Bom dia amigos!!
Hoje é 4ª feira e na nova Seção "Política" teremos a Subseção "Seleção de Artigos Políticos!!
Vamos aos artigos que selecionei para vocês:
Lula e as empreiteiras
Bernardo Mello Franco
Jornalista da Folha de São Paulo
Postado no dia 12.06.2015
Um mês depois de deixar o governo, Lula embarcou em um avião da Gol para Brasília. Apertou-se na poltrona, posou para fotos com passageiros e disse que os políticos deveriam "ir para a rua".
Era só truque de marketing, porque o ex-presidente não foi mais visto em voos comerciais. Passou a se deslocar em jatos fretados por empresas que o contratam. A lista inclui ao menos três empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato.
Papéis apreendidos pela Polícia Federal revelaram que a Camargo Corrêa deu R$ 4,5 milhões ao Instituto Lula e à empresa de "palestras, eventos e publicações" do petista. Em abril, o Ministério Público já havia aberto procedimento sobre as suas viagens a serviço da Odebrecht. Segundo a Procuradoria, o instituto pediu mais prazo para se explicar.
Quando as duas notícias vieram à tona, a assessoria de Lula reagiu com irritação. Há um mês, criticou a revista "Época" e afirmou que ele "faz palestras e não lobby ou consultoria". Nesta quarta, acusou a imprensa em geral de semear "factóides, má-fé e preconceito" para atingi-lo.
Em vez de atacar jornalistas, Lula deveria divulgar com transparência o que fez, para onde viajou e quanto recebeu das empresas citadas no petrolão. Ele está sem mandato, mas continua na vida pública. Comanda o PT, reúne-se regularmente com a presidente Dilma e já começou a campanha para voltar em 2018.
A CPI da Petrobras acaba de convocar o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, para prestar depoimento. Seria interessante que seu chefe também aceitasse falar abertamente sobre a Lava Jato. Foi no governo dele que a maior estatal brasileira registrou a maior parte das perdas de R$ 6,2 bilhões com corrupção.
Em 2009, Lula reclamou da publicação de suspeitas contra José Sarney e disse que o aliado não deveria ser tratado "como se fosse uma pessoa comum". Agora que também é ex-presidente, parece estender a opinião a si próprio. Está errado.
MAIORIDADE PENAL: POLÊMICA E DISTORÇÕES
Postado no Diário do Poder- Brasília
Em 2015, iniciamos o ano com um fato político novo. Em função da rápida deterioração do apoio à Dilma, fruto da crise econômica, das investigações da Lava Jato, da sensação de um verdadeiro estelionato eleitoral e do reposicionamento do PMDB, a Câmara dos Deputados assumiu um protagonismo inédito e desencadeou discussões de uma agenda própria de interesse da sociedade.
Emergiram discussões sobre a regulamentação do trabalho terceirizado, a reforma política, o pacto federativo, a chamada PEC da Bengala, a revisão do Estatuto do Desarmamento, a lei de responsabilidade das estatais e a redução da maioridade penal.
Em relação à maioridade penal havia uma enorme expectativa social em torno de respostas novas e firmes a crimes violentos, alguns com requintes de crueldade, cometidos por menores de 18 anos, com grande repercussão na mídia e na opinião pública.
De pronto, é preciso esclarecer que, embora as estatísticas sejam precárias, as evidências apontam que o número de crimes cometidos por adolescentes são um percentual muito pequeno do total. E que os crimes hediondos cometidos por eles, que revoltam a todos nós, são a exceção.
Não podemos ainda esquecer as determinantes sociais da criminalidade e a trágica situação de nosso sistema penitenciário. Não podemos misturar jovens que furtam um celular ou são reféns do tráfico de drogas, e que podem ser recuperados, com jovens extremamente violentos e com graves deformações comportamentais que praticam assassinatos revoltantes. Levar indiscriminadamente adolescentes para o enquadramento no Código Penal e matriculá-los nas “universidades do crime” do sistema prisional será grave equívoco.
Hoje, os adolescentes que cometem crimes são punidos pelas regras previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que foi um avanço. O problema é que sua implementação encontrou graves limitações gerenciais e financeiras, e não deu conta de punir adequadamente os jovens que cometeram crimes graves e violentos.
Diante da cobrança da sociedade, a discussão se instalou. Três campos se delinearam. O PMDB e muitos representantes parlamentares ligados às forças policiais defendem a redução linear da maioridade penal para todos os jovens infratores maiores de 16 anos. O PT e várias entidades são refratários a qualquer mudança substantiva.
Diante da ameaça de configuração de um ambiente maniqueísta, tipo Atlético x Cruzeiro, e considerando, como muitos já disseram, que, na maioria das vezes, “a virtude está no meio”, o PSDB apresentou a proposta de redução da maioridade apenas para crimes hediondos e graves, nos termos da PEC do senador Aloysio Ferreira Nunes, somada à mudança do ECA, tornando suas regras mais rígidas, dentro da configuração proposta pelo governador Geraldo Alckmin, conjugadas com o projeto do senador Aécio Neves que triplica a pena para adultos que usarem menores para a prática de crimes.
Essa será a discussão nas próximas semanas.
Dilma já perdeu
IlmarFranco- Colunista do Jornal O Globo- Rio de Janeiro
Postado em 17.06.2015
A decisão sobre o veto ou não do fator previdenciário é uma derrota anunciada da presidente Dilma. Ela terá de escolher. Estão de um lado os movimentos sociais que defendem manter o fim do fator, conforme aprovado pelo Câmara (232 votos). No outro, estão seus mais fiéis seguidores (210 votos), que, a despeito do desgaste político, votaram com a proposta do governo Dilma.
A escolha dos governistas
Votar pela manutenção do fator previdenciário representou enorme desgaste para os partidos governistas, sobretudo os de esquerda. Tanto que o PCdoB e o PDT pularam fora do barco. A oposição, cujo governo criou o fator, também caiu fora. Mas 49 deputados do PT e 40 do PMDB, além de outros aliados, colocaram suas caras a tapa. Agora, Dilma está sendo tangida, por razões eleitorais, a dar amém aos movimentos sociais, cuja posição era conhecida antes do envio da proposta ao Congresso. Os governistas se perguntam: os que votaram com o Planalto ficarão sem chão para pisar? No futuro, será que eles vão se aventurar a dar novo passo no escuro? "
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