I – Gênese
Podemos imaginar o primeiro balbuciar do homem na aurora da humanidade. E esse balbuciar foi um dos divisores entre nós e os outros animais. O primeiro trabalho que D’us deu a Adão, antes da queda, foi dar nome aos animais e demais seres viventes (Gn 2:19-20). Alguns rabinos acreditam que D’us o estava preparando, tal trabalho era um teste. A conclusão de Adão foi entender que ele não era um animal, não era como os outros, pois havia sido feito imagem e semelhança do Criador. Por isso dominaria sobre todos os animais. Por isso também ele precisava de uma companheira, uma auxiliadora.
Qual foi a primeira palavra dita pela boca do homem antes de sua queda? Certamente foi uma palavra de adoração a D’us. Nascidos do Verbo para gerar através do Verbo; ainda que o homem tenha sido formado pelo barro e em suas narinas o fôlego de vida tenha sido soprado (pneuma). No entanto, nos dias atuais, a nossa linguagem oral (e logo, a escrita) tornou-se tão empobrecida que já não sabemos se grunhimos, balimos ou rosnamos ao tentarmos nos comunicar com os da nossa própria espécie. Há um retrocesso que começou há muito tempo atrás.
Em um período de extrema vulgaridade, nem a decadência escapa do clichê. De qualquer forma, os conceitos, as terminologias, as ideias e a própria palavra estão vazias em sua essência, seja pelo esvaziamento ou diluição de seus significados, ou ainda pela própria incapacidade das pessoas interpretarem os símbolos que a cercam. Não há decadência em um mundo decadente.
Se em algum momento tínhamos uma linguagem perfeita, angélica por assim dizer, ela foi perdida, ou desligada, no momento em que o ser humano decaiu em sua insanidade através do pecado; não do chamado "pecado original", mas da consequência do erro de Adão. O pecado foi de Adão e Eva, coube a nós a consequência deste pecado. Alguns acreditam que o resquício dessa linguagem original possa ser encontrado na "Linguagem de Mistério"; por exemplo, a geometria sagrada.
O Poeta Arthur Rimbaud (1854-1891) já bradava"o tempo de uma linguagem universal virá!" – E essa língua será “de alma para alma”. Não mais de ego para ego. É interessante notar que a palavra hebraica para o pronome "Eu" é "Ani", que também é a palavra para "pobre"; o "eu" é pobre, é a ideia de um esvaziamento do "eu"; quanto mais esvaziamos nosso ego mais entendemos e praticamos o amor de D’us. No sermão da montanha, Cristo nos ensina: "-Bem aventurados os pobres de espírito, pois deles é o Reino dos Céus".
Os exegetas rabínicos afirmam que antes da criação do universo D’us já havia criado o alfabeto hebraico, sem vogais, para que através dele todas as coisas fossem criadas. O Verbo aqui é literal; D’us precisou criar o alfabeto hebraico para, a partir daí, dar início à criação pela Palavra. "E o Verbo se fez carne" (João 1:14), aqui é Cristo representando a comunicação entre D’us e o homem, sendo intercessor do homem diante do Pai pela própria Palavra.
Seja como for, será necessário uma linguagem, não corrompida, para o reinado no milênio, uma linguagem que seja digna de um corpo glorificado.
Temos a metáfora por trás da história da Torre de Babel, quando D’us intervém na construção da Torre que os homens intentavam, em sua arrogância, para alcançar a morada do D’us Criador e desafiá-Lo, na tentativa de centralizar o poder entre os homens desligados de D’us. Conta-se que foi nesse tempo que os homens se voltaram para a idolatria, astrologia (entende-se aqui a adoração dos astros) e para a feitiçaria.
Isso teria acontecido por volta de 120 anos depois do Dilúvio. No capítulo 11 de Genesis, versículo 07 está escrito – "…desçamos e confundamos a língua que falam, para que não entendam mais uns aos outros" – aplicando como "castigo", ou impondo um "limite" na ganância dos homens, a multiplicidade de línguas. Resultado: ninguém mais conseguiu se entender por causa da barreira que foi imposta pelas próprias palavras.
Porém, a barreira vai muito além da multiplicidade; ela está no cerne de nossa incapacidade de ouvir o outro. É quando o ego se sobressai ainda mais pungente e sua única lei torna-se a selvageria do "olho por olho e dente por dente". A impossibilidade está primeiramente enraizada no diálogo entre o Homem e D’us, diálogo esse que se tornaria cada vez mais difícil. Com a destruição da Torre temos a impossibilidade do Homem entender-se com o próprio Homem.
Das ruínas da Torre, seus escombros tornaram-se as novas línguas. A queda da Torre de Babel é a queda da própria linguagem humana, do seu comunicar-se. A Linguagem, nascida do ego é o veneno oculto no Homem.
II –Ninrod
Ninrod, filho de Cuxe, que foi filho de Cam, filho amaldiçoado de Noé. Portanto, Ninrod foi bisneto de Noé. Ninrod foi o primeiro homem notavelmente poderoso da Terra; reinou e construiu Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinear. Na Assíria edificou Nínive, Reobote-Ir e Calá e também a grande cidade de Resém: - "Ele foi poderoso caçador diante do Senhor" Gn 10:9. Com Ninrod nasceu a escravidão, ele caçava pessoas para trabalhar como escravos. Mais ainda, em hebraico o seu nome significa "Caçador de Palavras", ou seja, Ninrod era um manipulador que aprisionava a mente das pessoas com seu discurso contra o Onipotente. Diz-se que a frase "diante do Senhor" significa que ele queria provocar a D’us "face a face".
Podemos ver claramente que o espírito maligno que agia em Ninrod ainda permanece agindo no mundo; agiu através de Nero, Marx, Hitler, Stalin e tantos outros líderes e personagens históricos, e assim será até a chegada do anti-Cristo no final dos tempos. É acima de tudo um espírito de apostasia e ódio ao povo escolhido de D’us
Alexander Hislop, cristão escocês e autor do livro "As Duas Babilônias", argumenta através de inúmeras pesquisas, que os cultos pagãos de adoração ao sol, tiveram origem com Ninrod e sua esposa Semiramis. Aqui temos um casal incestuoso. Semiramis, esposa de Cuxe e mãe de Ninrod, tornou-se esposa do próprio filho.
Quando Ninrod foi assassinado, Semiramis, com medo de perder o poder adquirido pelo filho e marido, espalha a notícia de que Ninrod não morreu, mas que se tornou o deus-sol, assim os sacerdotes de Ninrod criaram um calendário que permanece até hoje, um calendário solar, com solstícios e equinócios. Esse calendário foi posteriormente adotado por Júlio Cesar, sendo atualizado pelo papa Gregório, permanecendo até hoje como calendário oficial de todas as nações da Terra. Nós obedecemos a um calendário pagão baseado na religião de adoração a Ninrod.
No livro, Alexander Hislop, ainda diz que Semiramis tem um filho chamado Tamuz, e que ela acredita ser a própria reencarnação de Ninrod. A criança nasce perto do solstício de inverno, no dia 25 de dezembro. Ninrod passa a ser o deus-pai e Tamuz o deus-filho (um messias pagão ou anticristo). Em conseqüência, Semiramis passa a ser conhecida e chamada de "Senhora do Céu", ou a deusa Lua (Isthar); a “Rainha do Céu” segundo Jeremias 7:18 "Os filhos apanham a lenha, os pais acendem o fogo e as mulheres amassam a farinha, para fazerem bolos à rainha dos céus e oferecerem libações a outros deuses, provocando-me a ira" ou no capítulo 44: 18 "Mas desde que cessamos de queimar incenso à rainha dos céus e de lhe oferecer libações, tivemos falta de tudo e fomos consumidos pela espada e pela fome", e assim segue com outras menções ainda no mesmo capítulo. Em Ezequiel 8:14-15 "Então ele me levou à entrada da porta da casa do Senhor, que está do lado do norte, e vi ali mulheres assentadas chorando por Tamuz". Sendo o filho de Semiramis, Tamuz, o deus-filho, ela torna-se a mãe de deus.
Diz a lenda que Ninrod foi morto pelo seu tio-avô, Sem (filho de Noé), que o matou e o esquartejou para acabar com toda a perversidade de Ninrod.
É na Babilônia que nasce a Astrologia e toda espécie de ocultismo e idolatria; a Babilônia é a mãe de todas as prostitutas (falsas religiões) da Terra segundo Apocalipse 17; 05 e também no capítulo 18:02.
Alexandre Hislop deixa claro que Roma, e mais precisamente o Vaticano, é a moderna Babilônia, o caldeirão de costumes pagãos herdados de Ninrod e Semiramis; da idolatria declarada às festas oficializadas pela igreja, como o natal, além dos ritos e costumes corrompidos sob a égide de Constantino e outros papas.
Ninrod deixou-nos todo esse legado de maldição, incluindo um calendário pagão (solar) em que medimos nosso tempo e nossa vida. O calendário judaico é lunar. Isso diz muita coisa.
III – A Torre
Zigurates eram templos antigos e sua função religiosa tinha muita importância. Os antigos mesopotâmicos acreditavam que essas construções eram moradia dos deuses. Eram feitos com tijolos queimados em altas temperaturas e a argamassa era usada como betume. Para alguns estudiosos a torre de Babel era um zigurate, porém a motivação da construção de uma torre tão alta, que pudesse tocar o céu, vai desde proteger as pessoas caso ocorresse um novo dilúvio até uma forma de unificar todos os povos, em uma espécie de cidade vertical, contrariando assim a vontade de D’us que lhes havia ordenado multiplicar-se e espalhar-se em toda a terra.
Com a intervenção divina, a torre ficou inacabada, as línguas se multiplicaram e o povo se espalhou pela terra. E por isso a torre passou a ser chamada de Babel, que em hebraico significa "confusão".
Ainda nos dias atuais, o espírito de Ninrod se faz presente entre nós. A torre de Babel simboliza o orgulho humano, a vaidade, a idolatria, a busca pelo poder sem limites e a falta de temor a D’us.
Há uma pintura famosa do holandês Pieter Bruegel, o velho (1525/30 – 1569) retratando a torre de Babel; a obra foi pintada em 1563. É interessante notar que essa imagem da torre é muito parecida com o prédio do Parlamento da União Européia, também conhecida como "Torre Inacabada"; talvez porque o projeto de um Governo Global, com a Europa no Centro do poder, ainda está sendo construído.
Seria a construção do Parlamento Europeu uma alusão a torre de Babel?
Podemos acreditar que tal construção é a continuação do trabalho de Ninrod? Na obra de Pascal Bernardin, Maquiavel Pedagogo, está claro a intenção da elite globalista em uniformizar a educação, propondo uma nova ética através de uma revolução cultural e psicológica. Segundo o autor, a agenda da educação global se da com uma educação multidimensional, que em resumo se divide em um ensino multicultural (a reunião de várias culturas) e o ensino intercultural, que é a segunda fase, ou seja, a fusão de todas essas culturas em uma única cultua global.
O prédio do Parlamento, situado em Estrasburgo, na França, é uma construção moderna mostrando em seu design um aspecto inacabado. Estranho é pensar que uma "instituição democrática", ainda mais com intento de "unir" os povos, possa usar um antigo símbolo de tirania e poder desmedido.
E qual a mensagem para o mundo por trás disso?
Com o slogan de efeito "Europe: many tongues one voice" – "Europa: muitas línguas, uma só voz". Além das onze estrelas, pentagramas de cabeça para baixo, revelando seu simbolismo esotérico e satânico, as pessoas são retratadas com as formas do corpo quadradas; como se fossem robôs.
A mensagem pode nos dizer que o intento de Ninrod estava certo; unir os povos e centralizar o poder em um único governo, além de endossar uma tirania sendo introduzida gradualmente, eliminar a crença em um único Deus, judaico-cristão, além da busca do homem em se tornar um deus.
A humanidade, ao longo de sua história, parece ansiar por um governo único, aproveitando-se disso, a elite dos governos mundiais vem promovendo essa filosofia da união dos povos, do ecumenismo religioso e da centralização de um governo que represente a todos.
Confusão
Ainda que alguns países da Europa tenham se beneficiado com união econômica, temos Portugal como exemplo, por outro lado, houve a recente saída do Reino Unido da União Europeia com o Brexit; o apelido deve-se a junção de British e exit. Hoje a Europa vem sofrendo consequências e enormes desafios na esfera política e econômica, com vários países quebrados financeiramente, imigrações em massa, seja de europeus fugindo se seus países de origem para buscar emprego nos países mais fortalecidos economicamente, quanto imigrantes que fogem da fome ou dos conflitos armados nos países do oriente médio, além dos atentados terroristas e da islamização sistemática da Europa, ameaçando assim a cultura ocidental.
Um exemplo é a proibição de crucifixos nas escolas da Itália.
Não seriam essas consequências o juízo de D’us sobre a Europa? Seja como for, o Espírito de apostasia, herdado de Ninrod, ainda age no mundo moderno como foi no passado.
*MATEUS MELO MACHADO
-Poeta, escritor e crítico literário;
-Vencedor de Prêmios Literários, entre eles Ocho Venado (México), e um dos finalistas do Mapa Cultural Paulista (edição 2002);
" Mulher Vestida de Sol" – Poemas – 2007 (Editora Íbis Líbris);
"Pandora" – Romance em parceria com Nadia Greco – 2009 (Editora Íbis Líbris);
"As Hienas de Rimbaud" – Romance -2018 (Editora Desconcertos),"
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