sábado, 6 de agosto de 2022

Vamos estimular o gosto pela matemática em nossas crianças?

 


Autora: Marcia Stochi (*)

Precisamos conversar sobre o ensino de matemática no Brasil!

Hoje vivemos em um mundo tecnológico, o que fez com que as habilidades necessárias para a vida em nossa sociedade, mudasse drasticamente nos últimos 50 anos, fazendo com que não seja mais suficiente conhecer apenas os conceitos básicos de matemática, pois as exigências para compreender o mundo que nos cerca e atuar no mercado de trabalho são muito maiores. O estudo da matemática desenvolve o raciocínio lógico, a criatividade, o gosto pela investigação e a busca por soluções de problemas. Ela nos ajuda a compreender diversos fenômenos, sendo aplicada em várias áreas do conhecimento. Porém, seu ensino, em alguns casos, se apresenta ainda, de modo repetitivo, desinteressante e extremamente formal. Muitos educadores, em várias partes do mundo, têm estudado questões relacionadas ao ensino da matemática, porém ainda não conseguimos desmistificar algumas crenças, e precisamos da ajuda de todos para que possamos avançar.

No Brasil, segundo o relatório Education at Glance da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) o percentual de graduados em áreas de conhecimentos que denominamos de STEM, que significa Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática é de apenas 17%. A grande maioria de graduados estão nas áreas de Administração e Direito. A média nos países ricos é de 24%. O número de mulheres graduadas nas áreas do STEM é ainda menor. É importante ressaltar, que embora tenhamos que considerar as respectivas demandas, há menos concorrência para os formados nessa área de conhecimento, o que contribui para que alguém com conhecimentos em áreas do STEM, tenha maiores chances de se colocar no mercado de trabalho. Assim, se nossas crianças gostarem de estudar matemática, teremos mais brasileiros formados em engenharia, tecnologia, ciências e matemática, suprindo a falta desses profissionais e gerando mais desenvolvimento para o país.

O Ministério da Educação elaborou documentos de boa qualidade para orientar os professores sobre o ensino de várias disciplinas, inclusive de matemática. Além disso, existem políticas públicas, como O mais Brasil, que incentivam os jovens a realizar estudos nessa área de conhecimento. Portanto, se é dado incentivo é porque a formação nessa área é importante para o país. O Banco Nacional de Conteúdos Curriculares – BNCC, foi publicado em 2017 e traz os conteúdos e as habilidades que as crianças e jovens devem aprender e desenvolver, desde seus primeiros anos de vida, em várias áreas do conhecimento. Ele pode ser baixado de modo gratuito no endereço http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ . Nesse documento, você vai encontrar uma lista com os conteúdos a serem estudados e as habilidades que devem ser desenvolvidas, desde os 6 meses de idade, até o final da Educação Básica, entorno de 18 anos.

Não diga a uma criança que a matemática é muito difícil, diga-lhe que a matemática é muito interessante. Não conte a uma criança que você detestava matemática e sempre teve dificuldade em aprender essa disciplina na escola. Conte que em seu tempo, ou na sua escola, o ensino da matemática não era estimulante, mas que você gostaria de ter aprendido mais. Diga a ela que a matemática hoje é ensinada de modo diferente de seu tempo.

Para incentivar o gosto pela matemática, podemos contribuir com algumas atitudes simples em relação às crianças que estão em nosso entorno, sejam elas nossos filhos, sobrinhos, netos, vizinhos, não importa o grau de afinidade, o importante é estimularmos essas crianças. Mesmo antes de frequentarem a escola, as crianças já vivenciam situações que são consideradas como as primeiras noções de matemática como contagem, comparações, relações de ordem, situações que envolvam medições. Com perguntas simples podemos estimular o pensamento das crianças, gerando curiosidade. 

Você pode perguntar:

- Quantas figurinhas você tem?

- Quem é mais alto, você ou eu?

- Quem vai escolher primeiro?

- O que é maior é sempre mais pesado?

Você pode brincar com as crianças de fazer contagens em sequências, onde por uma determinada ordem cada um fala um número. Se fizer isso desenvolverá a atenção e a contagem, além de promover a integração com aqueles que estão brincando. Você pode propor atividades que envolvam medições de comprimento, utilizando o próprio corpo, como palmos, passos e etecetera. Ao final da atividade, você pode perguntar para a criança se o total de palmos medidos com a sua mão será o mesmo que o total medido com a mão dela. Você desenvolverá, contagem, o conhecimento sobre unidades de medidas, trabalhando com medidas arbitrárias, e provocando uma reflexão sobre a necessidade de medidas convencionais.

Veja o quanto podemos aguçar a curiosidade de uma criança, com atividades tão simples. Mas é preciso mostrar a importância, incentivá-la, proporcionar momentos prazerosos, e fazer com que percebam o quanto elas aprenderam!

Precisamos que os adultos estimulem o gosto pela matemática, das crianças que estão ao seu redor, assim, no futuro, teremos jovens curiosos e adultos que contribuem com o seu conhecimento para uma sociedade melhor!!!

Referências:

Brasil, Banco Nacional de Conteúdos Curriculares - BNCC, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ <último acesso em 03.agosto.2022.>


MÁRCIA STOCHI














- Bacharel e Licenciada em Matemática pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1993);

- Mestra em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo  (2003) ; e

- Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade católica de São Paulo (2016).

Nota do Editor:

Todos os artigos publicados no O Blog do Werneck são de inteira responsabilidade de seus autores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário