Autor: Luis Lago(*)
A mentira faz parte da vida.Mas, de uns tempos para cá, ela explodiu!! Dados mostram que as pessoas estão mentindo cada vez mais. Ela é um comportamento ancestral que atualmente tem se notabilizado até em nossos governantes.
A mentira nasceu junto com a sociedade. O ser humano começou a mentir assim que se juntou em grupos, e nunca mais parou. Uma experiência da Universidade de Massachusetts mostrou que, quando duas pessoas se conhecem, cada uma conta em média três mentiras – nos primeiros dez minutos de conversa. E pessoas que compartilham a vida toda (cônjuges, parentes, amigos) também mentem entre si, às vezes de forma terrível.
Todo mundo mente. Tem gente que mente para levar vantagem, conseguir o que quer. Alguns mentem para não contrariar ou magoar outras pessoas. Tem quem minta para parecer mais legal e ser aceito socialmente. Existem infinitas maneiras de mentir, e elas nos acompanham o tempo todo. Sempre foi assim. A novidade é que está piorando, e muito. Nunca se mentiu tanto. Estudos controlados por pesquisadores comportamentais, na Universidade de Havard, indicam que as pessoas passaram a mentir de três a cinco vezes mais na última década.
A mentira nunca foi tão corriqueira e tolerada, e por isso ganhou um poder avassalador – hoje tem papel determinante na economia, na política, na imprensa, na propaganda, no consumo, nas relações humanas. Se você acha que o mundo está mentindo para você, está certo. O que você nem imagina é quanto.
"ATÉ TU, BRUTUS?"
Nós não somos os únicos a tentar enganar os outros. O besouro se finge de morto para despistar os predadores, os macacos enganam uns aos outros para conseguir mais comida.
Até os robôs mentem – como mostrou, em 2009, um estudo da Universidade de Lausanne (Suíça). Os cientistas criaram mil robozinhos, programados para procurar "comida" (representada por um sinal eletromagnético) num labirinto. A comida era insuficiente para todos os robôs. Mas, quando um encontrava alimento, deveria automaticamente avisar os outros, acendendo uma luz. A cada rodada, os robozinhos eram reprogramados – e o software dos vencedores, que tinham achado a comida mais rápido, era instalado em alguns dos outros. É como se os líderes estivessem tendo filhos, e espalhando seus genes. Seleção natural – só que artificial.
Depois de nove gerações, a maioria dos robozinhos estava craque em encontrar comida. Mas aí alguns deles descobriram, sozinhos, que não precisavam avisar os outros. Podiam guardar tudo para si. Esse comportamento foi se espalhando – e, depois de 500 gerações, 60% dos indivíduos tinham aprendido a mentir. "Os robôs estavam competindo por comida, e por isso evoluíram para esconder a informação [dos outros]", concluíram os autores do estudo.
Aprender a mentir parece ser uma consequência natural, e inevitável, da luta pela sobrevivência.
Uma febre patológica de mais do que 50 graus ― que nenhum estudo do médico-psicológico é capaz de classificar ― acometem um número imaginável de pessoas para as quais (notoriamente os Presidentes TRUMP e BOLSONARO) é refresco ingerido em suas masturbações doidivanas.
Quando se comunicam via mensagens de texto, as pessoas mentem três vezes mais, em média, do que falando cara a cara. Usando e-mail, cinco vezes mais.
Além da distância física entre as pessoas, a tecnologia proporciona uma distância psicológica, que torna mais fácil mentir. Foi o que concluíram os psicólogos Drs. Robert Feldman e Mattityahu Zimbler, da Universidade de Massachusetts Amherst, num estudo, controlado, com 110 pares de estudantes. Em seguida, os cientistas revisaram as conversas e entrevistaram novamente cada voluntário, para detectar as inverdades. E o festival de mentiras virtuais veio à tona. "Quando você está online, fica menos contido. Os seus sinais faciais e comportamentos verbais não podem te delatar – e por isso é mais fácil ser enganoso", explica o Dr. Feldman. “As pessoas preferem enviar mensagens em vez de falar porque assim elas se escondem das outras, mesmo estando conectadas o tempo todo".
A velocidade da internet também é uma grande aliada na propagação de mentiras. (Que o digam os falastrões presidentes citados anteriormente).
Um estudo da Universidade Columbia analisou 100 boatos e informações falsas que se propagaram pela rede entre agosto e dezembro de 2014 – e 1.500 reportagens, posts e artigos que foram escritos a respeito delas.
Concluiu esse estudo que notícias falsas tendem a se espalhar mais rápido e com mais força do que as verdadeiras, e recebem dez vezes mais cliques do que eventuais desmentidos: porque a mentira, quase sempre, é mais espetacular (e, portanto, mais chamativa) do que a verdade.
Continua o estudo que mecanismo de propagação da mentira costuma ser sempre o mesmo. Primeiro alguém posta um boato numa rede social. Sites então replicam a "notícia", incentivando os leitores a compartilhar e curtir. Alguns endossam a informação, enquanto outros lavam as mãos usando termos como "supostamente" ou títulos na forma de pergunta ("Uma mulher implantou um terceiro seio?"). "Essa falta de verificação torna os sites de notícia alvos fáceis para o embuste", diz o jornalista Craig Silverman, autor do estudo. E, com eles, os leitores.
Quando você está online, está sempre sujeito a mentiras – tanto as que os seus amigos e conhecidos praticam, quanto aquelas escritas em sites e blogs. E vivendo desse jeito, com pequenas mentiras entranhadas no dia a dia, abre-se espaço para mentiras cada vez maiores.
O fato é que a mentira continuará conosco para sempre. E é inevitável que, daqui a alguns minutos, horas ou dias, você conte a sua próxima. Resta tentar usá-la para o bem. Como dizia o poeta Noel Rosa: "Saber mentir é prova de nobreza / Mentira não é crime / É um bem sublime que se diz / para fazer alguém feliz".
*LUIS LAGO
-Psicólogo graduado pela Universidade Santo Amaro(1981);
- Especialização em Terapia Comportamental; e
- Atuação clínica por 15 anos.
-Atualmente é Jornalista e Fotógrafo (Não necessariamente nessa ordem); e
-Autor dos livros "O Beco" (poesias) Editora e Livraria Teixeira e "São tênues as névoas da vida" Âmbito Editores (ficção desenvolvida no estilo literário denominado "Realismo mágico")
Nota do Editor:
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Porque inexistem estudos feitos em terras tupiniquins ?
ResponderExcluirPor acaso os norte americanos e ingleses estudados tem algum tipo de relação com nosso 'way of life'? As experiências de vida, relacionamento, costumes, crenças e educação deles tem algum paralelo com o nosso ? Pesquisando para um artigo, cheguei a um estudo inglês que alega que determinada categoria social é mais propensa ao suicídio do que outras. Estou há 3 meses conversando com as lideranças da mesma categoria no Brasil e até agora não me apresentaram um ponto em comum. Creio que está mais do que na hora de elaborarmos nossos estudos. Ou continuamos como manada. Abraço.