domingo, 16 de setembro de 2018

Libertando o Passado



Que atire a primeira pedra quem nunca passou por alguma situação dolorosa na vida e não conseguiu ou não consegue esquecer. Fica remoendo o passado e sofrendo e relembrando diversas vezes a mesma coisa, como se ela fosse a grande culpada por muitas das dores da vida. Pois enquanto você sofre, provavelmente o outro está feliz sem nem saber da sua dor. 

Lidar com as emoções e sentimentos negativos é algo que fazemos constantemente em nossas vidas, mas que não devem ser nossa maior preocupação. Para conseguirmos chegar ao próximo momento de felicidade é necessário cultivar alegrias e não ressentimentos. Já dizia Vinicius de Moraes "O sofrimento é o intervalo entre duas felicidades". 

Enquanto a mágoa é um sentimento momentâneo, que tem seu tempo, o ressentimento pode perdurar uma vida toda e trazer muitos prejuízos a quem o alimenta. 

Ressentimento é um afeto, uma mágoa que não se supera, não se esquece e não se quer esquecer. É a manutenção eterna de uma dor, um excesso de memória que impede o esquecimento, que aprisiona e eterniza um momento ruim que pode ocupar e danificar boa parte da vida social e mesmo introspectiva de uma pessoa. 

Quando o ressentimento é verbalizado, comumente chamamos a pessoa de amarga, rancorosa, alguém incapaz de perdoar. Mas existe outra forma de aparição desse sentimento, mais silenciosa e persistente, que traz como recompensa momentânea, o afeto de quem se compadece. Nesse caso a pessoa muitas vezes se coloca como vítima, se eximindo de qualquer possibilidade de responsabilidade sobre a situação que a feriu, se sentindo incapaz de agir para suprimir ou erradicar a consequência do mal que sofreu. Perdido na raiva e no rancor, ficamos cegos diante de outros sentimentos e novas formas de ser no mundo. 

Nos relacionamentos é comum que o ressentimento apareça como um "toma lá da cá": "Você fala de mim, mas lembra daquela vez quando você..." Guardar tais memorias presentes e vívidas na mente, mantem a pessoa em estado de alerta, como se estivesse em perigo constante, podendo tornar-se agressiva em muitas situações. 

Ainda em tempo, apesar de trazer malefícios para saúde física e mental, a raiva, o rancor e o ressentimento são sentimentos humanos e, portanto, passíveis de serem ressignificados. 

Aceitar que o que aconteceu já foi e procurar olhar para frente de forma positiva e criativa, vislumbrando novas possiblidades sem a necessidade de olhar para trás, também pode ajudar. Não pense em como deveria ou poderia ter sido, como vai ser daqui para frente é o que realmente importa.

Toda vez que perceber estar revisitando tais momentos ou sentimentos, procure fazer algo que seja positivo, que tenha uma função real na sua vida atual. Quebre o ciclo que se retroalimenta toda vez que você dá valor a ele. 

Por fim, não permita que momentos ruins definam os limites da sua liberdade de ser quem você quer ser. Seja o ator principal da sua própria vida. Lute, desafie-se e se precisar procure a ajuda de um psicólogo. 

POR TATIANA H. ABDO















-CRP 06/87427 
- Formada em Psicologia pela PUC-SP, em Música pela ULM e pós-graduada em Psicodrama, atende adolescentes e adultos desde 2006, em consultório particular localizado próximo à Av. Paulista; 
- Durante sua trajetória, trabalhou na área da saúde em instituições como Hospital das Clínicas, CAPS e NASF; na área de recursos humanos como Consultora em assessment center e R&S de executivos e no terceiro setor com orientação vocacional e
- Além de Articulista neste Blog, possui um site onde explora outros temas relacionados à psicologia. (www.tatianaabdo.wix.com/psicologia) 
- Contato: (11) 3253-2366 / tatiana.abdo@hotmail.com

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário