Autor: Thiago Trindade Leles (*)
Quem viaja país adentro pelas rodovias brasileiras encontram paisagens que se alternam entre planícies, montanhas, grandes faixas de florestas e caudalosos rios, como se fossem grandes artérias. O viajante também encontra regiões ricas e industrializadas com estradas ruins e constantemente sem pavimentos e outras localidades com baixo desenvolvimento econômico e social, mas com ótimas rodovias. Dentro de todo esse antagonismo, encontramos em comum grandes ou pequenas áreas agrícolas espremidas no sopé montanhas ou extensas plantações semeadas em planaltos e chapadões brasil a fora, gerando riqueza e desenvolvimento.
Dados da CONAB, estimam que a safra da temporada 23/24 resultarão em 306 milhões de toneladas de grãos que sairão dos nossos campos, 13 milhões de toneladas a menos que a safra anterior, devido questões climáticas. Nossa safra inclui grãos, cereais, oleaginosas, algodão, café, arroz, feijão e produtos de menos expressividade como cevada e sorgo. Além dos grãos o brasil produzirá 640 milhões de toneladas de cana de açúcar que se transformarão em Etanol, Açúcar e seu principal subproduto: Biomassa, responsável pela queima e formação de vapor para geração de energia elétrica, uma alternativa limpa e menos poluente quando comparada com geradores a diesel.
O que passa despercebido ao viajante é o hercúleo desafio de prover logística, transporte e soluções de armazenagem para acomodar estes grandiosos números da produção brasileira. Números estes que nos colocam no podium de de maiores produtores ou exportadores em comparação com outros países.
Prover logística e transporte para os produtos que serão colhidos na safra 23/24 demandou muito antes um complexo sistema logístico para prover e abastecer fazendas, revendas e comerciantes com sementes, fertilizantes, calcário, maquinário e combustível que são produzidos em solo brasileiros ou importados através dos principais portos brasileiros, sendo os principais Portos de São Luis/MA, Santos-SP, Paranaguá/PR e Rio Grande/RS.
Tanto a logística de abastecimento dos campos e fazendas, bem como a operação de retirada da produção das fazendas encontrarão o desafio de percorrer os 1,5 milhões de quilômetros de rodovias, sendo apenas 13% asfaltadas. Dentro deste caminho o objetivo será levar nossa produção às indústrias de processamento brasileiras e o seu excedente o mercado externo em uma complexa rede de transportes, que sofrerão transbordos ao longo do seu caminho, sempre objetivando o menor possível até o porto. Além do caminhão, os modais ferroviário e hidroviário tem ganhado protagonismo como solução logística de exportação. Nos rios do brasil nos 5 primeiros meses de 2023 foram transportados 51,2 milhões de toneladas, crescimento de 6,5% em comparação ao ano anterior. A CNT em seu último estudo publicado em 2018, aponta que houve crescimento de 35% do volume transportado entre 2010 e 2018. Nas ferrovias, apesar de uma malha incipiente de 30 mil Km, destes 20 mil úteis, tivemos crescimento de 127% entre os meses de Janeiro a Abril entre 2010 e 2022, para cargas agrícolas.
O elo entre todos os modais fica a cargo do modal rodoviário, responsável por 60% do volume transportado no brasil. Especificamente no transporte de grãos o caminhão é responsável por retirar a produção dos campos e levá-los diretamente até o porto, terminais de transbordos, fábrica e armazéns de processamento.
Apesar de sua representatividade e importância o modal rodoviário carece de um olhar crítico e atento. O setor não possui um marco regulatório que permita o destravamento de questões como idade média dos veículos, política de renovação de frota e saúde e segurança dos trabalhadores. Os motoristas e seus caminhões enfrentam diariamente as barreiras que a carência de infraestrutura impõe para o escoamento eficiente com custos competitivos até o destino final. Nossa frota é composta por 2 milhões de veículo com idade média de 12 anos, segundo a ANTT.
Precisamos implementar a mesma tecnologia, pioneirismo e vanguarda que desenvolvemos da "porteira a dentro" para a "porteira a fora". Isto permitirá que os caminhos do agronegócio brasileiro sejam eficientes e competitivos, gerando riquezas e economia de escala num ciclo virtuoso de Investimento e Crescimento.
*THIAGO TRINDADE LELES
-Formado em Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro( 2004);
-MBA em Marketing pela USP (2008);
-MBA em agronegócio na FGV (2022)
-Atualmente é Gerente executivo de Logística Rodoviária.
Nota do Editor:
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" Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil".
ResponderExcluirAuguste Saint-Hilaire (1779-1853).
" Onde há política, não haverão soluções a prazos superiores a quatro anos"
Álvaro Santos
O maior gargalo da logística de escoamento dessa punjante produção, são os políticos brasileiros.
Mas, algo me incomoda; com toda essa produção, como explicar milhões de pessoas passando fome? No Brasil...
Parabéns pelo conteúdo
ResponderExcluirExcelente matéria
ResponderExcluirExcelente matéria
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