Autor: Aluisio Nogueira(*)
Não há como negar que o Brasil vive um momento de mudanças, talvez as mais relevantes de toda a sua história.
Vivemos uma transição longa, mas necessária! As razões que nos trouxeram até aqui são muitas, mas certamente a mais importante delas é o desgaste do povo brasileiro com os políticos, e com eles, a corrupção desenfreada e a quase destruição do país por esses mesmos políticos irresponsáveis, os que trouxeram o país há sua maior e mais longa crise econômica, política e moral.
Os desastres que vivenciamos com os governos civis após a redemocratização em 1985, trouxeram um período de ajustes intermináveis. Lutamos pelas diretas e elegemos em 1990 a Fernando Collor como nosso primeiro presidente, aquele do confisco, lembra-se dele? Após um longo período em que o país foi governado por militares, até que o colégio eleitoral decidiu em 1985 numa disputa entre dois candidatos civis, quando Tancredo Neves foi aclamado vencedor contra Paulo Maluf, inaugurando um novo período na história política do Brasil.
Desde então o país viveu ajuste após ajuste, crise após crise e desastres políticos de proporções inimagináveis. Desde a morte de Tancredo que sequer assumiu; o congelamento de preços promovido por Dilson Funaro, Ministro da economia de José Sarney e, os sucessivos planos econômicos que tentavam vencer o dragão da hiperinflação que atravessou governos até encontrar em Itamar Franco, o vice de Collor que assumiu após o impeachment do primeiro mandatário eleito democraticamente.
Com o Plano Real de Itamar, o Brasil em 1994 encontrou seu primeiro sucesso contra a hiperinflação e respirou aliviado pela primeira vez, após quase uma década de governos civis e de crises sucessivas.
Superada a crise econômica, o país vivia uma espécie de festa democrática, sem grandes problemas na política a população se acomodou. Com a estabilização da moeda o país foi fortalecido politicamente até o final do século XX.
A democracia permitiu que um presidente populista alçasse ao poder em 2003, logo ao nascer de um novo século o país elegia Lula. Ainda que durante as eleições ocorressem fortes oscilações no mercado financeiro, o governo do líder sindicalista conseguiu consolidar a estabilidade, mantendo as bases da economia na matriz estabelecida por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
Durante cinco anos consecutivos o Brasil vivenciou um período de prosperidade que há muito não vivia, porém, os fatores que levaram a prosperidade e calmaria econômica, foram decorrentes de eventos externos, principalmente a estabilidade da economia mundial e a elevação estratosférica de preços das commodities das quais o Brasil é o maior produtor mundial, seja em minérios ou na produção agropecuária.
Mas, foi com na descoberta do Pré-sal que Lula viveu a sua versão do “Milagre Econômico". Lula aprendeu a usar o Marketing político após perder várias eleições e ele próprio se tornar um produto de Marketing. Tornou-se, ao lado de Getúlio Vargas, no presidente mais populista do Brasil e, conseguiu transformar o Pré-sal numa promessa de que o futuro havia finalmente chegado ao país.
Lula enfrentou sua primeira crise mundial em 2008 estimulando o crédito fácil e o consumo, através dos bancos públicos passou a intervir no mercado e inaugurou a nova matriz econômica que seria levada a cabo e aprofundada por sua sucessora.
A epopéia do Brasil de Lula, entretanto, estava fundada sobre o chão de areia, e areia movediça!
Sem efetuar uma só reforma estruturante, séria e sólida, Lula perdeu a maior e melhor chance que o Brasil já teve de se tornar uma nação de primeiro mundo, que faria do Brasil um país rico, justo, com empregos e salários mais dignos e confortáveis para a família brasileira.
Ao invés de usar sua popularidade para consolidar as grandes reformas, modernizar o sistema tributário e investir na educação básica, Lula escolheu o pior caminho possível, levando para o Estado o maior esquema de aparelhamento político, institucionalizando a corrupção como meio de aumentar e se perpetuar no Poder. Fez isso elegendo um poste, corrompendo as instituições, loteando as estatais e autarquias, adotando ideologias nefastas em universidades federais, distribuindo dinheiro para movimentos sociais, sindicatos e ditaduras socialistas e fortalecendo todos os crimes e criminosos que prometeu combater.
Todos esses eventos nos trouxeram a situação atual.
Após 16 anos no poder o PT corrompeu instituições, destruiu valores e transformou o trabalhador brasileiro num pedinte, com 14 milhões de desempregados, mais de 8 milhões de desalentados e salários ridículos e miseráveis. Os índices de educação do país são os piores possíveis e deixam o Brasil atrás de nações africanas com números vergonhosos.
As mentiras e narrativas falsas dos anos anteriores nos mostram o quanto o populismo é capaz de produzir em termos de destruição de uma Nação: A Previdência Social quebrada, empresas estatais desvalorizadas, energia elétrica caríssima, fundos de pensão solapados e fuga do capital produtivo que poderia salvar o país desses desastres.
Mesmo após o impeachment de Dilma Rousseff, a prisão de Lula, de Temer e uma legião de políticos corruptos na cadeia ou investigados, a tentativa de assassinato do candidato da direta que viria a ganhar as eleições em 2018, a grande renovação do Senado federal e de grande parte da Câmara dos deputados e, o quadro degradante de destruição do país vizinho que adotou todas as políticas defendidas com unhas e dentes por Lula e o PT, nada disso fez desaparecer aqueles que seguem essas ideias e ideais atrasados que insistem em inviabilizar o país mais viável do mundo, o Brasil.
Diante desse quadro, muitos brasileiros estão abandonando o país. Muitos desistiram e foram embora. Portugal e Estados Unidos estão lotados de brasileiros que fugiram desse quadro de horror que o PT transformou nosso maravilhoso Brasil.
Eu não critico quem desistiu, mas continuo e continuarei lutando por meu país! Pois se a solução, para mim, não é me mudar do Brasil, mas sim, mudar o Brasil!
O diagnóstico exato é o de que somente a sociedade poderá mudar a situação atual.
Se desistirmos, o pessoal que nos trouxe até essa situação ficará muito feliz. Não darei esse gostinho a eles!
O brasileiro precisa rever os seus conceitos, pois não podemos mais resolver nossos problemas jogando para frente, fazendo dívidas. Também não podemos viver de ilusão, depender da sorte, ou políticas populistas de crédito e intervenção nos preços, no mercado ou medidas que produzem inflação.
Precisamos fazer a lição de casa, as reformas estruturantes e ajustes fiscais capazes de trazer solidez econômica ao país para investir em educação, tecnologia, infra-estrutura e produtividade.
Apesar de um quadro bastante difícil, nós estamos diante de uma grande oportunidade de mudança de paradigma!
Nós não queremos mais ser alienados da política!
A crise atual é nossa maior e talvez a última oportunidade que temos de afirmar o que queremos, de fato, para o nosso país!
Para isso, é preciso enterrar definitivamente a polarização, esquerda e direita!
Esses são os paradigmas que precisam ser aniquilados, pois o foco na discussão ideológica é contraproducente.
Esquerda e Direita são conceitos absolutamente ultrapassados!
Essa discussão ideológica tem produzido resultados negativos, porque se baseia no confronto, no acirramento dos conflitos que pioram e dividem cada vez mais. Vou dar um exemplo forte para explicitar essa afirmativa, citando o feminicídio, pois todos os números mostram um aumento significativo nos casos de mortes de mulheres com agravantes de feminicídio, entretanto, nunca se falou tanto no assunto e jamais se combateu tanto esse tipo de violência como agora, então, por que o número de mulheres mortas só faz crescer?
A resposta está no modelo de ação dos grupos baseado no confronto. O estímulo ao confronto e ao acirramento dos conflitos resulta em mais violência e mortes, quando o problema central não é tratado, ou seja, enquanto esses movimentos promovem o acirramento dos conflitos e aumento dos casos cujo resultado é morte, ao invés de políticas claras de ataque às causas, esses grupos levantam bandeiras e fazem uso político dessas mortes para colher resultados políticos e adquirir poder, ou seja, não há interesse desses grupos na solução do problema e, ainda levam vantagem quando o problema é agravado, motivo pela qual continuam estimulando o acirramento dos conflitos e seu próprio crescimento.
O acirramento do debate ideológico, nesse caso e em todos os outros produz resultados nefastos!
A evolução do debate precisa ocorrer, mas deixando de lado as utopias!
A Utopia é sempre nefasta porque é excludente! Ou seja, quem não concorda deve ser eliminado.
A Utopia socialista provocou a morte de 120 milhões de pessoas no século XX.
A solução certamente não está em buscarmos uma nova Utopia! O mundo perfeito não existe! Mas, o sistema que melhor se adaptou as pessoas é o que admite as nossas imperfeições, é o que permite o livre pensar, a livre arbítrio, o direito e respeito ao contraditório, A LIBERDADE e a DEMOCRACIA!
Por essa razão, entendo que para evoluirmos nesse processo é preciso abandonar o debate ideológico e mudar os PARADIGMAS!
E qual o caminho para novos paradigmas?
Eu comecei esse texto explicitando os fatos históricos que nos trouxeram até aqui, e escolhi fazer isso porque os fatos históricos devem ser registrados como experiência de vida. Nossos erros e acertos é o que nos faz ser quem somos e não é diferente com a nação.
A questão a ser definida, portanto, é o que queremos para o Brasil daqui pra frente?
Quais são os pontos que nos unem como Nação independente de questões ideológicas?
Queremos um país sem privilégios, sem foro privilegiado, sem corrupção generalizada, sem injustiças, sem apadrinhamentos, com Educação de qualidade, com saúde, segurança e serviços públicos que elevem nossa sociedade. Queremos empregos e uma sociedade próspera, salários justos, decentes e oportunidades para todos...
Alguém aí discorda desses pontos?
O Novo paradigma, portanto, não é ideológico, Direita ou Esquerda, mas queremos saber quem é que trabalha e luta, de fato, por esse Brasil para todos, e quem quer manter o Status quo?
Eu posso definir a nossa fase atual de transição como uma luta entre a Nova Política e a Velha Política!
A Nova Política é exatamente aquela que corta os privilégios e enxerga a todos como iguais, enquanto que a Velha Política é aquela que pretende manter as coisas como estão, ou seja, manter os privilégios em pequenos grupos e acirrar os conflitos sociais que produzem resultados nefastos, mas servem como bandeira para esses grupos se manterem no Poder.
A nova fase de transição do nosso país requer identificar claramente quem é quem! Quem representa, de fato, a Nova Política e quem são aqueles que usam de uma narrativa falsa para se manter no poder, isso fica cada vez mais claro a cada dia. Agora, cabe a você observar e fazer a sua escolha.
*ALUISIO NOGUEIRA
É Escritor, Romancista, Terapeuta, Consultor de Empresas e de Economia
Nota do Editor:
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