Nos últimos oito anos o que mais
se tem ouvido durante discussões políticas são as palavras direita e esquerda,
infantilmente. As terminologias foram rebatizadas pela população brasileira que
no cenário político atual foi dividido em duas extremidades: direita e
esquerda, ou seja, quem se identifica como esquerda é do mal e comunista e quem
se identifica como direitista é do bem e capitalista ou vice e versa. De
qualquer forma, segundo entendo, esse é um pensamento infantil e obtuso.
O fato é que além de
infantilizarem as palavras e darem também um tom apocalíptico a elas, usá-las
para definir um posicionamento político da atualidade pode ser águas divisoras
entre um tiro na cara ou um abraço afetuoso, o que me leva a querer explicar
suas origens e esclarecer que não é correto usa-las como xingamento.
Vamos às origens.
No ano de 1788, um ano antes da
Revolução Francesa, o Rei Luís XVI (1754-93) instituiu os Estados Gerais, a fim
de discutir a situação econômica do país. Para as deliberações estavam
presentes os chamados Deputados, representantes das NOBREZA, CLÉRO E POVO. O
que era para ser apenas discussões para resolver o problema econômico da
França, acabou por se tornar uma Assembleia Geral Constituinte, e durante esses
debates foi levantado uma questão importantíssima, ATÉ ONDE IRIA O PODER DE
VETO DO REI? Naquele momento a monarquia era absoluta e somava-se 10 séculos
sem qualquer interferência ou intervenção.
No momento em que a questão foi posta em pauta, parte dos deputados que ali estavam levantaram-se e se POSICIONARAM à esquerda dá assembleia e a outra parte à DIREITA. Percebam que a até o momento direita e esquerda era apenas uma questão posicional.
Os deputados que se posicionaram
ao lado DIREITO da assembleia defendiam o poder absoluto do Rei e que as
transformações fossem lentas, não havendo ruptura com a ordem tradicional à fim
de manter o máximo possível a forma conservadora que já existia. Já os
deputados localizados do lado ESQUERDO, em sua maioria jacobinos, defendiam a
limitação do poder da monarquia e ainda existia a ideia dos radicais de
destituir a monarquia para a criação de uma República francesa.
Foi a partir desse momento que
surgiu essa distinção de ideais políticos. Foi um simples acidente de localização
de quem gostaria da manutenção do status quo (das coisas como elas correm) e
aqueles que querem transformações, sejam elas radicais ou não. Tudo vai
depender da comparação, "se o meu amigo tem uma ideia igual a minha, porém mais
acalorada, ele pode ser considerado um radical, se tem uma ideia diferente,
pode ser um direitista ou esquerdista, dependendo do caso, até uma pessoa
considerada de centro."
Dito isso, quando nos deparamos
com pensamentos que idealizam o futuro, quase sempre estará ligado a uma ideia
revolucionária de esquerda e quem idealiza o passado está ligado a uma ideia
reacionária de direita.
O fato é que enquanto no século
XVIII nascia duas terminologias perfeitas para aquele momento revolucionário,
em outro houve a banalização idiotizada dos termos. Especificamente falando no
Brasil do século XXI, tudo se resume ao bem e ao mal, se me identifico como "de
esquerda" não se é levado em conta que apenas me identifico com ideais
democráticos e modificações que favoreçam o coletivo, rompendo com as ideias
arcaicas e empoeiradas do passado, como uma monarquia ou ditadura.
Claro, que aos que se identificam
como direitistas é devido também o respeito ao pensamento conservador e
estagnado.
Por fim, seria de enorme
relevância que as pessoas compreendessem corretamente as terminologias aqui
citadas e que o fato de alguém se identificar como esquerdista ou direitista,
não fosse tomado como uma ofensa pessoal e motivo para sacar uma arma e
ceifar a vida de alguém. Eu posso discutir, caçoar ou discordar do posicionamento, mas jamais
ultrapassar esse limite.
*MAIARA TINTILIANO TEIXEIRA
"Não temos direita no Brasil!". Temos oportunistas espertalhões e bobos!
ResponderExcluirTenho dito!
Sim; essa confusão parece aleatória ou mesmo como diz, " um mal entendido", mas, com CERTEZA absoluta faz parte de uma engenharia social. Como diz o zero dois; "tem método ".
Uma Mentira dita mil vezes...