segunda-feira, 12 de agosto de 2019

O Surto de Sarampo Voltou? Como se Proteger?


Autor: Marcelo Altona(*)


O último surto de Sarampo descrito no Brasil datava do ano de 2014. Em meados de Julho de 2018 centenas de casos foram identificados em Roraima e Amazonas. A origem desses casos parecia estar relacionada a grande imigração de venezuelanos não vacinados que entraram em contato com a população naquelas regiões. A cobertura vacinal falha auxiliou a disseminação da doença e como consequência tivemos o diagnóstico de alguns casos na região Sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) e Sul (Rio Grande do Sul) do Brasil. Naquele momento deveríamos ter nos mobilizado para a vacinação em massa. Cerca de 1 ano depois, os dados mostram que já foram detectados quase 1000 casos na capital.

O Sarampo é uma doença viral exantemática que se manifesta inicialmente com sintomas que sugerem uma infecção de vias aéreas comum com coriza, tosse seca, eventual conjuntivite, febre alta e após cerca de 4 dias podemos observar o aparecimento de lesões avermelhadas na pele que logo se disseminam por todo corpo. A doença pode ter complicações neurológicas graves como meningite e encefalite, que podem provocar convulsões e até deixar sequelas.

O Contágio é muito simples e acontece de forma muito fácil. Ele se dá através de secreção e saliva contaminada que são eliminada em tosses, espirros ou compartilhada de outra forma. O vírus já pode ser transmitido 4 dias antes do aparecimento das lesões pelo corpo e 4 dias após o seu aparecimento, o que facilita a sua disseminação. Após o contágio, o tempo de incubação até o aparecimento dos sintomas iniciais é de cerca de 14 dias.

Apesar de não existir um tratamento específico é necessário buscar auxílio médico para prevenirmos as complicações da doença. Muita hidratação, analgésicos e tratamento específico das complicações infecciosas e neurológicas são essenciais.

Este é o motivo da corrida pela vacinação em massa e do alerta recente a população. Além da vacina como prevenção agora também estamos orientando a vacina de bloqueio, aquela realizada em quem teve contato próximo com pessoas comprovadamente contaminadas com a doença. 

Estudos mostram que o caso índice talvez não seja das regiões norte do Brasil e sim de pessoas que vieram da Europa ou Oriente Médio. Esta notícia abre espaço para a possibilidade de uma mutação do vírus auxiliar na rápida progressão da doença. Mas a investigação ainda não é conclusiva. O Fato é que precisamos estimular a vacinação de crianças e adultos.

As crianças tiveram o calendário vacinal antecipado para a vacina do Sarampo. Já pode ser aplicada a vacina a partir dos 6 meses. Indivíduos dos 5 aos 29 anos não vacinados deverão receber ao menos 2 doses da vacina com 30 dias de intervalo. Aqueles já vacinados desta faixa etária também devem ser estimulados a tomar nova dose pois os casos relatados tem preferencialmente esta faixa etária de acometimento. Os adultos dos 30 até 60 anos já vacinados com ao menos 2 doses também devem ser revacinados, especialmente se houver contato próximo com casos suspeitos. 

Quando houver contato conhecido com pessoas que tiveram a doença recomenda-se que os contactantes diretos façam uma vacina de bloqueio afim de não desenvolverem a doença. 

Não precisam ser vacinados pessoas que já tiveram a doença na infância.

Quanto aos maiores de 60 anos a recomendação é somente vacinar aqueles que não sabem do seu histórico vacinal.


Profissionais da área da saúde devem ser revacinados independentemente da situação vacinal. 

As contraindicações a vacinação são para crianças menores de 6 meses, gestantes e portadores de doenças imunossupressoras ou condição de saúde precária como pacientes em quimioterapia por câncer ou doenças igualmente graves. 

A melhor solução aos surtos de Sarampo é a vacina, vamos fazer a nossa parte.

*MARCELO ALTONA




-Geriatra especialista pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e 
Clínico Geral pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica







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