A violência escolar, melhor conhecida como bullying, é um tema que nos persegue e preocupa constantemente, pois infelizmente é um assunto que reflete o nível de agressão e violência em que se encontra o mundo atual. Houve uma época em que se discutiu muito sobre o tema. Mas agora, a sociedade se encontra perplexa diante o ato trágico do estudante de apenas 14 anos que abriu fogo dentro de um colégio particular em Goiânia, matando dois de seus colegas de classe e ferindo outros quatro. E talvez seja por isso, que não devemos ignorar que por trás de tal comportamento, desencadeia-se uma série de fatores que o levou a passar de vítima de bullying a agressor.
O bullying é um problema social e se define como um comportamento repetitivo de provocações e intimidação, cuja consequências podem ser devastadoras que vão desde o isolamento ou exclusão da vítima, até atos violentos como suicídio e homicídios em massa.
Na adolescência, o indivíduo que outrora fora uma criança, começa a esquecer das brincadeiras infantis para dar mais atenção a um corpo sexualizado, que lhe produz estranheza e inquietude. Justamente nessa fase que se inicia a tentação do bullying, que surge como uma falsa saída: manipular o corpo do outro sob formas diversas (negação, insultos, agressão, exclusão e injuria), como meio de resguardar seu próprio corpo. É nesse turbilhão de sentimentos que é descoberto um novo mundo para o adolescente; é o começo da luta por um lugar na sociedade.
Em geral, o perfil do agressor ou que comete bullying é um adolescente ressentido com seu entorno e que disfarça uma autoestima muito baixa, sendo assim, ele é quem toma iniciativa, para sua autoafirmação e reconhecimento no entorno escolar. Inconscientemente, se sente desaprovado e não merecedor do afeto de outros adolescentes ou parentes e não está contente com seu lugar no mundo. No entanto, se esforça para projetar exatamente o contrário: força, segurança e poder. É ele quem sempre quer ter o controle da situação. Para extravasar agressividade do seu estado emocional, esse adolescente passa a designar um bode expiatório para golpear e destruir. Normalmente esse jovem escolhe a vítima que tenha traços de introspecção ou com alguma dificuldade de interação no meio social, como jovens tímidos, pois estes dificilmente irão enfrentá-lo. A diferença é imposta na vítima como algo insuportável porque confronta com a puberdade idealizada por cada um do seu entorno.
No entanto, a vítima costuma se sentir acuada, refém de sentimentos de medo e de inferioridade. A experiência de ser constantemente objeto de escárnio e violência física, é o principal fator para a degradação psicológica e moral da vítima, destruindo sua autoestima e fazendo com que perca a confiança em si mesmo. Como consequência disso, teremos um indivíduo que sofre calado, que se isola e deixa de ver a escola como um lugar seguro e prazeroso. Tudo acontece de modo sequencial e sistematicamente. A vítima acaba por sucumbir diante os sentimentos de medo e vergonha, ódio e vingança. Infelizmente é nessa transição que a vítima tomará iniciativas drásticas em sua vida- podendo se transformar numa bomba relógio e o caminho a ser tomado, talvez não tenha volta. Muitas vítimas cometem suicídio ou acabam por se tornarem agressores, como no caso de Columbine, atirador de Realengo e o caso mais recente em Goiânia.
Por isso, abordar o bullying implica em acompanhar esses adolescentes nessa delicada fase de transição. A melhor forma de combater o bullying deve ser na escola, onde a mesma deverá observar seus jovens alunos mais de perto, analisando possíveis mudanças de conduta em cada um, seja em seu círculo de amizade, equipes ou tribos. Mediar problemas e solucionar conflitos dentro da escola, promovendo cidadania. Observar jovens que se isolam, que choram com facilidade, que não vão a área de recreação, que sentem medo, que evadem aulas de educação física e não saem nos intervalos. Assim como deve observar também, aqueles alunos com problemas comportamentais, muito ativos ou violentos. A sala de aula deve ser assistida e observada constantemente em especial, pois é nela que nasce a maioria de preconceitos e agressões e que por muitas vezes, é vista como uma brincadeira inocente por parte de alunos, pegando professores desapercebidos.
Em casa, deve-se observar atentamente as atitudes do adolescente em relação a escola. Muitas vezes os sintomas apresentados pela vítima, também passam despercebidos pelos pais, como dores constantes no estomago ou na cabeça e quando o jovem insiste em não querer assistir aulas. Diante disso, se existe a suspeita de bullying, até mesmo quando o adolescente não diga nada, é necessário agir imediatamente, consultando experts sobre o assunto e tratando de buscar solução do problema e apoio na escola. Pais devem ser mais participativos na vida de seus filhos, educando-os no convívio em sociedade e ensinando-os a resolver conflitos civilizadamente. O silêncio é o pior inimigo, e talvez a passividade seja o segundo pior.
Deve-se enfrentar o bullying pois não há tempo a perder; tem que agir.
POR ADRIANA RAMIREZ
-Paraense, filha de venezuelano e mãe brasileira;
-Graduada em Letras-Português/Espanhol e Literatura;
-Pós-graduada em Cultura Afro-Brasileira;
-Pós-graduada em Cultura Afro-Brasileira;
-Tradutora Juramentada e Intérprete Comercial pela Meritíssima Junta Comercial do Pará (JUCEPA);e
-Autora de 2 livros:
-“A Influência Africana na Formação Cultural do Pará: Análise das Principais Manifestações Folclóricas Paraenses” e
-“La Femme - O Feminino Em Sade”.;
- Concluiu em 2015 Mestrado Profissional de Enseñanza de Español como Lengua Extranjera e está cursando Mestrado em Educação
-Autora de 2 livros:
-“A Influência Africana na Formação Cultural do Pará: Análise das Principais Manifestações Folclóricas Paraenses” e
-“La Femme - O Feminino Em Sade”.;
- Concluiu em 2015 Mestrado Profissional de Enseñanza de Español como Lengua Extranjera e está cursando Mestrado em Educação
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