Não é fácil escrever sobre a
importância do irmão na estrutura familiar, para a constituição da sociedade e
para a estrutura de personalidade de um indivíduo. Essa dificuldade ocorre, pois
não há disponibilidade de material sobre o assunto.
Vários são os questionamentos que
faço diante das relações fraternais: O
que me torna igual a eles? O que me diferencia deles? Observo comportamentos e
vejo as contradições e semelhanças existentes
em sujeitos que tiveram a mesma origem, os mesmos princípios éticos e
morais.
Considero importante expandir o
conceito de relação fraternal, não apenas para indivíduos com vínculos consanguíneos, mas também das
relações fraternais que foram eleitas, aquelas as quais escolhemos um irmão
para estar conosco na jornada da vida.
Na Grécia antiga a palavra PHATER
era utilizada para designar "aqueles amigos que ofereciam sacrifícios aos deuses, e juntos se banqueteavam.” Com isso é
assertivo dizer que fratria “refere-se desde o seu princípio, aqueles tidos
como iguais, que nutrem laços identificatórios entre si." (Guimarães, 2014).
É dentro da fratria (digo, da
relação fraterna) que são expressos sentimentos de inveja, ciúmes, ódio e de agressividade. Mas, também entramos em contato com o amor, com o
companheirismo, com o sentimento de alteridade.
Essa relação nos possibilita o contato com sentimentos ambíguos, sendo
essa uma característica muito importante, pois é a partir dessa incongruência
que nos tornamos sujeitos singulares. Os irmãos são importantes para a
constituição de nossa psique.
Para Kehl (2000) é necessário o
outro semelhante (digo, o irmão) para que o processo de torna-se sujeito, com
personalidade única e própria, seja
efetivado.
Os estudos feitos com os "Orfãos
de Terezin[1]" mostrou que a relação horizontal fraterna substituiu a relação parental. Neste
contexto específico não foi observado a presença de rivalidade e agressividade
entre as crianças, mas evidencia a desconfiança dos mesmos com os adultos.
Uma das estruturas principais das
funções familiares é a função fraterna, pois quando a estrutura familiar falha no suporte para desenvolvimento do sujeito, a
fratria dá assistência diante das dificuldades enfrentadas pelo individuo.
"Embora nossa cultura pareça
consentir a liberdade de deixar os irmãos para trás, afastarmo-nos dessa
relação, nossa tendência é regressar a ela nos momentos de celebração –
casamentos e nascimentos – e nos de crise – divórcios e mortes."
Desejo que mais relações
fraternas sejam estabelecidas. Acredito que com isso teremos um mundo mais
acolhedor.
REFERÊNCIA
Bibliografia
DOWNING, C. Espelhos do Self. As imagens arquetípicas que moldam a sua vida. Irmãs e Irmãos. Trad. Maria Silvia Mourão Netto. São Paulo: Cultrix, 1991;
BARCELLOS,G. O irmão – Psicologia do Arquétipo Fraterno. 2. ed. Editora Vozes, 2010;
GUIMARÃES, Jonathan Araújo. O Reflexo do complexo: Fraternidade, Personalidade e Psicanálise. Campina Grande – PB, 2014.
POR KEITY TEIXEIRA FONSECA VALIM
-Psicóloga Clínica;
-Especialista em Neuropsicologia pelo CEPSIC-ICHC/FMUSP;
Especialista clínica na abordagem analítica – Unicamp;
Experiência como coordenadora pedagógica, formação de professores e assessoria educacional;
contato: keityteixeirafonseca@yahoo.com.br
Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.
Parabéns,excelente matéria.
ResponderExcluirLindo seu artigo, é concordo plenamente que teremos um mundo melhor quando as pessoas passarem a olhar o próximo com um olhar fraternal, ou seja, teremos mais amor e respeito em nosso meio.
ResponderExcluirFeliz e aquele aue alem da familia dos irmãos tem amigos pra chamar irmão.parabens
ResponderExcluirQue belíssimo artigo, gratidão! Abraços
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