Autora: Mônica Falcão Pessoa (*)
Ultimamente, as instituições de ensino têm convivido com a dúvida sobre o uso de tecnologias na Educação. A maior polêmica se apresenta graças à criação do ChatGPT. Afinal, ele é o vilão ou o herói da história? Nem um nem outro, trata-se apenas de mais uma mudança trazida pelo desenvolvimento tecnológico. Entender a tecnologia nos ajudará a trazer o melhor dela e evitar consequências deletérias.
O ChatGPT é um robô criado a partir da Inteligência Artificial (IA), capaz de se comunicar com os usuários por meio de textos. Essa ferramenta é capaz de criar textos objetivos e gramaticalmente corretos em mais de 16 idiomas sobre os mais variados assuntos. Calcula-se que seu banco de dados seja alimentado por mais de 40 bilhões de palavras, o que permite com que ela gere textos sobre qualquer assunto.
Essa capacidade absurda tem gerado receio no meio acadêmico, pois os alunos podem lançar mão da ferramenta e fazer os trabalhos escolares a utilizando. Por meio das perguntas corretas, o trabalho de pesquisa fica pronto rapidamente, e sem risco de o aluno ser acusado de plágio, pois o texto sai de forma individualizada, diferentemente do que acontece quando se dá o CtrlC e o CtrlV em sites de pesquisa. Ou seja, antes uma pesquisa no Google facilmente identificava o plágio, e agora?
Nosso medo de mudança trouxe-nos insegurança com avanços do passado. Nos anos 2000, com a popularização da internet e dos computadores pessoais, também tivemos receio de que os alunos buscassem o caminho fácil da cópia em lugar das agruras de uma pesquisa bem-feita.
Depois foram os celulares que se tornaram os vilões. Mas quanto benefícios eles trouxeram! A comunicação foi facilitada e temos acesso a qualquer informação em nossas mãos. Houve problemas de mau uso entre estudantes? Sim! Mas também a educação se valeu dos recursos ampliados para melhorar o ensino. Podemos dizer que os benefícios sempre foram maiores do que os malefícios. Há preguiça para pesquisa, mas há blogs e fóruns que trazem muito conhecimento. Há jogos viciantes, mas há uma alternativa de ensino com a gamificação.
Acredito, portanto, que esse é mais um desafio a ser enfrentado. De acordo com Michele Guizzo: "Já ficou provado por meio de outras tecnologias que proibir não é o caminho. As tecnologias estão aí, mudaram a maneira como realizamos várias atividades no nosso dia a dia, então com a educação não seria diferente. O professor precisa compreender essa tecnologia e buscar estratégias, de modo que ela possa ajudá-lo no processo de ensino e aprendizagem. Assim, ela poderá ser uma nova ferramenta para ajudá-lo na busca de estudantes mais críticos, reflexivos e preparados para avaliar ideias e construir seus próprios argumentos".
Precisamos, então, orientar nossos alunos a fazerem um uso ético da ferramenta. Também será imprescindível que nós, professores, sejamos criativos e estimulemos a autonomia de nossos alunos diante da novidade.
"Em momentos como este, de incertezas e dúvidas, é preciso valorizar os momentos de estudo e de avaliação coletivos e presenciais, que estimulem o desenvolvimento cognitivo, a criticidade e a elaboração própria dos estudantes. E também nunca esquecer do papel central que tem cada professor e professora como produtores e organizadores dos conteúdos escolares e dos processos de construção do conhecimento e humanização dos nossos estudantes", afirma o pró-Reitor de Ensino, Adriano Larentes da Silva, doutor em História.
As mudanças sempre nos impulsionaram para frente. Não temos que temê-las, mas conhecê-las.
REFERÊNCIAS:
CASSOL,Daniel.Quais os impactos do ChatGPT e da Inteligência Artificial na Educação?
Disponível em:
https://www.ifsc.edu.br/web/ifsc-verifica/w/quais-os-impactos-do-chatgpt-e-da-inteligencia-artificial-na-educacao-. Acesso em: 03 ago. 2023.
PROVA Fácil. ChatGPT e educação: qual o impacto dessa tecnologia?
Disponível
https://provafacilnaweb.com.br/blog/chatgpt-e-educacao/
Acesso em: 30 jul. 2023.
*MÔNICA FALCÃO PESSOA
- Professora Universitária de Português e de Literatura Brasileira, formada pelo Mackenzie (1986);
- Mestre e Comunicação e Semiótica pela PUC/SP (1996);
- Tutora em programas de leitura como "Quem Lê Sabe Por Quê".
Nota do Editor:
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ParabénsMonica!
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