Autora: Jacqueline Caixeta (*)
Dois anos adolescentes e até crianças se habituaram a buscar respostas para questões escolares através de um simples clic no celular. Do para casa um pouco mais complexo, ao trabalho ou mesmo uma prova, bastava acionar o "senhor google" que lá estava a solução de todos os problemas!
A "cola virtual" se transformou em algo banal e corriqueiro, tratada por muitos como única alternativa, já que os professores estavam virtuais e a escola era uma tela. Muitos pais e alunos transformaram a cola em algo normal de se praticar mediante à uma situação pandêmica.
O ato de fazer provas coletivas via wazap ou com o amigo google, trouxe conforto para pais e alunos, as notas foram as melhores, apenas não retratavam o conhecimento adquirido, mas, como saber se não houve conhecimento adquirido? Do momento em que houve pesquisa, algo deve ter acontecido, não é possível que nada do que se pesquisou ficou “arquivado” na memória de alunos ansiosos por boas notas. Não creio que não houve aprendizado com todas essas buscar na web, acredito que o ato da pesquisa auxilia muito na aprendizagem, não quero aqui questionar isso, quero apenas propor uma reflexão sobre o que faremos com a ética.
Acontece que em meio a toda essa estratégia de guerra montada pelos alunos, eles esqueceram da “senhora ética”.
Será ético buscar respostas prontas ao invés de estudar para a prova? Será ético copiar e colar trabalhos da internet? Será ético um pai aconselhar o filho nesta busca? Será ético um pai propor ao filho que se pague alguém para fazer as atividades que são suas e não foram concluídas?
Uma sociedade em que não se leva em consideração aspectos éticos, é uma sociedade fadada ao fracasso humano em todos os sentidos. A educação, que deve ser palco de experimento da ética, não pode olhar com naturalidade tais questões. Por mais que essa prática de “cola virtual” tenha sido usada como uma estratégia de guerra, não podemos permitir que ela seja vista com naturalidade. Não é o resultado de questões que me incomoda, não é o fato do aluno ter uma nota que não seja reflexo de seu aprendizado, é muito mais do que isso, é saber que, se não questionarmos essa prática, estaremos contribuindo para a formação de pessoas que podem crescer achando normal fraudar.
Os alunos precisam saber que não estão simplesmente fraudando o sistema, que acima de tudo e mais grave, estão fraudando a eles mesmos. Os pais precisam estar atentos que, se hoje contribuem com essa farsa toda, estão dizendo aos filhos que eles podem, sempre que encontrarem situações difíceis, usar a fraude como recurso para dar aquele “jeitinho” brasileiro e levar vantagem sobre o que não tem direito algum. Não adianta permitir atitudes assim e depois querer cobrar do filho que cumpra com seus compromissos e responsabilidades seguindo sempre o caminho da verdade.
Vamos nos preparar para salvar a “senhora ética”. Resgatar valores como responsabilidade, respeito, verdade e honestidade, será a nossa missão nesse momento da educação, em que, infelizmente, muitos esqueceram que a verdadeira educação se faz com ética.
A escola abre suas portas em 2022 com grandes demandas, há lacunas pedagógicas, sociais, emocionais e ainda temos a responsabilidade de resgatar valores éticos em nossos alunos. Precisamos, com urgência, dizer, com palavras e ações, que a ética é a rota que nos guiará em trilhas rumo ao sucesso, seja ele profissional ou pessoal, o que não devemos e nem podemos, é permitir que crianças e adolescentes considerem normal apresentar uma produção que não seja sua, não seja fruto do seu conhecimento, do seu esforço próprio, que não devem e nem podem se apropriar de textos que não são seus, que isso é plágio e plágio é crime. Temos uma grande missão pela frente, não será fácil, mas quem disse que educar é fácil?
Com afeto,
Até a próxima
(*)JACQUELINE CAIXETA
-Especialista em Educação
Autora do capítulo do livro Educação Semeadora: "A Escola é a mesma, o aluno não! "- Editora Conhecimento.
Nota do Editor:
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Como sempre, arrasando em suas considerações. Sou sua fã ❤
ResponderExcluirPerfeito, penso ética e uma das composições formadora do caráter. Parabéns excelente texto
ResponderExcluirObrigada.
ExcluirCom certeza! Sem ética, como formar cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres? A escola é um espaço formador de pessoas críticas e conscientes do que é ser ético. Professora Maria de Lourdes
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