sexta-feira, 7 de abril de 2017

Depressão: Epidemia ou Exagero?





Hoje é o Dia Mundial da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) dedicou esse dia, 7 de abril, à Depressão. De acordo com dados da OMS a Depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo e a terceira principal causa de anos de vida perdidos por doenças. 322 milhões de pessoas no mundo e 11,5 milhões de brasileiros sofrem de depressão. Cerca de 1 trilhão de dólares é perdido anualmente devido à queda da produtividade e das doenças vinculadas à Depressão (OMS). 

A despeito desse impacto negativo na economia global muitos pacientes não procuram tratamento adequado, retardando o diagnóstico e sofrendo consequências por longos períodos. São diversos os motivos que retardam a procura de auxílio médico por esses pacientes. Um deles é a falta de informação. 

Outro fator é o julgamento, o preconceito com que esses pacientes são tratados. Por ser uma doença subjetiva, muitas vezes eles são considerados por familiares, por pessoas de seu convívio social e de trabalho (e até mesmo por alguns profissionais da saúde) como indivíduos fracos, preguiçosos, “malandros”ou “sem caráter”. O estigma relacionado à Depressão talvez seja o fator que mais inviabiliza a busca de tratamento. Infelizmente, ainda existe a crença de que ‘basta querer mudar’, “ter força de vontade”, para que o paciente saia do estado de prostração, muitas vezes característico da Depressão. Se ele não apresenta melhora, é criticado como um fraco, um perdedor. Por outro lado, quando passam a admitir a doença, ele é julgado como um “doente mental”, “louco”, incapaz”, podendo haver consequências trágicas tanto com um ou com outro tipo de abordagem.

Em relação aos aspectos clínicos da Depressão, o que se sabe é que existem ainda inúmeras pesquisas para a identificação das causas mas a princípio, acredita-se que haja uma disfunção de determinados circuitos neuronais de áreas cerebrais diversas associadas à alterações biológicas, distúrbios psicológicos e sociais de angustia.

O paciente pode apresentar inúmeros sintomas em diferentes órgãos e sistemas mas, o principal deles é uma sensação persistente de angústia e tristeza, por um tempo maior do que duas semanas, associado a uma perda crescente de interesse pelo meio que o cerca. Problemas cotidianos de rotina passam a ganhar proporções gigantescas, sem perspectivas de resolução. Diminui o grau de resiliência do paciente. Outros sintomas também podem surgir, tais como: ansiedade, apatia, desesperança, agitação, tédio, solidão, isolamento social, irritabilidade, alterações do ritmo do sono, com insônia ou muito sono por todo o dia, perda ou ganho de peso com anorexia ou fome excessiva, repetição de pensamentos negativos, fixação por notícias trágicas, fadiga, náuseas, vômitos, mal estar geral, tonturas, sintomas respiratórios como falta de ar, respiração acelerada, sensação de morte iminente com taquicardia e outros sintomas cardíacos, choro excessivo, angústia e sofrimento extremo, dores articulares e musculares, dentre vários outros sintomas. 

Na vigência de alguns desses sintomas por um período igual ou maior que duas semanas, é necessário a procura de um médico para que o paciente seja avaliado. A Depressão não tem cura e pode apresentar várias crises ao longo da vida porém, se bem acompanhada por um profissional competente e bem amparada por familiares, a doença pode ser muito bem controlada, propiciando uma boa qualidade de vida ao paciente. 

Como médica clínica geral e tendo acompanhado alguns pacientes deprimidos, ouso dizer que ela não difere muito do câncer em termos de sinais e sintomas. Indo por caminhos metafísicos, digo até que a depressão é o câncer que acomete a alma. Ela corrói, dói, machuca, destrói o ser humano. Rouba-lhe sua vontade, sua força física, sua alegria de viver, sua dignidade e sua vida. Por causa disso, ela mereceria muito mais que um só dia. Tal qual a AIDS, o câncer de mama e outros, ela merece um mês inteiro. Quem sabe um mês branco para clarear a alma de quem sofre. Ou fitas coloridas para alegrar os corações dos angustiados e outras inúmeras campanhas de esclarecimento para auxiliar os milhões de pacientes que padecem dessa patologia tão grave.



POR DEBORA WERNECK











-Médica Intensivista ( UTI ) e Clínica Geral;
-Trabalha no HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e presta atendimentos em Hospitais Gerais como Generalista e Intensivista;
-Atendimento a pacientes ambulatoriais em Consultório e Domiciliar; e
-Especialização em Medicina do trabalho pela FMUSP e Administração Médica pela Fundação Getúlio Vargas -SP.

-Consultório: 

Rua Itapeva, 240/1808
Cerqueira Cesar
São Paulo - SP
Cel: 55 11 99902-9371


Nota do Editor:

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