Autora: Samira Daleck(*)
“Nós só pensamos quando nos defrontamos com um problema. A educação é um
processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria
vida. A exigência .” John Dewey
Vivemos um momento inédito em nossa realidade social, o distanciamento é algo que não faz parte da nossa geração que está acostumada a ter liberdade e muita conexão com as pessoas, seja socialmente ou virtualmente.
Todos nós estamos sofrendo com a imposição do distanciamento dos nossos familiares, amigos, colegas de trabalho, mas as crianças estão sendo muito impactadas. É muito difícil para as crianças compreenderem que não podem utilizar as áreas comuns do prédio, que não estão de férias, mas precisam ficar em casa e que mesmo em casa não podem receber os amigos para brincar.
Os pais não tem, em sua maioria, formação pedagógica e didática para auxiliar nas tarefas enviadas pelas escolas, que bruscamente tentaram se adaptar ao ensino à distancia, e muitos deles também não conseguem organizar uma rotina para as crianças que contemple momentos de compromissos escolares e tempo de brincar de qualidade.
Refletir sobre o brincar é extremamente necessário em qualquer época da sociedade a qual estejamos vivendo, as pessoas leigas à importância e a cultura do brincar tendem a ver o ato de brincar como algo para passar o tempo e que deve ser feita de forma que não atrapalhe as tarefas, conversas e atividades que os adultos estejam fazendo.
É muito difícil compreender a real importância da brincadeira na construção do repertório cultural das crianças e na sua comunicação com o meio social, o termo "cultura adultocentrica" onde o adulto é o centro da relação com a dominação constante das crianças, não colocar a criança como centro do processo educativo nas brincadeiras, onde o adulto deve interferir cada vez menos e mediar cada vez mais.
Definir o jogo não é uma tarefa fácil e não pode ser vista de forma simplista, o jogo deve ser visto como um instrumento de cultura da sociedade são manifestações espontâneas da vida, e de forma recreativa reúnem grupos, mas fácil e rapidamente, sendo um excelente ferramenta de aproximação.
O jogo é uma forma de atividade do ser humano, tanto no sentido de recrear, como educar ao mesmo tempo, existem divergências quanto à função lúdica e educativa, o equilíbrio destas duas formas é o jogo educativo, no espaço escolar o jogo é uma excelente ferramenta de desenvolvimento social, emocional e intelectual dos alunos, permitindo o prazer na busca de novos conhecimentos.
O jogo é um relado da vida real com regras e objetivos, a linguagem trazida pela criança é a do contexto em que ela vive, ajuda a criança a comunicar-se com os demais, criar, ter autoestima, imaginar e se desenvolver de forma plena, construir conhecimento, viver situações reais ou imaginárias, raciocinar e tomar decisões, variando as relações e atitudes com os valores culturais e morais que são transmitidos à criança.
Através das brincadeiras as crianças recriam, imaginam, repensam suas vivências e acontecimentos, adotam outros papéis. A brincadeira é universal, pois reúnem as crianças e as acolhem com todas as suas diferenças, auxiliando em seu desenvolvimento integral e permitindo sua integração com a cultura.
A autoestima das crianças também é trabalhada através dos jogos, pois superam com eles suas dificuldades e conquistas, não sendo apenas uma atividade de lazer, mas um importante instrumento pedagógico. Permite a dramatização de situações imaginárias e reais, a representação e a construção do pensamento.
Os brinquedos só terão real sentido através do brincar e o professor deve trabalhar várias formas para que a criança se desenvolva através do brinquedo. Para isso o educador deve estar preparado para oferecer condições suficientes e alternar a seriedade e o prazer.
A escola é lugar de alegria, lugar de ser feliz, é preciso que o professor tenha o desejo de aprender mais para poder transformar! Ser agente transformador na vida e suas crianças. A criança desenvolve o papel de ator social, aquele que constrói o conhecimento.
No primeiro ano de vida o aprendizado acontece através dos interesses perceptivos, coordenação motora, paladar, olfato utilizando seu próprio corpo. Um excelente brinquedo é o chocalho e a partir dos seis meses já brinca com seu próprio corpo. Precisamos estimular e permitir naturalidade, oferecendo brinquedos que satisfaçam a coordenação motora.
Entre os dois e os quatro anos de idade o movimento é essencial na brincadeira, o diálogo, as histórias e a imaginação começam a tomar maiores proporções é preciso oferecer aspectos naturais das atividades mais vivenciadas.
Dos quatro aos seis anos existe a confusão entre a fantasia e a realidade, já se inicia o processo de viver em sociedade, a criança gosta de ouvir e contar histórias, andar, correr, pular, virar cambalhota, fazer atividades ao ar livre, como brincar no parque. O professor deve oportunizar as rodas de conversa, de música, de leitura, releitura, dramatizações para o desenvolvimento social e compreensão da cultura.
Os jogos precisam estar presentes na vida da criança desde a mais tenra idade, pois é essencial para o desenvolvimento afetivo, cognitivo e psicomotor, permite o aprender fazendo de forma prazerosa. O Educador tem a importante função de fazer medição dos conhecimentos e auxiliar as crianças na caminhada de construção de seus caminhos e resultados.
“Educação não é encher um balde, mas acender uma chama” William Butler Yeats.
Que sejamos chama!
Referências Bibliográficas
O brincar, a criança e o espaço escolar - Marcos Teodoro Pinheiro de Almeida;
A importância dos jogos e das brincadeiras no contexto da aprendizagem escolar envolvendo a Educação Infantil - Reginaldo José Barbosa e Laene Iara Eugenio Correa
*SAMIRA DALECK
Graduada em Educação Física, Pedagoga com Especialização em Arte educação, História da Arte, Yoga e Meditação.
-Pós Graduanda em Docência no Ensino Superior.
-Atualmente trabalha com a primeira infância, pesquisadora da criação com apego, disciplina positiva educação não violenta, Montessori, Waldorf e Reggio Emilia
-Pós Graduanda em Docência no Ensino Superior.
-Atualmente trabalha com a primeira infância, pesquisadora da criação com apego, disciplina positiva educação não violenta, Montessori, Waldorf e Reggio Emilia
Nota do Editor:
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