Autora:Juliana Fuzinohara(*)
"Nossa! Como ele consegue fazer tantos
pratos girarem?"
"Ele deve der muita força"
"Muita coisa pra eu pensar, girar, perceber
a força que cada prato precisa"
E por aí vão os comentários de quem assistia o
malabarista de pratos. Uma pessoa que sozinha consegue administrar vários
pratos, que giram cada um com sua força e velocidade. Ele precisa analisar cada
prato, como único, analisando a necessidade de se dedicar a ele, sempre
analisando os outros para não deixar que nenhum caia, pois a queda significaria
o final de sua apresentação.
De repente parei para analisar nossa
vida… SIM!! Somos também malabaristas de pratos.
Fazemos análises e administramos pratos ao longo
dos nossos dias...
Digamos que cada prato seja uma área da nossa
vida, cuidamos desses pratos todos os dias, vamos ao trabalho, cuidamos de
nossa saúde, temos família, pensamos no futuro. Alguns giram mais outros menos,
mas lutamos para que os pratos não caiam e não parem de girar, por mais que
rodamos cada um em sua velocidade, o que vai variar é a prioridade de cada um.
Posso dizer que temos alguns desses
pratos: vida amorosa, saúde, vida profissional, acadêmica,
financeira, lazer, família, futuro, sexo, espiritual, entre outras. Ao longo da
nossa vida, pratos vão sendo modificados de nome e alguns sendo acrescentados,
conforme a fase de cada vida em que estamos. Cada um sabe nomear os
pratos que sua vida tem. Eles vão surgindo e vamos tentando acrescentá-los em
nossas apresentações diárias.
Quando crianças, de modo geral, também rodamos
pratos, porém algumas administrações são feitas por adultos. Por exemplo, o
prato da escola, a criança roda ele sozinha, ela vai até a escola, aprende, é
avaliado, porém ele é validado e instruído por um adulto de que é importante
girar esse prato.
Já na fase da adolescência, vamos aprendendo a
escolher os pratos de preferência, dando prioridades a alguns, como por
exemplo, o prato do relacionamento amoroso, este prato permeia muito outros,
cuidamos de nossa aparência, para sermos aprovados, temos curiosidade em
relação a desejo, pessoas que nos despertam isso. Mesmo escutando pessoas
diferentes sobre o que realmente é importante, o adolescente prefere decidir
por ele mesmo o modo de girar esse prato, o significado dele diante do outros e
quão ele é determinante em nossas escolhas.
Já na vida adulta somos os donos dos nossos
pratos e giramos eles conforme nossa construção de rotina e prioridades. O que
mais vejo no consultório são adultos que dão prioridade para o prato da vida
profissional. São muito jovens e muito bem instruídos e graduados. Carreiras
brilhantes e com um ganho financeiro estabilizado.
Onde surgem os problemas? Como saber se estamos
sendo bons malabaristas? Por que os pratos caem?
Muitas perguntas são feitas a si mesmo quando
percebemos que nossas vidas podem ser vistas em pratos. Já escutei de
pacientes: "Acho que girei o prato do trabalho demais, por isso minha
esposa foi embora, não cuidei do prato do casamento". Sim, é por aí que
começamos a entender a analogia do malabarista de pratos.
Acho importante aqui ressaltar, que o
malabarista precisa sempre estar rodando os palitos que ali mantém os pratos em
movimento. Ele tem apenas duas mãos, e elas só têm a capacidade de girar um
prato por vez. O que força o malabarista a escolher qual ele quer ou tem
necessidade de rodar para não acabar sua bela apresentação.
Na vida, somos nós que determinamos qual prato
deve ser girado, a grande questão é que gostamos tanto quando algo dá certo,
uma vaga de emprego, uma namorada nova, aumento de salário, títulos, que
acabamos por rodar apenas um prato. Vamos dando prioridades as coisas que nos
reforçam em sermos bons e aceitos. Não que nos esquecemos dos outros, mas
esquecemos de rodá-los naquele dia, esquecemos de olhar a velocidade em que ele
estava girando e de perceber se ele precisava de alguma atenção.
Somos seres únicos e limitados, duas mãos,
vários palitos, vários pratos e um único desejo de ser feliz. Vale a pena
refletir, se a felicidade não está em ver pratos girando, sem cair, sendo
trocados por melhores, dando prioridade aos que concordam que precisam de
você, podendo escolher qual quer rodar no momento e no final de tudo, saber que
você fez uma apresentação dentro da sua limitação e habilidades aprendidas
naquele dia.
Bom equilíbrio!!
*JULIANA ALENCAR FUZINOHARA
-Psicóloga formada pela Universidade Paulista (2013);
- Palestrante sobre Terapia Cognitiva Comportamental;
-Psicóloga ambulatorial no Hospital São Paulo (NEUROSONO/UNIFESP);
-Trabalha com TCC para tratamentos em distúrbios de sono e com Terapia Cognitivo Comportamental;
-Atende adultos e idosos em consultório em São Paulo; e
-Realiza atendimentos online
-Contato (11) 94769-989en8
Nota do Editor:
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