Extraída do Google |
Estamos há 10 meses vivendo uma
situação inusitada/não esperada/nunca vivida. Economia estável se comparada aos
índices anteriores ao Plano Real. Porém, não só no Brasil, mas no mundo, viveu-se tempos
talvez piores que o crack da Bolsa de 1929. Não necessariamente em termos de
Economia, mas o "inconsciente coletivo" (termo criado pelo cientista
Carl Gustav Jung) mostrou-se pessimista, suicida, com doses de falta de empatia
num misto de desesperança no futuro.
Mas sempre numa crise setores da
Economia se acabam ou quase acabam e outros sofrem menos e outros vão muito
bem, obrigado. Quem planta soja para exportação nem sabe o que é crise. Bancos
nem precisa citar. Mas, quem investiu em renda variável sentiu na pele os
efeitos da curva abaixo:
Quem investiu em 2020, viu seus papéis virarem pó. Em média do valor que
se investiu, caiu pela metade ou menos até (haja coração) no início da pandemia
até meados de outubro. Os analistas pediram para esperar passar a turbulência.
Quem conseguiu, recuperou o valor investido sem rendimento. Quem tiver ainda
sangue nas veias vais esperar os bons ventos de 2021, embora nada seja certo
depois dessa inesperada força quase invisível que derrubou Mercados,
estatísticas, projeções e afins. Porém, vamos ver quem quem vai muito bem
obrigado, e quem perdeu:
Quem ganhou $$$$
Quem exporta
Quem exporta esse ano deu risada à toa. Porque muitos países antes no
mundo em lockdown fez com que a necessidade de importar produtos fosse maior,
além da desvalorização do dólar que torna nossos produtos "a preço de
banana". Lembram do arroz? Absurdo o que o governo fez, tirou comida do
mercado interno e exportou. Nenhum país faz isso. Mas enfim...
Comércio eletrônico/internet/TI
Brasileiro é consumista. Então seja presencial, seja virtual, o comércio
que se reinventou e já tinha um e-commerce mesmo embrionário, melhorou e surfou
nas ondas do consumo.
Toda rede de serviço que pode ser feita remotamente demandou de empresas
de TI que dispararam em atendimentos.
Quem investiu no setor Imobiliário
Desemprego + redução de salários desaqueceu o mercado imobiliário. Quem
investiu em títulos nesse setor teve grandes perdas e os especialistas mais otimistas esperam que só co o fim da pandemia que o setor volte a aquecer. Por enquanto stand by.
Quem esperava dividendos
Dividendos são "lucros da empresa" divididos entre os
acionistas. Com a crise, os dividendos ficaram como reserva de caixa e os
acionistas ficaram sem seus lucros. Por outro lado, as ações recuperaram seus
valores, então não houve ganho.
Setor de serviços
Principalmente eventos, festas,
atividades onde há aglomeração. Esses setores só ainda estão de pé porque ou se
reinventaram ou os empresários tinham outras empresas em outros setores pra
contrabalancear o baque.
Transportes
Sem aglomeração, fique em casa, foram
os motes de 2020. Carro só em última necessidade, o que ocasionou queda nas
vendas de automóveis. Daí toda uma cadeia produtiva sofreu com o desaquecimento
das vendas nesse setor.
Ou seja: numa crise nem sempre se perde
e numa normalidade nem sempre se ganha. Há de se olhar para os acontecimentos e
tentar, sim tentar, porque pós pandemia não se vê mais nenhum guru dono das
profecias econômicas. Mas a nossa sorte que brasileiro nunca desiste.
Principalmente se for carnaval e Copa do Mundo de Futebol.
Resolvi fazer um + plus esclarecendo
sobre o caso Ford (e outras que podem cair do telhado do país nos próximos
meses), compartilhando uma análise lúcida do Prof. Paulo Morceiro @PMorceiro:
"A Ford foi só a primeira grande empresa que está saindo fora. Não deve ser a última deste ano. Não vai brotar demanda do nada se imperar o pensamento das reformas e ajuste fiscal que domina o debate público.
Se uma empresa tem 3 fábricas c/ capacidade ociosa de 35% em cada a solução é fechar uma e manter duas em operação p atender a demanda fraca. Diante de uma década perdida, baixa perspectiva de crescimento e incerteza: a reestruturação industrial será forte.
Você é CEO global de uma multinacional que produz carros em vários países e tem que tomar uma decisão de encerrar a produção em algum lugar do mundo devido à queda de demanda global e para se adequar à competição tecnológica (carros elétricos). Fatores para se considerar:
1 - Com o Covid, a capacidade ociosa das montadoras no mundo aumentou muito. E continuará alta em 2021. Como o setor é intensivo em capital, dinheiro parado é prejuízo.
2 -Logo, haverá fechamento de fábricas em algumas partes do mundo e remanejamento de produção para exportação a partir de locais em que é barato produzir e o país tem acordos comerciais relevantes e abrangentes. O lema e otimizar a demanda global.
3 - No Brasil, nos governos petistas a capacidade instalada de automóveis dobrou, cresceu a frente da demanda. O problema é que a demanda caiu desde 2014. Ou seja, havia uma capacidade ociosa pré-Covid
4 - Com a crise do Covid19, a capacidade ociosa do BR aumentou ainda mais. Em 2013 o país produziu +3,0 mi automóveis. Em 2020, produziu apenas 1,6 mi veículos. Ou seja, há um excesso demasiado de capacidade ociosa no Brasil. País é um candidato a ter plantas fechadas.
5 - Pode ser um país que a empresa (ex: Ford) vem perdendo mercado doméstico para outras empresas. Brasil é um candidato cada vez mais forte.
6 - Pode ser um país que não tem acordos comerciais abrangentes, logo não poderá ser utilizado como plataforma de exportação global. Brasil é um candidato cada vez mais forte
7 - Pode ser um país que tem taxa de câmbio muito volátil de modo que usá-lo como plataforma de exportação é muito arriscado. Brasil é um candidato cada vez mais forte
8 - Pode ser um país que não produz carros de última geração que os principais mercados do mundo consomem. Isto é, não compete por qualidade (inovação).
9 - Pode ser um país que é caro produzir, logo não tem competitividade em preço para exportar ou competir com os importados
10 - Pode ser um país em que a situação política é instável. Precisa desenhar que país é esse?"
Twitter:@stucchiana
Nenhum comentário:
Postar um comentário