Autora: Juliana Fuzinohara(*)
"Estou aqui ansiosa, louca para chegar em casa e abraçar meu filho e
marido. Claro, minha família, me esperando na porta do metrô depois de um dia
inteiro de trabalho"
Pensamentos como estes eram diários no período que voltava
para casa. Não pensava muito no que carregava nas mãos, de quantas pessoas tive
contato durante o dia, apenas queria abraçá-los. Essas demonstrações de
sentimentos sempre foram automáticas e apenas sentidas. O que fazer com todo nosso sentimento, agora?
Durante esses últimos meses tivemos muitos momentos de
aprendizado sobre higiene que várias pessoas não sabiam e que muitos sabiam,
mas se esqueciam de colocar em prática. Um exemplo que não me canso de dizer,
são os sapatos recém chegados da rua, agora ficam próximos da porta ou até do lado
de fora das casas. Todo esse tempo nos
fez e está fazendo repensar sobre hábitos que antes eram automáticos.
De modo geral, sentimentos e emoções vem carregados
das interpretações que fizemos ao longo da nossa vida, sendo significados como
uma forma única, sem dupla visão. Eles provem de pensamentos automáticos que
antes eram despercebidos, apenas tomados pela emoção.
Depois dessa situação de extrema vulnerabilidade temos
uma nova forma de cognição em várias pessoas, o abraço não tem só uma função de
demonstração de afeto, ele não vem direto como reação de um pensamento. Agora
vem com pensamentos mais
conscientes que podem também ter
cognição de hiper alerta/sinal de perigo, como possibilidade de transmissão.
Quem já não passou por uma situação nesses últimos
dias? Quando algum conhecido se aproxima e o automático seria? Sim
cumprimentar, e ai ambos ficam se sentindo constrangidos , se afastam e
conversam de longe, e se despedem das mesma forma. Estranho, porém
necessário!! Essa sensação de
desproteção, desconfiança e medo permeou nossas demonstrações de afeto e vem
trazendo uma modificação de como usá-lo.
O uso constante de máscara juntamente com o isolamento
social, nos fez usar muito mais os olhos para comunicação e fazer uso da
tecnologia para essas demonstração de afeto. O índice de ligações por vídeo e
uso de aplicativos de redes sociais subiram drasticamente,novos logins e novas
adaptações de pessoas que eram contra o uso, passaram a utilizar para não se
sentirem isolados. A maior interação
tecnológica mudanças nas formas como nos
comunicamos e trabalhamos, de como nos representamos como indivíduo.
Gostaria aqui de pontuar sobre o
reforço do uso dos olhos agora para a comunicação. Sempre nos comunicamos com
os olhos, eles sempre disseram muito
sobre nós, de um silêncio até um desagrado. Porém hoje eles serão nossa nova
forma de comunicação não verbal, mais usada. Será através dos olhos que
poderemos sorrir, abraçar e demostrar aos outros o que estamos sentindo e neste
momento não poderemos fazer como estávamos acostumados.
Acho que cada vez mais Da Vinci e
Shakespeare tinham razão quando
pontuavam sobre os olhos serem a janela da alma e a linguagem do coração.
Se cuidem e reaprendam a usar os seus
próprios olhos!!
“Os olhos são a janela da alma e o espelho do mundo” Leonardo da Vinci .
" …o olhar é a linguagem do coração." (William Shakespeare)
*JULIANA ALENCAR FUZINOHARA
-Palestrante sobre Terapia Cognitiva Comportamental;
-Psicóloga ambulatorial no Hospital São Paulo (NEUROSONO/UNIFESP);
-Trabalha com TCC para tratamentos em distúrbios de sono e com Terapia Cognitivo Comportamental;
-Atende adultos e idosos em consultório em São Paulo; e
-Realiza atendimentos online
-Contato (11) 94769-989en8
Nota do Editor:
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