O espírito capaz de se compadecer e de se solidarizar é necessariamente um ser mais cooperativo e menos competitivo.
Essas atitudes estão ligadas a valores que orientam e justificam tais comportamentos.
Um valor é uma experiência transmitida ou vivida que elegemos para dar sentido à nossa vida cotidiana. Esse valor é considerado uma referência justa, verdadeira e, portanto, necessária. São os valores éticos ou de consciência. Como eles são constantes, orientam nossa conduta - valor moral - pela vida inteira.
E é pelo valor ético que nossa vontade é controlada independentemente da presença do outro.
É muito comum ouvirmos: ninguém está vendo! Como se, na ausência dos outros, pudéssemos agir à vontade. O imperativo categórico de Kant é claro nesse sentido: “Aja de tal forma que sua conduta seja um exemplo para todos!”.
Posso desejar ou ter certas vontades, mas, pensando bem, não devo - valor de consciência -, logo não posso. Isso significa que a minha conduta deve estar sempre condicionada a um valor maior, isto é, a um ato da consciência.
Esta consciência é o conjunto de valores que foram introjetados pela cultura em todos nós desde que começamos a nos entender por gente. Daí a importância tanto da família quanto da escola na formação da pessoa humana.
Mas certos princípios morais mudam com o tempo, isto é, são históricos. Já os valores éticos continuam perenes, pois exprimem ideais superiores que são universais. Podemos citar alguns, como a solidariedade, a compaixão, a honestidade, a generosidade e a responsabilidade. Como são universais, eles valem em todos os lugares e em todos os tempos. Felizmente, são imunes aos relativismos tão em voga.
Educar não é somente ensinar as pessoas uma profissão, mas também passar experiências espirituais que vão dignificar uma conduta pelo resto da vida. Infelizmente, em nossas escolas, pouca atenção se dá a essas disciplinas formativas.
Na educação dos filhos, exemplo e presença dos pais são duas formas poderosas para o cumprimento dessa tarefa formadora. Diante da necessidade de trabalhar, pai e mãe encontram pouco tempo para ficar com os filhos. Sobra para a escola, mas ela sozinha não dá conta de tudo isso.
A religião é também outro centro importante de formação humana. Mas quantas denominações religiosas estão atrás do “lucro” fácil e do êxtase terapêutico tão em moda hoje? E, por cima de tudo, ainda temos de enfrentar os desvios de uma sociedade consumista que gera comportamentos antiéticos, que são os promotores nefastos da violência cotidiana, do erotismo sem limites e do consumo a todo custo?
O amor à natureza, por exemplo, é um valor perene que não está à mercê das oscilações existenciais ou sociais de quem o pratica, pois aquele que ama verdadeiramente o mundo natural sabe que esse sentimento será presença constante enquanto durar a sua vida.
Do ponto de vista ético, quem ama, ama para sempre, porque o amar antes de ser um sentimento é um valor ético. Na vida conjugal, por exemplo, a fidelidade não é uma obrigação, mas um merecimento, já que posso desejar outras, mas minha mulher não merece, portanto, se não devo, eu não posso.
No tocante às questões ecológicas, ao assumirmos a educação ambiental, teríamos uma responsabilidade imensa pela frente: sensibilizar as pessoas para que elas participem da construção de uma nova maneira de se comportar diante dos outros e da natureza.
Essa educação traria no seu ideário um elenco de valores contínuos de cuidado, de respeito e de responsabilidade com o natural. É com esse material que poderíamos formar a espinha dorsal de uma sociedade mais ética e ecológica.
Postado no dia 21.08.2013 em http://www.revistaecologico.com.br/
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