sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Alguém Acredita num Futuro Decente para o Brasil?


Autor: Alberto Schiesari



Prezados leitores e leitoras: fica aqui o convite para ler o que segue, e com isso aprender uma verdade indiscutível. Certamente óbvia, talvez parcial, mas verdadeira na caracterização das cabeças de gado responsáveis por todos os males que há décadas destroem nossa rica nação. Que, justamente por ser rica em vários aspectos, é objeto de depauperação por algumas classes de bandoleiros ricos, aproveitadores sagazes e ladrões por profissão. Peço desculpas pelo título vergonhoso, mas é expressão pura e sincera do inconformismo que me assola, ao ver os fatos dantescos que diuturnamente acontecem e são noticiados por meios de comunicação honestos, coisa que, diga-se de passagem, está cada dia mais rara. 

Ruy Barbosa de Oliveira, há mais de um século, disse: 
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto".
O ingênuo baiano jamais poderia supor que a desonra, a injustiça, os poderes dos maus, a nulidade deles, a falta de virtude, de vergonha e de honra de certa malta de calhordas, se agigantariam e chegariam aos imorais e insuportáveis níveis que há hoje dentro das classes dominantes no Brasil, com lastro em absoluta e total falta de honestidade.

O objetivo deste texto é conceitual, não é identificar nome, endereço, CPF etc. dos referenciados, pois isso é responsabilidade de órgãos públicos, subordinados aos três poderes, gestores responsáveis por zelar pela justiça, leis, ordem, decisões acertadas, bem estar e futuro decente do país, além de, é óbvio, identificar e punir criminosos. Caso considerem importante, fiquem vocês leitores com a incumbência de atribuir nomes aos bois e às vacas.

Talvez seja o caso de lhes definir uma etnia específica, visto que a origem do vírus do mal do qual são portadores está no seu próprio DNA, tão letal é a forma de ele agir. Uma sugestão é que lhes seja conferida a denominação de corruptinos, pela apropriação do sufixo dos bovinos. Mas se você preferir corruptalhas (derivando de canalhas), corruptões (inspirados na etimologia de ladrões) ou qualquer outra denominação, fique à vontade. Confira a lista dos corrupleiros, palavra para a qual usurpo o sufixo de bandoleiros.

Os verdadeiros bois e vacas culpados e culpadas pelos males do Brasil podem ser encontrados nas fraternidades, irmandades, associações corporativistas formais ou informais. Mais simplesmente: grupos ou organizações de criminosos compostos por: 

- Corruptos que, para benefício próprio e daqueles que lhes são próximos por parentesco, amizade ou interesses financeiros, são o inverso de Robin Hood: tiram dos pobres para tornarem-se cada vez mais ricos. Ou que, para cada tostão doado como esmola para cada pobre, cobram de todos os cidadãos – até dos mesmos pobres – muitos e muitos tostões para serem distribuídos entre os membros das quadrilhas;.

- Canalhas, natos ou virados-de-casaca, fardados ou não, que para proteger a prole das consequências das maldades por ela perpetradas, dão prioridade às demandas familiares e não às necessidades básicas de toda a nação. Rasgam o patriotismo e jogam-no ao lixo;

- Destemperados cujas esposas, não importa se bonitas ou feias, magras ou gordas, negras ou brancas, cultas ou simplórias, saudáveis ou PNE, se resignam em estar ao lado de companheiros falsos, mentirosos crônicos, que agem e falam alicerçados em falsa ingenuidade ou bravatas inócuas, além de serem títeres manipulados por interesses escusos;

- Criminosos que deveriam estar no cárcere, mas que em liberdade promovem a divisão da sociedade em grupos antagônicos e na verdade incitam guerras civis, trazendo desordem social e fazendo cidadãos de uma mesma nação inimigos uns dos outros;

- Inescrupulosos que defendem regimes autoritários, ditatoriais e criminosos de outros países, os quais, sem nenhuma exceção, são subdesenvolvidos e têm o povo passando severas necessidades; 

- Infames que beneficiam o próprio clã em detrimento da população carente, e usam as palavras "democracia", "republicana" e "pátria" com o significado que lhes convêm, como argumento e justificativa para palavras e ações dignas apenas de ditaduras e de organizações criminosas. Lembra do assassino que fala ao comparsa: "Fique com Deus!"? É a mesma coisa;

- Agiotas do mal, que negociam crimes e não dinheiros, que para cada emprego que geram para seus protegidos desempregam inúmeros coitados que não fazem parte dos grupos de interesses do mal. E que para cada prato de comida básica que "doam" aos necessitados, cobram da sociedade valores das lautas refeições que fazem, dignas apenas de restaurantes exclusivos, de altíssimo luxo, frequentados somente pela mais alta nobreza deste planeta;

- Desalmados sádicos que não se comovem com o sofrimento alheio, não se envergonham por constranger seus descendentes honestos, nem por aliciar os descendentes desonestos para a prática de crimes;

- Vendilhões que entregam aos brasileiros o desemprego, o desespero, a desesperança, placebos ao invés de remédios, e serviços públicos de qualidade zero. E mesmo assim se safam das penas que por isso lhes deveriam ser impostas;

- Escritores-negociantes de ocasião, que, incapazes de escreverem livros ou mesmo capítulos, escrevem apenas sentenças e as vendem pelo preço com que avaliam sua própria [des]honra;

- Larápios estelionatários que prometem mentiras douradas e cumprem apenas verdades sombrias;

- Ladrões que não perdem – e até buscam – oportunidade de praticar crimes, com a justificativa de que são apenas atos normais, inocentes e corriqueiros, como caixa dois, incitação à violência e outras imundícies desse quilate;

- Covardes que nunca admitem ter cometido irregularidades, que se portam como criancinhas inocentes ao alegar "eu não sabia"ou "eu não sei", "não fui eu", que se borram de medo de serem punidos como se deve. Para eles, autocrítica é apenas uma reflexão feita por automóveis...;

- Raposas que se comportam como cordeiros e andam com a moral sempre rota e rasgada, em busca de emendas para fingir que a consertam, quando, na realidade, usam tais recursos apenas para benefício próprio, ao se locupletar do erário público e tirar comida dos necessitados;

- Urubus que, na busca de carniça, se aliam às raposas, vendendo-lhes proteção, eternizando a prática de delitos. Urubus esses que ganham fortunas agindo para acobertar crimes, ocultar e falsificar evidências, protelar ou engavetar decisões de interesse público, tergiversar frente a fatos e realidades, estender mantos de proteção e bênçãos sobre criminosos, agindo literalmente como cúmplices, incentivando a impunidade e estimulando a prática reiterada de crimes. Para lavar as mãos, encardidas pelo recebimento de honorários pagos com dinheiro sujo, usam água que é benta com o suor e o sangue dos pobres;

- Compradores de almas alheias que pagam para que profissionais de renome, vendedores de suas próprias almas, se entreguem à defesa de ideias que são a base de ações e de procedimentos criminosos;

- Venais que fazem qualquer tipo de serviço, desde que regiamente remunerados, independentemente das letras da lei. Provavelmente inspirados pelo sucesso que fazem nos filmes os matadores de aluguel. Esses venais são os "serial killers" de cidadãos inocentes, da esperança de dias melhores e de algum futuro digno. Tornam-se símbolos da Casa d’Irene na qual se tornou a Congregação dos Donos do Poder deste país. Com o devido perdão de Nico Fidenco, autor de palavras melodiosas e de canções cujas letras têm o ritmo de nosso coração;

- Arautos de falsas notícias, isto é, pessoas físicas e jurídicas que se vendem para divulgar inverdades e fazer lavagem cerebral na ingênua opinião pública dos cidadãos de bem;

- Biltres que se valem de prerrogativas imorais para proteger seu modus operandi criminoso, que definem e moldam a seu bel prazer o conceito de justiça, para que ela seja apenas um porto seguro para criminosos;

- Irmandades de poderosos Belzebus que agem de forma coordenada e harmônica entre si para minar as estruturas que dão solidez a uma nação, tornando-a cada vez mais frágil, débil, perigosa, corroída e corrupta;

- Profissionais do crime que usam recursos públicos para defender-se de seus delitos privados, apesar das inegáveis evidências que eles deixam nas searas privadas que frequentam;

- Hienas que usam a calada da noite para estabelecer normas que lhes beneficiem, em detrimento das carências dos pobres e miseráveis. E que, além disso, regem suas ações e palavras com base em regimentos corporativos que de forma velhaca são tratados como se seu valor fosse acima da Carta Magna do país, e que são usados como argumentos e desculpas para dar suporte a atos imorais;

- Delinquentes que causam asco, esfomeados pelo poder, que pantagruelicamente se entregam aos prazeres de devorar as raízes de uma nação, apenas para satisfação e benefício próprios, à custa do sofrimento alheio;

- Ardilosos e vendidos intelectuais que utilizam sua capacidade e inteligência contra os pobres e oprimidos, trabalhando apenas para dar suporte a criminosos da elite;

- Dementes e doentes mentais que invertem valores, mimando bandidos, postando-se ao lado do mal, interpretando textos com liberdade inaceitável, em desrespeito aos padrões e regras do idioma, atribuindo às palavras significados totalmente diferentes do que o bom senso e o léxico permitem, criando seu próprio vernáculo de ocasião; e

- Desonrados que trocam sua probidade por alguns míseros tostões, ou, às vezes, por nada, na ilusão culpada ou culposa de estarem lastreados em alicerces ideológicos sensatos.

Duas observações para finalizar estas palavras.

A primeira delas responde a uma questão que me foi feita por um amigo a quem submeti este texto para apreciação. A pergunta: "E se alguém vestir a carapuça da verdade e imaginar que se enquadra em alguma dessas classes de corruplhordas?". Minha resposta: "Pobrema'" [perdoem-me o lulês] deles! Saem do armário da decência e assumem sua condição criminosa de corruptos!".

O segundo destaque refere-se à possibilidade de o povo escolher não somente quem colocar em cargos públicos, mas também escolher quem deles deve ser escorraçado: uma "democracia" onde esta última possibilidade não existe é apenas uma meia-democracia.

Nesse sentido exponho a seguir um micro pacote composto por quatro sugestões que podem contribuir (parcialmente) para uma quase utópica solução, via eleitoral, dos problemas brasileiros:

(a) Em eleições de todos os níveis deve haver a possibilidade de o eleitor votar em "Nenhum dos candidatos, pois todos eles são incapazes de exercer com competência e honestidade o cargo por eles almejado". Se a maioria dos votos for nessa alternativa, os candidatos refugados devem ser sumariamente impossibilitados de concorrer em quaisquer eleições futuras, para qualquer cargo, indefinidamente. E devem também ser impedidos, para sempre, de assumir cargos públicos, por nomeação ou concurso;

(b) Nas eleições que ocorrem entre uma e outra eleição majoritária, os eleitos no pleito anterior (que estariam em seus cargos ainda durante metade do mandato) devem ser objeto de plebiscito: "Deve continuar ou deve ser impedido?". Se o resultado for "impedido", o cancelamento do mandato deve ser imediato, sem possibilidade de apelação;

(c) Em qualquer eleição os cidadãos devem ter o direito de votar em ao menos dois nomes de livre escolha que sejam considerados indignos dos cargos públicos que ocupam, e os mais votados devem ser sumaria e imediatamente demitidos a bem da nação e dos seus cidadãos. E impedidos de assumir qualquer outro cargo público, via eleição ou não; e

(d) À semelhança do mecanismo de "credit score", deve ser estabelecido e operacionalizado o conceito de SHPP, isto é, "score de honestidade de pessoa pública" para membros dos três poderes, ou seja, um mecanismo de avaliação do comportamento da pessoa pública conforme critérios pré-definidos que envolvam aspectos de sua atuação privada e pública, como por exemplo: quantidade de processos judiciais em que foi considerado culpado em primeira instância, nota para ponderação da gravidade dos atos, ações e crimes cometidos referentes a esses processos e outros delitos, valores envolvidos em atividades ilícitas e criminosas das quais fez parte, e assim por diante. O processamento do SHPP deve ser feito por instituição com financiamento privado via "crowdfunding", gerida por um conselho de cidadãos com um ano de mandato, com direito a no máximo dois mandatos consecutivos – um segundo mandato não consecutivo também é vetado. O cômputo do SHPP deve ser totalmente transparente, e os resultados devem ser amplamente divulgados.

Em tempo: lembremos que a flatulência dos bovinos é fator determinante para aumentar os males do efeito estufa. No caso dos corruptinos, os excrementos morais que eles expelem são a causa do mar de lama que cobre e esconde a vergonha e a honra nacionais.

Posso ser sincero? Não acredito numa guinada. A previsão é que este país mergulhe cada dia mais no furacão da corrupção que só pune quem quer ser honesto. Nosso destino é ultrapassar os limites da fronteira do mal além dos recordes conseguidos pela Venezuela ou Coreia do Norte, pois pelo porte de nossa nação o tombo será gigantesco. Enquanto medidas extremamente enérgicas não forem adotadas, brasileiros, argentinos, venezuelanos e coreanos do norte permanecerão sofrendo cada vez mais intensamente as dores , a fome, a doença e todos os males causadas pela corrupção.

Os canalhas com poder dessas nações nunca vão largar o filé de forma voluntária e "democrática". Eles prolongarão insensivelmente, por décadas, o sofrimento dos cidadãos honestos e inocentes. Agirão com extrema eficiência no exercício do mal. Não admitem e nunca admitirão diálogo. Nosso país está firme e seguro nessa trilha que conduz ao mal absoluto. Não vejo saída capaz de sobrepujar tanta canalhice. É a vida real: quando o mal ganha a guerra, e aqui ele já ganhou, nem Deus é capaz de extinguir os demônios. Dias muito piores virão, sem atenuantes para as desigualdades sociais, sem dignidade para os miseráveis, sem justiça para a verdade, sem esperança para a honestidade, sem emprego para os desempregados. A honra dos componentes da elite deste país já foi agrilhoada em porões do submundo, comprometendo inexoravelmente seu futuro. 

O lugar de canalhas é na cadeia, mas eles sem constrangimento ostentam sua liberdade, sua impunidade e seu poder em redes sociais, jatinhos particulares, viagens internacionais, mansões, restaurantes de luxo, banquetes – tudo pago por cidadãos esfomeados em busca de emprego.

O caminho do mal com frequência sofre uma volta de 360 graus, falsamente anunciada como se fosse de 180. A alternativa sensata para mudar esse estado de coisas ainda é uma vereda virgem, não trilhada, provavelmente utópica. 

Façam suas apostas, aqui fica registrada a minha. Mostrem-me, com fatos e resultados obtidos, que estou errado. Se forem capazes e se a realidade assim permitir.

*ALBERTO ROMANO SCHIESARI

-Economista;
-Pós-graduado em Docência do Ensino Superior;
-Especialista em Tecnologia da Informação, Exploração Espacial e Educação STEM; 
-Professor universitário por mais de 30 anos;
-Consultor e Palestrante.






Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.


Um comentário:

  1. Bom texto, mas termina com umas pinceladas a mais de negativismo.
    Se nos deixarmos contaminar do sentimento de que o País não tem jeito, esta temos fadados à bancarrota.
    Temos um novo governo com excelentes ministros e uma onda de otimismo pairando dobre nossas cabeças. Vamos ajudar o Brasil dar certo.
    Depende de nós...

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