Autora: Adriana Soeiro(*)
Segundo a pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios brasileiros (TIC Domicílios) 2021, o percentual de residências aptas a acessar a rede mundial de computadores subiu de 71% para 82% no período de dois anos. E não paramos por aí! Em 6 de janeiro de 2023, havia 5.569.200.301 (mais de 5.6 bilhões) de usuários da Internet no mundo. Sobre o tempo de acesso, usuário global médio da Internet passa sete horas online todos os dias.
No Brasil, levando-se em conta as diferenças regionais, os usuários utilizam, majoritariamente, os aparelhos celulares para navegar na web: 94,8%. Não podemos nos esquecer que os dados variam de acordo com a classe social: 100% dos domicílios da classe A possuem acesso à internet, mas apenas 61% dos das classes D/E dispõem do serviço. Já as classes B e C, temos as seguintes proporções: residências da classe B chegam a 98% e os de classe C, a 89%.
Durante a pandemia e mesmo hoje, a conectividade tornou-se imprescindível também nas Unidades Escolares. De acordo com o Censo escolar de 2020, apenas 25% das escolas públicas não possuem acesso à web. Na rede particular de ensino, com o advento das aulas remotas, 98% das Instituições de ensino dos centros urbanos contrataram os serviços de banda larga.
De acordo com a pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas escolas brasileiras, 70% dos usuários se queixam da baixa velocidade, o que impacta diretamente no uso das ferramentas digitais e na prática pedagógica dos docentes.
Apesar das dificuldades, considerando-se as transformações da sociedade atual e a Cibercultura, na perspectiva de Pierre Lévy, significa considerar não só o universo oceânico de informação que ela abriga, mas também os seres humanos que navegam e alimentam esse universo, capazes de buscar o conhecimento de acordo com suas próprias necessidades de desenvolvimento.
No atual contexto escolar, estamos diante da "geração polegar", cujas ações do dia a dia acontecem digitalmente, por meio dos smartphones, e a experiência acadêmica tradicional faz pouco sentido. Daí a importância da reestruturação das aulas, quanto à metodologia, utilizando estratégias diversificadas e das convergências das propostas educacionais e das ferramentas tecnológicas, a fim de atingir os objetivos pedagógicos. A Internet provê vasta fonte de informação, em diversas mídias: vídeos, livros digitais, apresentações, games, entre outros, o conteúdo disponibilizado aos alunos em eventuais ambientes virtuais de aprendizagem não precisa ser esgotado, pelo contrário. De acordo com a abordagem Heutagógica, o aluno é autônomo para decidir como e com que recursos aprender, numa situação de formalidade ou informalidade.
Os princípios dessa aprendizagem autodeterminada - denominada de Heutagogia- enunciam a criação de uma experiência otimizada pela facilitação ao acesso à informação e ao conhecimento por meio de diversos dispositivos tecnológicos e da alta velocidade de comunicação, em que o estudante seja o protagonista de seu aprendizado, ou seja, a aplicação das Metodologias Ativas, apoiadas pelas tecnologias, embasada em problemas reais, centrada nas necessidades da sociedade do século XXI.
Este novo cenário reforça a urgência de reestruturação da Educação, uma vez que os estudantes possuem as culturas tecnológica e digital afloradas, por serem nativos digitais, é possível imaginar que estes esperam uma forma de ensino dinâmico, interativo, colaborativo, mas com autonomia para gerir tal conhecimento também. Diante disso, o Hibridismo ou Blended Learning pode ser um caminho, uma vez que a modalidade de ensino presencial utiliza diversos recursos tecnológicos, oriundos da educação a distância, para ampliar os momentos de aprendizagem, além do contexto escolar: geográfico e temporal.
Recursos tecnológicos que podem ser utilizados pelos estudantes, por meio de seus próprios dispositivos, como forma de aplicabilidade de eventuais teorias apresentadas em sala de aula são os laboratórios de realidade aumentada, em que é possível simular experiências e visualizar as etapas de forma dinâmica e interativa. Além disso, há plataformas em que é possível a construção de jogos educacionais pelos próprios estudantes ou professores, como forma de experienciar e rever conceitos.
Por meios dos serviços de nuvens, é possível o envio de materiais complementares de aula como: slides, livros digitais, vídeos, compartilhamento de link de sites e aplicativos, como forma de favorecer o aprendizado e o aproveitamento acadêmico. Ou seja, os recursos tecnológicos são um poderoso aliado aos docentes, pois permitem a flexibilização do tempo e espaço para os estudantes, uma vez que o acesso aos conteúdos pode ocorrer em outros espaços, além da escola.
O professor também pode utilizar algumas plataformas educacionais gratuitas para elaboração de simulados ou mesmo manter um repositório colaborativo de conteúdo. São inúmeras possibilidades que dependem de bom senso e vontade para incorporá-las ao dia a dia escolar.
E o que podemos esperar no futuro? Bom, " O FUTURO É AGORA! "
A Inteligência Artificial já está disponível. As Redes Neurais Generativas podem auxiliar na criação de conteúdos interativos e envolventes, de modo a personalizar o ensino, de acordo com as necessidades dos estudantes, gerando simulações ou ambientes virtuais de aprendizagem. Mas o que é isso? As redes neurais generativas são um tipo de modelo de aprendizado de máquina, que tem a capacidade de criar conteúdo novo e original, como imagens, músicas ou textos, com base no aprendizado a partir de um conjunto de dados de treinamento.
Será esse o caminho da Educação?
Bibliografia:
https://bibliotecatede.uninove.br/bitstream/tede/1708/2/Adriana%20Soeiro%20Pino.pdf
https://datareportal.com/reports/digital-2022-global-overview-report
https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20201123090444/tic_edu_2019_livro_eletronico.pdf
*ADRIANA SOEIRO
-Graduação em Pedagogia - Faculdades Integradas de Guarulhos (1991);
-Mestrado em Educação pela Universidade Nove de Julho (2012); e
-Doutorado em Educação pela Universidade Nove de Julho (2017).
-Atualmente é professora de ensino superior da Faculdade FATEC- Unidade Tatuapé -SP , Gestora de EaD e Diretora do Externato José Bonifácio -SP ;
-Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação a Distância, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação a Distância, tecnologias, linguagens, aprendizagem na era digital, educação em rede e inglês .
Nota do Editor:
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