domingo, 22 de outubro de 2017

Consciência e Variabilidade Comportamental





"Quando você é diferente, o mundo todo é diferente.
Não é uma questão de criar um mundo diferente, é apenas uma questão de criar um você diferente.
Você é o seu mundo; então se você muda, o mundo muda." (Osho)

O principal fim da terapia é a promoção de mudanças, com o intuito de melhorar a qualidade de vida do cliente e isso acontece através do autoconhecimento e da consciência. 

A consciência corresponde a um comportamento verbal de autodescrição (Weber, 2003). Trata-se da capacidade de descrever ou relatar seus próprios comportamentos ou, mais dificilmente, as variáveis que o controlam. Simplificando, trata-se da possibilidade de perceber o que você está fazendo e de entender o porquê. Skinner (1982) afirma que a pessoa está mais consciente quando está mais sensível ao controle do ambiente, ou seja, aumenta sua capacidade de discriminar e consequentemente descrever seus comportamentos.

Ter consciência de si implica em identificar comportamentos próprios e as variáveis que os controlam:

"Eu chorei porque meu amigo me enganou."

"Eu estou feliz porque consegui estudar bastante e ter um bom resultado na prova."

"Eu gritei com meu marido porque ele não cumpriu o que prometeu."

A terapia permite que o indivíduo adquira a habilidade de conduzir análises funcionais, ou seja, avalie o que gerou sua resposta e qual a consequência dela. Nesse momento o cliente se encontrará em posição vantajosa para, através da manipulação do ambiente, controlar o próprio comportamento e o comportamento das pessoas que o cercam. Quando eu consigo entender o que está controlando o meu comportamento, eu aumento a minha possibilidade de mudá-lo caso ele não seja saudável para mim:

"Meu marido não cumpriu o que prometeu, então eu conversei com ele sobre a importância do que ele havia prometido. Ele me entendeu e cumpriu o que havia combinado."

A variabilidade comportamental relaciona-se com a existência de variação nas formas como realiza o indivíduo realiza atividades, soluciona problemas e percebe o que gosta e faz na vida. Quanto mais eu tenho possibilidade de variar o meu comportamento, ou seja, de mudar a maneira como eu interajo com o mundo, mais chances eu tenho de diminuir o meu sofrimento nessa interação. Se eu não percebo que algo que eu faço me traz sofrimento, dificilmente conseguirei mudar o que faço e o jeito que faço as coisas e provavelmente continuarei sofrendo. 

Nesse contexto, a terapia aparece como ferramenta fundamental para identificar a origem do sofrimento e buscar comportamentos alternativos e mais adaptativos para o cliente.

Referências:

Weber, L. N. D (2003). Skinner: um homem além de seu tempo. Em P. I. C. Gomide & L. N. D. Weber. Análise experimental do comportamento: manual de laboratório. 6a ed. (pp. 129-149). Curitiba: Ed. da UFPR. 

POR ERIKA LINARD











-Psicóloga;
-Especialista em Terapia Comportamental pela USP;

-Experiência como profissional de RH e que agora trabalha exclusivamente como Psicóloga Clínica;e
-Estudiosa de Mindfulness e encantada pelas relações humanas.

Nota do Editor:
Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

Um comentário:

  1. Não sei se existe relação, mas a maneira que votamos e repetimos nosso voto no mesmo candidato por décadas, já não era para termos percebido que isso nos causa sofrimento?

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