segunda-feira, 15 de julho de 2019

"Sintomas" de Aquecimento do Mercado/Economia em Alta


Autora: Ana Stucchi


Para quem apostava em uma derrocada da nossa economia com o advento da administração Bolsonaro, sofre para mascarar de modo inverso os números ainda pequenos, mas de tendência robusta a crescimento econômico nos próximos meses/anos. Por quê escrevo isso, caro leitor? Vamos a alguns sinais:

1 - Taxa de juros
Qualquer economista sabe na teoria que, com juros menores, os empréstimos para financiar novos empreendimentos, sejam em quais quer área, são mais baratos e a médio e longo prazo, mais fáceis de pagar, gerando assim duas boas variáveis no ciclo econômico: a primeira é que, quando se investe em, por exemplo, maquinaria que vai fabricar produtos menores, a capacidade de produção aumenta. Segundo, porque quando o empréstimo é pagável, a inadimplência não acontece, e esse dinheiro volta para o emprestador que pode "reimprestar" e gerar mais;

2 - Demanda por moradia em alta
Bancos privados tem investido/emprestado para novos empreendimentos imobiliários, setor desaquecido desde a bolha de 2014. Nas grandes cidades, imóveis de um dormitório, ou têm preço de aluguel aquecido, ou empreendimentos na planta logo depois do lançamento já estão vendidos 100%. Isso demonstra que o brasileiro voltou a confiar, e investimentos como LCI - Letras de crédito Imobiliário ajudaram a não só bancos públicos a financiarem, mas também privados; Preço médio do aluguel sobe, e acima da inflação; 

3 - PIB e outros índices agora com projeções mais modestas, mas muito mais precisas
 Mesmo que o governo diminuiu a projeção pela metade, de 1,6% para 0,8%, o que a Equipe Econômica sinaliza para o Mercado é austeridade, no sentido de que, melhor superarmos o índice previsto (pra não usar a palavra meta hahahaha) do que criar uma expectativa e frustrá-la;

4 - Inflação sob controle - no último boletim FOCUS, do Banco Central, a previsão é que podemos fechar 2019 abaixo dos 4,5%, o previsto é 3,80%, enquanto que em 2020 a projeção é de 3,91%;

5 - Dólar 
A cotação cambial, devido a estabilidade da economia nesse cenário fica em média R$ 3,80. em 2019/2020;

6 -Balança Comercial (exportações menos importações) 
Previsão aumentada em superávit. Isso significa que estamos competindo até o momento bem com certos nichos de mercado estrangeiros, exportando mais que importando. Para o ano seguinte a previsão é de redução de superávit, porém, vamos aguardar o resultado dos novos acordos comerciais até o fim do ano, daí voltamos a conversar;

7 - Investimento estrangeiro
Previsão em 2019 para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, segundo o Boletim Focus está estável em 85 bilhões, com ligeira alta em 2020;

8 - Avanço nas Reformas 
 Reformas Tributária e de Previdência é outro índice, que, após as reformas, aí sim o Mercado vai se posicionar. Por enquanto há expectativa em torno do assunto. Vou falar "grosseiramente sobre o assunto: os salários nominais de 20, 30 anos atrás, um salário sustentava uma família, pobre, classe média ou rica. A expectativa de vida era de 65 anos. Aposentava-se aos 50, vivia-se de aposentadoria 10 anos e a pessoa morria (sinto informar mas as contas dos economistas são cruéis assim mesmo). Hoje, um salário nominal não sustenta uma família, as pessoas se aposentam com 50 anos e vivem até os 70, 80, aumentada a expectativa de vida. Ou seja: Quem trabalha hoje não se sustenta e nem vai ter condições de viver mais que 10 anos com a "poupança" que fez no INSS. A conta não fecha. Então, só depois da reforma, que hoje parece cruel, mas daqui a 20 anos vossos filhos irão agradecer. Nunca se tem o que queremos, mas o menos ruim para atender a tantas demandas diferentes. A Tributária é a próxima. Não sabemos quando. Mas sabemos que em um dado momento será inevitável e será feita para as futuras gerações.

#vamosemfrente

*ANA PAULA STUCCHI


-Economista de formação;
-MBA em Gestão de Finanças Públicas pela FDC - Fundação Dom Cabral;
-Atualmente na área pública
Twitter:@stucchiana





Nota do Editor:

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