domingo, 6 de agosto de 2023

Autismo: O diagnóstico na vida adulta


 Autora: Keity Valim (*)

Começo o texto pensando na importância de falar de um tema, que atualmente parece tão acessível e compreensível a todos, mas, que na verdade ainda temos muito  o que  descobrir sobre ele. Entretanto, opto por falar do autismo na fase adulta, pois está sendo cada vez mais comum o diagnóstico nessa fase da vida. O que de certa maneira, dá aos pacientes diagnosticados a compreensão das dificuldades  que tiveram até  este  momentos de vida e podem vislumbrar um prognóstico mais favorável.

Estudos mostram que a prevalência do autismo em adultos é de 1% da população. Você pode pensar que é pouco, mas esse número é considerado pelos especialistas como um problema de saúde pública e que infelizmente não tem recebido a devida atenção.

A prevalência é maior em homens quando comparada às taxas para mulheres (4:1). Algumas características dos adultos no espectro autista: tendem a ter menor instrução, a pertencer a um baixo nível socioeconômico e permanecem solteiros com mais frequência.

Em relação as comorbidades, as mais comuns são: ansiedade, depressão e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). A procura por um psiquiatra é feita, num primeiro momento, para tratar as comorbidades que aparecem.

As dificuldades encontradas para o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em adultos é que várias vezes não é possível ter informações consistentes sobre o desenvolvimento dessas pessoas, por falta de informantes ou pelo viés da memória. A dificuldade do diagnóstico aumenta nos pacientes que são considerados de “alto rendimento” ou com síndrome de Asperger, pois eles, muitas vezes, não apresentam os sinais "típicos" do autismo, como prejuízos na linguagem e as estereotipias usuais. 

Vou ampliar um pouco o olhar do diagnóstico e pensar nas mulheres, que na grande maioria não são diagnosticadas ou ocorre o subdiagnóstico. As mulheres que não recebem o diagnóstico  corretamente podem apresentar grande impacto na vida adulta apresentando: sofrimento mental, evasão escolar, limitação do potencial, subemprego, tratamento equivocado e demência precoce. As meninas e mulheres autistas muitas vezes não são vistas devido a dificuldade da família em reconhecer os sinais do TEA, percepção popular enviesada, falta de testes específicos, desafio de encontrar profissional especializado e a camuflagem. As meninas tendem a ser diagnosticadas 2 anos mais tarde do que os meninos.  Os sinais de alerta para o diagnóstico em meninas são: elas tendem a imitar a expressão corporal e facial dos pares e atrizes; pode demonstrar comportamentos sociais normativos, os que são assimilados para se sentir pertencentes, tende internalizar a tristeza e a frustração, ficando quieta e chorosa, nas brincadeiras pode ser mandona   e ter dificuldade para aceitar propostas.

Por fim, o intuito de falar sobre o diagnóstico de autismo em adultos é para reforçar que é possível fazer intervenções que possibilitam um bom prognóstico do quadro. A busca por diagnóstico e orientação precisa ser feita o mais rápido possível.

A ciência está avançando e isso nos deixa mais otimistas!!!

 *KEITY TEIXEIRA FONSECA VALIM  -CRP/SP 06/101982











- Psicóloga – Especialista em Neuropsicologia pelo Cepsic/FMUSP;

- Experiência como coordenadora pedagógica e em consultoria educacional;

- Atualmente atua com avaliação neuropsicológica e psicoterapia; e

-De acordo com suas próprias palavras:" Há 1 ano, 1 mês e 7 dias, mãe da Valentina que me fez mãe atípica e que me mostra todos os dias que essa vida é para ser feliz."

Nota do Editor:

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