Luciano Oliveira(*)
O Brasil está vivendo um período de polarização. Quer saber? Não estou preocupado, pois sei que esses momentos sempre são superados.
Afirmo isso porque o nosso Povo tem um coração bom. Essa característica sempre influenciou a nossa política e o nosso legislador.
Desde o Império o Brasil vem concedendo a mais ampla anistia política. Foi assim nas Revoltas da Cabanagem, da Sabinada, da Balaiada e na Farroupilha.
Todas essas revoltas foram vencidas pelas Tropas Legalistas e aos vencidos foi concedida uma ampla anistia.
Esquecimento, esse é o significado jurídico da palavra anistia. Findada a revolta, todos esqueciam o ocorrido voltavam a viver e a conviver em sociedade.
O fato é que os Imperadores cresceram cercados por boas pessoas e receberam a influência do bom coração do nosso Povo. Amas de leite, professores, tutores, enfim, toda essa boa gente influenciou os destinos da Nação e da nossa política.[1]
Como exemplo da superação de diferenças vale lembrar que o Imperador Dom Pedro I nomeou a pessoa de José Bonifácio de Andrade e Silva como tutor do infante Pedro II.
Cumpre destacar que José Bonifácio de Andrade e Silva e Dom Pedro I viviam um grave afastamento, mas quando os interesses do país falaram mais alto, esses dois grandes homens não tardaram a esquecer das suas desavenças.[2] A seguir um pequeno resumo da vida de José Bonifácio:
Tornou-se ministro do Império, mas divergências com D. Pedro I o levaram a deixar o governo e assumir papel de oposição na Assembleia Constituinte. Quando D. Pedro I dissolveu a Assembleia, Andrada foi preso e deportado. Exilado na França, retornou em 1831. Nomeado tutor de D. Pedro II, então com cinco anos, foi afastado do cargo pelo Senado e preso como subversivo, em 1833. Absolvido, morreu em Niterói (RJ), em 1838.
Quantas idas e vindas acontecem na vida dos homens. O que ficou? Ficou o exemplo de que o país está acima de qualquer pessoa e de qualquer desavença política.
A República conservou alguns poucos valores cultivados no Império e a Lei de Anistia (Lei 6.683/79) é exemplo disso. Com a concessão de mais uma anistia o país caminhou para a redemocratização e evitou uma luta fraticida que poderia ter dividido o país.
Enfim, estamos em 2022 e teremos eleições. O clima vai ser quente, o país está novamente dividido, mas acredito piamente que temos uma tradição bem alicerçada no nosso país.
Nossas instituições são fortes. Nossa Democracia está consolidada. Teremos eleições livres e o resultado será aceito pelas pessoas.
Novamente os políticos encontrarão o caminho para a paz e para o entendimento, pois o brasileiro acredita na política como uma ferramenta do progresso que deve ser colocada a serviço da Nação.
O brasileiro não acredita na guerra como forma de solução de conflitos. Pode saber, o nosso Povo tem bom coração.
REFERÊNCIAS
[1]
Dom Pedro I chegou ao Brasil com nove anos. Dom Pedro II nasceu no Brasil;
[2] https://www.saopaulo.sp.leg.br/memoria/especial/jose-bonifacio-de-andrada-e-silva-1935/
LUCIANO ALMEIDA DE OLIVEIRA
-Advogado graduado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás(1996);
-Atua na área da propriedade intelectual (Marcas, patentes e Direito Autoral);
-Escreve há mais de 15 anos artigos de direito e crônicas para jornais e revistas.
Nota do Editor:
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Queria muito acreditar que nossos políticos busquem soluções, e que nosso povo realmente tenha um bom coração.
ResponderExcluirNosso povo tem memória curta e o máximo de futuro que vislumbra é o sextou!
Infelimente! Uma nação que não aprende com seus erros está fadada ao fracasso financeiro e moral.