrões?

Okamoto prefere não falar sobre as denúncias das delações premiadas de alguns deles que afirmaram categoricamente que Lula foi beneficiado pelos empréstimos que intermediou do BNDES para os países africanos e latinos com cláusulas de sigilo e prazo de carência de 25 anos. Agora, a Polícia Federal apura que existia uma lavanderia no pagamento das campanhas do Lula e da Dilma. O dinheiro do BNDES era remetido para os países lá fora e voltava “legalmente” para pagar as campanhas petistas no Brasil.

Okamoto é um verdadeiro patriota. Considera que as viagens do chefe consolidam a imagem do Brasil. Veja que texto fantasioso: “Em todas as agendas do ex-presidente predomina o empenho em consolidar a imagem e os interesses da nação brasileira”. Ora, se fosse assim a Dilma também estaria fazendo essas viagens e liberando dinheiro para esses países. Contrariando os interesses do seu chefe, ela até reduziu drasticamente os empréstimos para os ditadores africanos, depois das denúncias da imprensa de que a dinheirama que era enviada lá pra fora, voltava para remunerar a equipe das campanhas dela e do Lula. Assim, o PT podia se dar ao luxo de pagar somas milionárias aos seus marqueteiros agora sob investigação da Polícia Federal. 


Culpa? Que culpa?

Eliane Cantanhêde


Postado em http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,culpa-que-culpa-imp-,1682005

06 Maio 2015 | 02h 05


Mea-culpa é algo que anda em falta aqui no Brasil de tantas roubalheiras, tantos desvios políticos e tantas barbaridades administrativas. Os erros são abundantes, os pedidos de desculpa são escassos. A culpa nunca é do autor, é sempre dos outros. Ah! E da mídia.

Líderes que são líderes devem se reconhecer humanos e passíveis de errar, tendo a grandeza de admitir o que deu errado e de assumir com clareza e transparência as correções de rumo. Não no nosso Brasil tão varonil. Do PT ao PSDB, mea-culpa não faz parte do dicionário e da agenda dos políticos.

A era PT produziu grandes acertos, principalmente na inclusão social, mas também deixou um rastro de corrupção no mensalão e na Petrobrás que jamais será esquecido. Nunca se ouviu um pio de Lula, nem para reconhecer o mínimo dos mínimos: que o mensalão era para favorecer seu governo no Congresso e que suas escolhas diretas para a presidência e diretorias da maior estatal brasileira só poderiam dar no que deram. Sem falar na escolha da presidente Dilma Rousseff...

Dilma fez o que fez na economia, no setor elétrico, na política externa, mas nunca deu uma palavra ou fez um gesto de humildade, reconhecendo os erros e justificando as guinadas. Fez aquele pronunciamento sem sentido no Dia da Mulher, refugiou-se nas redes sociais no Dia do Trabalho e sumiu da propaganda de ontem do PT sem jamais dizer: "Desculpem, errei. Estou tentando consertar".

E o próprio partido, o que tem a dizer? Afora a senadora Marta Suplicy, já de saída mesmo, são poucas as vozes que vêm a público para admitir que há um lado de tragédia em tudo isso e que muitas dessas coisas jamais poderiam ter acontecido. Não fosse para se justificar para a maioria que votou em Lula e em Dilma em quatro eleições consecutivas, ao menos que fosse para dar uma satisfação a 1,5 milhão de militantes.

Na propaganda de TV e rádio, ontem à noite, o PT escondeu Dilma e exibiu Lula, que também não passa incólume pelo desgaste. Mas o mais interessante foi a promessa do presidente do partido, Rui Falcão, de que vai expulsar os que forem julgados e condenados na Lava Jato. Impossível não lembrar: José Dirceu e José Genoino, que o antecederam, foram julgados, condenados e presos pelo mensalão, mas jamais foram expulsos. Pior ainda com Delúbio Soares, o ex-tesoureiro, que saiu e voltou nos braços do povo petista. Como manter Delúbio e expulsar João Vaccari Neto? O que o petrolão tem que o mensalão não tinha?

Assim, até as tímidas tentativas de mea-culpa viram contorcionismo verbal para reduzir o impacto da verdade, fazer o PT de vítima e a mídia de malvada. Outro exemplo: em entrevista ao Estado, no domingo, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, uma das lideranças intactas em 35 anos do PT, falou sete vezes que os problemas do partido se resumem aos financiamentos privados de campanha. A Petrobrás é privada? E o Banco do Brasil? Os R$ 6,2 bilhões da corrupção foram só para campanhas?

Moral da história: assim como insiste em dizer que o mensalão foi "só caixa dois", o PT agora tenta reduzir o petrolão a desvios de empresas privadas para campanhas governistas. A questão é saber se cola.

Do outro lado, a oposição também não é nem um pouco chegada a fazer mea-culpa. O caso mais recente é o do governo do PSDB espancando professores e desfigurando o futuro político do governador Beto Richa no Paraná, sem ele abrir a boca para assumir: "Minha culpa, minha máxima culpa". Não há ninguém na cúpula tucana para criticar isso?

Além do Paraná, há muitas questões mal explicadas do PSDB, inclusive no principal reduto tucano. Em que pé ficou mesmo aquela história mal contada do Metrô de São Paulo? Os tucanos-mor lavaram as mãos, ninguém assumiu, ninguém pediu desculpas. Estão, como Dilma, Lula e PT, esperando o tempo passar, para ver se todo mundo esquece. O pior é que, no Brasil, esquece-se mesmo.

2 comentários:

  1. Quanto ao acontecido no Paraná, a jornalista dá uma de alienada política, pois o país inteiro sabe que o PT e seus pares, lutam para acabar com a democracia nesse país. Quem estava por trás dessa greve: Gleisi Hofmann, Roberto Requião, MST, CUT, Blackblocks. Chega a ser indecente sua postura anti-democrática. Quanto ao PSDB, farinha do mesmo saco do PT.

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